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12.22.2020

Vinicius de Moraes - entrevistado por Clarice Lispector

 

Vinicius de Moraes - foto: ...
“Detesto tudo que oprime o homem, inclusive a gravata.”

Mulher, poesia, música

Clarice Lispector – Vinicius, acho que vamos conversar sobre mulheres, poesia e música. Sobre mulheres porque corre a fama de que você é um grande amante. Sobre poesia porque você é um dos nossos grandes poetas. Sobre música porque você é o nosso menestrel. Vinicius, você amou realmente alguém na vida? Telefonei para uma das mulheres com que você casou, e ela disse que você ama tudo, a tudo você se dá inteiro: a crianças, a mulheres, a amizades. Então me veio a ideia de que você ama o amor, e nele inclui as mulheres.
Vinicius de Moraes – Que eu amo o amor é verdade. Mas por esse amor eu compreendo a soma de todos os amores, ou seja, o amor de homem para mulher, de mulher para homem, o amor de mulher por mulher, o amor de homem para homem e o amor de ser humano pela comunidade de seus semelhantes. Eu amo esse amor mas isso não quer dizer que eu não tenha amado as mulheres que tive. Tenho a impressão que, àquelas que amei realmente, me dei todo.

Clarice Lispector – Acredito, Vinicius. Acredito mesmo. Embora eu também acredite que quando um homem e uma mulher se encontram num amor verdadeiro, a união é sempre renovada, pouco importam as brigas e os desentendimentos: duas pessoas nunca são permanentemente iguais e isso pode criar no mesmo par novos amores.
Vinicius de Moraes – É claro, mas eu ainda acho que o amor que constrói para a eternidade é o amor paixão, o mais precário, o mais perigoso, certamente o mais doloroso. Esse amor é o único que tem a dimensão do infinito.

Clarice Lispector – Você já amou desse modo?
Vinicius de Moraes – Eu só tenho amado desse modo.

Clarice Lispector – Você acaba um caso porque encontra outra mulher ou porque se cansa da primeira?
Vinicius de Moraes – Na minha vida tem sido como se uma mulher me depositasse nos braços de outra. Isso talvez porque esse amor paixão pela sua própria intensidade não tem condições de sobreviver. Isso acho que está expresso com felicidade no dístico final do meu soneto “Fidelidade”: “que não seja imortal posto que é chama / mas que seja infinito enquanto dure”.

Clarice Lispector – Você sabe que é um ídolo para a juventude? Será que agora que apareceu o Chico, as mocinhas trocaram de ídolo, as mocinhas e os mocinhos?
Vinicius de Moraes – Acho que é diferente. A juventude procura em mim o pai amigo, que viveu e que tem uma experiência a transmitir. Chico não, é ídolo mesmo, trata-se de idolatria.

Clarice Lispector – Você suporta ser ídolo? Eu não suportaria.
Vinicius de Moraes – Às vezes fico mal-humorado. Mas uma dessas moças explicou: é que você, Vinicius, vive nas estantes de nossos livros, nas canções que todo mundo canta, na televisão. Você vive conosco, em nossa casa.

Clarice Lispector – Qual é a artista de cinema que você amaria?
Vinicius de Moraes – Marilyn Monroe. Foi um dos seres mais lindos que já nasceram. Se só existisse ela, já justificaria a existência dos Estados Unidos. Eu casaria com ela e certamente não daria certo porque é difícil amar uma mulher tão célebre. Só sou ciumento fisicamente, é o ciúme de bicho, não tenho outro.

Clarice Lispector – Fale-me sobre sua música.
Vinicius de Moraes – Não falo de mim como músico, mas como poeta. Não separo a poesia que está nos livros da que está nas canções.

Clarice Lispector – Vinicius, você já se sentiu sozinho na vida? Já sentiu algum desamparo?
Vinicius de Moraes – Acho que sou um homem bastante sozinho. Ou pelo menos eu tenho um sentimento muito agudo de solidão.

Vinicius de Moraes - foto: ...
Clarice Lispector – Isso explicaria o fato de você amar tanto, Vinicius.
Vinicius de Moraes – O fato de querer me comunicar tanto.

Clarice Lispector – Você sabe que admiro muito seus poemas, e, mais do que gostar, eu os amo. O que é a poesia para você?
Vinicius de Moraes – Não sei, eu nunca escrevo poemas abstratos, talvez seja o modo de tornar a realidade mágica aos meus próprios olhos. De envolvê-la com esse tecido que dá uma dimensão mais profunda e consequentemente mais bela.

Clarice Lispector – Reflita um pouco e me diga qual é a coisa mais importante do mundo, Vinicius?
Vinicius de Moraes – Para mim é a mulher, certamente.

Clarice Lispector – Você quer falar sobre sua música? Estou escutando.
Vinicius de Moraes – Dizem, na minha família, que eu cantei antes de falar. E havia uma cançãozinha que eu repetia e que tinha um leve tema de sons. Fui criado no mundo da música, minha mãe e minha avó tocavam piano, eu me lembro de como me machucavam aquelas valsas antigas.
– Meu pai também tocava violão, cresci ouvindo música. Depois a poesia fez o resto.
Fizemos uma pausa. Ele continuou:
– Tenho tanta ternura pela sua mão queimada...
(Emocionei-me e entendi que este homem envolve uma mulher de carinho.) Vinicius disse, tomando um gole de uísque:
– É curioso, a alegria não é um sentimento nem uma atmosfera de vida nada criadora. Eu só sei criar na dor e na tristeza, mesmo que as coisas que resultem sejam alegres. Não me considero uma pessoa negativa, quer dizer, eu não deprimo o ser humano. É por isso que acho que estou vivendo num movimento de equilíbrio infecundo do qual estou tentando me libertar. O paradigma máximo para mim seria: a calma no seio da paixão. Mas realmente não sei se é um ideal humanamente atingível.

Clarice Lispector – Como é que você se deu dentro da vida diplomática, você que é o antiformal por excelência, você que é livre por excelência?
Vinicius de Moraes – Acontece que detesto tudo o que oprime o homem, inclusive a gravata. Ora, é notório que o diplomata é um homem que usa gravata. Dentro da diplomacia fiz bons amigos até hoje. Depois houve outro fato: as raízes e o sangue falaram mais alto. Acho muito difícil um homem que não volta ao seu quintal, para chegar ou pelo menos aproximar-se do conhecimento de si mesmo.

Clarice Lispector – Como pessoa, Vinicius, o que é que desejaria alcançar?
Vinicius de Moraes – Eu desejaria alcançar outra coisa. Isso de calma no seio da paixão. Mas desejaria alcançar uma tal capacidade de amar que me pudesse fazer útil aos meus semelhantes.

Clarice Lispector – Quero lhe pedir um favor: faça um poema agora mesmo. Tenho certeza de que não será banal. Se você quiser, Menestrel, fale o seu poema.
Vinicius de Moraes – Meu poema é em duas linhas: você escreve uma palavra em cima e a outra embaixo porque é um verso.
É assim:
Clarice
Lispector
– Acho lindo o teu nome, Clarice.

Clarice Lispector – Você poderia dizer quais as maiores emoções que já teve? Eu, por exemplo, tive tantas e tantas, boas e péssimas, que não ousaria falar delas.
Vinicius de Moraes – Minhas maiores emoções foram ligadas ao amor. O nascimento de filhos, as primeiras posses e os últimos adeuses. Mesmo tendo duas experiências de quase morte – desastre de avião e de carro – mesmo essa experiência de quase morte nem de longe se aproximou dessas emoções de que te falei.

Clarice Lispector – Você se sente feliz? Essa, Vinicius, é uma pergunta idiota, mas que eu gostaria que você respondesse.
Vinicius de Moraes – Se a felicidade existe, eu só sou feliz enquanto me queimo e quando a pessoa se queima não é feliz. A própria felicidade é dolorosa.

Meditamos um pouco, conversamos mais ainda, Vinicius saiu.
Então telefonei para uma das esposas de Vinicius.

Clarice Lispector – Como é que você se sente casada com Vinicius?
Ela respondeu com aquela voz que é um murmúrio de pássaro:
– Muito bem. Ele me dá muito. E mais importante do que isso, ele me ajuda a viver, a conhecer a vida, a gostar das pessoas.

Depois conversei com uma mocinha inteligente:
– A música de Vinicius, disse ela, fala muito de amor e a gente se identifica sempre com ela.

Clarice Lispector – Você teria um “caso” com ele?
– Não, porque apesar de achar Vinicius amorável, eu amo um outro homem. E Vinicius me revela ainda mais que eu amo aquele homem. A música dele faz a gente gostar ainda mais do amor. E “de repente, não mais que de repente”, ele se transforma em outro: e é o nosso poetinha como o chamamos.

Eis pois alguns segredos de uma figura humana grande e que vive a todo risco. Porque há grandeza em Vinicius de Moraes.


Vinicius de Moraes - foto: acervo VM Cultural

VINICIUS DE MORAES – Poeta, assumiu postos diplomáticos em Los Angeles, Paris e Roma. Tornou-se um dos compositores mais populares da MPB, e um dos integrantes da Bossa Nova. Colaborou com vários jornais e revistas, como articulista e crítico de cinema. Escreveu Orfeu da Conceição, que teve montagem teatral em 1956, com cenários de Oscar Niemeyer. Posteriormente transformada em filme (com o título de Orfeu negro) pelo diretor francês Marcel Camus, em 1959, foi premiada com a Palma de Ouro no Festival de Cannes e com o Oscar, em Hollywood, como o melhor filme estrangeiro do ano. Nesse filme acontece seu primeiro trabalho com Tom Jobim. Entre seus parceiros estão Carlos Lyra, Edu Lobo, Francis Hime, Dorival Caymmi, Baden Powell e Toquinho. Entrevistas realizadas por Clarice Lispector, entre maio de 1968 e outubro de 1969.

Fonte: 
- LISPECTOR, Clarice. Clarice Lispector entrevistas. Rio de Janeiro: Rocco, 2007
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12.21.2020

Você é o que acredita ser e muitas outras coisas.

 

A verdade é que você não é apenas o que acredita ser…
Você é o que acredita ser e muitas outras coisas.
Você não é sempre motivado, produtivo e bom. Muitas vezes você será o oposto de tudo isso: desmotivado, improdutivo e inclinado ao mal.
Apenas aprenda a perceber isso e ampliar essa auto-imagem que você construiu e carrega dentro de si mesmo.
Lembre-se: você é o que acredita ser e muito mais outras coisas.
Não se surpreenda quando algumas sensações que parecem incomuns surgirem em seu interior, elas também fazem parte de você.
O materialismo dos tempos que vivemos nublou a nossa inteligência de maneira vergonhosa. Sequer somos capazes de perceber o valor de um dia como o de hoje.
O raciocínio é óbvio e matemático: um dia a mais é um dia a menos.
Desperdiçar dias da nossa vida com culpas, reclamações e angústias é uma gigantesca falta de reconhecimento do valor da vida.
Um dia de desânimo continua sendo um dia de vida…
Um dia de desânimo é subtraído dos dias da nossa existência como qualquer outro, então é sensato da nossa parte vivermos esse dia da melhor maneira possível.
Isso não significa que tenhamos que trabalhar ou nos divertir de maneira alucinada, mas que façamos dele um dia útil.
Uma caminhada no quarteirão é imensamente mais útil do que sentar-se e alimentar com os pensamentos o seu estado de desânimo.
Fonte: ANDRÉ VALONGUEIRO
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12.20.2020

Eduardo Paes anuncia acordo com Butantã para aquisição de vacina


Eduardo Paes anuncia acordo com Butantã para aquisição de vacina
SO prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM) anunciou em suas redes sociais na madrugada deste domingo que assinou um termo de cooperação com o Instituto Butantã para a aquisição da vacina contra a covid-19. Paes publicou uma foto em que ele e o governador paulista, João Doria (PSDB) aparecem mostrando páginas do acordo com suas assinaturas.“Entendemos que o ideal é que tenhamos um plano nacional de imunização – aquilo que pretendemos seguir, mas estamos preparando nossa rede de saúde para que ela possa atender os cariocas com a maior brevidade possível e sem riscos. Da mesma forma, já estamos em contato com diferentes laboratórios com o objetivo de superar esse difícil momento de nossas vidas. No próximo dia 28 apresentaremos nosso plano de enfrentamento ao covid-19 de forma detalhada. Vamos fazer o Rio voltar a dar certo. É mais que trabalho! É amor ao Rio!”, afirmou Paes no Twitter.

Questionado por um seguidor sobre se o prefeito estaria em contato com outros fabricantes de vacinas, como a da Moderna, Paes respondeu já estar “em contato”. A página do governador João Doria não faz menção ao termo anunciado por Paes.


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“O maior objetivo da vida é amar e ser amado. O resto são detalhes.”


“O maior objetivo da vida é amar e ser amado. O resto são detalhes.” Paulo Coelho.

A luta para realizarmos sonhos, vivermos o dia a dia, o presente do agora e o planejar do futuro, quase sempre, faz sentido apenas quando amamos e nos sentimos amados.

Por isso, o maior objetivo da vida é “alcançar” o amor. Apesar de ser natural, o amor puro é difícil de ser alcançado e, mais difícil ainda, de ser mantido e realmente vivido. Fácil é se perder pelos caminhos da insegurança e do medo.

O medo tira nossas forças para seguirmos em frente e começar ou recomeçar, para construirmos ideais e batalharmos para a realização dos mesmos, para voltarmos a sorrir naturalmente, e nos sentirmos únicos simplesmente por existirmos. O medo faz com que sejamos apenas sombra, sem perceber que devemos nos erguer ao lado um do outro.

Talvez o maior desafio para conseguirmos viver plenamente o amor seja vencer o medo. E assim nos curarmos das doenças da solidão, da sensação de vazio, da sensação de não sermos especiais, de todo o sofrimento e, principalmente, dos nossos próprios erros, através do autoperdão, libertando-nos das prisões impostas por nós mesmos.

Portanto, quando o amor bater à porta e despertar em nosso coração, que seja sentido e vivido intensamente, sem medo da perda.

Quando ele nos escolher, que possamos simplesmente nos entregar e vivê-lo em toda sua plenitude, mesmo que primeiramente sejam em sonhos e pensamentos, fontes criadoras de toda a existência.

 

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