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5.09.2008

FARMACOTÉCNICA

FARMACOTÉCNICA

Trata-se de uma parte da Farmacologia que cuida das drogas, transformando-se nas várias formas farmacêuticas utilizadas na prevenção, diagnóstico e cura das doenças. Esta transformação visa a administração, assegurando uma perfeita eficácia terapêutica e conservação.


FORMAS FARMACÊUTICAS

São também designadas por formas galênicas ou formas medicamentosas. Exemplos: pós, comprimidos, xaropes, pomadas, colírios, supositórios, etc.

São o resultado de várias operações a que se submetem as substâncias medicamentosas a fim de facilitarem a sua posologia, administração, mascarar os caracteres organolépticos e assegurar a ação desejada.

Atualmente a Farmacotécnica é subsidiada por outras ciências fundamentais, como a física, a química, e a botânica; e de ciências de aplicação como a Farmacognosia e a Farmacodinâmica. Sendo assim, ela própria se constitui em uma ciência de aplicação, libertando-se cada vez mais do empirismo que a caracterizou no passado.

Após um período de tempo mais ou menos longo, dependente do processo de conservação, o medicamento passa a perder progressivamente a sua atividade. Na prática, considera-se que um medicamento perdeu a sua validade quando foram destruídos mais de 10 ou 15% dos seus princípios ativos. O período durante o qual a destruição se processou até aquele limite é conhecido com PRAZO DE VALIDADE.

Por este motivo os medicamentos devem ser verificados de modo a garantir a sua potência inicial e a determinar-se qual o grau de destruição dos seus princípios ativos com o passar do tempo.

Compete à Farmacotécnica estudar a forma farmacêutica mais adequada e o melhor meio de se conservar os medicamentos, de modo a prolongar, na medida do possível, o seu período de utilização.

OBJETIVO: Preparar, conservar, acondicionar e dispensar medicamentos, dosados com exatidão e apresentados sob uma forma que facilite a sua administração.


EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FARMACOTÉCNICA


FARMÁCIA GALÊNICA: Termo introduzido no século XVI, que significava a “farmácia dos medicamentos complexos”, que pretendia se opor ao termo “Farmácia Química” ou ”Ramo Farmacêutico” que se ocupava da preparação de medicamentos contendo substâncias quimicamente definidas.

MEDICAMENTO COMPLEXO: Resultado da transformação dos produtos naturais em preparações farmacêuticas com possibilidade de administração. Porém se esta transformação originasse uma substância quimicamente definida, designava-se medicamento químico.

O termo “Farmácia Galênica” representa uma homenagem ao médico-farmacêutico, Claudius Galenus, que viveu em Roma no século II de nossa era. Fixou-se em Roma no Império de Marco Aurélio a fim de controlar a peste.

Durante muitos anos as substâncias medicamentosas existentes eram exclusivamente de natureza animal, vegetal ou mineral. Posteriormente, com o isolamento dos princípios ativos, o homem teve a tentação de começar a substituí-los.

Razões de ordem econômica e a facilidade de preparação têm levado à substituição quase que sistemática das antigas fórmulas pelos seus componentes principais isolados ou por síntese.

As tendências mais recentes da Farmacotécnica a serviço da preparação, maior eficácia terapêutica e segurança podemos citar a Biofarmácia e a Farmácia Clínica.

BIOFARMÁCIA: Determina as relações entre as propriedades físico-químicas dos fármacos, forma de administração e os efeitos biológicos observados.

FARMÁCIA CLÍNICA: Com o aparecimento de novos fármacos, cada vez mais potentes, obriga a cuidados particulares no que diz respeito às incompatibilidades físicas, químicas e biológicas a que podem dar origem.

A farmacovigilância atua a nível ambulatorial ou hospitalar, “competindo-lhe toda a atividade tendente a obter indicações sistemáticas sobre ligações de causalidade provável entre medicamentos e reações adversas”. (OMS; 1972).

Observa-se assim a evolução natural da Farmácia Galênica, que, de arte servindo-se do empirismo, passou a ciência complexa e multifacetada, começando a ser encarada e orientada em bases completamente novas, em que a preparação do medicamento nunca pode ser apreciada independentemente do fim a que se pretende.



MEDICAMENTO E REMÉDIO

A palavra remédio é empregada num sentido amplo e geral, sendo aplicada a todos os meios utilizados com o fim de prevenir ou de curar as doenças. Deste modo, são remédios não só os medicamentos, mas também os agentes de natureza física ou psíquica a que se recorre na terapêutica. Exemplos de agentes físicos: climatoterapia, radioterapia, termoterapia, cinesisterapia, eletroterapia. Exemplos de agentes psíquicos: ação psicológica desempenhada pelo método ou pelo psicólogo junto ao paciente. Pode ir desde a simples confiança que lhe traz calma e bem estar até mesmo à psicanálise.

Observação: Medicamentos utilizados com fins diagnósticos não podem ser considerados REMÉDIOS, já que esta palavra implica as idéias de profilaxia ou de cura.



MEDICAMENTO, ALIMENTO e VENENO

Dependendo das circunstâncias e da quantidade administrada, um dado medicamento pode tornar-se um veneno, ou um alimento pode funcionar como agente de cura.



CLASSIFICAÇÃO DOS MEDICAMENTOS

Como se sabe a palavra MEDICAMENTO indica uma droga ou uma preparação com drogas de ação farmacológica benéfica, quando utilizada de acordo com suas indicações e propriedades.

Medicamento Simples - aqueles preparados a partir de 1 único fármaco. Ex.: xarope de vitamina C, pomada de Cânfora.

Medicamento Composto - são aqueles preparados a partir de vários fármacos. Ex.: a) Injetável de penicilina G + Estreptomicina. Ex.: b) Comprimido de Ácido Salicílico + Cafeína.

Medicamento de Uso Externo - são aqueles aplicáveis na superfície do corpo ou nas mucosas facilmente acessíveis ao exterior. Ex.: Cremes de Calêndula, Shampoo de Piritionato de Zinco.

Medicamentos de Uso Interno - são aqueles que se destinam à administração no interior do organismo por via bucal e pelas cavidades naturais (vagina, nariz, ânus, ouvido, olhos, etc.).

Medicamentos Oficiais - são aqueles oficializados nas monografias presentes nas Farmacopéias.

Medicamentos Oficinais - são aqueles preparados na própria farmácia, de acordo com normas e doses estabelecidas por Farmacopéias ou formulários e com uma designação uniforme. Ex.: Tintura de Iodo, Elixir Paregórico.

Medicamentos Especializados de Especialidades Farmacêuticas - são medicamentos de fórmula conhecida, de ação terapêutica comprovável, em forma farmacêutica estável, embalado de modo uniforme e comercializado com um nome convencional. A especialidade farmacêutica é industrializada e sua fabricação obedece a regulamento de natureza governamental. Ex.: Comprimidos de Aspirina.

Medicamento Magistral - são aqueles medicamentos prescritos pelo médico e preparados para cada caso, com indicação de composição qualitativa e quantitativa, da forma farmacêutica e da maneira de administração.

Medicamento Placebo - são substâncias ou preparações inativas administradas para satisfazer a necessidade psicológica do paciente de tomar drogas.

Medicamentos Alopáticos - são aqueles que tratam as doenças produzindo uma condição de antagonistas; incompatíveis com o estado patológico a ser tratado. “Cura provocando uma ação diferente no corpo”.

Medicamentos Homeopáticos - são aqueles que promovem uma condição semelhante com o estado patológico a ser tratado. “Tratam o indivíduo, e não a doença em primeiro lugar.”



FÓRMULA OU FORMULAÇÃO

Representa o conjunto dos componentes de uma receita prescrita pelo médico, ou então a composição de uma especialidade farmacêutica.



COMPONENTES DE UMA FORMULAÇÃO

Em uma fórmula complexa o médico pode indicar além dos componentes ativos, os componentes inertes que devem entrar na formulação (adjuvantes).

Adjuvantes - fármacos auxiliares. Pode exercer um efeito solubilizante, conservante, edulcorante, aromatizante. Em regra geral, não modificam o efeito farmacológico dos princípios ativos.

Veículo ou Excipiente - são destituídos de atividade e têm como função dar corpo aos fármacos, diluindo-os à concentração conveniente ou proporcionando maior facilidade de administração. Obs.:

Veículo (líquido)

Excipiente (sólido).



FARMACOPÉIAS

Código Farmacêutico Oficial inscrito com a finalidade de regulamentar e impri9mir rigor científico e uniformidade às práticas farmacêuticas, selecionando técnicas e métodos que sirvam de norma legal à preparação, caracterização, ensaio e doseamento das matérias primas empregadas e dos produtos acabados.



HISTÓRICO

· Farmacopéias regionais nem sempre oficializadas (séc. XVIII).

· Farmacopéias nacionais oficiais (fim do séc. XVIII e início do séc. XIX).

· Brasil adotou a Farmacopéia Portuguesa até a Independência.

· Adotou a Farmacopéia Francesa até que a brasileira fosse publicada



FARMACOPÉIAS BRASILEIRAS

1ª. Edição (1926)

2ª. Edição (1959)

3ª. Edição (1976)

4ª. Edição (1988)

Todas as Farmacopéias possuem “métodos gerais” preconizados e em seguida as monografias; com exceção da 4ª. Edição que contém apenas as generalidades e métodos gerais de análise. Não possui monografias de matérias primas e especialidades farmacêuticas.

Vigência em todo o território nacional.



FORMULÁRIOS

Ao lado das Farmacopéias existem os formulários de índole galênica, oficializados em muitos países e dotados de caráter nacional, ou restritos a determinados serviços.

Em alguns países da América do Norte e na Grã-Bretanha, a publicação dos formulários nacionais é acompanhada das respectivas Farmacopéias.

Nos E.U.A têm sido publicados, regularmente diversos formulários nacionais. O último National Formulary XXII, foi oficializado juntamente com a revisão da USP XXII.

No Brasil também têm sido publicados alguns formulários, com exemplo o Formulário Homeopático Brasileiro.

Droga - produto simples ou complexo que poderá ser utilizado como matéria prima para o uso farmacêutico, podendo este ser de origem vegetal, mineral ou animal. Ex.: mel, cera de abelha, fenol, sulfato de cobre, beladona.

Fármaco - todas as drogas utilizadas em farmácia e dotadas de ação farmacológica ou, pelo menos de interesse médico. Poderíamos dizer então, que o conceito de droga abrange o de Fármaco ou que o Fármaco é um tipo especial de droga.

Medicamento - “Toda a substância que administrada convenientemente ao organismo enfermo possa aliviar ou curar o seu estado patológico.”

“Qualquer substância simples ou complexa que aplicada no interior ou no exterior do corpo do homem ou do animal possa produzir efeito curativo ou preventivo”.

“Toda a substância ou conjunto de substâncias que se administrem com fins terapêuticos.”

Remédio - são todos os meios utilizados com o fim de prevenir ou de curar as doenças.



RECEITA MÉDICA

Recipe (Latim) - conjunto de indicações escritas pelo médico ou veterinário ao farmacêutico, para a preparação e entrega de um medicamento. Usualmente comporta também instruções para o paciente quanto ao modo de administração ou uso do medicamento prescrito.



Conteúdo de uma Receita

Nome do paciente, fármacos utilizados e suas quantidades, forma farmacêutica pretendida, indicação quanto à administração do medicamento, nome, endereço e assinatura do médico.

O médico deverá indicar de forma explícita, qual o fármaco ou os fármacos constituintes e qual a sua quantidade. Se em um ou mais casos ultrapassar as doses consideradas máximas, deverá demonstrar que têm plena consciência de fato, escrevendo por extenso e sublinhando as quantidades pretendidas.

Depois de indicar a composição pretendida, o médico menciona a forma farmacêutica desejada. Algumas vezes as quantidades indicadas refere-se a várias unidades galênicas. Ex.: 12 papéis, 5 supositórios, 6 comprimidos.

Outras vezes menciona-se o quantitativo para uma unidade indicando-se depois, o número de unidades pretendidas. Ex.: 1 cápsula.

Em certos casos, o médico inclui, nesta parte da receita, a abreviatura F.S.A. (faça segundo a arte).

O médico deve mencionar na receita o modo e a freqüência de administração do medicamento. Quando este for destinado ao uso externo, deverá assinalar o fato.

Ao farmacêutico competente incluir no rótulo do medicamento que dispensa, algumas indicações auxiliares. Ex.: colheres de sopa, café, sobremesa, para gargarejo; uso ocular; para inalação; para fricção; AGITE ANTES DE USAR.

O nome, endereço e assinatura do médico devem constar na receita, de modo a garantirem-lhe sua autenticidade.



ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

O efeito de um medicamento depende da quantidade de substancia que penetra no organismo, podendo atuar localmente no local de sua aplicação ou ser absorvido de modo a que atinja os órgãos e tecidos, cuja resposta é pretendida.

1 - Medicamentos tópicos e locais:

De uso tópico - são aqueles que se aplicam externamente, sobre uma região limitada do corpo, não proporcionando absorção sistêmica dos seus constituintes. Ex.: pomada de ácido salicílico, colírio de sulfato de zinco.

De uso local - são aqueles que desempenham sua ação em uma zona específica do organismo. Ex.: Subnitrato de bismuto em pó (uso oral). Não é absorvido, atua localmente, protege a mucosa gástrica e duodenal. Ex.2: antibióticos, anti-helmínticos; atuam localmente no intestino. Atividade antibacteriana ou vermicida.

Fonte: www.farmaciaunifor.hpg.ig.com.br/farmacotecnica.html

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