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3.16.2009

Síndrome do Pânico e Fobia


Quais as bases do tratamento da síndrome do pânico?

- Quais os tipos de antidepressivos utilizados?
- Como são empregados os ansiolíticos?

É importante ter em mente que o paciente deve ser sempre muito bem orientado sobre os passos, o tipo e a natureza do tratamento a que está sendo submetido. Ele deve conhecer as características dos medicamentos utilizados, suas ações e efeitos adversos, bem como o tempo previsto para sua ação terapêutica e a previsão de tempo de uso.

Os sintomas ansiosos e físicos desaparecerão com o tratamento. A base da terapia consiste no uso de antidepressivos, com ou sem o auxílio de ansiolíticos. Primeiro porque alguns antidepressivos já têm um excelente efeito ansiolítico, e em segundo lugar porque nem sempre a freqüência das crises de pânico exige o uso de ansiolíticos.

Caso sejam necessários, os ansiolíticos serão empregados para alívio mais rápido de sintomas físicos e ansiosos, os quais normalmente se constituem na principal queixa que motiva a consulta, por um período mais curto. O medicamento de uso mais prolongado e continuado será sempre o antidepressivo.

Atualmente, existem três classes de medicamentos disponíveis para o tratamento da síndrome do pânico: antidepressivos, ansiolíticos e betabloqueadores. O tratamento não-medicamentoso também é de extrema importância, como por exemplo, a terapia cognitiva e comportamental. Precisam ser considerados os riscos e benefícios, os custos e a eficácia de cada um desses tratamentos. A taxa de resposta ao tratamento varia entre 50% e 80%.

1. Antidepressivos Tricíclicos

Os objetivos principais do tratamento da síndrome do pânico com antidepressivos tricíclicos também objetivam reduzir a intensidade e a freqüência dos ataques de pânico, a ansiedade antecipatória e a depressão associada. Geralmente, esses agentes também devem levar à redução da agorafobia. Trata-se do grupo de medicações com maior experiência acumulada (mais de 30 anos) no tratamento dessa síndrome, sendo possivelmente o tratamento de maior eficácia.

Atualmente são considerados medicações de segunda escolha, porém isso se deve basicamente à maior incidência de efeitos colaterais (boca seca, constipação intestinal, arritmias cardíacas, entre outros) e, principalmente, ao ganho de peso e disfunções sexuais associados. Dessa forma, muitos pacientes interrompem o tratamento e acabam apresentando retorno dos sintomas.

Os estudos mostram uma resposta definida como remissão completa das crises de pânico ou redução de até 80% no número de crises. Os tricíclicos imipramina e clomipramina são eficazes no tratamento das crises de pânico sem ou com agorafobia. A clomipramina parece ser a mais eficaz.

Esses antidepressivos apresentam como vantagens: dose única ao dia; baixo risco de dependência; baixo custo; e eficácia comprovada. É importante o conhecimento do período de latência para a obtenção dos resultados terapêuticos. Normalmente estes resultados são obtidos após um período de 15 dias de utilização da droga e, não raro, podendo chegar até 30 dias.


2. Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina

Os objetivos e resultados do tratamento com medicamentos desse grupo são os mesmos apontados com relação aos tricíclicos. Eles não apresentam a maioria dos efeitos colaterais encontrados nos antidepressivos tricíclicos e, embora alguns deles tornem o ato sexual mais prolongado, decididamente não influem tanto na libido. Esses antidepressivos não apresentam interações com o álcool, portanto, limitam menos o nível de interação social dos pacientes.

Estudos realizados por períodos de até um ano demonstram que a maioria desses medicamentos não causa ganho de peso, ao contrário do que ocorre em muitos pacientes em uso de antidepressivos tricíclicos.

Os efeitos antipânico dos ISRS começam a ser observados de 2 a 4 semanas após o início do tratamento, normalmente após a segunda semana. O efeito máximo ocorre após 5-6 semanas de uso.

Os benzodiazepínicos (ansiolíticos) apresentam rápido início de ação, podendo ser usados para tratar as crises de pânico. Para a maioria dos psiquiatras, os ansiolíticos podem ser ótimos ajudantes no tratamento, principalmente enquanto os antidepressivos ainda não fizeram seu efeito esperado. No entanto, esses medicamentos apresentam efeito em nível dos sintomas, sem ação curativa.

Por causa disso, muitos pacientes confundem o uso dos ansiolíticos prescritos pelo médico como se fossem indicados na modalidade "se necessário", o que é errado. Quando prescritos, eles podem ser imprescindíveis, devendo ser tomados em doses diárias regulares, conforme a prescrição. Na maioria das vezes, devem ser suspensos tão logo sejam desnecessários.

O risco mais grave com esses medicamentos é o da dependência. Sintomas de abstinência ou recorrência dos sintomas de pânico, durante a diminuição abrupta da droga, são um risco do tratamento em longo prazo.

As propriedades sedativas dos benzodiazepínicos são facilmente reconhecidas, incluindo a inibição da resposta emocional excessiva a estímulos normais, bem como a redução da resposta emocional apropriada a estímulos excessivos. Vários trabalhos vêm mostrando que os benzodiazepínicos são drogas bastante eficazes no tratamento de diversos quadros de ansiedade, destacando-se a síndrome do pânico.

Fobia, o que é?
O que é fobia?
A fobia não é uma doença, mas um sintoma que pode aparecer em várias doenças mentais. Um quadro psicótico, ou depressivo, ou neurótico, podem apresentar, como sintoma, uma fobia. Resumidamente, a fobia é um medo de alguma coisa deslocado para um medo de outra coisa. É uma angústia relativa a uma situação difícil de se lidar. A mente desloca a angústia dessa situação para uma outra que, aparentemente, não tem nada a ver. Por exemplo, tem gente que tem pânico de entrar no elevador. Por quê? Elevador é perigoso? Pode até ser, mas não tem gente morrendo o tempo todo por cair de elevador. O medo de elevador, portanto, não é razoável, não é lógico, não é coerente. Por quê essa pessoa tem esse medo? Não tem nada a ver com o elevador propriamente dito. Têm a ver com o espaço fechado, trancado, e com algum outro medo da história psicológica dessa pessoa, do seu desenvolvimento psíquico, relacionado com se sentir fechado, trancado, isolado, desamparado, sozinho. Este tipo de medo está deslocado para a situação do elevador.
Qualquer fobia é sempre assim: um medo que está inserido na história psíquica dessa pessoa, no desenvolvimento psíquico dela, das angústias que ela passou durante o seu desenvolvimento, que a sua mente não conseguiu elaborar. Esse medo está lá, de prontidão. A pessoa precisa eleger um determinado objeto ou situação para responsabilizar por esse medo.

Qual a diferença entre o medo normal e a fobia?
O medo é uma reação psicológica e fisiológica normal, em resposta a alguma ameaça ou perigo, ou à antecipação dos mesmos. A fobia é um medo excessivo e irracional, desencadeado pela exposição ou antecipação de determinada situação ou objeto. As pessoas com fobias específicas percebem que seu nível de medo é excessivo, mas mesmo assim evitam qualquer exposição ao objeto/situação temido. Essa hesitação leva a ansiedade, e esses dois fatores causam grande impacto na vida da pessoa.

Existe relação entre fobia e trauma?
Existe, em termos leigos, a idéia de que os problemas psicológicos são causados por traumas. Na verdade, não existe bem um trauma, o importante não é pensar numa coisa que aconteceu, mas nas dificuldades que esta pessoa foi tendo no desenvolvimento da sua personalidade para se constituir como sujeito. Essa série de dificuldades é que vão gerar angústias. E são essas angústias que são passadas para uma determinada situação. Então não dá para pensar em um trauma, mas numa sucessão de traumas, de questões ou de problemas.

As fobias "crescem"?
Sabe-se que sim. Existe o caso famoso de Hans, estudado por Freud: a fobia do pequeno Hans. O menino que tinha fobia de cavalo. No início ele tem fobia de cavalos, depois do lugar onde ficam os cavalos, depois a fobia passa para qualquer rua onde talvez possa ser encontrado um cavalo, depois a fobia se estende às carroças carregadas que estão sendo puxadas por cavalos, de tal forma que a fobia vai se estendendo tanto que limita a vida do indivíduo. Chega um ponto em que ele não pode mais sair na rua, não pode mais fazer nada.

Quando é mais comum o surgimento das fobias?
Pode-se dizer que no início da infância é comum o aparecimento de algumas fobias. É muito raro encontrar-se uma criança que não passou por uma fobia ou por um período de fobia na infância. Algum tipo de fobia, como por exemplo, fobia de escuro, é muito comum. Quase todas as crianças têm fobia de escuro. Fobia de raio, trovão, tempestade. É quase normal que uma criança na primeira infância tenha quadros fóbicos, que se resolvem espontaneamente. Na verdade, estas fobias são um jeito que a cabeça da gente arruma para lidar com as angústias, e que a criança está tendo que dar conta. Então, ela tem medo do bicho papão, ou não dorme no escuro de jeito nenhum. São quadros fóbicos quase normais na primeira infância. É que à medida que a criança cresce, deixam de ser significativos, desaparecem e pronto.

Existe prevenção para a fobia?
Não há como prevenir a fobia. O que se pode fazer é criar uma estrutura psicológica mais firme. Uma criança criada com mais segurança, com mais amor, mais afeto, amparo, mais protegida adequadamente, porém não de maneira exagerada. Essa criança tem o seu desenvolvimento psicológico mais adequado, estando menos sujeita às fobias do que uma outra criança com uma série de problemas, encrencas, de pais separados e outras questões... Uma insegurança na constituição psicológica é que vai determinar o aparecimento de fobias.

Uma fobia pode surgir na idade adulta?
A fobia pode aparecer em qualquer momento da vida do indivíduo. Um sintoma que não tinha antes e, de repente, pode aparecer. O mais comum, desse tipo de aparecimento, é a famosa síndrome do pânico, que também é um quadro que apresenta uma série de fobias, podendo aparecer a qualquer hora. De repente a pessoa começa a ter pânicos e medos.

Existe lugar para o tratamento medicamentoso na fobia?
Às vezes, sim, como na síndrome de pânico. Nela, é importante haver o tratamento medicamentoso para controlar as crises. Porém, o tratamento medicamentoso isolado não adianta, porque se deve ajudar a pessoa a desenvolver a capacidade de desassociar seus medos do objeto escolhido. É preciso enriquecer a cabeça da pessoa, para ajudá-la a fazer historinhas, dramatizar mais, para dar conta da angústia. Se você, apenas, tira o sintoma da crise e não ajudar a cabeça a funcionar melhor, com a medicação ela vai acabar desenvolvendo outro tipo de sintoma.

Qual o tempo de tratamento?
O tratamento consiste em tentar restabelecer as conexões perdidas. É um tratamento psicoterápico, de duração indeterminada. Você começa a lidar com a questão e poderá lidar alguns meses ou muitos anos, não tem uma regra. Depende tanto da pessoa, como do terapeuta, acharem que tem sentido continuar lidando ou não.

Qual o maior impacto da fobia na vida da pessoa?
É o impedimento da vida; as pessoas ficam cerceadas, se trancam no quarto, não saem mais de casa. Esse é o grau máximo, o impedimento de vida. É a pessoa que só sai à rua com uma entidade denominada "acompanhante fóbico". São pessoas que só saem na rua acompanhadas, caso contrário, não conseguem sair para lugar nenhum. Esse é um cerceamento relativo, mas existem casos mais graves.

Fobias: afinal, você tem medo de quê?
As fobias são medos irracionais que se originam em nosso inconsciente

por Sylvia Salles

Falar em medo é remeter-se à infância. Medo do escuro, do bicho papão, do ET, do homem do saco e até da sombra do Peter Pan. Quem nunca ouviu falar do miumin, o monstro que ficava debaixo da cama; além do monstro do armário, da barata gigante e de outras lendas infantis? Antigamente, os pais usavam esses artifícios para castigar os filhos, fazê-los comer, dormir cedo, tomar banho, entre outras coisas as quais crianças odeiam ser obrigadas a fazerem.



Assim surgem as fobias, pois a maioria das pessoas cresce envolta em algum tipo de medo, como medo de chuva, trovões, altura, fogo e multidão. Esses medos tornaram-se algo mais sério para a saúde dos indivíduos, gerando uma ansiedade crônica, depressão e angústia. O dia-a-dia, as pressões, as notícias que recebemos, são alguns fatores que contribuem para a constituição da fobia. Um aspecto que piora a situação é a violência, evidente nos meios de comunicação, que é mais um motivo para causar medo das pessoas.

O que é fobia?

A fobia é o medo irracional que impede o indivíduo de se comportar de maneira normal, positiva, sociável. Ela tem origem no inconsciente, naquilo que já passou e que ficou marcado por algum trauma. Em determinados momentos, a pessoa chega a tal ponto que perde a noção da realidade, tendo reações psicológicas e, principalmente, físicas, como sudorese, tremores, desmaios, vertigens e surtos.

As fobias, em geral, caracterizam-se pela ausência de motivo para despertar o medo constatado, ou por ser o medo exagerado diante do objeto, por exemplo, o medo de andar de avião. Há inúmeros tipos de fobias, como a social, que é o medo acentuado de passar vergonha na frente dos outros, de falar em público e assim as pessoas perceberem o temor e a ansiedade crônicos.

O que diferencia em grande parte alguém que tenha fobia de outro que tenha apenas medo é que pessoas com fobia passam a evitar a qualquer custo as situações que desencadeiam as crises, mesmo que para isso tenham que alterar sua rotina. Há casos em que indivíduos até mesmo evitam sair de casa.

Agorafobia

Há situações nas quais o objeto do medo em questão é o mesmo da chamada agorafobia. “A diferença da fobia para a agorafobia é o objeto, a dificuldade de sair de onde esteja caso passe mal. Isso não acontece nas outras. Enquanto a fobia é um problema isolado, a agorafobia dificilmente acontece sozinha. Geralmente ela acompanha a síndrome do pânico e a depressão”, explica o psiquiatra Francisco Freitas.

A agorafobia é o medo generalizado de lugares ou situações dos quais possa ser difícil ou embaraçoso escapar, ou em que o auxílio pode não estar disponível. Isso inclui estar dentro de elevadores, no meio de multidões em shows e shoppings, preso numa fila, ou ainda viajar desacompanhado.

De um terço a metade dos pacientes que sofrem de síndrome do pânico apresentam agorafobia. Esse transtorno é identificado na infância ou na idade adulta. É um problema um pouco que atinge mais as mulheres apesar de eventualmente, levar a desmaios. Porém, isso não significa nada especialmente grave. O medo faz parte do inconsciente de uma maneira tão intensa que isso é transferido para a identidade visual e, a partir daí, as crises começam.

“Há histórico de pacientes que quase se suicidaram por medo, por ser incontrolável essa sensação. Uma paciente tinha verdadeiro pavor de baratas. Ela tomou isso como uma obsessão e chegou a ter visões de que era perseguida por uma barata gigante. Tratou-se durante cinco anos. Ela aprendeu a lidar com o medo excessivo e, hoje, apenas tem nojo das baratas na rua”, conta o psiquiatra.

Tratamento

O tratamento para as fobias – incluindo a agorafobia – pode ser medicamentoso, com antidepressivos e calmantes. Além disso, vale a pena fazer uma terapia, acupuntura, relaxamento, algo que desprenda a mente para que ela relaxe. Ter pensamentos positivos, ir ao teatro, ao cinema, dar beijos na boca, sair para dançar, cantar, comer brigadeiro, fazer as pazes com o mundo... Tudo isso faz com que os males do corpo e da mente sumam e traz felicidade. Esses são os melhores tratamentos para quem sofre com os males falados em série: a solidão, que leva à depressão, que causa ansiedade, síndrome do pânico, fobias e a agorafobia.

Fonte: Revista Paradoxo

2 comentários:

  1. As crises, que envolvem taquicardia e a sensação de morte iminente, são conseqüências da ansiedade patológica. O ar parece faltar, o coração fica acelerado, o suor empapa a roupa. Esses são apenas alguns sintomas de uma crise de síndrome do pânico, também caracterizada por boca seca, tremores, tonturas e um mal-estar geral, acompanhados pela sensação de que algo terrível irá acontecer. A pessoa sente que pode morrer ou enlouquecer nos minutos seguintes.Esse transtorno é causado pela chamada ansiedade patológica. De acordo com os psicólogos, a ansiedade é um estado emocional natural, e é completamente normal o sentimento de querer antecipar o futuro para evitar perigos ou tentar controlar danos. O problema fica caracterizado quando essa ansiedade começa a causar sofrimento demais para a pessoa. A preocupação culmina nas crises, e a pessoa fica ainda mais ansiosa porque não sabe quando a próxima irá acontecer.Geralmente, a síndrome do pânico acontece no começo da vida adulta, e aparece em situações de estresse, como pressões no trabalho, no casamento ou na família, em que a pessoa se sente desamparada. O transtorno é de duas a quatro vezes mais freqüente nas mulheres, mas também pode ocorrer com sinais semelhantes nos homens. É claro que um único episódio de crise de ansiedade não caracteriza a síndrome do pânico, mas crises repetidas levam ao desenvolvimento do transtorno.A maioria dos pacientes passa por vários médicos de especialidades diferentes em busca de uma resposta e do tratamento para tamanha ansiedade, sem saber ou, às vezes, aceitar, que tantos sintomas físicos sejam proveniente de problemas emocionais. Felizmente, o transtorno tem tratamento e, quanto mais precoce o diagnóstico, maiores são as chances de recuperação. Cada caso é especial, mas geralmente a pessoa é tratada com sessões de psicoterapia e medicamentos. Ela já começa a melhorar entre duas e quatro semanas, mas geralmente leva um ano para se recuperar. Raramente há cura espontânea e, apesar de muitas pessoas ainda colocarem em xeque a relevância de complicações psicológicas, a síndrome do pânico deve ser tratada como doença. Caso contrário, pode levar a complicações ainda maiores: depressão, desenvolvimento de outros transtornos de ansiedade, e abuso de álcool e/ou de sedativos, com prejuízos para a vida profissional, social e familiar.

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  2. Medo…
    Vontade de dar um grito,
    ou calar-se para sempre
    De ficar parado, ou correr
    De não ter existido
    ou deixar de existir (morrer)
    Não há razão quando a mente não funciona
    (redundante, não?)
    Vão extinguindo-se as questões
    mesmo sem respostas
    Perde-se, neste estágio,
    a vontade de saber.
    O futuro é como o presente:
    É coisa nenhuma, é lugar nenhum.
    Morreu a curiosidade
    Morreu o sabor
    Morreu o paladar
    parece que a vida está vencida
    Tenho medo de não ter mais medo.
    Queria encontrar minhas convicções…
    Deus está em um lugar firme, inabalável,
    não pode ser tocado pela nossa falta de confiança
    Até porque, na verdade, confio nele
    O problema é que já não confio em mim mesmo
    Não existe equilíbrio para mentes sem governo
    A química disfarça, retarda a degradação
    mas não cura a mente completamente
    E não existem, em Deus, obrigações:
    já nos deu a vida, o que não é pouco,
    a chuva, o ar, os dias e noites
    Curar está nele, mas, apenas retardaria a morte
    já que seremos vencidos pelo tempo
    (este é o destino dos homens)
    e seremos ceifados num dia que não sabemos
    num instante que mira nossa vida
    e corre rápido ao nosso encontro lentamente
    (ou rasteja lento ao nosso encontro rapidamente?)
    Sei lá…
    Mas não sei se quero estar aqui
    para assistir o meu fim
    Queria estar enclausurado, escondido…
    As amizades que restam vão se extinguindo
    e os que insistem na proximidade
    são os mesmos que insistirão na distância,
    o máximo de distância possível.
    A vida continua o seu ciclo
    É necessário bom senso
    não caia uma árvore velha, podre, sobre as que ainda estão nascendo.
    Os que querem morrer deixem em paz os que vão vivendo
    Os que querem viver deixem em paz os que vão morrendo
    Eu disse bom senso?
    Ora, em estado de pânico não se encontra bom senso
    nem princípios, nem razão, nem discernimento,
    nem força alguma
    Torna-se um alvo fácil
    condenável pelos que estão em são juízo
    E questionam: onde está sua fé?
    e respondo: ela estava aqui agora mesmo…
    ela não se extingui, mas parece que as vezes se esconde de mim…
    o problema é que, quando a mente está sem governo
    (falo de um homem enfermo)
    é como um caminhão que perde o freio
    descendo a serra do mar…
    perde-se o contato com a fé e com tudo o que há…
    e por alguns instantes (angustiantes)
    não encontramos apoio, nem arrimo, nem chão, nem parede, nem mão…
    ah… quem dera, quem dera…
    que a mão de Deus me sustente neste instante…
    em que viver é tão ou mais difícil que conjulgar todos os verbos…
    porque sou, neste momento
    a pessoa menos confiável para cuidar de mim mesmo…
    tenho medo, medo…
    medo de perder o medo
    de sair da vida pela porta de saída…
    medo de perder o medo
    de apertar o botão “Desliga”…

    http://progcomdoisneuronios.blogspot.com

    .

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