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1.19.2019

Como Flávio Bolsonaro liquidou com o jogo de cena do STF

Quando assume um novo presidente, o prazo e carência, perante a opinião pública, costuma ser de 6 meses. Jair Bolsonaro está a caminho de quebrar um recorde. Poucas vezes se viu uma família tão despreparada na arte de se tornar vidraça.
É evidente que, com mais de vinte anos frequentando o baixo clero, Bolsonaro se lambuzou com muitas práticas comuns à sua turma – que estão longe de alta corrupção, mas muito perto da noção de corrupção dos baixos eleitores. E também de seu maior avalista, as Forças Armadas.
A maneira como os Bolsonaro se enredaram no caso do motorista Queiroz caminha para se tornar um clássico na galeria das trapalhadas políticas.
São uns completos sem-noção.
O STF (Supremo Tribunal Federal), através de Dias Toffoli, e a Procuradoria Geral da República, com Raquel Dodge, montaram um jogo complexo, para manter a aparência de autonomia, na quadra atual de democracia monitorada. Eles estavam recuando, não tão lentamente, que parecesse provocação, nem tão rapidamente, que parecesse pânico.
Ao apelar ao STF para interromper as investigações, Flávio Bolsonaro desmonta o castelo de cartas, obrigando o ex-implacável Ministro Luiz Fux a “matar no peito”  e, por conta do foro, a jogar a bomba no colo da PGR Raquel Dodge.
Se não enfrentar o caso Flávio Bolsonaro, depois da perseguição feroz ao ex-presidente Lula, só restará ao STF e à PGR fechar as portas da casa e entregar a chave para o Forte Apache.
Aliás, a opinião pública está sequiosa para ouvir os ensinamentos do Ministro Luis Roberto Barroso, um dos principais patrocinadores dessa refundação do Brasil, que jogou o país nos braços dos Bolsonaro.
O episódio enfraquece também os álibis do Ministro Sérgio Moro, de que as concessões populistas são relevantes para se aprovar as tais reformas estruturais – explicitando cada vez mais suas motivações políticas.
Na entrevista à Globonews, Moro fez uma defesa eloquente (dentro dos limites de sua eloquência) da maneira como foi montado o Ministério, “sem concessões políticas”. No dia seguinte, a imprensa revela que o Ministro do Meio Ambiente conseguiu mais que dobrar o patrimônio no curto período de vida pública, simplesmente comprando um apartamento por R$ 2 milhões, reformando e dividindo por dois apartamentos, de R$ 4 milhões cada, mostrando um tino comercial de dar inveja ao comércio de carros de Queiroz.
Mesmo com o voo de galinha que se prenuncia, haverá o desafogo com certo otimismo inicial com a economia, enquanto o Ministro Paulo Guedes vai empinando as pipas das tais reformas – as “balas de prata” que resolverão imediatamente todos os problemas nacionais.
Como me dizia ontem um experiente alto funcionário público, Guedes está praticando a estratégia empresarial onde deveria existir a estratégia política.
Explicando: nas negociações empresariais, a lógica é começar pedindo muito para se chegar a um meio termo. Nas negociações políticas, se o negociador começa propondo muito, qualquer resultado inferior – mesmo que positivo – será interpretado como derrota.
Além disso, Guedes não tem a dimensão, nem o pragmatismo, de seu guru maior, Roberto Campos. Campos tornou-se um ideólogo radical depois que se aposentou da vida pública. Enquanto Ministro, movia-se por pragmatismo, por buscar soluções para problemas. Jamais abriria mão de uma instituição como o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).
Guedes, não. É partidário tardio da teoria do choque aplicado no Chile de Pinochet. Ou seja, aproveita tempos de desacertos para impor mudanças de cunho ideológico, que não seriam aceitas em tempos de normalidade.
É por isso que, com o país necessitando urgentemente de retomar os investimentos em infraestrutura, esvazia o BNDES, criminaliza suas operações, visando viabilizar as debêntures de infraestrutura – aumentando o custo do capital, sem ter a menor segurança sobre a capacidade do mercado em prover fundos.
O grande problema é que, depois da sova de realidade que receber, não terá mais cacife para as mudanças de rumo que se fizerem necessárias.

1.18.2019

GLEISI A BOLSONARO: TOME VERGONHA E EXPLIQUE O CASO QUEIROZ

Em vídeo de 2017, Jair Bolsonaro diz ao lado do filho Flávio: 'Eu não quero foro privilegiado'





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Em vídeo publicado em 21 de março de 2017 no canal de seu filho Eduardo Bolsonaro no YouTube, o presidente Jair Bolsonaro, que na época era deputado federal e réu no Supremo Tribunal Federal (STF), disse que não queria foro privilegiado. Nas imagens, ele aparece ao lado de outro filho, o deputado estadual e senador eleito pelo Rio de Janeiro Flávio Bolsonaro.
O vídeo, cujo título é "Quem precisa de foro privilegiado?", voltou a circular nas redes sociais nesta quinta-feira (17) depois da notícia de que Flávio entrou no STF com pedido para que uma investigação do Rio de Janeiro seja levada ao Supremo com base no foro privilegiado
que ele adquiriu ao ser eleito senador.
Flávio pediu que as investigações para apurar movimentações financeiras de seu ex-assessor Fabrício Queiroz, consideradas atípicas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), fiquem sob responsabilidade do STF. O senador eleito não é investigado no caso.
No vídeo de 2017, Bolsonaro diz: "Dos 503 deputados, uns 450 vão ser reeleitos. Por que eles têm que ser reeleitos? Para continuar com foro privilegiado. O único prejudicado com foro privilegiado, no momento, sou eu. Eu não quero essa porcaria de foro privilegiado. Eu sou o único deputado federal prejudicado com esse foro privilegiado. É essa questão, né? Eu sou réu no Supremo, pra quem sabe da história. Muita gente tá de saco cheio de saber da história".
Mais adiante no vídeo, o atual presidente afirma: "Mas eu tenho que ficar ligado agora por quê? Na iminência de votar isso daí, olha o que é que eu tenho que fazer, hein! Eles já sabem disso, se é que eles vão tomar providência antes. Eu vou ter que renunciar [ao] meu mandato pra poder disputar as eleições no ano que vem. Porque, eu renunciando, o meu processo vai pra primeira instância. Daí, não dá tempo de eu ser condenado em primeira e em segunda instância, até por ocasião das eleições. Daí, eu posso disputar as eleições do ano que vem".
No encerramento, completa: "Olha o problema que eu tenho pela frente. Lamentavelmente – minha assessoria pede pra eu falar isso, né? –, por um ministro que está a serviço do PT. Porque ele mesmo tem jurisprudência dizendo que tudo que acontece na Câmara, no tocante a palavras, opiniões e votos, o Supremo não tem nada a ver com isso".
O comentário de Bolsonaro no vídeo de 2017 refere-se às duas ações penais que o STF abriu contra ele no ano anterior, tornando-o réu na Corte por suposta prática de apologia ao crime e por injúria. Isso porque, em 2014, o então deputado havia afirmado, na Câmara e em entrevista a um jornal, que a deputada Maria do Rosário não merecia ser estuprada por considerá-la "muito feia" e nem fazer seu "tipo".
Em vídeo de 21 de março de 2017, o presidente Jair Bolsonaro, que na época era deputado federal, diz que não quer foro privilegiado — Foto: Reprodução/YouTube/Eduardo BolsonaroEm vídeo de 21 de março de 2017, o presidente Jair Bolsonaro, que na época era deputado federal, diz que não quer foro privilegiado — Foto: Reprodução/YouTube/Eduardo Bolsonaro
Em vídeo de 21 de março de 2017, o presidente Jair Bolsonaro, que na época era deputado federal, 
diz que não quer foro privilegiado — Foto: Reprodução/YouTube/Eduardo Bolsonaro