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2.19.2009

Os perigos do uso inadequado de medicamentos

Febre, dor de cabeça, dor no corpo... Quando estes sintomas aparecem, comuns à maioria das doenças, muitos brasileiros têm o hábito de \"correr à farmácia mais próxima\". Este comportamento - que parece simples, mas pode tornar-se perigoso - é reforçado pela indicação de um medicamento por um amigo, a vontade de livrar-se rapidamente do incômodo da dor e a facilidade de se comprar alguns remédios sem receita médica ou odontológica. Uma das conseqüências mais freqüentes de atitudes como essas são a intoxicação pelo uso inadequado de medicamentos.

\"O medicamento, se utilizado de forma inadequada, pode causar mais danos do que benefícios\", alerta o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Raposo de Mello, que, no último mês, participou de audiência pública no Congresso Nacional sobre a Política de Medicamentos Fracionados.

O uso indevido de remédios é considerado um problema de saúde pública não só no Brasil, mas mundialmente. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que o percentual de internações hospitalares provocadas por reações adversas a medicamentos ultrapassa 10%. De acordo com o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), só em 2003, os medicamentos foram responsáveis por 28,2% dos casos de intoxicação registrados no país. Os analgésicos, antitérmicos e antiinflamatórios são os mais usados pela população sem o atendimento às recomendações médicas. Por isso, são também os que causam mais intoxicação.

\"Quando o paciente recebe atendimento médico ou assistência farmacêutica (orientações do profissional farmacêutico), ele é informado sobre os riscos que o uso irracional (inadequado) de medicamentos pode causar\", explica Dirceu Raposo. Consumir medicamentos de forma inadequada ou usá-lo de forma irracional também pode causar dependência, reações alérgicas e até a morte.

Além disso, a combinação errada de medicamentos diferentes também oferece riscos à saúde, já que um medicamento pode anular ou potencializar o efeito do outro. \"A automedicação leva ao agravamento da doença, já que a utilização inadequada de medicamentos pode esconder determinados sintomas e fazer com que a doença evolua de forma mais grave\", observa o diretor-presidente da Anvisa.

Antibióticos

Esse é o caso do uso indiscriminado de antibióticos, que merece atenção especial entre os medicamentos. O uso abusivo destes produtos pode facilitar o aumento da resistência de microorganismos, o que compromete a eficácia dos tratamentos.

A jornalista Rita Rebelo conhece bem os efeitos do uso inadequado de antibióticos. \"Fiquei muito preocupada quando meu filho, de 14 anos, teve pneumonia. Ele passou a fazer tratamento com um medicamento fortíssimo depois que a primeira opção não fez efeito\", conta. \"Sempre fiz o possível para evitar o uso de antibióticos, pois sei o mal que eles podem causar ao organismo se forem usados de forma indiscriminada\", completa Rebelo.

Um estudo feito pela Anvisa em 64 hospitais de todo o país, entre julho de 2006 e o início deste ano, identificou casos de resistência a antibióticos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI). A pesquisa revelou, por exemplo, que um dos antibióticos recomendados para o tratamento de infecção urinária, a ceftriaxona, só fez efeito em 30% dos pacientes estudados. Já a oxacilina, um dos principais medicamentos utilizados no tratamento de pneumonia, só foi eficaz em 38% dos casos.

Intoxicações

O consumo inadequado de medicamentos (inclusive de produtos vencidos) é responsável por 28,2% dos casos de intoxicação no país, conforme apontou o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), em 2003.

As crianças são vítimas potenciais de acidentes ocasionados pela estocagem de medicamentos. Segundo o Sinitox, a maioria das intoxicações com medicamentos registradas em 2004 foi em crianças entre um e quatro anos (21,88%). Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram ainda que, durante 2004 e 2005, mais de 1,5 mil crianças com menos de dois anos de idade foram tratadas nos departamentos de emergência dos Estados Unidos devido a eventos adversos relacionados a medicamentos, incluindo overdoses causadas pelo consumo excessivo de remédios para gripe e tosse.

Fonte:pod1@pod1.com.br - http://www.pod1.com.br/

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