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9.07.2007

Polêmica: Liberação da criação de embriões híbridos

CÉLULAS-TRONCO
REINO UNIDO APROVA CRIAÇÃO DE EMBRIÕES HÍBRIDOS
05/09 - A Autoridade para a Fertilização e Embriologia Humanas (HFEA, em inglês) do Reino Unido decidiu hoje aprovar, a princípio, a criação de embriões híbridos combinando DNA de animais e seres humanos, destinados à pesquisa com fins terapêuticos, informou o próprio organismo. A HFEA autorizou uma polêmica medida que, segundo os cientistas, pode ajudar a conseguir tratamentos para curar doenças como o Mal de Alzheimer e o Mal de Parkinson. No entanto, os cientistas que quiserem usar os embriões híbridos ainda terão que apresentar uma solicitação, afirmou o órgão. Em termos práticos, a decisão do HFEA implica em que as solicitações já feitas por cientistas do King's College de Londres e da Universidade de Newcastle (norte da Inglaterra) poderão ser agora avaliadas por um comitê responsável por dar a licença. A decisão anunciada pela Autoridade para a Fertilização e a Embriologia Humanas foi tomada após vários meses de consultas. As pesquisas realizadas indicam que 61% dos britânicos são a favor da criação desses embriões mistos, frente a apenas 25% que se opõem - no qual se destacam os grupos religiosos. Os embriões citoplásmaticos têm 99,9% de DNA humano e só 0,1% de origem animal. Para sua criação, os cientistas usam óvulos de coelha ou vaca, esvaziados de quase toda sua informação genética, e implantam núcleos com DNA de diferentes tipos de células humanas. Os embriões resultantes são majoritariamente humanos, mas nas mitocôndrias, organelas da célula onde se produz energia, fica um resto de DNA de procedência animal. As células-tronco extraídas dos embriões são células não especializadas que podem depois se diferenciar em diferentes tipos de tecido, no que os cientistas tentarão trabalhar no laboratório. Segundo os defensores, o uso de óvulos de animais permitirá resolver a escassez de seus equivalentes humanos, ao fornecer uma fonte quase inesgotável de células-tronco. Atualmente, os cientistas dependem dos óvulos humanos que "sobram" nos tratamentos de fertilização, mas estes são poucos e tem baixa qualidade. Os críticos a essas práticas indicam que atentam contra a distinção que, segundo eles, existe entre o ser humano e o animal, e denunciam que os embriões assim criados serão destruídos após a extração das células-tronco. Fonte: Agência EFE – Notícias Terra
VATICANO: CRIAÇÃO DE EMBRIÕES HÍBRIDOS É MONSTRUOSA
05/09 - A decisão da Grã-Bretanha? de autorizar a criação de embriões híbridos, gerados a partir da integração de DNA humano em óvulos de animais, é um "ato monstruoso", afirmou nesta quarta-feira monsenhor Elio Sgreccia, presidente da Academia Pontifical para a Vida. "É um ato monstruoso que vai contra a dignidade humana", declarou o prelado à Rádio Vaticano. "É necessário que a comunidade científica se mobilize o mais rápido possível. Acreditamos que o governo britânico cedeu diante dos pedidos, sem dúvida imorais, de um grupo de cientistas", acrescentou o monsenhor Sgreccia. A Autoridade Britânica de Fertilidade Humana e Embriologia (HFEA) deu nesta quarta-feira sua aprovação "de princípio" à polêmica criação de embriões híbridos, a partir da integração de DNA humano em óvulos de animais e destinados à investigação de doenças como o mal de Alzheimer. A decisão da HFEA se baseia na necessidade de amenizar a falta de ovócitos humanos destinados à clonagem de embriões com fins terapêuticos, fato permitido na Grã-Bretanha?, diferentemente de outros países, como a França. O Vaticano sempre se opôs a qualquer tipo de manipulação de embriões, por considerá-los seres humanos sob qualquer circunstância. No final de junho, o papa Bento XVI lembrou da posição da Igreja Católica sobre o tema, que estipula que "a investigação científica deve ser fomentada, mas não deve se desenvolver em detrimento dos outros seres humanos, cuja dignidade é intocável desde os primeiros momentos da existência".
Fonte: AFP – Notícias Terra
SINAL VERDE PARA A CRIAÇÃO DE EMBRIÕES "HÍBRIDOS"
06/09 - Governo britânico aprova estudos com produto de material humano e animal. Especialistas querem extrair células-tronco. Depois de clonar uma ovelha e implantar uma orelha nas costas de um rato, a ciência conseguiu licença sem precedentes para nova façanha: produzir embriões híbridos, frutos da inserção de células humanas em óvulo animal. Apesar dos complexos debates éticos, os pesquisadores garantem que o propósito da autorização - concedida ontem pela Autoridade de Embriologia e Fertilização Humana (HFEA) do Reino Unido - é obter uma fonte quase inesgotável de células-tronco, estruturas diferenciadas capazes de dar origem a vários tecidos. "Não existe razão fundamental para se evitar pesquisas com embriões híbridos citoplásmicos (...) Essa não é uma luz verde total para os estudos, mas um reconhecimento de que a área pode, com cuidado e escrutínio rigoroso, ser permitida", afirma o documento da HFEA. A decisão beneficia dois cientistas que manipulam híbridos citoplásmicos formados por 99,9% de material humano e 0,1% de componente animal. E atrai a ira da Igreja Católica e de organizações não-governamentais. Stephen Minger, diretor do Departamento de Biologia das Células-Tronco? do King´s College (Londres) e um dos autores da pesquisa, lembrou que milhares de britânicos usam válvulas cardíacas de porcos. "Misturar células animais e humanas não é algo novo", disse à rede de TV BBC. Ele e sua equipe pretendem criar embriões em óvulos extraídos de vacas. O material genético será removido e substituído por células humanas. O objetivo de Minger é produzir células-tronco capazes de imitar células humanas com doenças neurológicas, como males de Parkinson e de Alzheimer. O cientista Lyle Armstrong, da Newcastle University, planeja uma investigação sobre o uso de células-tronco extraídas de embriões híbridos. A legislação exige que os embriões sejam destruídos em 14 dias. CUIDADO - Bioéticos acreditam que as pesquisas serão cuidadosamente monitoradas. "O Conselho Nuffield de Bioética é bastante rigoroso e dará permissão a um grupo restrito de pesquisadores", explicou Volnei Garrafa, coordenador da Cátedra Unesco de Bioética da Universidade de Brasília (UnB). Ao considerar os riscos de a ciência criar seres bizarros, ele lembrou que o limite não é mais técnico, mas envolve ética aplicada. "Se os cientistas quisessem, já estariam dando origem a híbridos sem que soubéssemos", disse. Garrafa afirmou que a lei britânica controlará o número de embriões, restringirá o tempo de vida dessas estruturas e proibirá fins que não sejam os de pesquisa. O norte-americano Arthur Caplan, diretor do Centro de Bioética da Universidade da Pensilvânia, considera válida a decisão. "As cobaias fornecerão uma base de dados para a pesquisa de doenças genéticas como fibrose cística, anemia falciforme, diabetes juvenil e distrofia muscular", comentou. "A ciência terá condições de descobrir se essas enfermidades começam logo após a concepção", acrescentou. De acordo com ele, os clones produzidos terão um tempo médio de vida de sete a 14 dias. "Esses embriões são apenas uma ferramenta de pesquisa do interesse de uma minoria de cientistas cuidadosos", concluiu. O termo "ferramenta de pesquisa" preocupa o britânico David King, presidente da organização não-governamental Human Genetics Alert. O ativista menospreza a justificativa de que os embriões ajudariam a curar graves doenças e sustenta haver uma razão para que a maior parte dos britânicos se oponha às pesquisas. Ao sublinhar que sua ONG é desprovida de vínculos religiosos ou políticos, King disse que o embrião não pode ser considerado um nada. "Trata-se de uma entidade pequena e insignificante, mas que merece respeito." O Vaticano reagiu com indignação. "É um ato monstruoso que vai contra a dignidade humana", declarou o monsenhor Elio Sgreccia, presidente da Academia Pontifical para a Vida. Ele exortou a comunidade científica a se mobilizar o mais rápido possível e afirmou que o governo britânico cedeu diante de pedidos "imorais" de um grupo de cientistas. TABU MUNDIAL - PESQUISAS COM EMBRIÕES HÍBRIDOS SÃO PROIBIDAS POR LEI EM TODOS OS PAÍSES – Brasil - A legislação não especifica o caso dos embriões híbridos, mas a Lei de Biossegurança - sancionada em 2005 - autoriza o uso de células-tronco embrionárias, para fins de pesquisa, obtidas de embriões congelados pelo menos três anos antes da aprovação da lei; Austrália; O país permite que embriões sejam criados para pesquisas, mas proíbe o desenvolvimento de híbridos. A exceção é para testes da qualidade do esperma; Canadá - A legislação veta a criação de embriões híbridos; EUA - Verbas federais só podem ser usadas para pesquisas com embriões existentes, usados em tratamentos de fertilização. O país proíbe a manipulação de embriões híbridos; Outros países - Itália e Alemanha somente permitem o uso de embriões já existentes. Áustria, Noruega e Tunísia vetam quaisquer pesquisas com embriões. - Rodrigo Craveiro, da equipe do Correio - @&TAB - Fonte: Correio Braziliense

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