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10.14.2008

Uso abusivo de aparelhos eletrônicos compromete saúde auditiva

Uso abusivo de aparelhos eletrônicos compromete saúde auditiva
(Fonte: Agência USP)

Estudo realizado pelo Grupo de Pesquisa em Zumbido da Faculdade de Medicina (FM) da USP, coordenado pela otorrinolaringologista Tanit Ganz Sanchez, mostra que 34,7% dos pacientes atendidos no grupo têm a exposição a ruídos como uma das causas do zumbido. Segundo a especialista, esta exposição pode ser por trauma acústico (exposição rápida a som forte) ou por exposição prolongada a sons não tão fortes, mas potencialmente lesivos.

O levantamento foi realizado em novembro de 2007, com base no banco de dados dos pacientes matriculados no Grupo de Pesquisa em Zumbido. No total, 897 pacientes com zumbido foram incluídos na análise, com idades variando entre 5 e 87 anos. Segundo a pesquisa, a procura por tratamento pelos jovens (menores de 25 anos) aumentou cerca de 20% entre os anos de 2005 e 2007. "A incidência vem aumentando gradativamente em crianças e adolescentes, antecipando a faixa etária acometida por esses problemas", explica Tanit Sanchez.

Os dados preliminares sugerem que o aumento do problema entre os jovens pode estar vinculado ao uso excessivo de fones de ouvido, além de aparelhos eletrônicos, como ipods, MP3, telefones celulares e brinquedos sonoros, que representam um hábito mais recente entre os brasileiros. "Se a exposição ao som for inadequada e contínua, pode comprometer a saúde auditiva de crianças e adolescentes", ressalta. Os fones de ouvido são considerados pelos médicos os mais prejudiciais porque carregam sons de até 120 decibéis diretamente para o tímpano, colaborando com o aparecimento de zumbido, antes mesmo de provocar alguma perda auditiva perceptível.

Cuidados redobrados
Portanto, presentear uma criança ou um adolescente com aparelhos eletrônicos exige cuidados redobrados. Brinquedos eletrônicos à disposição no comércio chegam a emitir ruídos de 82 a 130 decibéis - intensidades maiores do que aquelas preconizadas para um trabalhador adulto, como alerta a médica. Os abusos constantes de sons altos, aliados a crescente poluição sonora, têm causado ainda irritabilidade, insônia, falta de concentração, agitação, taquicardia e ansiedade, entre outros sintomas.

Nesse sentido, um dos primeiros sintomas da perda auditiva é o zumbido. Ele é gerado por fatores ambientais (estresse e má alimentação, por exemplo), além de genéticos. A perda auditiva gera problemas de comunicação e o zumbido, quando em escalas intensas, produz dificuldades para a pessoa se concentrar e dormir. "Em geral, muita atenção é dada à perda auditiva, enquanto o zumbido e a hipersensibilidade a sons, sintomas que podem aparecer antes de danos maiores à via auditiva, ficam em segundo plano", enfatiza Tanit Sanchez.

A pesquisadora aponta que o zumbido é um mal que afeta cerca de 28 milhões de brasileiros. Trata-se de um som intermitente ou contínuo, fraco ou bastante pertubador e que muitas vezes pode ser ouvido 24 horas por dia. "O zumbido pode parecer um som de apitos, chiados, cigarras, panelas de pressão, cachoeira ou escape de ar, entre os mais comuns", ressalta Tanit. "O problema pode estar associado a perdas auditivas, infecções de ouvido, vertigens, exposição prolongada a ambientes muito ruidosos, estresse, depressão e ansiedade", explica, advertindo que, apenas os que se envolvem com o sofrimento dos pacientes, conseguem ter uma dimensão mais correta do prejuízo causado na qualidade de vida. "Por esta razão, recomenda-se limitar o uso de fones de ouvido, evitar escape do som pelo fone, não ultrapassar o volume médio de cada aparelho e nem duas horas de uso consecutivo desses equipamentos e ainda reduzir o consumo de doces e gorduras."

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