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10.19.2008

Auto-hemoterapia - Tire as suas conclusões

Auto-hemoterapia

A auto-hemoterapia vem sendo bastante discutida nos últimos meses tanto por profissionais da saúde quanto pela população em geral. Muitos adeptos dessa técnica apontam que o tratamento oferece melhora de diversos quadros patológicos enquanto outras experiências, menos positivas, apontam os riscos e a falta de estudos que comprovem a eficácia.

A técnica consiste de punção sanguínea, ou seja, retirada de sangue de uma veia com o auxílio de uma seringa, e sua imediata aplicação por via intramuscular. De acordo com o médico carioca defensor e divulgador da prática, Luiz Moura, a auto-hemoterapia seria uma forma de melhorar o funcionamento do sistema imunológico, que é responsável por eliminar infecções, reparar tecidos, desenvolver alergias, dentre outras funções. De acordo com o médico, a presença do sangue no tecido muscular estimularia a proliferação de macrófagos, célula responsável por fazer a "limpeza" nos tecidos.

Luiz Moura, em uma série de 5 vídeos produzidos por Ana Martinez, explica que utilizando a auto-hemoterapia, uma pessoa poderia se curar de alergias, tratar problemas como câncer e até mesmo a AIDS. Várias são as doenças apontadas no vídeo que responderam ao tratamento de acordo com o médico de 80 anos que é diretor de um hospital no Rio.

Depois de uma onda de aplicações e da grande difusão da técnica, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) se pronunciaram contrários à utilização da auto-hemoterapia. De acordo com a ANVISA não existem evidências científicas, trabalhos indexados, que comprovem a eficácia e segurança deste procedimento e a Resolução CFM nº 1.499, 26 de agosto de 1998, proíbe aos médicos a utilização de práticas terapêuticas não reconhecidas pela comunidade científica.

A Sociedade de Hematologia e Hemoterapia não reconhece o procedimento auto-hemoterapia, o que torna a prática da técnica por médicos ilegal. A ANVISA alerta que o procedimento não foi submetido a estudos clínicos de eficácia e segurança, e que sua prática poderá causar reações adversas, imediatas ou tardias, de gravidade imprevisível.

A ANVISA diz que a prática da "auto-hemoterapia" pode ser enquadrado no inciso V, Art. 2º do Decreto 77.052/76, e sua prática constitui infração sanitária, estando sujeita às penalidades previstas no item XXIX, do artigo 10, da Lei nº. 6.437, de 20 de agosto de 1977.

O certo é que existem várias opiniões diferentes quando o assunto é auto-hemoterapia. Pessoas que dizem ter se beneficiado da técnica apontam que não existem trabalhos reconhecendo a eficácia por questões puramente econômicas. Se realmente for comprovada a eficácia, vários laboratórios farmacêuticos estariam fadados a perder dinheiro por diminuir a venda de seus medicamentos. Para fazer a auto-hemoterapia é necessário apenas a aquisição de uma seringa com agulha que custa em média R$ 1,00. Já outras pessoas dizem ter se prejudicado com a técnica apontando o surgimento de marcas arroxeadas no local da aplicação, febre, indisposição e até mesmo o surgimento de abscessos.

A prática da medicina alternativa no Brasil constitui grande importância no tratamento da população. Porém, devemos estar atentos para não sermos ludibriados por promessas de cura fácil e milagrosa. Acreditar em Deus é um grande passo para sua cura, mas não podemos perder a crença na ciência e na medicina convencional. Não coloque sua saúde em risco, mas sim na mão de profissionais qualificados e idôneos. Fique atento!

Julierme Gonçalves
julyerme@hotmail.com
Farmacêutico

Farmacêutico pela UFG e Mestre em Ciências Farmacêuticas pela USP

Comentários sobre este artigo:

Superficialidade no parecer do CFM
A proibição do uso da auto-hemoterapia resultou do trabalho de uma única pessoa – o médico Munir Massud, que fez uma pesquisa superficial e tirou conclusões sobre o que não pesquisou. Quando o Conselho Federal de Medicina acatou o parecer, foi publicado um release anunciando: "Médicos que praticarem auto-hemoterapia poderão ter registro cassado". A base para essa cassação seria o parecer, que o release sintetiza da seguinte forma: "Auto-hemoterapia não tem eficácia comprovada e pode trazer danos à saúde, diz CFM". Sabe por quê o CFM diz isso? Porque, segundo o release, "O material consultado foram os abstracts disponíveis na base de dados Medline, que tem 11 milhões de citações e resumos da literatura médica.". Este documento mostra quão superficial e insuficiente foi a pesquisa realizada por uma única pessoa, que não se deu ao trabalho de ler nenhum dos materiais da base de dados de forma completa. Ou seja, 180 milhões de brasileiros estão à mercê de um trabalho incompleto. Com tanta superficialidade o CFM não questionou nada e incorporou a opinião de que "A conclusão geral da análise é a de que não existem estudos relativos à auto-hemoterapia desde a sua proposição como recurso terapêutico na primeira metade do século XX até os dias atuais e que não há evidência científica disponível que permita a sua utilização em seres humanos, conclui o texto. Numa decisão apressada, foi proibido o uso de um recurso utilizado há quase um século, ao invés de chamar à ordem os que praticam e estabelecer prazos para pesquisas, a fim de autorizar ou desautorizar definitivamente a prática, porém com dados concretos. Ao contrário do que não encontrou o médico ao pesquisar publicações em inglês, polonês, russo, alemão, chinês, espanhol, francês e italiano, se os pesquisadores forem à base de dados por ele indicada e outras, encontrarão elementos suficientes para não negar simplesmente. Para realizar um trabalho transparente perante os médicos e a sociedade brasileira, o CFM deveria anexar ao parecer todos os abstracts pesquisados, pois neles certamente seria encontrado um bom começo para a pesquisa.
Walter Medeiros - walterm.nat@terra.com.br
14/1/2008 09:02:44

Afastar-se da religiao é avanço civilizatorio
Ateísmo e Dawkins Não, o comentário é meu 22/08/2007 02:28 munirmassud@yahoo.com.br http://CMI Brasil Formidável. Concordo em tudo com Dawkins. A maioria das pessoas são ambivalentes. em relação ao conhecimento. Gostam de ter os recursos da Medicina para salvar as suas vidas, sem que se apercebam que o método científico usado nas pesquisas para obtê-los É ABSOLUTAMENTE CONTRÁRIO Á FÉ, À REVELAÇÃO e outras porcarias do gênero. Essas pessoas de mentalidade mágica Marcel Boll os chamava de traficantes de sobrenatural. Isso e as medicinas alternativas estão prostituindo a mente e a educação do nosso povo, com as bênçãos da Imprensa brasileira, ruim sobre quase todos aspectos e cuja salvação está na Mídia Independente. Dawkins está correto, na minha modesta opinião de médico e professor de Medicina. Obrigado pela oportunidade. Munir Massud


Munir Massud - munirmassud@yahoo.com.br
26/1/2008 17:58:42

auto hemoterapia
Eu sou adepto a essa pratica a um ano, e só tive resultados positivos, tinhas muitas dores nas pernas e problemas de alérgica, o qual desapareceu totalmente. Também diminui consideravelmente a taxa de açúcar no sangue. O que vejo sobre isso é questão econômica, pois os laboratórios não tem interesse nisso, pois não teria nehum ganho.
Geraldo - gjosecosta@bol.com.br
21/4/2008 16:20:47

ONDE ENCONTRAR INSATISFEITOS COM A TÉCNICA?
Pratico a AH, assim como mais 4 familiares há mais de 14 meses... Nunca apareceram alguma das complicaç~eos que ameaçam os usuários da AH. São por volta de 300 aplicações neste grupo... Participo diariamente em vários fóruns, pesquiso com médicos, profissionais de saúde, usuários que conheço e ninguém atestou qualquer complicação... Aliás, todas as complicações advindas da prática da AH são as mesmas que podem surgir num simples exame de sangue ou ao se tomar uma injeção qualquer em posto de saúde: basta ser feita fora dos padrões e critérios de higiene. falta de assepsia ou cuidados técnicos. Mas nada que a Ah provoque por sí mesma... O único caso que li, foi um relato de uma senhora que disse que suas 2 filhas adoeceram depois de fazer a AH, ainda que ela não afirmasse que foi a AH que causou a doença (inflamação de garganta) Tentei entrar em contato mas ela não retornou. Pedi que enviasse ao Dr. Moura e aos órgãos de vigilância sanitária, sua denúncia, mas ela sumiu. Se meu filho faz um tratamento tão polêmico e adoece, denunciaria a todos os canais competentes, até para tentar refrear a Ah, que está se disseminando não por levar esperança vã em sua eficácia, mas acredito, porque pode-se atestar in loco seus resultados em quem a pratica... Foi assim que a AH se iniciou em minha família. De um usuário receitado por médico, somos hoje 5... Todos satisfeitos com seus resultados...E todos dispostos a praticarem e disseminarem a Ah pelo resto da vida... Qualquer dúvida, meu e-mail é olivares@oi.com.br
OLIVARES ROCHA - OLIVARES@OI.COM.BR
16/7/2008 19:18:29

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