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5.30.2009

Diabetes Mellitus

Diabetes Mellitus

Hiperglicemia, diabetes

Nomes populares:

Sangue doce, açúcar no sangue

O que é Diabetes mellitus?

Diabetes mellitus (DM) é uma condição na qual o pâncreas deixa de produzir insulina ou as células param de responder à insulina que é produzida, fazendo com que a glicose sangüínea não seja absorvida pelas células do organismo e causando o aumento dos seus níveis na corrente sangüínea.

Existem dois tipos principais da doença. O diabetes tipo 1 (DM1) e o tipo 2 (DM2).

Diabetes mellitus tipo 1. O que é?

O DM1 é o tipo de diabetes predominante na infância e na adolescência, a idade em que ela se inicia geralmente é de 10 aos 14 anos (pico de incidência). Porém, a incidência (número de casos novos) do DM2 está aumentando nesta faixa etária nos últimos anos.

O diabetes tipo 1 resulta da destruição das células beta do pâncreas – células produtoras de insulina. Esta destruição é mediada por respostas auto-imunes celulares. Ou seja, o próprio organismo destrói suas células, levando ao aumento da glicose no sangue por déficit absoluto de produção de insulina.

As manifestações clínicas na infância e na adolescência variam desde a cetoacidose – que muitas vezes é o evento inicial da doença, até uma hiperglicemia pós-prandial. As manifestações podem ser desencadeadas pela presença de infecção ou outra condição de estresse ao organismo. Apesar de rara na apresentação inicial, a obesidade não exclui o diagnóstico de DM1.

O DM1 associa-se com relativa freqüência a outras doenças auto-imunes como tireoidite de Hashimoto, doença celíaca, doença de Graves, doença de Adison, vitiligo e anemia perniciosa. Recomenda-se investigar rotineiramente a doença auto-imune da tireóide e, se possível, também a doença celíaca nas pessoas que têm DM1, devido a sua maior prevalência (número de casos existentes de determinada doença).

Diabetes mellitus tipo 2. O que é?

O DM2 é considerado uma das grandes epidemias do século XXI e afeta quase 90% das pessoas que têm diabetes, sendo o tipo mais comum.

Ocorre quando o nível de glicose (açúcar) no sangue fica muito alto. A glicose é o combustível que as células do corpo usam para obter energia. O diabetes tipo 2 ocorre quando não há produção suficiente de insulina pelo pâncreas ou porque o corpo se torna menos sensível à ação da insulina que é produzida - a chamada resistência à insulina. A insulina ajuda o corpo a levar a glicose para dentro das células.

Os sintomas incluem aumento da freqüência urinária, letargia, sede excessiva e aumento do apetite – muitas vezes não acompanhado de ganho de peso.

É uma doença crônica que pode causar complicações à saúde; incluindo insuficiência renal, doenças do coração, derrame (acidente vascular cerebral) e cegueira.

Em termos mundiais, cerca de 240 milhões de indivíduos apresentam DM, com uma projeção de 366 milhões para o ano de 2030, dos quais dois terços serão habitantes de países em desenvolvimento. Infelizmente, cerca de metade das pessoas com DM desconhecem que são portadores desta condição e não podem, dessa forma, prevenir suas complicações.

No Brasil, o número estimado de portadores de DM é de aproximadamente 16 milhões de pessoas.

Pré-diabetes. O que significa este conceito?

É uma condição em que os níveis de glicose são mais altos que o normal, mas não tão altos para dar o diagnóstico de DM2 (o tipo mais freqüente). Pessoas com pré-diabetes têm maiores riscos para desenvolver diabetes tipo 2, doenças do coração e derrames (acidentes vasculares cerebrais). Uma vez cientes desta condição, podem iniciar medidas preventivas.

Quais são as causas do DM?

No DM1, a causa básica é uma doença auto-imune que lesa irreversivelmente as células beta do pâncreas (células produtoras de insulina). Nos primeiros meses após o início da doença, são detectados no sangue anticorpos - anticorpo anti-ilhota pancreática, anticorpo contra enzimas das células beta (anticorpos antidescarboxilase do ácido glutâmico - antiGAD, por exemplo) e anticorpos anti-insulina.

No DM2, ocorrem diversos mecanismos de resistência à ação da insulina. O estilo de vida moderno tem papel fundamental no desenvolvimento do diabetes, quando consiste em hábitos que levam ao acúmulo de gordura principalmente na região abdominal. Tipo de distribuição de gordura que é mais relacionado ao aumento do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

O que se sente?

Os sintomas do aumento da glicemia são: sede excessiva, aumento do volume urinário e do número de micções, hábito de urinar durante a noite, fadiga, fraqueza, tonturas, visão borrada, aumento de apetite e perda de peso.

Estes sintomas clássicos do diabetes muitas vezes passam despercebidos ou não são valorizados pelos portadores desta condição.

Estes sintomas tendem a ir se agravando e podem levar a complicações severas e agudas como a cetoacidose diabética (no DM1) e o coma hiperosmolar (no DM2), caso a doença não seja diagnosticada, nem tratada.

Os sintomas das complicações que ocorrem a longo prazo, ou seja, aquelas decorrentes da hiperglicemia mantida ao longo dos anos, envolvem alterações visuais, circulatórias, digestivas, renais, urinárias, neurológicas, dermatológicas, ortopédicas e problemas cardíacos.


Como o médico faz o diagnóstico?

Além dos sintomas e sinais clássicos da doença, que podem não estar presentes precocemente, o diagnóstico laboratorial do Diabetes mellitus é estabelecido pela medida da glicemia no soro ou plasma, após um jejum de 8 a 12 horas e também pela dosagem da glicemia 2 horas após sobrecarga com glicose (glicemia 2 horas após-sobrecarga). O diagnóstico sempre deve ser confirmado com uma segunda medida.

Os parâmetros para o diagnóstico de diabetes são:


Critérios para a presença de anormalidades da tolerância à glicose, segundo a ADA-2005:



Categoria
Glicemia de Jejum
Glicemia 2h pós-sobrecarga

Normal
<100 mg/dl
<140 mg/dl

Glicemia de jejum alterada (GJA)
100-125 mg/dl
-

Tolerância à glicose diminuída (TGD)
-
140-199 mg/dl

Diabetes*
126 mg/dl
200 mg/dl


Quando ambos os exames são realizados (glicemia de jejum e TOTG de 2h), GJA ou TGD podem ser diferenciados.


*O diagnóstico de diabetes requer confirmação em uma outra coleta.
(Adaptado da American Diabetes Association - ADA 2005)


Quais os objetivos do tratamento?

O objetivo principal é manter os níveis glicêmicos o mais próximo dos valores considerados normais. Também é importante manter os níveis adequados de colesterol, controlar a pressão arterial e o peso corporal de acordo com o que se segue:


Glicemia plasmática (mg/dl)*:


Jejum: 110 ou 100 (ADA, 2004)
Pós-prandial: 140-180
Glicohemoglobina (%)*: 1% acima do limite superior do método


Colesterol (mg/dl):

Total: < 200
HDL: > 45
LDL: < 100
Triglicérides: < 150


Pressão arterial (mmHg):

Sistólica: < 130**
Diastólica: < 80**


Índice de Massa Corporal - IMC*** (kg/m²): 20-25 kg/m².


* : Quanto ao controle glicêmico, deve-se procurar atingir valores os mais próximos do normal. Como muitas vezes não é possível, aceita-se, nesses casos, valores de glicose plasmática em jejum até 126 mg/dl e pós-prandial (duas horas) até 160 mg/dl, e níveis de glicohemoglobina até um ponto percentual acima do limite superior do método utilizado. Acima desses valores, é sempre necessário realizar intervenção para melhorar o controle metabólico.

** : The Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detectation, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure (JNC 7). JAMA 2003; 289:2560-72.

***: Índice de Massa Corporal – IMC. É a medida mais usada na prática para saber se uma pessoa é considerada obesa ou não. Ele é calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros.


Quais são as complicações do DM?

O desenvolvimento das complicações crônicas está relacionado ao tempo de exposição à hiperglicemia.

As complicações do diabetes são divididas em dois grupos.

O primeiro deles se refere à elevação brusca da glicose no sangue, hiperglicemia. Ela pode levar o paciente a urinar excessivamente, sentir muita sede, emagrecer, desidratar e até perder a consciência, chegando ao coma diabético, mais freqüente em pessoas com DM1.

O segundo grupo de complicações são as decorrentes da glicemia aumentada e mantida durante meses ou anos, podendo levar a alterações vasculares no coração, nos olhos (retinopatia), nos rins (nefropatia) e nos nervos (neuropatia). Essas situações acontecem, principalmente, nos pacientes com o tipo 2 do diabetes.

A doença cardiovascular é a primeira causa de mortalidade nos indivíduos com DM2, a retinopatia a principal causa de cegueira adquirida, a nefropatia uma das maiores responsáveis pelo ingresso em programas de diálise e o pé diabético importante causa de amputações de membros inferiores.





Mesmo com a glicemia controlada, existem exames que devem ser feitos periodicamente pelos diabéticos?

Caso o diabetes esteja sendo bem controlado, existem exames que podem ser feitos para monitorar as complicações do diabetes e evitar sua progressão. São eles:

Dosagem de hemoglobina glicada (HbA1c): deve ser mantida sempre menor do que 7%
Exame de fundo de olho: faz a análise da retina do diabético
Dosagem da microalbuminúria: verifica a presença de pequenas quantidades de proteínas na urina que podem causar nefropatia
Aferição da pressão arterial
Lipidograma ou dosagem de colesterol
Exame dos pés: para evitar as lesões do pé diabético e amputações de membros inferiores



Perguntas que você pode fazer ao seu médico:

- O que muda na minha rotina após o diagnóstico de diabetes?
- Quais as minhas chances de ter um filho com diabetes?
- Devo usar produtos light ou diet? Qual a diferença entre eles?
- Além do açúcar, existem outros alimentos que não devo usar?
- Como aplicar corretamente a insulina?
- O diabetes implica em alguma mudança na minha vida profissional?
- O que é o cálculo de contagem de carboidratos? Posso usar isso para comer doces usando insulina de ação ultra-rápida para evitar a hiperglicemia?




Fontes:

Atualização Brasileira sobre Diabetes – 2006
Consenso Brasileiro sobre Diabetes – 2002

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