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9.27.2008

NOVIDADES SOBRE A CÉLULA-TRONCO

Pesquisa transforma célula adulta em célula-tronco polivalente sem alterar DNA
Vírus usado para conseguir feito não integra material genético às células.
Para brasileiros, passo é interessante, mas ainda não é ideal para terapia.

Aos poucos, o sonho de usar uma célula comum do organismo humano adulto e reprogramá-la para que ela volte a um estado semelhante ao das células-tronco embrionárias (CTEHs), podendo reconstruir qualquer tecido ou órgão danificado, vai ficando mais perto da realidade. Desta vez, pesquisadores nos Estados Unidos conseguiram usar vírus não-patogênicos (ou seja, não-causadores de doenças) para induzir essa reprogramação sem que eles alterassem diretamente o DNA das células estudadas.

O trabalho liderado por Konrad Hochedlinger, do Centro de Câncer e Medicina Regenerativa do Hospital Geral de Massachusetts, apresenta-se como um passo possivelmente decisivo rumo aos testes terapêuticos com essas células, uma vez que aparentemente não restam traços do vírus reprogramador após a "metamorfose" das células. No entanto, para uma dupla de pesquisadores brasileiros, o ponto ideal ainda não foi alcançado. "O uso de compostos químicos seria una alternativa aos vetores virais", disse ao G1 Stevens Kastrup Rehen, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que comentou o estudo junto com sua aluna Bruna Paulsen.

"Só assim o processo de reprogramação celular poderia ter aplicação segura e prática", completa Paulsen. Mesmo assim, segundo os dois, o protocolo de Hochedlinger e companhia "é conceitualmente melhor que os publicados antes".

Sonho de pluripotência

Antes? Sim, porque uma das áreas mais agitadas da biologia molecular e celular dos últimos meses tem sido o estudo das células iPS, ou células-tronco pluripotentes induzidas. "Pluripotência" é justamente a capacidade até hoje encontrada apenas nas células-tronco embrionárias de virar qualquer tecido (menos placenta, para ser exato), e a indução se refere ao uso de certos genes para "convencer" células adultas a retornar a esse estado versátil.

Até agora, esses genes eram "entregues" por vírus modificados especialmente para a tarefa, que faziam esse material genético se integrar no DNA das células adultas. Ou seja, uma terapia baseada nelas envolveria a adição de células transgênicas ao organismo do doente -- algo inaceitável, pelo menos por enquanto.
No estudo de Hochedlinger e colegas, publicado na web pela revista especializada americana "Science" , os mesmos genes normalmente usados para modificar o DNA das células humanas pegam carona num adenovírus. "É característica dos adenovírus a baixa integração ao DNA", lembra Bruna Paulsen. Mesmo assim, as proteínas cuja receita está contida nesses genes-chave foram produzidas e fizeram com que células do fígado e de outros tecidos de camundongos virassem iPS, ou seja, voltassem ao estado versátil.

Apesar do aparente sucesso, os brasileiros aconselham cautela. "Os autores fizeram vários testes, que indicaram que não houve qualquer integração [do DNA viral no das células de camundongos], mas eles não podem descartar uma integração de pequenas porções do DNA do adenovírus -- mais um motivo para dizer que o ideal mesmo seria não precisar de vetores virais", arremata Rehen.

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, que realizaram o primeiro estudo em humanos envolvendo células-tronco e diabetes, iniciaram nova pesquisa. Os cientistas brasileiros conseguiram reverter a alteração imunológica que dá origem ao diabetes tipo 1, utilizando para isso uma combinação de células-tronco e quimioterapia.

O diabetes tipo 1 acomete principalmente jovens e crianças e leva os pacientes a necessitarem de múltiplas aplicações de insulina para manter os níveis de açúcar no sangue. Nos diabéticos desse tipo, as células produtoras de insulina são atacadas pelos órgãos de defesa do corpo, parando assim a produção do hormônio essencial para o funcionamento do organismo.


Na pesquisa de 2003 os médicos desligavam o sistema imunológico dos pacientes com aplicações de quimioterapia. Após isso, "religavam" o sistema devolvendo ao corpo células-tronco que haviam sido retiradas previamente do sangue dos indivíduos. Com esse religamento, muitos pacientes passavam a produzir insulina de forma natural e dispensavam as agulhadas diárias.


Nesses cinco anos de acompanhamento dos 23 participantes originais, 20 permaneceram sem insulina em algum momento. Existem pacientes que estão livres da insulina há anos. O trabalho de pesquisa dos nossos compatriotas foi publicado na revista "Journal of the American Medical Association" e passou a ser um marco nesse campo desde então.


O problema estava na necessidade de usar a quimioterapia, que trazia riscos para os pacientes, os quais podiam sofrer de infecções e outros efeitos colaterais nesse período. O grupo está iniciando nova pesquisa que, desta vez, utilizará um tipo especial de células-tronco dos pacientes. As células-tronco mesenquimais deverão ser capazes de bloquear a atividade imunológica contra o pâncreas e aumentar a quantidade de células produtoras de insulina ao mesmo tempo.


Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) da Bahia estão se preparando para testar o potencial das células-tronco adultas para ajudar pessoas que sofreram lesões na medula espinhal e ficaram com parte do corpo paralisada. Após resultados animadores em animais – cães e gatos voltaram a ficar de pé após meses em estado paraplégico –, o grupo coordenado pelo médico Ricardo Ribeiro dos Santos espera a autorização da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para iniciar os primeiros testes em humanos.

Células-tronco embrionárias: o desafio das adultas é conseguir o mesmo desempenho das células adultas).

Ainda existe um grande debate a respeito do que as células-tronco adultas realmente podem fazer em termos terapêuticos. Não há dúvidas de que as células-tronco embrionárias, obtidas a partir de embriões com cerca de cem células, são extremamente versáteis, capazes de assumir a função de qualquer tecido do organismo. No entanto, ainda não se sabe ao certo como controlar a diferenciação (especialização) delas, o que impede, por enquanto, que elas sejam testadas em humanos.

Já as células-tronco adultas parecem envolver menos problemas de segurança, uma vez que são menos “rebeldes” em seu processo de diferenciação e, em muitos casos, podem ser extraídas do próprio paciente que vai recebê-las, evitando riscos de rejeição. Por outro lado, os pesquisadores têm dúvidas sobre a capacidade delas de se transformar em tecidos variados; para muitos, elas teriam apenas um papel de “suporte de vida”, estimulando a regeneração de órgãos lesados e impulsionando a formação de vasos sangüíneos para alimentá-los.

Cultivo especial

De qualquer maneira, pesquisadores brasileiros já utilizaram células-tronco adultas, provenientes principalmente da medula óssea, para tratamentos experimentais contra doenças cardíacas, derrames e diabetes tipo 1, entre outros problemas de saúde. “Já houve testes para tratar lesões da medula espinhal, mas a coisa não deu muito certo”, diz Ribeiro dos Santos. Para tentar evitar que o problema se repita, o novo protocolo desenvolvido pelos pesquisadores da Fiocruz envolve a obtenção de células-tronco da medula óssea e de tecido adiposo e seu posterior cultivo em laboratório durante três semanas, período no qual as células mais promissoras para o transplante são selecionadas.

Nos cães e gatos paraplégicos, os resultados foram animadores. “Eles conseguem ficar de pé, nem que seja só para brigar, como no caso de alguns dos bichos”, brinca Ribeiro dos Santos. “O controle urinário também melhora bastante. Se isso for reproduzido em humanos, já será um grande avanço”, afirma ele. A intenção é fazer os testes iniciais, destinados a comprovar que a terapia não piora o estado dos pacientes, num grupo de 20 pessoas.
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Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) da Bahia estão se preparando para testar o potencial das células-tronco adultas para ajudar pessoas que sofreram lesões na medula espinhal e ficaram com parte do corpo paralisada. Após resultados animadores em animais – cães e gatos voltaram a ficar de pé após meses em estado paraplégico –, o grupo coordenado pelo médico Ricardo Ribeiro dos Santos espera a autorização da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para iniciar os primeiros testes em humanos.


Células-tronco embrionárias: o desafio das adultas é conseguir o mesmo desempenho

“Submetemos nosso pedido há cerca de seis meses”, contou Ribeiro dos Santos . “É claro que gente é gente, e não podemos garantir que os mesmos resultados aconteçam com os pacientes humanos, mas estamos animados”, diz o pesquisador, um dos líderes na pesquisa com células-tronco no Brasil.

Ainda existe um grande debate a respeito do que as células-tronco adultas realmente podem fazer em termos terapêuticos. Não há dúvidas de que as células-tronco embrionárias, obtidas a partir de embriões com cerca de cem células, são extremamente versáteis, capazes de assumir a função de qualquer tecido do organismo. No entanto, ainda não se sabe ao certo como controlar a diferenciação (especialização) delas, o que impede, por enquanto, que elas sejam testadas em humanos.

Já as células-tronco adultas parecem envolver menos problemas de segurança, uma vez que são menos “rebeldes” em seu processo de diferenciação e, em muitos casos, podem ser extraídas do próprio paciente que vai recebê-las, evitando riscos de rejeição. Por outro lado, os pesquisadores têm dúvidas sobre a capacidade delas de se transformar em tecidos variados; para muitos, elas teriam apenas um papel de “suporte de vida”, estimulando a regeneração de órgãos lesados e impulsionando a formação de vasos sangüíneos para alimentá-los.

Cultivo especial

De qualquer maneira, pesquisadores brasileiros já utilizaram células-tronco adultas, provenientes principalmente da medula óssea, para tratamentos experimentais contra doenças cardíacas, derrames e diabetes tipo 1, entre outros problemas de saúde. “Já houve testes para tratar lesões da medula espinhal, mas a coisa não deu muito certo”, diz Ribeiro dos Santos. Para tentar evitar que o problema se repita, o novo protocolo desenvolvido pelos pesquisadores da Fiocruz envolve a obtenção de células-tronco da medula óssea e de tecido adiposo e seu posterior cultivo em laboratório durante três semanas, período no qual as células mais promissoras para o transplante são selecionadas.

Células-tronco livram diabéticos da insulina, diz estudo
A pesquisa foi conduzida, em 2006, no Brasil, por Richard K. Burt

Fonte: Globo.com

Washington - A maioria dos pacientes com diabete do tipo 1 que recebeu transplante de células-tronco ficou livre do uso de insulina, muitos deles por mais de três anos, de acordo com um estudo divulgado nesta terça-feira pelo Journal of the American Medical Association (JAMA). Estes pacientes também apresentaram um bom controle glicêmico, além de níveis mais elevados de peptídeo C, uma medida indireta do funcionamento das células beta, que têm como função produzir insulina.

O estudo foi conduzido, em 2006, no Brasil, por Richard K. Burt, da Faculdade de Medicina Feinberg, da Universidade do Noroeste, em Chicago (Estados Unidos), em parceria com Júlio Voltarelli, médico e pesquisador do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP/USP), com 23 pacientes brasileiros que receberam transplantes de células-tronco e tiverem seus níveis de peptídeo C monitorados. Os participantes tinham entre 13 a 31 anos.

O pesquisador americano disse que o estudo foi realizado no Brasil porque os médicos brasileiros estão bem mais abertos à pesquisa com células-tronco do que os americanos. Além disso, "mais de 20% dos diabéticos brasileiros reclamam do tratamento com insulina", afirma Burt.

Dos 23 analisados, 20 ficaram livres do uso de insulina por um período médio de 31 meses. Um dos participantes não precisou usar insulina produzida fora do organismo por quatro anos, enquanto que quatro participantes tiveram o mesmo resultado por um período de três anos, três por um período de pelo menos dois anos e quatro por pelo menos um ano.

Oito pacientes não apresentaram o mesmo sucesso e voltaram a usar insulina em doses mais baixas. A maioria dos participantes demonstrou ter atingido um bom controle glicêmico. Os efeitos colaterais do tratamento de diabete do tipo 1 com transplante de células-tronco são raros. O mais grave deles é uma diminuição temporária da imunidade, o que aumenta o risco de infecções. Mesmo assim, o risco é mínimo (0,5%).

O Dia Terra

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