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7.28.2009

AS 25 EMPRESAS MAIS INOVADORAS

07/07/2009
Os laboratórios Cristália, Daiichi Sankyo e Prati-Donaduzzi foram selecionados pelo Fórum da FGV-Eaesp.
Nossa primeira lista anual das empresas mais inovadoras do Brasil aponta a fluminense Chemtech, especializada em engenharia e software, como a número 1 entre as 25 melhores companhias quando o assunto é capacidade para inovar. Para o júri, formado por professores do Fórum de Inovação da FGV-Eaesp, a Chemtech cumpre boa parte dos requisitos que tornam uma organização inovadora, tanto pela sua excelência tecnológica quanto por instaurar um ambiente francamente propício à criatividade. Foi esse justamente o critério que orientou as análises do Fórum de Inovação da FGV-Eaesp, que há sete anos conduz estudos a respeito dos fatores que contribuem para que uma empresa ou instituição seja permeada por um processo contínuo de inovações, tanto tecnológicas quanto organizacionais. "O que se busca com a investigação é uma visão integrada da companhia", sintetiza Marcos Vasconcellos, coordenador do Fórum. "O pressuposto é que cada um dos processos operacionais e gerenciais de uma companhia tem o seu peso e o seu papel na produção de inovações." As candidatas preencheram um extenso questionário que, no conjunto, radiografa todos os processos internos, capazes de levá-las - ou não - à condição de "organização inovadora". Para se assegurar da precisão das informações enviadas, examinadores da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) que, com o Great Place To Work (GPTW), deram apoio técnico ao levantamento proposto por iniciativa de Época NEGÓCIOS, visitaram as 35 finalistas. Cinco dimensões foram analisadas pelos especialistas, cada uma com peso diferente no cômputo final: >>> O papel da liderança na definição das estratégias e no incentivo à criatividade, decisivos para formar um modelo de negócio inovador. As organizações descrevem os mecanismos que adotam para garantir que a inovação faça parte permanente de suas estratégias.
Ganharam destaque, nesse quesito, a operadora de telefonia GVT, o laboratório Cristália, o C.E.S.A.R, instituto de tecnologia e incubadora de empresas sediado em Recife, e a Ticket, do setor de tíquetes de refeição. >>> O meio inovador interno, que estimula a iniciativa e o envolvimento das pessoas. Como a empresa age para garantir que os funcionários sintam-se com liberdade para expressar suas ideias? Como a empresa celebra as inovações bem-sucedidas? Foram destacadas, nesse quesito, a Ci&T, da área de TI, a farmacêutica Daiichi Sankyo e a IBM. >>> As pessoas que conduzem o processo de inovação. Como a empresa inspira os funcionários?
Como garantir que sua capacitação esteja alinhada com a intenção estratégica inovadora? Como a companhia demonstra reconhecimento? >>> O processo de inovação, que se inicia com a alocação de recursos e compreende as etapas de geração de ideias, desenvolvimento e implementação das inovações.
Quais as políticas da empresa em relação aos recursos para inovação? Qual a sua estratégia para o estímulo à geração de ideias e ao desenvolvimento das inovações? Foram premiadas com destaque, nessa dimensão, Bradesco, Brasilata, do setor de embalagens, a distribuidora de energia Eletronorte e a Whirlpool, fabricante de eletrodomésticos, dona das marcas Brastemp e Consul. >>> Os resultados, os ganhos financeiros gerados pelas dimensões anteriores. Evidenciam que a cultura de inovação contribui efetivamente para o sucesso da empresa. "Tão importante quanto gerar lucros, os resultados têm o papel de realimentar o processo de inovação", diz o professor Vasconcellos.
O Manual de Oslo, publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), define inovação como a implementação de um produto novo ou significativamente melhorado; um processo novo ou um novo método de marketing. O checo Joseph Schumpeter, um dos mais relevantes economistas do século 20, preferia defini-la como "o impulso fundamental que coloca e mantém em movimento a engrenagem da economia". Para o pensador americano Gary Hamel, a inovação diz menos respeito a um produto ou uma tecnologia e mais a um modelo de negócio totalmente diferente. Sam Walton, o fundador do Wal-Mart, costumava dizer que a inovação não requer um gênio criativo, mas "apenas o aproveitamento de ideias criativas, fruto do pleno conhecimento do mercado". Talvez o melhor recado sobre o tema - simples e direto - seja o do inventor Thomas Edison: "Há sempre uma forma de fazer algo melhor. Encontre-a". Fazer algo melhor não significa necessariamente dispor de abundantes recursos financeiros ou ter acesso a sofisticados centros de pesquisa e desenvolvimento de produtos. Tome como exemplo a Ampla, distribuidora de energia do Rio de Janeiro, que reduziu em 10% o gasto com iluminação em 500 residências utilizando garrafas PET e uma mistura de água e alvejante. Instaladas nos tetos, elas refletem a luz solar com a potência de uma lâmpada de 40 watts. O invento, criado por um mecânico em Minas Gerais, foi descoberto por funcionários e levado à companhia, que comprou os direitos e o ofereceu aos clientes de baixa renda. A maneira holística com que analisa as companhias possibilita ao Fórum de Inovação da FGV-Eaesp conciliar essas visões modernas das práticas de inovação - e da arte de fazer a diferença.
AS 25 MAIS INOVADORAS - em ordem alfabética:
Ampla; Avaya; Bradesco; Brasilata; Brasilprev; C.E.S.A.R.; Chemtech; CI&T; Cristália; Daiichi Sankyo; Eletronorte; Engeset; Even; GVT; IBM; JFL; Laboratórios Sabin; Lanxess; Leucotron; Prati-Donaduzzi; Predicta; Serasa; Ticket; Whirlpool; XP Investimentos.
Cristália: Trunfo da parceria - Em uma manhã fria do mês de maio, a pesquisadora Eugenia Costanzi-Strauss, da Universidade de São Paulo (SP), inicia a primeira das duas apresentações que fará naquele dia em uma casa no Alto de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo.
O conselho científico do laboratório farmacêutico Cristália ouve atentamente as palavras de Eugenia sobre novas descobertas em terapia genética, técnica de ponta para o combate ao câncer que usa vírus e genes para reprogramar células. "Estados Unidos e Europa estão avançados. Há duas drogas aprovadas na China e nas Filipinas. Mas a América Latina não existe na área", diz Eugenia. "O Brasil pode ser pioneiro". A cada dois meses, a cena se repete. Mudam o pesquisador e o tema, mas o objetivo é o mesmo: descobrir as pesquisas científicas mais promissoras do Brasil.
As apresentações complementam a busca feita por conta própria pelos 15 integrantes do conselho da Cristália. A idéia é analisada por seu potencial científico e de mercado. "Muito conhecimento parado no escuro das prateleiras dos laboratórios é usado por multinacionais em projetos fora do país", diz Ogari Pacheco, presidente do conselho diretor do Cristália. "Nós acendemos uma vela". O laboratório Cristália já recebeu mais de uma centena de projetos, dos quais 15 estão em desenvolvimento. O mais provável a despontar no mercado envolve uma droga preventiva contra ataques cardíacos. O pesquisador Kleber Franchini, da Unicamp, identificou uma substância no coração de pacientes crônicos de angina que reduz a área afetada em um infarto. Tal substância poderá ser usada como princípio ativo de um medicamento.
A farmacêutica Regina Scivoletto, presidente do conselho científico do Cristália, trouxe o achado a uma das reuniões, há cinco anos. Hoje está prestes a ser testado em humanos. Assim como Regina, outros sete membros do conselho científico não trabalham como pesquisadores do Cristália. São especialistas de diferentes áreas recrutados em cinco universidades do Rio de Janeiro, Amazonas, São Paulo e Rio Grande do Sul. A união entre cientistas e profissionais do mercado faz a ponte entre a academia e o mundo corporativo. "Ao unir as duas visões você não soma, multiplica", diz Regina.
O conselho surgiu em 2004. Essa busca por parcerias, que tornou a empresa uma das mais inovadoras do país, vai ao encontro da tendência mundial de empresas pesquisarem de forma mais colaborativa.
Atualmente, 22 centros de dez estados cooperam com os 60 pesquisadores do Cristália. "Nosso objetivo não é ser a maior empresa do mercado, mas a mais avançada", diz Pacheco.

Cristália

Sede: Itapira (SP)

Funcionários: 2.137

Área de atuação: Medicamentos

Faturamento: R$ 552,3 milhões

Por que é inovadora: Reinventou o modelo de negócios, apostando fortemente no

conceito de inovação aberta.

Daiichi Sankyo: Círculo de idéias - "A mente humana, uma vez ampliada por uma nova idéia, nunca mais volta ao seu tamanho original". A frase, cunhada pelo poeta e filósofo americano Oliver W. Holmes, é exibida em um monitor instalado na entrada do escritório do laboratório farmacêutico Daiichi Sankyo, em São Paulo.
Dois minutos depois, sai Holmes e entram Voltaire, Walt Disney, Thomas Edison e outros históricos inovadores que assinam citações sobre a importância da criatividade dentro de uma companhia.
"Aqui se respira esse ar, de inovação contínua", afirma Patrícia Yoshioka, responsável pela área de inovação e gestão do conhecimento do Daiichi Sankyo. A área de Patrícia trabalha de forma integrada a outros dois departamentos na empresa, o RH e o IH (de interações humanas). Juntos, compõem uma espécie de núcleo de inovação, responsável por criar métodos e ferramentas de trabalho para estimular a produção de idéias.
Vários processos utilizados pelo laboratório para fortalecer o conceito de inovação contínua vieram de estudos feitos em empresas e nos melhores institutos do mundo. Do MIT, por exemplo, o Daiichi importou o World Café.
Trata-se de uma reunião organizada e, pequenos grupos dispostos em mesas similares às de café. Os integrantes fazem um debate de idéias e, ao final de três rodadas de perguntas e resposta, é realizada o que a empresa chama de colheita de aprendizados. "Muitas das soluções implementadas na empresa surgem dessas reuniões", afirma Daiane Morais, responsável pela área de IH. No momento, Daiane estuda uma metodologia para medir a felicidade no ambiente de trabalho. É inspirada num conceito que a ONU ajudou a construir no Butão, o da felicidade interna bruta (FIB), índice capaz de aferir o nível de contentamento de pessoas por meio de nove dimensões relacionadas a valores culturais, sociais e até espirituais. "Pessoas de bem com a vida são mais motivadas. E motivação gera inovação", diz Daiane. Com o ambiente preparado para a inventividade, foram criados canais para acomodar o fluxo de ideias. Um dos mais utilizados é o PIQ (Programa de Inovação e Qualidade). Qualquer funcionário pode apresentar, pela internet ou por meio de formulários espalhados pela empresa, um projeto que vise à melhora de processos ou produtos. Roberto Slepetys, gerente da área de efetividade operacional, conta que no departamento de vendas a sugestão de novos projetos de automação gerou, nos últimos dois anos, uma economia de R$ 2,5 milhões.
Para disseminar a cultura de forma mais eficiente, o laboratório criou o GiiMiiPedia. Trata-se de uma enciclopédia colaborativa, nos moldes da Wikipedia, que funciona pela intranet. Ali os funcionários tomam conhecimento de tudo o que se passa na companhia. "Em nossa cultura temos o espírito de colaboração. Não há espaço para feudalismo intelectual", diz Eloi Bosio, presidente da Daiichi Sankyo do Brasil.
Esse espírito de colaboração é verificado até mesmo no processo de pesquisas para novos medicamentos, que consome US$ 1,6 bilhão ao ano. O Daiichi, mundialmente conhecido pela descoberta da primeira molécula de estatinas, é hoje um dos principais representantes do mercado de remédios para cardiologia. Seus centros de estudo para descoberta e desenvolvimento de moléculas estão nos Estados Unidos e no Japão, mas a responsabilidade pelo êxito do produto final é dividida entre as principais filiais. É o espírito de colaboração.

Daiichi Sankyo

Sede: São Paulo (SP)

Funcionários: 339

Área de atuação: Medicamentos

Faturamento: R$ 99 milhões

Por que é inovadora: Introduziu uma série de ferramentas colaborativas para

estimular a criatividade na empresa.

Prati-Donaduzzi - O Laboratório farmacêutico Prati-Donaduzzi nasceu e cresceu em Toledo, no interior do Paraná. Tem 1,9 mil funcionários e um faturamento que alcançou R$ 200 milhões. Trata-se de um laboratório genuinamente brasileiro e especializado em medicamentos genéricos. Até aí, nenhum sinal o distingue de tantos outros. Mas não é bem assim. A história de inovação do Prati-Donaduzzi está ligada à cidade onde atua. Em 1999, logo após a criação da lei dos genéricos, o laboratório, então de porte médio, sentiu que era a hora de dar uma guinada nos negócios. Em parceria com o Senai, criou o programa Gerando Emprego Inteligente cuja principal finalidade era oferecer cursos de capacitação a seus funcionários em salas de aula improvisadas na própria empresa. A equipe precisava estar afiada para os novos tempos. Mas o programa de cursos foi além e despertou o interesse da comunidade paranaense, predominantemente agrícola. Luiz e Carmen Donaduzzi, os fundadores do laboratório, tiveram a ideia de levar o projeto para fora dos portões do Prati. O resultado? Mais de mil pessoas formadas em dois anos. Os alunos transformaram-se em empreendedores, criando empresas que passaram a fornecer insumos para o laboratório. Uma delas é a CentralPack, fornecedora de embalagens. Outra é a Biocinese, especializada em estudos de bioequivalência farmacêutica. Em breve nascerá uma terceira empresa, responsável pelo fornecimento de matéria-prima. Todas criadas pela comunidade, em parceria com os Donaduzzi. De acordo com Dailson Prati, gerente financeiro do laboratório, atualmente é investido 1% do faturamento na manutenção desses programas. "É um investimento baixo, comparado aos ganhos da empresa com o aumento da produção e a qualidade de seus produtos", diz Prati. O programa da empresa gerou ainda cerca de 2 mil empregos na região de Toledo.

Prati-Donaduzzi

Sede: Toledo (PR)

Funcionários: 1,9 mil

Área de atuação: Laboratório de medicamentos

Faturamento: R$ 203,6 milhões

Por que é inovadora: Por meio do programa Gerando Emprego Inteligente, a empresa

estimula o aprendizado e desperta o espírito empreendedor da comunidade.

Fonte: Época Negócios - Colaboração de Antonio Costa

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