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1.10.2009

GENS MODIFICADOS PARA NAO DESENVOLVER O CANCER


A genética contra o câncer

Nasce na Inglaterra menina, de proveta, com genes modificados para não desenvolver tumores malignos. Nas últimas três gerações da família do pai, ocorreram casos da doença em mulheres

O sofrimento causado por um tipo de câncer presente em três gerações de uma mesma família pode ter tido fim graças à Ciência. Médicos da University College, de Londres, anunciaram ontem o nascimento do primeiro bebê do mundo — uma menina — selecionado geneticamente para não carregar uma versão alterada do gene BRCA1, a qual pode acarretar risco de até 80% de desenvolver câncer de mama ou de ovário.

O procedimento foi através de fertilização in vitro: embriões gerados em laboratório pelos pais da menina foram selecionados, e os médicos escolheram o que não apresentava a versão “maligna” do gene para ser implantado no útero da mãe. Os pais da menina decidiram fazer a seleção de embriões porque, nas últimas três gerações da família do marido, havia ocorrido o diagnóstico de câncer de mama em mulheres na casa dos 20 anos.

A seleção só foi possível porque o governo britânico autoriza desde 2006 esse tipo de técnica.

Em entrevista à rede britânica BBC, o especialista em fertilidade Paul Serhal, que acompanhou a seleção dos embriões e a gravidez, afirmou que o grande legado do nascimento “é a erradicação da transmissão dessa forma de câncer, a qual fez essa família sofrer por gerações”. Como o diagnóstico da alteração genética é feito em embriões com apenas oito células, os especialistas também argumentam que a seleção genética evita a realização de abortos, caso a anomalia fosse detectada mais tarde ao longo da gestação.

A técnica, no entanto, encontra várias resistências até mesmo entre médicos. Críticos do procedimento apontam que o gene alterado envolve apenas uma probabilidade do aparecimento da doença, não uma certeza, e sua presença não sugere que a doença será incurável caso realmente ocorra. Eles também criticam o tratamento de embriões humanos como material descartável e afirmam que, no longo prazo, a popularização desse tipo de técnica pode levar à criação de “bebês por encomenda”, apenas com as características genéticas desejadas pelos pais, como a cor dos olhos e cabelos.

ESPERANÇA

Os pais do bebê, que assim como a criança não tiveram os nomes divulgados, estão felizes com o procedimento. Para tentar evitar que a menina tenha a doença e transmita o gene para seus descendentes, foi necessário desembolsar mais de US$ 10 mil.

O procedimento, no entanto, não livrará a menina do risco de desenvolver câncer para o resto da vida. Especialistas lembram que se o risco de câncer de mama ligado à mutação do BRCA1 foi eliminado, nada impede que ela desenvolva câncer por outros motivos.

Mas segundo estudos, as mutações no gene BRCA1 são conhecidas como a causa mais freqüente da predisposição aos cânceres hereditários de mama e ovário. A maioria das mulheres com câncer precoce são portadoras de mutações no BRCA1.

TERRA

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