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3.12.2009

Entenda o que significa LER/Dort.Dicas e tratamento


Entenda o que significa LER/Dort
e saiba quais as lesões mais comuns
O primeiro surto das lesões por esforço repetitivo aconteceu entre digitadores, com o advento da informática. As doenças relacionadas a esse tipo de trabalho se desenvolviam devido a horas e horas repetindo (daí o surgimento do termo LER), em alta velocidade, o ato escrever utilizando o teclado do computador.

Com o tempo, os médicos notaram também o surgimento de lesões semelhantes em empregados não submetidos a repetições. A partir daí, surgiu um segundo termo, o Dort (distúrbios oesteomusculares relacionados ao trabalho). Nessa segunda definição, estão englobadas tanto as doenças causadas por repetição quanto lesões provocadas por má postura, tensão excessiva em determinada região do corpo ou sobrecarga de esforço.

Nesses dois "termos guarda-chuva", cabem principalmente uma série de "ites" (sufixo que na medicina indica inflamação, como a tendinite, inflamação nos tendões, ou bursite, inflamação das bursas). Abaixo, há uma lista com as doenças mais frequentes relacionadas às LER/Dort.

Tendinite: inflamação dos tendões (feixes de nervos que ligam o músculo aos ossos);

Tendossinovite: inflamação do tecido que reveste os tendões;

Epicondilite: inflamação das estruturas (óssea, muscular e nervosa) do cotovelo;

Bursite: inflamação das bursas (pequenas bolsas que se situam entre os ossos e os tendões em articulações como a do cotovelo e do joelho);

Miosites: inflamação da musculatura;

Sindrome do túnel do carpo: compressão ("esmagamento") do nervo mediano na altura do punho;

Sindrome cervicobraquial: compressão dos nervos da coluna cervical (região do pescoço);

Síndrome do desfiladeiro torácico: compressão do plexo (nervos e vasos sanguíneos) na região do tórax;

Síndrome do ombro doloroso: compressão de nervos e vasos na região do ombro;

Cervicalgia: dor na região cervical (pescoço);

Lombalgia: dor na região lombar;

Ciatalgia: compressão do nervo ciático (região do quadril);

Escoliose: desvio lateral da coluna;

Hiperlordose: desvio anterior (para frente, em direção ao abdómen) da coluna (cervical ou lombar).

Quando trabalhar destrói sua saúde
Francisca das Neves Pereira trabalhou na linha de montagem de toca-fitas de uma empresa de automóveis. Em poucos meses, no ano de 87, começou a ter dores nos braços. "Eu tratava como pulso aberto. Tomava analgésico e continuava o trabalho." Como as dores foram piorando, iniciou uma peregrinação por hospitais e prontos-socorros, mas ninguém conseguia ajudá-la, não havia diagnóstico. "A doença da LER ainda não era reconhecida, cheguei até a achar que tinha câncer, pensei até em me matar e sofri muita discriminação pelo grupo e pelos chefes." Leia mais
Você sente dor ou desconforto com frequência enquanto trabalha? Se a resposta for afirmativa, é um mau sinal. Esse pode ser o começo de uma doença que chega a culminar em atrofia, perda de movimentos e, em casos extremos, paraplegia.

As chamadas LER (lesões por esforço repetitivo) e Dort (distúrbios oesteomusculares relacionados ao trabalho) são definições genéricas para uma série de doenças (clique aqui para conhecer as mais comuns) ligadas à condições inadequadas de trabalho. Entenda-se essas condições adversas como inadequação do local de trabalho, excesso de horas trabalhadas e estresse constante, que juntos ou em separado vão minando a resistência do organismo.

Como a maioria das pessoas acha normal um certo desconforto ligado ao trabalho e se obriga (ou é obrigada) a isso, para conseguir melhor desempenho e visibilidade profissional, a maior parte dos casos de LER/Dort só são diagnosticados em estágios avançados, quando o funcionário tem de ser afastado de suas funções e quando já não há mais cura para a doença.

Sim, não há cura para problemas de LER/Dort. Estudos mostram que, um profissional acometido pela doença, se for submetido às mesmas condições que causaram o problema, mesmo após sua recuperação, desenvolverá os mesmos sintomas em um período inferior ao do surgimento das primeiras dores ou desconforto. Sendo assim, o melhor no caso desse tipo de doença é prevenir.

Postura adequada para trabalhar, respeito aos horários de descanso, uso de equipamentos ergonômicos e a consciência de que você precisa estar bem com sua saúde para continuar trabalhando são um bom começo. Entretanto, a solução passa pela mesa do patrão, responsável por criar um ambiente de trabalho seguro e ideal para a saúde dos funcionários.

LER/Dort são epidemias
Hoje, no Brasil, as LER/Dort são as segundas maiores responsáveis pelo afastamento de empregados das suas funções, e especialistas já dão ao problema o caráter de epidemia. Para cada funcionário retirado do posto de trabalho, as empresas gastam anualmente o equivalente a R$ 89 mil (com despesas médicas e a reposição da mão-de-obra).

Os casos da doença também podem render processos contra os empregadores, e indenizações pesadas (clique aqui para saber mais).

Pensando nessas questões, a partir do final do ano o Instituto Nacional de Prevenção às LER/Dort, em parceria com o Ministério da Saúde, irá aplicar um questionário em empresas de setores variados para conseguir dados oficiais sobre o desenvolvimento da doença e as condições de trabalho causadoras do problema (em maior frequência).

Os empregados poderão responder anonimamente às perguntas e as questões foram planejadas de maneira simples, para atingir de operários a executivos com facilidade e clareza, já que há riscos em todas as áreas profissionais. LER/Dort são doenças do ambiente de trabalho e não das pessoas, afirmam os especialistas.
Fonte: Entrevista com o dr. Paulo Kaufmann

Nos estágios iniciais, doença
pode ser "curada"


As LER/Dort podem variar de leves às crônicas graves. No início da doença, por exemplo, o peso pode causar sensações de "aparente" cansaço. Desconforto nos ombros ou nos membros também é comum, inclusive com pontadas. Na medicina chinesa, esse último tipo de dor está relacionado a outro componente que sofre de algum distúrbio no organismo, o "xue" ou sangue. Isso, aliado à obstrução da energia "qi", determinam as dores nos membros do paciente. Nesse caso, mais leve, um repouso já é o bastante para que as dores desapareçam.

No grau considerado médio da LER/Dort, a dor é contínua, mas suportável. Nesse quadro, já há uma indicação de que a pessoa desenvolve a doença em fase funcional, ou seja, ela ainda é reversível, já que as lesões não estão estruturadas nos nervos e tendões. Nesse caso, o tratamento com acupuntura é eficaz e vai abordar os pontos relacionados ao fígado. O restabelecimento do equilíbrio energético no órgão refletirá no desaparecimento da dor no local. Geralmente, cinco sessões são suficientes. A técnica do shiatsu e os exercícios corporais (Liang Gong) também são bastante utilizados nesse caso. Até esse estágio, a LER/Dort é reversível e pode ser curável.

Perda de força muscular e da coordenação motora e dores mais persistentes, inclusive fora do ambiente de trabalho, são sintomas mais graves que pedem apoio de outras formas de terapias. Aparecem inchaços nas articulações, edemas, rigidez, várias inflamações e dores à noite durante o sono.

O tratamento consiste em colocar agulhas na região cervical e no local onde o paciente sente dores, além da harmonização energética. Equipamentos como a eletroacupuntura também auxiliam nessa fase e aumentam a qualidade e quantidade de estímulos, provocando a analgesia (efeito anestésico no local e diminuição da dor). Nesses casos, considerados cronicamente leves, alguns tipos de ginásticas ou práticas como o do in são desaconselháveis, já que agravam o problema. Nesses casos, o paciente vai precisar de aproximadamente 20 sessões.

No grau cronicamente grave, a dor já é insuportável e os movimentos são feitos com muita dor. Os edemas são contínuos e podem aparecer atrofias e paralisia parcial. Esse quadro pode significar para o indivíduo a invalidez e aposentadoria precoce.

Além dos processos usados nos estágios anteriores, o acupunturista fará aplicações à distância, ou seja, se o problema for na mão, agulhas também serão colocadas na perna. Associado a isso, a auriculoterapia também pode ser empregada, assim como medicamentos fitoterápicos. A recuperação é longa, mas a combinação das várias técnicas alivia a dor, e a coordenação motora é praticamente restabelecida. Mais de 20 sessões serão necessárias para melhorar os sintomas. Nesse estágio, a cura já não é mais possível. (JB)
Fonte: Edson Sugano,

Conheça os vilões da história
No ambiente de trabalho, é possível identificar alguns fatores de risco para o desenvolvimento de LER/Dort. Saiba quais são eles a seguir:

ESTRESSE - A tensão nervosa, de uma maneira geral, age sobre seu corpo aumentando a quantidade de adrenalina no sangue e tencionando os músculos, que trabalham "travados", em sobrecarga permanente;

AR-CONDICIONADO - A má regulagem do sistema de refrigeração do ambiente de trabalho, comum em locais com computadores, como escritórios, pode causar danos a músculos, nervos e tendões; em espaços frios, ocorre a contração dos vasos sanguíneos, consequente baixa na oxigenação do organismo e, também, maior tensão na musculatura;

EXCESSO DE REPETIÇÕES - Exercer funções que exigem repetições constantes de movimentos, como digitar ou apertar parafusos numa linha de montagem, sobrecarrega uma determinada parte do corpo e acaba por lesionar a região, se não forem observados princípios de ergonomia e períodos de descanso, necessários para o corpo se recuperar do esforço;

AMBIENTE DESPREPARADO - Ficar o expediente todo sentado diante do computador, digitando, não é necessariamente um problema; agora, se seus braços não têm um apoio adequado, ficando "no ar" e tencionando os ombros, e se sua cadeira não está bem regulada e você fica curvado sobre a mesa, tendo de arquear as costas, por exemplo, prepare-se para ter problemas;

LONGAS JORNADAS - Quanto mais tempo seu organismo ficar exposto a uma das (ou todas as) agressões do ambiente citadas acima, e quanto menos ele tiver de tempo diário para recuperação e descanso, maior a chance de desenvolver LER/Dort; fazer serão ou hora-extra vez por outra não é o problema, essa prática só se torna perigosa quando é frequente. (RD)

LER/Dort está ligada ao desequilíbrio
energético do fígado
Edson Sugano

A acupuntura é uma das alternativas mais eficazes no tratamento das lesões por esforços repetitivos ou dos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/Dort). A técnica, de origem chinesa, consiste na estimulação por meio de aplicação de agulhas em pontos do corpo onde há lesão ou desequilíbrio energético. Em pacientes com dores agudas, ela é bastante efetiva contra a dor. Nos últimos anos, um número cada vez maior de pessoas procuram o tratamento da doença com a acupuntura.

No geral, a abordagem das doenças segundo a medicina chinesa é oposta à da concepção ocidental. A análise parte do equilíbrio energético do corpo. O fígado e a vesícula biliar são os órgãos que ajudam a harmonizar as funções dos nervos, tendões e outras estruturas e estão ligados ao equilíbrio emocional do indivíduo. Sob estresse e tensão, pode ocorrer um desequilíbrio nas funções do fígado, o que vai causar uma disfunção nos nervos e tendões. Em resumo, o tratamento se fundamenta em dois pontos: a harmonização do corpo e da mente e aplicações das agulhas no local da dor.

Diagnóstico

Na primeira fase e consulta, o paciente com LER/Dort é submetido a uma bateria de perguntas. Esse histórico pessoal e clínico (anaminésia) vai ajudar a definir o tipo apropriado de tratamento. Nesse questionário, são levados em conta fatores externos, como postura, temperatura do ambiente, função e condições de trabalho e tensão, e internos, como as emoções reprimidas.

Em uma segunda etapa, a acupuntura se apóia na tecnologia ocidental. Exames laboratoriais e ultra-som são feitos para um diagnóstico mais preciso do alcance da doença. Esses testes podem confirmar a suspeita do acupunturista de que o fígado e o pâncreas não estão funcionando bem. Outros fatores também ajudam nesse diagnóstico: coceiras, caspa, gengivite, dores nas articulações, má digestão, vontade de comer alimentos ácidos são sintomas de que os dois órgãos sofrem de desequilíbrio energético.

Pulso e língua

Nos exames de pulso e de língua o acupunturista obtém mais informações sobre o paciente. Por meio da pulsação, também é possível saber se existe desequilíbrio nos órgãos internos. Utilizam-se três dedos para a leitura do pulso, em três pontos e a três profundidades diferentes. Observa-se também a hora do dia, o sexo, a fase do ciclo menstrual, a pressão atmosférica, a temperatura, a umidade e a estação do ano. O conjunto de todas essas observações dão uma indicação mais ou menos precisa do estado energético do corpo. Na língua, alterações no formato, cor ou no revestimento indicam o mesmo.

Terapias complementares

Além da acupuntura, outras técnicas chinesas são empregadas. O moxabustão, que consiste em aquecer determinados pontos do corpo por meio da "moxa" (erva seca e moída, proveniente da planta "artemísia"), é bastante eficaz nos casos da LER/Dort. Os princípios no diagnóstico e local onde será aplicado são os mesmos da acupuntura. Em casos leves da LER/Dort, algumas poucas sessões de moxabustão fazem desaparecer as dores.

Com a modernização, à sabedoria milenar da medicina chinesa foram incorporados aparelhos que potencializam o tratamento acupuntural. A laserterapia e os eletro-estimuladores têm melhorado a eficácia nos tratamentos.

O shiatsu e do in, massagens terapêuticas originárias de outra técnica da China, o tuiná, são relativamente usados nos casos mais leves da LER/Dort. Adotam o mesmo princípio de identificação da acupuntura dos pontos energéticos em desequilíbrio, mas utiliza as mãos e os dedos para estimulá-los. Em casos crônicos, porém, a massagem não tem tido resultados satisfatórios.

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