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8.15.2020

Com helicópteros e caveirão, Zema e PM despejam violentamente famílias do Quilombo Campo Grande

 

Zema e a PM mineira se valeram de toda a violência de seu aparato de repressão para despejar as 450 famílias que formavam o Quilombo Campo Grande, mostrando a crueldade com que mesmo em tempo de pandemia se valem para garantir a propriedade privada.

A ação de despejo ao acampamento do MST durou mais de 60 horas e apesar da promessa de Zema de suspender a covarde ação nessa sexta-feira, 14, a PM avançou com a repressão jogando bombas nos moradores que resistiam bravamente no local.

Moradores do acampamento relatam que o cenário é quase de guerra em Campo do Meio (MG) com policiais avançando com a tropa de choque contra os moradores e utilizando bombas de gás lacrimogêneo. Até mesmo um helicóptero e um camburão foram utilizados para intimidar os moradores, mostrando a violência com que os cães de guarda do capital protegem a propriedade privada de seus donos.

Uma das moradoras do acampamento relatou no terceiro dia da ação de resistência ao portal Brasil de Fato que: "É muito desespero. É muita gente chorando, caindo pelo chão. Estão passando por cima. Muita gente machucada. Crianças sumiram”

O acampamento do MST existe há 22 anos na área em que existia a falida Usina Ariadnópolis e é referência na produção de café.

Qualquer ação de despejo deve ser rechaçada, porém o descaso do governo Zema ganha contornos ainda mais cruéis se paramos para pensar que o Brasil atravessa uma crise sanitária frente ao negacionismo quanto a pandemia do novo coronavírus. São 450 famílias ameaçadas de irem parar na rua em meio a proliferação de um vírus que no brasil já matou mais de 105 mil pessoas, segundo os dados oficiais, que contem uma enorme subnotificação.

Segundo Esther Hoffman a ação ainda seria ilegal perante a justiça burguesa, já que os acampados se retiraram da área referente na decisão judicial que decidiu favoravelmente ao antigo proprietário da antiga Usina.

“A polícia continua ameaçando avançar para além da decisão judicial, que são os lotes familiares, que não estão contidos dentro do processo dessa liminar de despejo. O que eles querem é despejar ilegalmente as famílias que produzem, moram, tem suas construções e famílias nessa área há mais de 20 anos. Nos colocaram em uma situação de risco, fazendo o despejo em meio à pandemia, nos forçaram estar aqui. Com uma aglomeração causada pela PM, colocando as famílias em risco de contaminação”, denunciou Hoffman ao site Brasil de Fato.

Segundo os moradores o aparato repressivo de Zema contém dois caveirões e até helicópteros que sobrevoam o local intimidando as famílias que resistem. Ontem os policiais utilizaram até de focos de incêndio para reprimir as famílias ateando fogo em torno do acampamento.

O apoio aos sem-terra que resistem bravamente vem ganhado a internet com as hashtags "Zema Covarde”, “Zema criminoso” e “Salve o Quilombo". Contra o conluio entre judiciário, Zema e polícia para garantir os interesses dos proprietários manifestamos nosso apoio a brava resistência dos quilombolas. Contra as forças desse regime que querem manter a propriedade dos capitalistas é preciso se apoiar na força da mobilização dos camponeses e quilombolas para exigir uma reforma agrária que assegure a distribuição e regularização das terras.

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8.14.2020

Governador Bolsonarista de Minas Gerais despeja famílias e derruba escola de assentados


"Eles vão passar o trator por cima"

Morando no Quilombo Campo Grande, em Minas Gerais, com a esposa e dois filhos, de nove meses e cinco anos de idade, o agricultor Wellington Fagundes lembra que, nas últimas semanas, se dedicou a cultivar cinco mil mudas de café para a produção do Café Guaií, carro-chefe do acampamento:

- Estão lá e eles vão passar o trator por cima. Eu gastei dois dias pra coar toda a terra, depois mais um para misturar, e na outra semana minha esposa me ajudem...

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8.10.2020

A nota pirata do UOL

 




Depois de semanas de insistência, o Sleeping Giants Brasil conseguiu na quinta-feira que o site de pagamentos e transferência de dinheiro PayPal banisse a conta de Olavo de Carvalho. O ideólogo de extrema direita, que vivedo dinheiro que lhe pagam pelas baboseiras que ele profere no que chama de "curso online de filosofia", reagiu de acordo. Atribuiu a medida a comunistas, o que convenhamos é bem pouco pra quem já disse que Pepsi Cola é adoçada com fetos abortados e que a pandemia de coronavírus não existe.

O que causou mais curiosidade foi uma notícia publicada pelo UOL no fim do dia: "Veto de PayPal a Olavo de Carvalho é discriminatório, dizem especialistas", afirmava a manchete do texto, publicado às 18h44 sem a assinatura do autor (o que costuma indicar que o jornalista não pôde trabalhar com a liberdade que a profissão demanda). 

A matéria listava a opinião de cinco juristas para quem – como diz o título – o PayPal censurou Olavo. É o tipo de conteúdo que não diz nada nem ajuda ninguém a entender o que houve. Como eu escrevi no Twitter, dá para encontrar outros cinco especialistas que digam exatamente o contrário, e com argumentos objetivos em vez do desfile de platitudes trazido pela matéria. Opinião tem de monte por aí. Basta escolher a que te agrada e ficar com ela. Se aquilo é a opinião do UOL, então que fosse publicado como editorial. Mas é apenas propaganda disfarçada de jornalismo. O UOL é do mesmo grupo que controla o sistema de pagamentos PagSeguro, também pressionado pelo Sleeping Giants a cortar o acesso de Olavo à sua tecnologia. O PagSeguro, até agora, nada fez.

Mas foi então que as coisas começaram a ficar estranhas. O advogado e professor Danilo Doneda, integrante do Conselho Nacional de Proteção de Dados, tuitou a matéria com o seguinte comentário: "Eu fui ouvido ontem pelo @UOLNoticias e expressei posição contrária aos colegas mencionados na matéria, que acaba por apresentar aos seus leitores uma posição uniformizada. Talvez minha fala ou de outros colegas que divirjam saia em alguma outra matéria. Fica o registro", afirmou. 

Em seguida, Doneda deu até uma explicação. "PayPal não é uma empresa jornalística e nem um monopólio. Pode verificar se está de alguma forma colaborando com a propagação do discurso de ódio, e acho meritório que o faça – do contrário estaria lucrando com isto". "A situação nem sequer é nova. Bloqueios do gênero são costumeiros".

Já deu para perceber que não foi só uma matéria mal feita, certo? E sendo o UOL do mesmo grupo que é dono do PagSeguro, uma plataforma brasileira de pagamentos que oferece exatamente o mesmo tipo de serviço que o PayPal, fica tudo ainda mais evidente. A nota não é jornalismo, é pirataria disfarçada de reportagem.

O PagSeguro é uma criação de Luiz Frias, um dos herdeiros do grupo Folha, que publica a Folha de S. Paulo. Frias começou sua carreira no UOL, pioneiro na internet brasileira. Foi dentro do portal que o PagSeguro surgiu, inicialmente como uma plataforma para pagamento de compras online. Hoje, ele oferece uma das máquinas de pagamento com cartão mais populares do país, tornou-se muitas vezes maior que o UOL e está se transformando num banco. Em 2018, Frias amealhou US$ 2,3 bilhões ao abrir o capital do PagSeguro na bolsa de Nova York.

Na redação do UOL, ninguém comenta a matéria. Mas o mal estar que ela causou, ontem, era palpável. Até porque é fato notório por ali que, por causa dos negócios dos Frias no setor, qualquer matéria a respeito de sistemas de pagamento online precisam das bênçãos da chefia para serem publicadas. "Foi claramente por conta do PagSeguro", cravou pra mim, em sigilo, um ex-funcionário que conhece muito bem a casa.

Em português bem claro: ao se retirar da disputa pelo dinheiro que alimenta a indústria de ódio e difamação da extrema direita, o PayPal estendeu o tapete vermelho ao PagSeguro. E o banco dos Frias parece ter achado que era o momento de mandar o recado (no mínimo, a extremistas em geral) de que dinheiro conta mais que eventuais pudores a respeito de como ele é ganho. Business as usual.

Se mandou mesmo um 'Oi, sumido' a Olavo e seus alunos, o PagSeguro está dando de ombros pras próprias regras de serviço, como observou o jornalista Guilherme Amado, da Época. "Olavo viola o item oitavo da política do PagSeguro, que proíbe atividades como 'usar linguagem ou imagem ou transmitir ou propagar mensagem ou material que denotem ou promovam o preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem, ou que incitem à violência ou ao ódio' e 'agir contrariamente à moral e aos bons costumes'".

Olavo já ligou publicamente o movimento gay à pedofilia, e eu poderia listar mas dezenas de barbaridades como essa mas quero poupar vossos estômagos em pleno sábado de manhã.

A questão aí é que Olavo pode, sem saber, ter aprofundado uma disputa em andamento na família dona do grupo Folha. É uma disputa que já vem há algum tempo, desde a morte de Otavio Frias Filho, que alçou a Folha ao posto de mais relevante jornal do país. Com a ausência dele, assumiu a irmã, Maria Cristina Frias, destituída por Luiz Frias – o caçula dos três. A briga envolve o dinheiro do PagSeguro – que seria bem-vindo na Folha numa época de crise aguda no negócio do jornalismo – e pode selar o futuro do jornal.

Luiz Frias não é exatamente um entusiasta do jornal. Quando destituiu a irmãdo comando, os boatos de que a Folha seria vendida só fizeram crescer. Olavo de Carvalho é um ingrediente extra nesse caldeirão. Mas um ingrediente bastante picante. Ele já afirmou, por exemplo, que "os jornalistas são os maiores inimigos do povo". Será uma empresa do grupo Folha a permitir que ele siga

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