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2.20.2009

Médicos precisam conhecer melhor os efeitos adversos das estatinas como dores musculares, perdas cognitivas e neuropatia periférica




Artigo de revisão publicado no American Journal of Cardiovascular Drugs analisou cerca de 900 estudos sobre os efeitos adversos dos inibidores da HMG-CoA redutase (estatinas), uma classe de medicamentos reconhecidamente eficaz no tratamento da hipercolesterolemia e na redução do risco cardiovascular. Entre os eventos adversos mais frequentemente encontrados estão dores musculares, perdas cognitivas e neuropatia periférica.

O estudo mostrou evidências claras de que o uso de altas doses de estatinas ou das estatinas mais potentes para a redução do colesterol, assim como certas condições genéticas, estão ligadas a um maior risco de apresentar eventos adversos com o uso desta medicação. Entre os sintomas colaterais observados estão problemas musculares, perdas cognitivas, neuropatia periférica, dor ou parestesias nos dedos, aumento da glicemia, alterações em tendões, rabdomiólise e disfunções hepáticas, pancreáticas ou sexuais.

As estatinas parecem induzir danos à função das mitocôndrias, responsáveis pela produção de energia. Elas agem sobre mecanismos associados à produção de colesterol, que são os mesmos da produção da coenzima Q10 – importante na produção de energia dentro das mitocôndrias e na redução dos radicais livres. A perda desse composto faz aumentar o estresse oxidativo e o dano ao DNA, deixando o organismo mais vulnerável.

Os efeitos são dose-dependente. O risco é maior quanto mais avançada a idade do paciente. Isto explica porque os benefícios não superam os riscos do uso em pessoas entre 70 e 75 anos, mesmo aquelas com doença cardíaca, e também com interações entre medicamentos que potencializam as estatinas, frequentemente através da inibição do sistema citocromo P450 3A4. Hipertensão arterial, síndrome metabólica, alterações da tireóide e diabetes estão ligados a danos mitocondriais, então essas condições estão associadas a riscos altos de complicações com o uso de estatinas, de acordo com Beatrice Golomb e Marcella A. Evans, autoras da revisão.

Segundo Beatrice, o conhecimento médico a respeito dos efeitos adversos das estatinas é pequeno, mesmo sobre os mais frequentemente relatados pelos pacientes. A consciência e a vigilância devem ser ampliadas para permitir decisões corretas sobre tratamentos, modificação de tratamentos quando for apropriado, qualidade melhorada de cuidados com os pacientes e redução de morbidades.

Fonte: American Journal of Cardiovascular Drugs

2 comentários:

  1. Um recente estudo mostrou que uma grande proporção de pacientes com esclerose lateral amiotrófica (ELA) esporádica, que foram expostos ao tratamento com estatina antes do diagnóstico, relatou fraqueza muscular e dor associados ao tratamento com estatina.

    Os achados ampliaram as evidências de estudos prévios que sugeriram que o tratamento com estatina está associado a uma progressão mais rápida da doença. A associação neste estudo foi limitada a pacientes com esclerose lateral amiotrófica esporádica.

    “Nós não estamos dizendo que a estatina provoque ELA, mas ela pode acelerar o curso da doença levando ao diagnóstico em alguns pacientes”, disse o Dr. Benjamin R. Brooks, médico, diretor do Carolinas Neuromuscular/ALS-MDA Center, em Charlotte, Carolina do Norte, em uma entrevista ao Medscape Neurology & Neurosurgery. Os resultados do estudo foram apresentados no 133º Encontro Anual da American Neurological Association.

    No cenário da ELA, um estudo recente realizado por pesquisadores da University of Toronto sugeriu que pacientes com esclerose lateral amiotrófica que são expostos a estatinas tiveram declínio funcional mais rápido do que pacientes com ELA que não foram expostos ao tratamento com este medicamento (Zinman L et al. Amyotroph Lateral Scler. 2008;4:223-228).

    Achados semelhantes de pesquisadores franceses levaram esses grupos a recomendar que as estatinas não devem ser usadas em pacientes com esclerose lateral amiotrófica, diz Dr. Brooks. “Eu acho que essa é uma norma que está sendo lentamente adotada por todos os médicos que tratam distúrbios neuromusculares”.

    Se o uso da estatina pode acelerar a progressão da doença, os pesquisadores testaram a hipótese de que pacientes com ELA podem ter sentido as reações ao tratamento com estatina antes do diagnóstico. Para examinar essa questão, Dr. Brooks revisou o uso da estatina antes do diagnóstico de 240 pacientes com doença do neurônio motor esporádica ou familiar, incluindo esclerose lateral amiotrófica, esclerose lateral primária, neuropatia motora auto-imune e doença do neurônio motor atípica.

    Eles relatam que dos 164 pacientes com esclerose lateral amiotrófica esporádica, 31 foram expostos a estatinas antes do diagnóstico. Dos 28 pacientes que receberam uma única estatina, 11 relataram dor muscular e aumento da fraqueza relacionados ao tratamento antes do diagnóstico. Cada um dos três pacientes restantes foi tratado com três estatinas e relataram dor e fraqueza com cada uma. Em todos os pacientes, o diagnóstico ocorreu em 12 meses após essas reclamações relacionadas ao tratamento com estatina.

    Dr. Brooks observa que dos 18 pacientes com ELA familiar, nenhum dos que foram tratados com duas estatinas apresentou este fenômeno. Dos 20 pacientes com esclerose lateral primária, um dos dois pacientes que receberam uma única estatina e um paciente que recebeu tratamento com múltiplas estatinas tiveram sintomas. Não houve uso de estatina em 14 pacientes com neuropatia motora auto-imune ou doença do neurônio motor atípica antes do diagnóstico.

    Eles examinaram as comorbidades da ELA que pareceram aumentar o risco deste fenômeno e observaram que, em pacientes com esclerose lateral amiotrófica esporádica e diabetes ou ELA e hipotireoidismo, dois dos oito pacientes que receberam uma única estatina e quatro dos seis pacientes que receberam múltiplas estatinas tiveram sintomas musculares antes do diagnóstico de ELA.

    Dr. Brooks observa que uma possível explicação para esse achado é a base genética dos pacientes com esclerose lateral amiotrófica em face ao desafio ambiental, tal como tratamento com estatina. Entretanto, eles não têm a base genética desses pacientes.

    “Então, este é apenas um relato epidemiológico que diz que naqueles pacientes expostos a estatinas que eventualmente desenvolvem um diagnóstico de ELA, metade deles apresentará dor e fraqueza associados à primeira exposição às estatinas, e isso freqüentemente leva ao diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica. Essa pode não ser a causa, mas pode ser um gatilho do processo da doença que faz eles irem a um neurologista e serem diagnosticados”.

    “Eu acho que mais e mais pessoas estão preocupadas com o efeito colateral potencial das estatinas”, ele acrescenta, com uma literatura crescente sobre problemas musculares específicos ou cognitivos relacionados ao tratamento. “As estatinas são uma “faca de dois gumes”. Elas podem ser boas para algumas doenças, mas não para outras, elas podem ser boas para algumas pessoas, mas não para outras, e é preciso ser muito cauteloso ao iniciá-las”.

    Ele diz que os doutores que prescrevem estatina devem prestar muita atenção aos efeitos colaterais. “Geralmente, o uso de estatina é muito bom e possui efeitos excelentes em um grande número de pessoas”, ele conclui. “Nós estamos falando sobre um subgrupo de pessoas que pode estar sob risco de complicações relativamente raras da estatina”.

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  2. Diabetes e estatinas
    Há pouco tempo, você podia assistir à televisão uma noite toda ou ler uma revista inteira sem ver qualquer propaganda sobre estatina. Mas a ampla divulgação desses medicamentos que diminuem o colesterol teve uma recompensa importante: os médicos dizem que o uso freqüente de estatinas contribuiu muito para uma queda geral do colesterol total e do colesterol LDL entre os adultos nos EUA desde que os medicamentos foram introduzidos na década de 90. Estudos mostram que as estatinas diminuem o risco de infarto em cerca de 30%.

    Oficialmente conhecidas como inibidores da HMG-CoA redutase, as estatinas neutralizam uma enzima de que o fígado precisa para fabricar o colesterol. Elas também estimulam o fígado a reabsorver mais colesterol LDL, o colesterol "ruim". Estudos mostram que esses medicamentos podem diminuir o colesterol LDL até 36% em pacientes com diabetes. Leitores mais atentos podem pensar: por que eu deveria cuidar, se as pessoas com diabetes não têm necessariamente níveis de LDL super altos logo no início?

    Talvez não, mas os diabéticos possuem concentrações altas de partículas de colesterol LDL, densas e pequenas, que apresentam um risco mais elevado de obstruir as artérias. As estatinas diminuem os níveis de LDL, que é o colesterol perigoso.

    E isso não é tudo. As estatinas também diminuem os triglicerídeos, embora de uma maneira não tão eficaz quanto diminuem o colesterol LDL. Os medicamentos também provocam um leve aumento do colesterol HDL e isso é uma boa notícia. Na verdade, cientistas de outras áreas estão estudando a possibilidade de as estatinas combaterem outras doenças, incluindo as várias formas de câncer.

    Alguns dos médicos que tratam de doenças cardíacas estão tão agradecidos pelas vidas salvas pelas estatinas que sugeriram a inclusão dos medicamentos na água potável. E eles não estão de brincadeira. Infelizmente, embora esses destruidores de colesterol sejam considerados seguros, eles possuem alguns riscos. Alguns são de pequeno e médio prazos, como problemas gastrintestinais, dores de cabeça e erupções na pele. Entretanto, as estatinas também podem irritar o fígado, por isso, seu médico fará o controle com eventuais exames de sangue.

    De maneira mais controversa, as estatinas foram associadas a várias doenças, particularmente à miosite (inflamação dos músculos) e à rabdomiólise (morte das fibras musculares com risco de lesão renal). Embora raramente sejam fatais, essas condições podem causar dores musculares, cãimbras e fraqueza. Entretanto, estudos sugerem que esses problemas não são muito comuns. Uma pesquisa de 2003, no Journal of the American Medical Association, estimou que de 1 a 5% dos pacientes que tomam estatinas desenvolvem alguma forma de dor muscular ou fraqueza. Além disso, o problema pode ser desencadeado tomando-se alguns outros medicamentos junto com a estatina. Independente disso, os sintomas desaparecem quando você pára de tomar estatina.

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