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10.14.2008

Casos de dengue crescem 43% e governo federal anuncia pacote para conter a epidemia

Casos de dengue crescem 43% e governo federal anuncia pacote para conter a epidemia
(Fonte: O Estado de S. Paulo)

Entre medidas, mobilização do Exército, mais dinheiro, diagnóstico rápido e uso da internet

Pressionado pelo aumento de 42,7% no número de casos de dengue registrado neste ano, o governo federal lançou ontem um pacote de medidas para tentar conter a ameaça de uma nova epidemia da doença no próximo verão. Entre as ações está previsto o aumento de R$ 128 milhões em prevenção e treinamento de médicos, além da participação de integrantes das Forças Armadas tanto no combate ao mosquito transmissor, o Aedes aegypti, quanto no tratamento de um eventual aumento de pessoas contaminadas. O orçamento total é de R$ 1 bilhão.

De janeiro a agosto deste ano, o número de casos da doença foi 42,7% maior do que no mesmo período de 2007. Foram 734.384 registros nos oito meses deste ano e 514.589 no mesmo período do ano anterior.

O total de mortes também aumentou, passando de 148 para 212. A proporção entre casos e mortes, chamada taxa de letalidade caiu de 10,25 para 5,98. "De qualquer forma, está fora de parâmetros razoáveis", admitiu ontem o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, ao anunciar as medidas.

Para tentar reduzir esta estatística, o plano prevê o treinamento de médicos e profissionais de saúde, a formação de uma rede para detecção de casos mais graves e um protocolo com as medidas que devem ser adotadas para atender pacientes nestas condições, sobretudo idosos, cardíacos e crianças, conforme antecipado pelo Estado na edição de anteontem.

Especialistas alertam que, caso uma nova epidemia se instale neste verão, há grande risco de os casos serem mais graves e atingirem principalmente jovens e crianças menores de 15 anos - um quadro semelhante ao do Rio neste ano.

PRIORIDADE

Levantamento feito pelo Ministério da Saúde apontou 13 regiões do País como prioritárias para o combate à doença: Ceará, Sergipe, Rio, Amazonas, Pará, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte, Alagoas, Minas, Goiás, Rondônia e em São Paulo (Baixada Santista e Campinas). Nestas regiões, há circulação do vírus tipo 2 da dengue, o que preocupa autoridades por dois motivos: o alto número de pessoas suscetíveis a infecção provocada por esse agente e, além disso, a constatação de que pacientes atingidos por esse tipo de vírus apresentam quadros mais graves.

Para locais considerados prioritários, o governo encaminhou um roteiro com medidas essenciais a serem adotadas. De acordo com Temporão, desde abril governadores das regiões prioritárias recebem avisos sobre o risco da epidemia e números de casos em seus Estados.

Além de medidas tradicionais para o controle do mosquito transmissor da doença, o governo lançou três estudos-piloto para dar mais agilidade ao programa. O primeiro deles, que será implantado em 11 municípios, dos quais sete capitais, avaliará a eficácia de um novo método para identificar áreas de maior risco de transmissão da doença, feito com o uso de armadilhas monitoradas em tempo integral por agentes comunitários. "O agente transmitirá os dados para uma central para estratificar áreas de baixo, médio e alto risco da epidemia", disse o ministro. As cidades que se inscreveram para o teste são: Santa Luzia (Minas), Belo Horizonte, São José do Rio Preto, Santos, Manaus, Vitória, João Pessoa, Maringá, Goiânia, Recife e Aracaju.

O segundo estudo-piloto tentará verificar a eficácia de um novo teste que, em 15 minutos, identifica se o paciente está contaminado pelo vírus da dengue. Este trabalho deverá ser desenvolvido pelos mesmos municípios do primeiro estudo, exceto Belo Horizonte. O terceiro estudo deverá colocar à disposição de três municípios um programa para que a população cadastrada e treinada possa informar casos de suspeita da doença. A experiência é semelhante à usada na Comunidade Européia para acompanhar casos de dengue e será feita nas cidades de João Pessoa, Maringá (PR) e Santa Luzia (MG), a partir de janeiro.

O governo quer ainda melhorar a forma de comunicação e mobilização da comunidade. Pesquisas feitas pelo Ministério da Saúde mostram que a população tem informação sobre as causas da doença e seus sintomas. Mas não adota as medidas necessárias para prevenção. "Temos de transformar a informação em ação", afirmou o ministro.

INOVAÇÕES

Identificação: A ser implantado em 11 municípios (destes, 7 capitais), o estudo-piloto vai avaliar a eficácia de novo método para identificar áreas de maior risco de transmissão da doença, com o uso de armadilhas monitoradas por agentes comunitários

Teste rápido: O 2.º estudo-piloto verificará a eficácia de novo teste que, em 15 min, informa se paciente tem dengue

Internet: Usuários cadastrados em João Pessoa (PB), Maringá (PR) e Santa Luzia (MG) poderão informar casos de suspeita da doença

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