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3.08.2009

Cuidado com a depressão pós-férias

Especialistas alertam: além da mente, o corpo também pode sofrer na hora da volta à rotina
Rio - Para muitos, retornar ao trabalho após um período de descanso é desanimador e angustiante. E não é só a mente que sofre na ‘depressão pós-férias’. A imunidade pode baixar, fazendo com que o corpo também sinta. O imunologista e professor da UFRJ José Marcos Teles explica que coração e vias aéreas são as principais regiões do organismo atingidas pela alteração de humor, que provoca reações bioquímicas no corpo humano.

“Com a depressão, há aumento da produção de cortisol (hormônio da glândula supra-renal), o que afeta a pré-disposição a determinado tipo de infecção das vias aéreas, como a gripe. Além disso, o estresse do retorno ao trabalho pode causar oscilação da freqüência cardíaca, sobrecarregando o sistema cardiovascular e ocasionando crises de hipertensão”, afirma.

INSÔNIA

Pesquisa feita ano passado na Espanha mostrou que a depressão pós-férias afeta 35% dos trabalhadores daquele país, com sintomas como insônia, perda de apetite e batimentos irregulares. A recepcionista Camila Pastor diz sentir falta dos colegas durante as férias, mas admite ter um “frio na barriga” no retorno, por causa do volume de tarefas a enfrentar. “Eu sinto falta da convivência diária com os colegas. Mas quando deixamos algo mal resolvido, o retorno é ruim, pesado”, diz.

Para os psicólogos, a depressão pós-férias ocorre porque passamos longos dias de tranqüilidade e alegria — sensações que fazem bem ao coração e que são interrompidas sem que o organismo esteja preparado. E aí, explica o analista Marcelo Goldstein Spritzer, os problemas podem se transformar em sintomas no corpo ou na mente. “Durante o trabalho, temos contato maior com nosso projeto de vida e o que ainda falta para sua realização. Temos que pensar sobre onde queremos chegar profissionalmente. Na volta ao trabalho, temos de nos deparar com algo que parecia distante, mas que se manifestava indiretamente, trazendo-nos inquietação, o que pode refletir na saúde”.

Spritzer explica ainda que o medo de ser mandado embora é o principal motivo da insegurança da volta ao trabalho. A analista de recrutamento da Personal Service, Suzane Xavier, diz que uma solução seria manter programas de motivação de funcionários. “Não é preciso dinheiro. Já vi caso de empresa que dava folga no dia do aniversário do funcionário. Algo simples, que agradava.”
O Dia

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