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6.05.2021

Noticias 05 de junho de 2021

 

Brasil registra 1.661 novas mortes por Covid em 24 horas

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Luana na CPI

 

" O professor historiador Fernando Horta e sua análise sobre a impactante Luana da CPI:
Vou fazer um fio aqui para entendermos um perigoso jogo político do qual estamos sendo parte sem saber. Não é algo novo, mas que pouca gente conhece. Chame este fio de "em terra de cegos, quem tem um olho é rei".* (fio)por Fernando Horta.
Luana Araújo impactou a CPI ontem e hoje aparece em diversos meios de comunicação que tentam vender a sua "genialidade" com informações sobre sua infância. Não vou entrar nos méritos nem nas teorias, mas não quer dizer absolutamente nada se alfabetizar ou tocar piano na idade x.
Luana impactou a CPI por ser racional e conhecer aquilo que a sociedade pagou a ela para conhecer. Muito diferente da Nise Yamaguchi, por exemplo. Mas temos algumas centenas de homens e mulheres, biólogos, biomédicos, infectologistas e etc. no Brasil que fariam igual ou melhor.
A verdade é que Luana é (ou era) bolsonarista. Eu mesmo tive discussões com ela quando defendeu a reabertura das escolas em SP. Foi escolhida por ser bolsonarista. Bolsonarista, lavajatista que comemorou a prisão ilegal de lula e deve ter uma posição semelhante a da Juliana Paes.
Daí quando o senado perguntou porque ela tinha sido selecionada é porque os senadores sabiam que ela era bolsonarista. E que ela se desencantou quando o mesmo conteúdo ideológico que ela defendia (e achava correto) jogou contra ela.
Ela apagou o perfil exatamente para que não pudesse ser rastreada, mas a internet tem memória e não é difícil encontrar a Luana daquela época printada por aí. Mas o que isso tem a ver com política e com o Brasil?
Aí vem o objetivo deste fio. Há muito tempo as potências do mundo tentam conservar um domínio sobre os outros povos que não seja pelas armas. O domínio pela força é caro e frequentemente colhe insucessos. O domínio pelo consentimento é barato e duradouro.
A principal técnica para isso é a "cooptação das elites". Existem muitos trabalhos de sociologia sobre isso e muitos projetos assim hoje no mundo. Vou dar três exemplos históricos.
No final da segunda guerra os EUA criaram no Panamá a chamada "escola das américas". Supostamente uma academia militar para "cooperação e troca" de conhecimento, mas que era na verdade uma forma de moldar ideologia.
Os militares selecionados iam para lá e "aprendiam" a odiar povo e esquerda. Aos poucos, os militares que voltavam desta experiência foram reputados como "mais capazes" e tinham suas promoções aceleradas e eram colocados em postos de comando por supostamente serem mais capazes.
A escola das américas garantia o selo de "capacidade" distintivo nas forças armadas e foi de lá que saíram todos os planejadores do golpe de 64. Cooptação das elites.
O mesmo aconteceu com a chamada "escola de Chicago" e o neoliberalismo. Os EUA criaram um "programa" para receber jovens economistas recém formados para fazer "mestrado e doutorado" em Chicago. Com tudo pago.
Estes estudantes não eram os mais inteligentes, ou os mais capazes, mas estavam entre aqueles com um vazio interior grande, capazes de assimilar o que quer que os seus financiadores quisessem. Surgiram os "Chicago boys".
Jovens com pouca ou nenhuma retidão ética ou moral e sem nenhum compromisso coletivo que eram alçados a categoria de "gênios" e quando voltavam aos seus países ocupavam cargos decisórios importantes e colocavam o plano dos seus financiadores em prática.
Quem tiver dúvida sobre a não distinção, em termos de inteligência ou competência, entre os "Chicago boys" e seus colegas que ficaram em solo pátrio, basta saber que a anta do Paulo Guedes foi um "Chicago boy". Cooptação das elites.
O mesmo faz hoje as fundações do Lehmann e outros milionários brasileiros com gente como a Tabatha Amaral. Todos sabem que há toda uma politicagem que envolve doações para a universidade e interesses para abertura de "programas" que recebem estudantes da américa do sul, África ...
Essas pessoas não podem ser incapazes, mas estão longe de serem as melhores dos seus países. São escolhidas pelo vazio ético e a falta de compromisso nacional e social. A partir daí saem da experiência no exterior com o selo de "diferenciadas" para a população do seu país.
Em realidade, elas são diferenciadas em favor dos financiadores e não para os povos que as recebem de volta. elas são "diferenciadas" porque trazem ideologias diferentes e são dóceis à figura das potências dominantes. E isso é uma forma barata de colonialismo cultural.
A fala de Luana enfatizando que foi a "única" que recebeu determinada honraria da John Hopkins tem pouca importância nos meios acadêmicos, mas dita por ela é parte da construção da aura de "diferenciada". Ela foi escolhida por ser bolsonarista. E se desiludiu.
Que bom que ela acordou ética e moralmente (será?) mas o caso dela não pode esconder toda uma política social de cooptação das elites que acontece neste exato momento e que tem como representantes pessoas do quilate de Tabata e Kim Kataguri.
Aprendi uma regra no meio acadêmico: se o Dr. vier antes do nome ele serve para nos mostrar que o ego vem antes do coletivo e não raro demonstra muito mais um artifício para esconder falhas de formação do que uma condecoração por mérito e esforço.
Quem é doutor de fato, não gosta de ser assim chamado e fica envergonhado que lhe chamem por uma coisa que a imensa maioria passa a vida discutindo consigo mesmo se está à altura do título.
Uma segunda coisa que aprendi neste mundo da "torre de marfim" é que se os livros da pessoa chegaram antes dela no exterior, ela tem valor pelo que produziu. Se ela chegou lá antes dos livros, desconfie. Lembre-se da antiga e bem sucedida estratégia da "cooptação das elites"
E lembra também que isso não acontece só na academia. Acontece na arte, na política e etc. Em toda atividade cujo ego e a vaidade estejam intrinsicamente ligadas ao sucesso, esta estratégia internacional funciona com efetividade. Não criemos heróis que lutam pelos outros".

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5.31.2021

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O antibolsonarismo está nas ruas

 

Segunda-feira, 31 de maio de 2021

Bolsonaro nunca foi tão impopular. Milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra a gestão assassina da pandemia, comandada pelo ex-capitão. Os protestos do último sábado aconteceram em mais de 200 cidades brasileiras e em outros países. A repercussão dos atos também extrapolou o território nacional e se espalhou pela imprensa internacional. Em meio às manifestações, Bolsonaro postou foto nas redes segurando uma camiseta onde se lê: "Imorrível, imbroxável, incomível". 

Mas a despeito da ironia sociopata de Bolsonaro no dia em que o Brasil bateu a triste marca de 460 mil mortes por Covid-19, há motivos para afirmar que os ventos estão mudando para o mito. Antes mesmo dos protestos, pesquisa Datafolha mostrou que pela primeira vez a parcela da população favorável ao impeachment de Bolsonaro é maior que a parcela da população contrária a seu afastamento. A aprovação ao governo do ex-capitão é a mais baixa de sua gestão, de 24% – enquanto 45% o rejeitam.

Tudo isso acontece no momento em que a CPI da Covid fragiliza ainda mais Bolsonaro. Não que seja novidade para alguém, mas a comissão reforça a enorme incompetência do governo na administração da maior crise sanitária do planeta. 

Bolsonaro minimizou o impacto da pandemia. Recusou várias ofertas de vacina (ofertas comprovadas pela CPI) que teriam poupado milhares de vidas. Colocou um general despreparado no Ministério da Saúde. Defendeu o uso da cloroquina e do tratamento precoce. Debochou do uso de máscara e foi à Justiça contra o isolamento social.

Em paralelo, lidera o mais brutal processo de desmonte do Estado brasileiro de nossa história. Esse é o governo que queria um auxílio de apenas R$ 200 ao mesmo tempo que tira direitos, aprofunda o desemprego e destrói o mínimo de assistência que ainda temos. Não é apenas um governo negacionista e de morte, é o governo da fome! 

É por isso que sábado foi um dia tão importante: a temperatura que vem das ruas é  peça nova no jogo político dos novos tempos. A rejeição da população e a crise econômica na qual o país está mergulhado complicam a vida de Bolsonaro. Além disso, segundo especialistas, estamos perto de enfrentar uma terceira onda da pandemia. Ela chega em velocidade acelerada ao mesmo tempo em que o ritmo da vacinação é lento.

As pessoas que estavam em casa para ajudar a frear a contaminação foram empurradas para as ruas pela força do luto por seus mortos e pela desesperança no futuro. Não faltam motivos para protestar. E a população brasileira sabe disso. Milhares de pessoas ontem se arriscaram porque nesse momento Bolsonaro é mais perigoso que o vírus.

Não temos vacina (apenas 10% de vacinados com a segunda dose), a taxa de desemprego é histórica, voltamos para o mapa da fome, as ameaças de golpe são constantes. Derrotar Bolsonaro não é uma questão política, é uma questão de sobrevivência. Por isso, as próximas semanas são importantes para acompanharmos o movimento antibolsonarista nas ruas.

O Intercept, você sabe, é incansável. E tem um lado bem definido nessa questão. Diferente dos grandes veículos que decidiram brigar com a notícia e omitir a dimensão dos atos, nós estamos nas ruas e nas redes totalmente comprometidos com a vida, com os direitos humanos, com o interesse público. 

Nossa contribuição nesse momento é o jornalismo independente, que investiga com cuidado e denuncia com coragem. Já mostramos que somos capazes de gerar impacto social e mudar os rumos da história do país. Eu te garanto que faremos muito mais.