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9.05.2008

DOSE CERTA PARA CADA PACIENTE

farmácia, bioquímica,fisiologia
Farmacogenômica é a grande promessa terapêutica do futuro
DOSE CERTA PARA CADA PACIENTE (Mapa Genético das pessoas)

04/09 - No futuro, os pesquisadores serão capazes de traçar o mapa genético das pessoas, eliminando efeitos colaterais e individualizando o tratamento. A produção de remédios biológicos é o primeiro passo para o desenvolvimento de medicamentos chamados inteligentes, feitos sob medida para o paciente, de acordo com seu mapeamento genético.
A expectativa é de que eles tenham impacto positivo na qualidade de vida humana, já que, além de prevenir uma série de doenças, eles poderão ser usados com maior chance de cura e menos efeitos colaterais, como defende a geneticista Lygia da Veiga Pereira, professora da Universidade de São Paulo (USP). Segundo ela, a farmacogenômica é a grande promessa terapêutica do futuro. “O conhecimento da biologia vai possibilitar a criação de terapias com novas drogas, que resultarão, conseqüentemente, na terapia gênica. Na medicina da era pós-genoma, acredito que será possível adquirir genes como produtos farmacêuticos”.
Medicamentos como o teste Her-2 positivo são um exemplo das possibilidades da farmacogenômica. Ele é usado para um tipo específico de câncer de mama, que ocorre em 25% das mulheres vítimas da doença. De acordo com a especialista, nos outros 75% de cânceres da mama, o mesmo medicamento não surtirá efeito algum. Portanto, conhecendo o gene causador do problema, é realmente possível cortar o mal pela raiz, evitando que o organismo se debilite desnecessariamente e sofra com efeitos colaterais de medicamentos inadequados.
Os remédios biológicos, por sua vez, apesar de serem considerados medicamentos do futuro, estão mais presentes na vida de pacientes com doenças graves do que se imagina.
Também conhecidos como biofármacos, eles representam novas possibilidades de tratamento, no caso de patologias complexas, como esclerose múltipla, câncer, tumores cerebrais etc. Foram os biológicos que trouxeram mais qualidade de vida, por exemplo, a pessoas como Haroldo Feitosa Tajra, de 39 anos, presidente da Associação Brasiliense de Psoríase. Depois de anos convivendo com a forma grave da doença, ele conseguiu, com o uso dos biofármacos, conter a explosão de manchas que se espalhavam pelo corpo e comprometiam as articulações. “Além das dores, sentia vergonha de mim mesmo, passei por constrangimentos sociais e fui vítima de discriminação”.
Para piorar, os tratamentos terapêuticos convencionais levaram o organismo de Haroldo a sofrer com os efeitos colaterais cumulativos da medicação química e até mesmo a desenvolver resistência às substâncias. “Foi quando comecei a usar os biológicos. A resposta foi inacreditável. Posso dizer que houve praticamente a cura da psoríase e com menos efeitos colaterais”, conta. ]
Apesar de comemorar o resultado, Haroldo lamenta o fato de os biológicos serem caros demais, restringindo o acesso de pacientes a terapias mais avançadas e eficazes. Essa também é a preocupação de Gonçalo Vecina Neto, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, que participou, na terça-feira, do 1º Simpósio de Medicamentos Biológicos - ética, regulação, pesquisa, desafios e uso clínico. O evento foi promovido pela USP, em parceria com a Interfarma. De acordo com Vecina Neto, atualmente, a grande polêmica sobre os medicamentos biológicos envolve, justamente, a produção de suas cópias , ou os biosimilares. Os biossimilares seriam uma espécie de “genérico” dos biológicos, da mesma forma que ocorre na indústria farmacêutica convencional. O problema é que, diferentemente dos genéricos, não se pode garantir que, no caso dos biológicos, a cópia seja idêntica ao original. “Quando a patente ‘caduca’, outras empresas podem produzir os medicamentos, os biossimilares. A questão é garantir, em experimentações clínicas, que sejam preservadas a segurança e a qualidade do primeiro”.
Para resolver essa equação complexa, que envolve a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, os especialistas acreditam que a saída esteja na regulamentação da produção dos biossimilares e, principalmente, na fiscalização e adequação dos protocolos de substituição de um produto por outro e da prática médica. Na visão de Lygia da Veiga, é preciso rigor na regulamentação. Entretanto, o controle não pode impedir pesquisas e a efetiva produção dos biossimilares. “A produção deles, com a derrubada das patentes, é a única forma de garantir preços mais acessíveis”, argumenta.
Segundo Dario Miranda, assessor de produtos biológicos da Anvisa, ex-consultor da Organização Panamericana de Saúde (Opas) para produção e controle de imunobiológicos e um dos responsáveis pela legislação brasileira no assunto, no que diz respeito à regulamentação dos biológicos e biossimilares, o Brasil está no mesmo nível que o restante do mundo. Ele acredita que todos os países vão enfrentar as mesmas dificuldades, já que a qualidade e eficácia dos biossimilares não podem ser determinadas exclusivamente por testes laboratoriais. “As autoridades sanitárias nacionais têm o dever de assegurar que os produtos biológicos disponíveis no país , importados ou nacionais, sejam seguros. Além de baixar os custos, o foco deve ser, sempre, o bem-estar do paciente”, diz. O QUE É... Medicamento biológico - É um produto farmacêutico de origem biológica, feito a partir de uma proteína ou ácido nucléico.
Enquanto os remédios convencionais são obtidos por sínteses químicas, os biofármacos (biológicos) se originam de processos de fermentação ou de bioengenharia. A estrutura dos medicamentos biológicos é completamente diferente dos de origem química (como a aspirina ou antiinflamatórios comuns, por exemplo). Qualquer modificação na matéria-prima durante o processo produtivo ou armazenamento pode afetar a estrutura molecular do produto e, com isso, alterar a segurança e eficácia do medicamento. Entre os medicamentos químicos, pode haver uma cópia, mas o mesmo não ocorre com os biológicos.
É impossível copiar um medicamento biológico. É por isso que não existe um genérico biológico, mas sim, um similar. São os chamados biossimilares. Os medicamentos biológicos atualmente aprovados para comercialização são usados para o tratamento e prevenção de condições como o mal de Alzheimer, apnéia do sono, artrite reumatóide, ataques cardíacos, câncer de mama, câncer renal, dermatite atópica, diabetes, doença de Crohn, esclerose múltipla, fibrose cística, hemofilia, hepatite, derrame cerebral, insuficiência cardíaca, lepra, leucemia, leucemia linfocítica crônica, linfomas, lupus e tumores cerebrais. Farmacogenômica - É o estudo da relação entre o mapa genético de cada pessoa e a reação de seu organismo aos medicamentos. Seu objetivo é incrementar a segurança e eficácia dos medicamentos, explorando a relação entre o genoma (DNA) e as respostas aos fármacos. Do mesmo modo, os cientistas estão realizando ensaios sobre a dose adequada dos medicamentos para cada indivíduo.
A descoberta das diferenças da composição genética das pessoas ajudará os médicos a receitar o medicamento apropriado, na dose correta para cada paciente, permitindo que os remédios sejam mais eficazes e causem menos efeitos adversos.

Fonte: Estado de Minas

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