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11.02.2008

Consumo 'leve' de álcool na gravidez pode ajudar o bebê.

Pesquisa comparou comportamento de meninos de 3 anos.

Uma pesquisa britânica afirma que meninos nascidos de mães que consumiram quantidades "leves" de bebidas alcoólicas durante a gravidez têm menos problemas de comportamento do que filhos de mães que se abstiveram totalmente do álcool.

Os pesquisadores do University College de Londres classificaram como consumo "leve" no máximo duas unidades de bebida por semana durante toda a gravidez. Consumo "moderado" foi classificado como três e seis unidades por semana, e "pesado", como sete ou mais.

Na Grã-Bretanha, uma unidade de álcool corresponde a um copo pequeno de vinho (125 mil) ou um copo grande de cerveja.

Entre as pesquisadas, 63% das mães não consumiram nenhum álcool durante a gravidez, 29% eram consumidoras leves, 6% eram moderadas e 2% foram classificadas no consumo pesado.

O estudo analisou 12,5 mil crianças de três anos de idade e descobriu que filhos de mães com consumo leve de bebida alcoólica tinham menos risco de desenvolver alguns problemas de comportamento.

Comportamento e compreensão

Os pesquisadores analisaram o comportamento e compreensão dos filhos destas mulheres quando estes atingiram os três anos de idade.

O estudo, publicado pela revista International Journal of Epidemiology, descobriu que meninos filhos de mulheres que tiveram consumo leve de bebidas tinham 40% menos chances de apresentarem problemas de comportamento e 30% tinham menos chances de serem hiperativos do que aqueles cujas mães não tinham consumido álcool nenhum.

Eles também pontuaram mais em testes de vocabulário e de identificação de cores, formas, letras e números.

Meninas filhas de mulheres que tiveram consumo leve de bebidas apresentaram chances 30% menores de desenvolver problemas emocionais do que as filhas das abstêmias, apesar de os pesquisadores afirmarem que isto pode ser devido à própria família da criança e à sua posição social.

"As razões por trás destas descobertas podem ser, em parte, devido ao fato de mulheres com consumo leve de bebidas tenderem a ter uma posição social melhor que as abstêmias e não ao fato de que álcool em quantidades pequenas possa trazer benefícios - como à saúde do coração, por exemplo", afirmou Yvonne Kelly, epidemiologista que liderou a pesquisa.

"Mas, também pode ser devido ao fato de mulheres com consumo leve de bebida terem uma tendência a serem mais relaxadas com elas mesmas e isto contribui a um melhor resultado em termos comportamental e cognitivo nos filhos."

"As descobertas de nosso estudo levantam questões quanto à política de recomendar abstinência completa durante a gravidez e sugere que mais pesquisas são necessárias", acrescentou.

O governo britânico recomenda que mulheres grávidas ou as que estão tentando engravidar devem evitar bebidas alcoólicas.

Mas, se estas mulheres quiserem beber, não devem consumir mais do que uma ou duas unidades de álcool uma ou duas vezes por semana.

A relação entre consumo pesado e regular de bebidas alcoólicas durante a gravidez e problemas de saúde para os filhos já foi estabelecida. Nos casos mais graves, pode causar o aborto ou dano permanente ao desenvolvimento do feto.



"Tememos que as descobertas deste estudo possam levar mulheres a uma falsa sensação de segurança e dar a elas o sinal verde, afirmar que não há problemas em beber durante a gravidez", disse Vivienne Nathanson, chefe de ciência e ética da Associação Médica Britânica.



"O chamado consumo 'pesado' e 'moderado' de bebida pode prejudicar o bebê. Consumo muito leve pode ou não prejudicar. A associação acredita que o conselho mais simples e seguro é não consumir álcool durante a gravidez", acrescentou.

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