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3.19.2009

Copos de suco contaminados por coliformes fecais


Copos de suco e de contaminação por coliformes fecais
Pesquisadora testou 50 amostras da bebida na Baixada e em Copa e constatou que 12% estavam impróprias. A pior é a de melão
Copos de suco e de contaminação por coliformes fecais
Pesquisadora testou 50 amostras da bebida na Baixada e em Copa e constatou que 12% estavam impróprias. A pior é a de melão

Se você é daqueles que associam uma vida saudável a uns copos de suco por dia, cuidado! Além de sua fruta preferida e de meia dúzia de vitaminas, a bebida pode conter um ingrediente indigesto: fezes.

Coliformes fecais são bactérias que estão presentes em grandes quantidades no intestino dos animais de sangue quente.

As bactérias coliformes fecais reproduzem-se ativamente à temperatura de 44,5 ºC, valor de temperatura este que lhes permite também fermentar o açúcar e a lactose, com produção de ácidos e gases.

São muitas vezes usadas como indicadores da qualidade sanitária da água, e não representam por si só um perigo para a saúde, servindo antes como indicadores da presença de outros organismos causadores de problemas para a saúde.

São coliformes fecais somente as Escherichia coli.

Pesquisa de mestrado da nutricionista Andrea Bittencourt Teixeira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, encontrou seis copos de suco infestados de coliformes fecais em 50 amostras analisadas. Ou seja, 12% dos sucos testados pela pesquisadora estavam contaminados, como mostrou terça-feira o ‘Informe do DIA’. Assim como a salmonela, bactéria encontrada em 6% das amostras e também oriunda do intestino, a presença de coliformes fecais nos alimentos pode causar doenças graves, levando até à morte se ingerida em grandes quantidades.

MANIPULAÇÃO PERIGOSA

O principal culpado pela presença destes micro-organismos nos sucos, segundo a pesquisadora, é o funcionário que pega nas frutas e não lava as mãos adequadamente após ir ao banheiro. “A partir dos resultados, podemos concluir que a higiene na manipulação desses alimentos é de grande importância, uma vez que as amostras apresentaram-se fora dos padrões de segurança exigidos pela legislação, representando riscos à saúde da população”, observa Andrea Teixeira, que aconselha “a adoção de estratégias de sanitização e melhores condições de estocagem para os alimentos”.

Das cinco frutas analisadas — melão, morango, acerola, açaí e laranja —, a que apresentou maior quantidade de coliformes foi o melão. Segundo a pesquisadora, a fruta tem características que estimulam o crescimento das bactérias. “Por crescer rente ao chão, o melão é fonte fácil de contaminação e ainda tem o pH mais próximo do neutro do que as outras, o que constitui um meio favorável para o crescimento bacteriano. Em outras frutas, com pH mais ácido, os micro-organismos desaparecem em 24 horas”, detalha.

O estudo foi feito durante 10 meses com amostras compradas em cinco lanchonetes de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e cinco de Copacabana, na Zona Sul. As seis amostras contaminadas foram recolhidas em apenas três estabelecimentos, dois deles na Baixada. Três eram de melão.

Clientes se surpreendem com o estudo

Frequentadores de lanchonetes visitadas pela nutricionista se surpreenderam com o resultado da pesquisa. “Eu nem costumo beber essas coisas na rua, só quando estou com muita sede mesmo. Sempre olho para ver se o lugar é limpinho, com o pezinho atrás, mas nunca imaginei que pudesse ter fezes no meu suco!”, reclama a auxiliar de serviços gerais Rosinete da Silva, 42 anos, enquanto deixava de lado o copo de acerola que bebia em uma pastelaria de São João de Meriti.

E os consumidores dos refrescos que se segurem: ainda no início, nova pesquisa de Andrea encontrou coliformes em todas as 25 amostras de refresco de caju analisadas.

MELÃO: Número de coliformes tolerado: 100 UFC/ml. No melão havia 2.400 UFC/ml
AÇAÍ: A salmonela pode permanecer ativa no açaí de duas a até 120 horas
MORANGO: O suco de morango apresentou as maiores doses de bolores e leveduras
ACEROLA: Dos três sucos analisados que tinham salmonela, dois eram de acerola

Fonte: O Dia
NATALIA VON KORSCH, RIO DE JANEIRO

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