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3.02.2009

Doenças reumáticas: Tratamentos medicamentosos


TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

AINEs – Anti-Inflamatórios Não Esteróides
São medicamentos para tratamento sintomático, tendo efeitos anti-inflamatórios (diminuem o inchaço das articulações), analgésico (reduzem as dores) e antipiréticos (diminuem ou curam a febre, se ela existir); são sintomáticos porque não modificam o curso da doença , mas são úteis para controlar os sintomas devidos à inflamação.
Estes medicamentos actuam principalmente através do bloqueio de uma enzima (chamada ciclo-oxigenase) que tem um papel importante na formação de substâncias que causam inflamação.
Porém, algumas destas substâncias (chamadas prostaglandinas) também têm um papel benéfico para o nosso organismo, que inclui a protecção do estômago e a regulação da circulação renal, entre outros. O bloqueio destes efeitos protectores explica alguns dos efeitos adversos dos AINEs.
Estes efeitos adversos podem incluir:
Alterações do estômago e intestinos, que são as mais frequentes, podendo as queixas por elas provocadas manifestar-se por dores do estômago, enjoos e digestões difíceis, ou mesmo diarreia. Raramente o estômago pode sangrar e, em consequência disso, as fezes ficarem negras e pastosas.
As queixas digestivas provocadas pelos AINEs são muito menos comuns nas crianças que nos adultos; de qualquer forma, é aconselhável que estes medicamentos sejam sempre tomados depois de uma refeição
O fígado pode também ser afectado, embora mais raramente e o único sinal sejam alterações de algumas análises (transaminases) – o AINE que causa estas alterações com maior frequência é a aspirina.
As alterações dos rins são raras e só acontecem em crianças que sofrem antes do coração, fígado ou dos rins.
Os AINEs podem também alterar a coagulação sanguínea, mas este facto só tem alguma importância em crianças que sofram de algum problema de coagulação, como por exemplo a hemofilia (doença muito rara). Também em relação a este problema é a aspirina o medicamento que mais alterações pode causar, por diminuir a coagulação do sangue. Este efeito da aspirina é utilizado para tratar doentes com tendência para formarem coágulos dentro dos vasos (tromboses), situação esta frequente nos indivíduos idosos, mas muito rara nas crianças.

Embora existam muitos AINEs disponíveis para tratar as crianças com doenças reumáticas juvenis, o Naproxeno e o Ibuprofeno são os mais largamente utilizados. A Indometacina é também útil, nos casos em que os sintomas (como, por exemplo, a febre) não cedem aos outros AINEs. A aspirina, embora seja muito barata, é menos utilizada actualmente, devido a ter efeitos adversos muito frequentes, na dose em que é necessária para tratar as doenças reumáticas juvenis.
Nunca devem ser utilizados 2 ou mais AINEs em associação (ao mesmo tempo) para tratar o doente, porque assim o risco de efeitos adversos é muito superior.
Diferentes doentes podem ter respostas muito diferentes a diferentes AINEs. Assim sendo, por vezes um deles é ineficaz e outro dá bons resultados.
Recentemente foi descoberta e posta à venda uma nova categoria de AINEs, chamados inibidores específicos da COX-2. Estes medicamentos parecem ter o mesmo efeito que os outros AINEs, tendo muito menos efeitos adversos sobre o estômago e o intestino.
Os inibidores específicos da COX-2 (Celecoxib e Rofecoxib) são muito mais caros que os outros outros AINEs e o debate sobre a sua eficácia e segurança em relação aos outros AINEs não está ainda concluído. Acresce que a experiência com estes medicamentos em crianças é ainda muito limitada.

Corticosteróides
Os corticosteróides são um grande grupo de substâncias químicas (hormonas) produzidas pelo corpo humano. Estas mesmas substâncias, ou seus derivados, podem ser produzidas em laboratório e utilizadas para o tratamento de várias doenças.
Estes medicamentos também são conhecidos pelo nome de glicocorticóides, mas a sua designação mais corrente é de corticosteróides (CS). São medicamentos que actuam de forma muito rápida e potente suprimindo a inflamação através da interferência com as reacções imunológicas de uma forma complexa. São frequentemente utilizados para obter uma melhoria rápida dos sintomas antes que outros tratamentos utilizados em combinação possam começar a actuar.
Além de diminuírem a imunidade (são imunossupressores) e serem potentes anti-inflamatórios, os CS estão também envolvidos em muitos outros processos de regulação do nosso organismo como, por exemplo, na função do coração e dos vasos, nas respostas ao stress, no metabolismo das gorduras, dos açucares e da água, e na regulação da pressão sanguínea, entre outros.
A par dos seus potentes efeitos terapêuticos, existem também numerosos e graves efeitos adversos possíveis, associados particularmente ao tratamento a longo prazo com os CS, sendo por isso muito importante que o médico seja experiente quer na doença, quer nas formas de melhor utilizar estes medicamentos, de modo a reduzir o mais possível os seus efeitos adversos.
Doses e formas de administrar os corticosteróides (CS)
Os CS podem ser administrados por via geral (pela boca, ou injectados num músculo ou numa veia) ou dados localmente (por injecção numa articulação ou junto ao olho, por exemplo).
As doses e formas de administração serão escolhidas pelo médico, de acordo com a doença de que a criança sofre e da sua gravidade. As doses altas, particularmente quando dadas por injecção, são muito potente e actuam rapidamente.
Os comprimidos existem em tamanhos diferentes, contendo diferentes quantidades de medicamento. A prednisona e a prednisolona são os CS mais frequentemente utilizados.
Não existem regras gerais aceites por todos relativas às doses e frequência de administração destes medicamentos.
Se forem tomados só uma vez por dia (geralmente de manhã) ou em dias alternados, os seus efeitos adversos serão muito menos importantes, mas a sua potência também será menor que se forem utilizados em doses repartidas ao longo do dia (as quais devem ser reservadas para crianças com doença grave).
Quando as doenças são muito graves, muitos médicos preferem optar por doses altas de Metilprednisolona, que é dada com um soro, na veias, lentamente, geralmente uma vez por dia em vários dias seguidos.
A injecção de CS de ação lenta dentro das articulações inflamadas (intra-articular) é o tratamento de escolha em algumas formas de artrite. Estes CS (geralmente o Hexacetonido de Triancinolona – o mais eficaz de todos – ou o acetonido de triancinolona) mantêm-se por longos períodos dentro da articulação injectada, tendo por isso um efeito anti-inflamatório local potente e de longa duração.
Porém, a duração deste efeito é muito variável, podendo durar de semanas a meses na maioria dos doentes. Uma ou mais articulações podem ser tratadas em cada sessão, utilizando uma combinação de analgesia tópica (p.ex: creme ou spray anestésico), anestesia local, sedação (com Midazolam, por exemplo) ou anestesia geral, dependendo do número de articulações a ser tratado em cada sessão e da idade do doente

Efeitos adversos
Dois tipos principais de efeitos adversos pode ocorrer: os resultantes do uso prolongado de doses altas, e os devidos ao abandono precipitado do tratamento.
Se os CS forem tomados continuamente durante mais de um mês não podem ser parados de repente, pois isso poderá causar problemas muito graves para o doente. Estes acontecem devido à insuficiente produção dos CS do próprio organismo, que é suprimida pela administração do medicamento. A paragem tem que se fazer com redução lenta e progressiva da dose, num processo por vezes chamado de “desmame” dos CS.
A eficácia bem como o tipo e a gravidade dos efeitos adversos dos CS são muito variáveis de doente para doente, sendo por isso difíceis de prever. Os efeitos adversos têm habitualmente relação forte com a dose total utilizada e a forma de administração, por ex: a mesma dose diária total tem mais efeitos adversos se for dada, de forma repartida, várias vezes ao longo do dia que quando é administrada numa dose única diária.
O efeito adverso mais visível dos CS é o marcado aumento do apetite, difícil de controlar e que resulta em aumento de peso e aparecimento de estrias na pele (parecidas com as que muitas mulheres têm na barriga, durante a gravidez). A manutenção de uma dieta cuidadosa, com poucas gorduras e açucares e rica em fibras ajudará a reduzir a tendência para o aumento de peso.
O acne (borbulhas) da cara e tronco pode ser controlado com cremes. Problemas do sono (insónia) e alterações da disposição, com sentimentos de alegria ou tristeza inexplicados, são frequentes. Se o tratamento com CS for prolongado, é frequente a paragem do crescimento.
As defesas contra as infecções também são alteradas, podendo haver infecções mais graves ou mais frequentes, o que dependerá da extensão da diminuição da imunidade do organismo. A varicela pode ter uma evolução grave nas crianças com redução da imunidade, sendo por isso importante alertar imediatamente o médico se a criança tratada com CS tiver os primeiros sinais de varicela ou souber que esteve em contacto com alguém com esta doença. Dependendo da situação individual podem ser utilizados anticorpos contra o vírus da varicela e/ou antibióticos anti-virais.
A maioria dos efeitos adversos silenciosos podem ser revelados através da vigilância médica cuidadosa. Estes podem incluir:
Osteoporose, que é uma diminuição da resistência dos ossos, que pode levar a fracturas com pancadas muito pequenas. A osteoporose pode ser identificada por um exame especial, chamado densitometria óssea. Sabemos que será útil administrar um suplemento diário de cálcio (cerca de 1000mg/dia) e Vitamina D (250 UI/dia) para reduzir a probabilidade de se desenvolver osteoporose nas crianças tratadas com CS.
Efeitos adversos sobre o olho, que incluem as cataratas e aumento da pressão dentro do olho.
Se surgir aumento da pressão arterial (hipertensão arterial) uma dieta com pouco sal será muito importante.
O açúcar no sangue pode subir, causando diabetes provocada pelos CS, sendo então indispensável uma dieta pobre em gorduras e em açúcares.

Ciclosporina A
A Ciclosporina A é um medicamento que reduz as defesas imunológicas do doente, tendo sido usado inicialmente para impedir a rejeição dos órgãos em doentes transplantados. É um inibidor potente de um grupo de glóbulos brancos do sangue, que têm um papel importante na defesa imunológica do organismo.
Pode ser administrada sob forma de cápsulas ou de líquido (suspensão).
Os seus efeitos adversos são relativamente frequentes, especialmente em doses mais altas, o que por vezes impede a utilização deste medicamento. Entre outros, podem surgir: alterações dos rins, pressão arterial elevada, alterações do fígado, engrossamento das gengivas, aumento dos pelos no corpo, enjoos e vómitos.
O tratamento com ciclosporina A requer por estes motivos vigilância clínica e laboratorial regular, para avaliar a existência de eventuais efeitos adversos.

Imunoglobulina humana endovenosa
As imunoglobulinas são anticorpos produzidos pelo nosso organismo. As imunoglobulinas Humanas Endovenosas (IgEV) são preparadas a partir de grandes quantidades de plasma de dadores de sangue saudáveis. O plasma é a parte líquida do sangue humano. As IgEV são o tratamento ideal utilizado para tratar crianças que, por defeito de nascença, têm falta da produção de anticorpos e, por isso, não se conseguem defender das infecções. Verificou-se também que, por mecanismos ainda não completamente compreendidos, as imunoglobulinas podem ser úteis para o tratamento de algumas doenças reumáticas juvenis.
São administradas através de um soro injectado lentamente na veia e constituem um tipo de tratamento relativamente seguro. Os efeitos adversos são raros e incluem reacções alérgicas, dores musculares, febre e dores de cabeça durante a infusão na veia, e dores de cabeça e vómitos cerca de 24 h após a infusão na veia (devidas a irritação das meninges, que passam sem necessidade de tratamento).
As IgEV estão livres de risco de infecção com vírus da SIDA, da Hepatite B bem como da maioria dos outros vírus conhecidos.

Azatioprina
A azatioprina é um medicamento que reduz a imunidade (defesas contra as infecções e de outros tipos).
Actua interferindo com processos necessários para as células se dividirem, sendo particularmente importante a sua acção num tipo de glóbulos brancos do sangue, os linfócitos.
É administrada sob forma de comprimidos. Embora tenha menos efeitos adversos que a ciclofosfamida (outro medicamento também utilizado para tratar o mesmo tipo de doenças), a azatioprina pode ter alguns efeitos adversos e a sua utilização deve ser vigiada cuidadosamente.
São raros os efeitos sobre o tubo digestivo (aftas da boca, enjoos, diarreia, dores de estômago). As alterações do fígado podem ocorrer, mas são raras também. É frequente uma redução do número de glóbulos brancos do sangue (leucopenia), que depende da dose utilizada e não se acompanha de problemas. É rara a redução de glóbulos vermelhos ou de plaquetas.
A utilização, a longo prazo, deste medicamento associa-se teoricamente a um risco aumentado de cancro, mas até agora não existem dados que permitam concluir que isto se passa nas crianças que têm sido assim tratadas.
Como com outros medicamentos que reduzem a imunidade, este tratamento expõe os doentes a um risco aumentado de infecção; a infecção pelo Herpes zoster (vírus que causa a varicela e a zona) em particular é observada com maior frequência em doentes tratados com azatioprina.

Ciclofosfamida
A Ciclofosfamida é um medicamento imunossupressor (diminui as defesas do nosso organismo) que reduz a inflamação e diminui a actividade do sistema imune. Actua por interferir com a multiplicação das células do nosso organismo, afectando principalmente as células que se estão a dividir mais rapidamente, como é o caso das células do sangue (glóbulos vermelhos e glóbulos brancos), dos cabelos e das células do revestimento do tubo digestivo (boca, esófago, estômago e intestinos) que se multiplicam com grande frequência.
Um tipo de glóbulos brancos do sangue, chamados linfócitos, são os mais afectados pela ciclofosfamida, e é a sua alteração, quer em número, quer em função (ambos reduzidos pelo medicamento), que explica a redução da actividade da resposta imune. A ciclofosfamida foi inicialmente introduzida para tratar algumas formas de cancro, caso em que são utilizadas doses muito altas, que provocam muitos e graves efeitos adversos. No tratamento das doenças reumáticas, quando é utilizada em tratamentos intermitentes (dada uma vez por mês, através de injecção na veia) tem muito menos efeitos adversos que nos doentes com doenças cancerosas.
A ciclofosfamida é administrada por via oral (comprimidos) ou endovenosa (por injecção na veia, diluída em soro). Neste último caso são habitualmente administradas doses muito altas, de 4 em 4 semanas.
Este medicamento reduz muito a imunidade (isto é, as defesas do organismo contra infecções e tumores, entre outras) e pode ter vários efeitos adversos, que necessitam de vigilância clínica e laboratorial (análises) frequentes. Os mais frequentes são os enjoos (náuseas) e os vómitos e o enfraquecimento importante ou mesmo queda do cabelo.
A redução acentuada do número de glóbulos brancos do sangue ou das plaquetas (que ajudam o sangue a estancar se houver uma ferida) podem verificar-se e obrigar a suspender o medicamento, ou reduzir a sua dose.
Podem surgir alterações da bexiga (com aparecimento de sangue na urina), as quais são muito mais frequentes quando o medicamento é dado pela boca, sob a forma de comprimidos diários, que quando é utilizada a administração endovenosa; para evitar este problema o doente deve ser aconselhado a beber muita água nos dias em que toma o medicamento.
Os tratamentos prolongados têm o risco de causar diminuição da fertilidade (mais frequente no sexo masculino) e aumentar a frequência do aparecimento de doenças cancerosas; o risco destas duas complicações depende principalmente da dose cumulativa (dose total tomada pelo doente ao longo dos anos em que for tratado).
Como já foi dito, a ciclofosfamida reduz as defesas do sistema imunológico e por isso aumenta o risco de infecções, em, particular quando é dada em associação com outros medicamentos que também reduzem a imunidade, tais como os corticosteróides em doses altas.

METOTREXATO
O metotrexato (MTX) é um medicamento que tem sido utilizado no tratamento de várias doenças reumáticas juvenis, ao longo de muitos anos. Foi utilizado inicialmente como um medicamento anti-canceroso devido à sua capacidade de reduzir a velocidade com que as células do organismo se dividem.
Porém, este efeito só é significativo em doses altas. Nas doses baixas e intermitentes (uma vez por semana) em que é utilizado no tratamento das doenças reumáticas o MTX produz o seu efeito anti-inflamatório através de outros mecanismos. Quando utilizado nestas doses baixas os efeitos adversos vistos com doses altas ou não se observam, ou são ligeiros e fáceis de detectar e tratar.
O MTX pode ser utilizado de duas formas distintas: comprimidos ou ampolas para injecção subcutânea ou intramuscular. De qualquer destas formas deve ser administrado uma vez por semana, sempre no mesmo dia da semana.
A via de administração e a dose devem ser escolhidas pelo médico, de acordo com o caso particular do doente.
Os comprimidos têm melhor absorção pelo tubo digestivo (e actuam melhor) se forem tomados antes da refeição, com um copo de água. As injecções podem ser administradas sob a pele (subcutâneas), como acontece com as injecções de insulina dos diabéticos, mas podem ser também dadas no músculo (intramusculares) ou na veia (endovenosas).
As injecções têm a grande vantagem de serem melhor absorvidas (chega maior quantidade de medicamento ao organismo) e causarem menos enjoos ou dores de estômago. O tratamento com MTX é habitualmente de longa duração. A maior parte dos médicos aconselham que o tratamento continue, pelo menos durante 12 a 18 meses após a criança estar bem (em remissão).
A maioria das crianças que tomam MTX têm muito poucos efeitos adversos. Os mais frequentes são os enjoos e as dores de estômago, que podem ser evitados se o medicamento for tomado à noite, antes da criança se deitar. Às vezes surge também inflamação dos lábios e/ou aftas da boca. Estes efeitos adversos podem ser evitados se, 2 ou 3 dias por semana, a criança tomar uma vitamina chamada Ácido Fólico.
Por vezes utilizar medicamentos contra o enjoo antes e depois de tomar os comprimidos de MTX, e/ou passar a administrá-lo por injecção, pode ajudar bastante.
Tosse e falta de ar são problemas muito raros nas crianças.
A diminuição do número de células do sangue, se presente, é geralmente muito ligeiro e não causa problemas. As alterações do fígado (fibrose do fígado) após períodos longos de tratamento são muito raras em crianças, em parte porque outros agentes lesivos para o fígado, como o consumo de álcool, não estão geralmente presentes.
Geralmente o MTX é suspenso quando uma análise (as enzimas do fígado ou transaminases) aumentam significativamente acima do normal e pode ser recomeçado quando estas análises voltam ao normal. As análises de sangue regulares são por isso indispensáveis durante o tratamento com MTX.
Embora o risco de infecção habitualmente não aumente em crianças tratadas com MTX, algumas infecções podem ter uma evolução mais grave ou prolongada. Entre estas, a varicela é a que tem maior importância. Se a criança a tratar não teve varicela antes mas entra em contacto com alguém que a teve há pouco tempo ou estava no início da doença, deve contactar o seu médico imediatamente porque pode ser necessária uma medicação especial para tratar este problema.. Se não tem a certeza se a criança teve ou não varicela antes de iniciar o MTX, uma análise ao sangue pode esclarecer esta dúvida.
Se o doente é adolescente, outras considerações podem ser importantes. Estas incluem o consumo de bebidas alcoólicas, que deve ser totalmente evitado pois aumentam muito a possibilidade do MTX causar lesões do fígado. Por outro lado, o MTX provoca alterações importantes de um bébé que esteja em gestação, por isso são importantes as medidas anti-concepcionais quando a jovem se torna sexualmente activa.

Hidroxicloroquina
A hidroxicloroquina foi usada originalmente (e ainda o é) para o tratamento da malária. Comprovou-se depois que este medicamento interfere com vários processos relacionados com a inflamação.
É administrada uma vez por dia, sob forma de comprimido. É um medicamento geralmente muito bem tolerado (tem poucos efeitos adversos). Pode causar enjoos, mas estes nunca são graves. A maior fonte de preocupação é a possibilidade de provocar alterações da vista. A hidroxicloroquina acumula-se numa parte do olho chamada retina, e permanece aí por longo período de tempo, mesmo depois de o medicamento ter sido interrompido.
Estas alterações são raras mas podem causar cegueira, mesmo depois da medicação ter sido parada. Contudo, este problema é extremamente raro quando o medicamento é usado nas doses baixas adequadas e a vigilância ocular (por Oftalmologista) não é descurada.
É a detecção precoce, por exame oftalmológico, desta complicação que permite impedir a perda de visão, se a medicação for parada a tempo; exames oculares periódicos estão indicados 2 a 3 vezes por ano nos doentes que tomam este medicamento.

Sulfassalazina
A Sulfassalazina resulta da combinação de um medicamento anti-bacteriano (uma sulfamida) com um anti-inflamatório. Foi criado há muitos anos para tratar a Artrite Reumatoide do adulto, quando se pensava que esta doença era infecciosa. Apesar da razão para o seu uso se ter revelado incorrecta, a sulfassalazina provou ser eficaz para o tratamento de algumas formas de artrite e também para o tratamento de um grupo de doenças caracterizado pela presença de inflamação crónica do intestino.
A Sulfassalazina é administrada em comprimidos. Os efeitos adversos não são raros e exigem análises de sangue e urina periódicas.
Entre outros, podem surgir problemas do tubo digestivo (falta de apetite, enjoos, vómitos, diarreia), alergia (com manchas na pele de tipo urticária), lesões do fígado (com elevação das enzimas hepáticas, as transaminases), redução do número de células do sangue (glóbulos vermelhos, glóbulos brancos ou plaquetas) e diminuição da produção de imunoglobulinas do soro (anticorpos).

Este medicamento nunca deve ser dado a doentes com Artrite Idiopática Juvenil Sistémica ou Lupus Eritematoso Sistémico Juvenil, pois pode causar marcado agravamento de qualquer uma destas doenças.

Colchicina
A Colchicina é conhecida há séculos. É extraída das sementes secas do “colchicum”, género de plantas florais da família das Liliaceae. Diminui a função e o número de glóbulos brancos do sangue, reduzindo desta forma a inflamação.
É dada sob a forma de comprimidos. A maioria dos seus efeitos adversos relacionam-se com o tubo digestivo. A diarreia, náuseas, vómitos e cólicas abdominais ocasionais podem melhorar com uma dieta livre de lactose. Estes efeitos adversos geralmente respondem bem a uma redução transitória da dose. Pode haver uma redução do número das células do sangue e por este motivo são necessárias análises periódicas.
Pode observar-se fraqueza muscular (miopatia) em doentes com problemas do fígado e/ou dos rins. A recuperação é rápida, após suspensão do medicamento.
Outro efeito adverso raro é a alteração da função dos nervos periféricos (neuropatia) e nestes casos, muito raros, a recuperação pode ser mais lenta.
Manchas na pele e queda de cabelo podem surgir raramente.
Uma intoxicação grave pode ser causada se forem tomadas quantidades excessivas (intencionalmente ou por descuido) do medicamento. O tratamento da intoxicação pela colchicina requer intervenção médica de urgência. A recuperação gradual observa-se habitualmente, mas por vezes pode ser fatal. Por este motivo o medicamento deve ser guardado fora do alcance de crianças pequenas, pois a intoxicação não ocorre quando o medicamento é usado nas doses indicadas para o tratamento.
O tratamento com colchicina para a Febre Mediterrânica Familiar é continuado durante toda a gravidez. Quando existem outros factores de risco para problemas do feto uma amniocentese (exame em que é colhida para análise um pequena parte do líquido que rodeia o bébé) deve ser feita entre o 3º e o 4º mês de gravidez.

Agentes Biológicos: Anti – TNF
O Factor de Necrose Tumoral (em inglês Tumor necrosis factor ou TNF) é uma molécula que desempenha um papel central no processo inflamatório. Recentemente foram produzidos vários medicamentos que inibem selectivamente a produção de TNF. Entre eles incluem-se anticorpos contra o TNF (infliximab e adalimumab) e receptores solúveis do TNF (etanercept).
O etanercept é administrado duas vezes por semana, por injecção subcutânea, podendo os doentes e seus familiares directos ser ensinados a administrar estas injecções (tal como acontece com os doentes diabéticos em relação à insulina). As reacções locais (manchas vermelhas, comichão, inchaço) no local da injecção podem surgir, mas são geralmente ligeiras e de curta duração.
O infliximab é administrado por via endovenosa, em meio hospitalar (“hospital de dia”). Durante a administração do medicamento podem ocorrer reacções alérgicas, que vão do grau ligeiro (falta de ar ligeira, manchas na pele, comichões) facilmente tratável, até reacções alérgicas graves, com queda da pressão arterial e outras consequências mais graves. Estas reacções alérgicas acontecem com maior frequência durante os primeiros tratamentos e se forem graves o medicamento deve ser imediatamente suspenso e o doente tratado adequadamente. Estas alergias devem-se ao facto de uma parte da molécula de que é formado o medicamento ser de proteína de rato.
O adalimubab é semelhante ao infliximab, mas a molécula do medicamento é toda de origem humana. É administrado por injecção subcutânea, de 15 em 15 dias.
Todos estes medicamentos têm um potente efeito anti-inflamatório, que apenas persiste enquanto eles são administrados. Os efeitos secundários consistem especialmente numa maior susceptibilidade às infecções, especialmente a tuberculose.
A existência de qualquer infecção grave deve levar à imediata suspensão destes medicamentos. Em alguns casos raros este tratamento provocou o aparecimento de outras doenças auto-imunes, diferentes da artrite. Até agora não existem provas de que este tratamento cause uma maior incidência de cancro nos doentes tratados mas, como a experiência com os inibidores do TNF é recente, ainda não existem dados da sua segurança a longo prazo.
Estes tratamentos são frequentemente designados por “agentes biológicos” por serem produzidos por biotecnologias (como a engenharia genética).
Existem outros agentes biológicos, como o IL1ra e os anticorpos anti-IL6, entre outros, que estão a ser utilizados no tratamento de algumas doenças reumáticas do adulto e, experimentalmente, em crianças.

Ps: Somente um médico pode orientar sobre o melhor tratamento.
Fonte: Portugal

Informação ajuda combater doenças reumáticas
Redação
Uma das principais dificuldades para se tratar as doenças reumáticas é o espaço de tempo entre o surgimento da doença e o seu diagnóstico efetivo.

Isso porque, até o paciente chegar ao consultório de um reumatologista, o especialista indicado para tratar destes distúrbios, ele já perambulou por consultórios de outros médicos, entre ortopedistas, traumatologistas e clínicos gerais.

Assim como uma dor na coluna pode ser um simples “mau jeito”, também pode ser sintoma de espondiloartropatias, artrite psoriásica, doenças crônicas de origem desconhecida e altamente incapacitantes.

As dores nas juntas dos punhos, por exemplo, pode ser sintoma de uma simples tendinite, de um problema de coluna ou até de artrite reumatóide, doença crônica que acomete as articulações e que pode causar deformidades físicas e incapacidade funcional até para atividades rotineiras (como abotoar uma camisa ou girar a maçaneta da porta) e é responsável por 22% de todas as mortes relacionadas a artrites e demais problemas reumáticos.

Diagnóstico precoce

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), Fernando Neubarth, a falta de informação é o principal obstáculo para se reverter essa situação.

As pessoas precisam saber que, se aquela dorzinha na articulação persistir por mais de três semanas é o sinal de que um especialista precisa ser consultado. A SBR pretende, também, fazer com que os médicos de outras especialidades recebam informações atualizadas dos novos consensos sobre as doenças reumáticas e seus tratamentos, além de se inteirar sobre a nova gama de medicamentos que combatem eficazmente a doença.

Para o reumatologista Acyr Rachid Filho, o diagnóstico precoce é de suma importância para o controle da maioria das doenças reumáticas, pois consegue evitar complicações que podem incapacitar os pacientes de forma definitiva.

“O exame clínico, realizado em consultório, é eficaz para a identificação das doenças na maioria dos casos”, assegura. Não existe um exame único para determinar o diagnóstico da maioria das doenças reumáticas.

A investigação tem por base a história do paciente, os exames clínicos e complementares, como os exames de laboratório e o raio X. “O diagnóstico precoce pode ser a diferença entre um estilo de vida normal e uma vida com limitações e incapacidade funcional”, afirma o presidente Fernando Neubarth.

Mitos & verdades

>> Reumatismo não é doença de velho. Boa parte das doenças reumáticas atinge pessoas de todas as idades, incluindo jovens e crianças - como a artrite reumatóide juvenil, doença reumática que tem inicio antes dos 16 anos de idade e que apresenta com os principais sintomas rigidez matinal, dificuldade de andar e de acompanhar as brincadeiras típicas da idade.

>> Reumatismo não é sazonal. Embora o frio, em alguns casos, possa aumentar os sintomas, as doenças reumáticas não pioram ou surgem nos dias mais frios. Ocorrem em qualquer época do ano, em pessoas de todas as idades, em ambos os sexos - apesar de a maioria atingir mais mulheres do que homens.

>> Reumatismo tem tratamento. Apesar de ser uma doença crônica (assim como o diabetes e a hipertensão), muitas vezes sem cura definitiva, o reumatismo tem tratamento, que pode melhorar e restabelecer a qualidade de vida do paciente.

Campanha educativa

A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) promove campanha educativa sobre a importância do diagnóstico precoce das "doenças reumáticas" - um grupo de mais de 100 enfermidades, algumas levando à incapacidade física.

A campanha Reumatismo é coisa séria tem por objetivo esclarecer mitos sobre os diversos tipos de "reumatismos" e incentivar o seu diagnóstico precoce. A maioria das mais de 100 doenças reumáticas pode ter um início comum, uma simples dor nas juntas, mas evolução distinta.

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Como os pacientes podem não valorizar os sintomas, leva-se um bom tempo para que o diagnóstico correto seja feito. Muitas das doenças reumáticas podem ser confundidas entre si e também com outras doenças que afetam estruturas musculoesqueléticas.

Principais doenças reumáticas

>> Reumatismo de partes moles (bursites, tendinites) o mais freqüente junto com a artrose

>> Artrite reumatóide

>> Artrites por cristais (gota)

>> Artrites infecciosas

>> Artrites reativas, espondilite anquilosante, artrite psoriásica

>> Artrites crônicas da infância

>> Febre reumática

>> Osteoporose

Fonte: Paraná On line
Vida e saude

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