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3.07.2009

Maior parte dos infartados possui colesterol normal


Pesquisa avaliou dados de 136.905 pacientes internados em 541 hospitais dos Estados Unidos entre 2000 e 2006

Resultados voltam a colocar em discussão a intenção dos cardiologistas de reduzir o nível considerado aceitável do colesterol ruim (LDL)

Um novo estudo realizado nos EUA aponta que quase 75% dos pacientes que foram hospitalizados depois de sofrer um infarto estavam com os níveis do LDL (colesterol ruim) considerados normais -abaixo de 100 mg/dl-, o que está de acordo com as diretrizes atuais.

O estudo foi realizado na Universidade da Califórnia e publicado na edição de janeiro do "American Heart Journal". Os pesquisadores analisaram 136.905 pacientes que foram hospitalizados entre 2000 e 2006 em 541 hospitais do país.
Já existem alguns estudos brasileiros que seguem a mesma linha e apontam que em cerca de 50% dos casos de infarto o colesterol dos pacientes está normal. Por isso, os resultados americanos voltam a colocar em discussão a intenção dos cardiologistas de reduzir os níveis de colesterol ruim (LDL) em pacientes que possuem fatores de risco associados, como diabetes, tabagismo, hipertensão arterial, obesidade ou hereditariedade.

Hoje, as diretrizes nacional e internacional de cardiologia apontam que um paciente sem histórico ou risco associado deve manter o colesterol ruim abaixo de 130 mg/dl. Quem tem histórico de doença cardíaca deve manter os níveis do colesterol abaixo de 100 mg/dl.

"Há algum tempo existe uma discussão para reduzir os níveis do colesterol ruim de 100 para 70. O novo valor ainda não consta das diretrizes, mas já é preconizado por muitos médicos. Quanto mais baixo, melhor", diz o cardiologista Marcelo Sampaio, do Instituto Dante Pazzanese.

O cardiologista Ari Timerman, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) afirma que o colesterol é um importante fator de risco cardíaco, mas não pode ser olhado isoladamente nos casos de infarto.

"Muitas pessoas têm outros fatores importantes associados, como doença cardíaca preestabelecida, diabetes, tabagismo, obesidade", disse.

Segundo Sampaio, embora exista a discussão sobre baixar os níveis de colesterol para pacientes com histórico, ainda há resistência porque o tratamento tem que ser obrigatoriamente medicamentoso e ainda não se sabe o limite adequado. "Será que um paciente com colesterol ruim 20 está mais protegido que o paciente que está com 70? Ou será que ele tem os mesmos benefícios?"

O cardiologista Luiz Antonio Machado César, diretor da Unidade Clínica de Coronariopatias Crônicas do InCor (Instituto do Coração), diz que existe risco de infarto mesmo para aqueles pacientes que tomam remédios para controlar o colesterol. "O fato de uma pessoa tratar e baixar o colesterol não significa que ela eliminou o risco de sofrer um infarto. O paciente apenas reduziu os riscos em cerca de 30%", disse.

É preciso também controlar os outros fatores associados, como diabetes, hipertensão, tabagismo e obesidade.

O estudo também mostrou que 54,6% dos pacientes estavam com o HDL (colesterol bom) abaixo de 40 mg/dl -o que também é ruim. Hoje, é preconizado um HDL superior a 45 mg/dl para homens e 55 mg/dl para mulheres.
"O HDL é um fator de proteção contra doenças cardiovasculares. Ele baixo é tão ruim para o organismo quanto o LDL alto", disse César.

Reportagem da Folha de São Paulo de 21/01/2009

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