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7.21.2009

Síndrome do olho seco


Novas perspectivas no tratamento da síndrome do olho seco
Pesquisa pretende testar em humanos o uso de líquido amniótico como terapia para a doença.
Estimativas apontam que de 10% a 15% da população mundial sofre com a doença ocular crônica conhecida como síndrome do olho seco.
Caracterizada pela diminuição da produção da lágrima ou deficiência de seus componentes, o distúrbio no filme lacrimal e na superfície ocular pode produzir áreas secas sobre a conjuntiva e a córnea, capazes de gerar lesões.
Os sintomas são desde o ardor, irritação, sensação de areia nos olhos, até a dificuldade para ficar em lugares com ar condicionado ou em frente ao computador. Existem várias causas do olho seco: o ambiente, queimaduras químicas, medicamentos, lentes de contato, idade avançada e em mulheres após a menopausa.
Pode estar associada com doenças sistêmicas ou imunológicas como síndrome de Sjögren – em que o sistema imunológico do paciente ataca as glândulas produtoras de lágrimas e saliva – síndrome de Steven-Johnson, Parkinson entre outras. “Pacientes que tem paralisia facial e não conseguem piscar com freqüência ou a falta de higiene da margem das pálpebras, que desestabiliza a camada mais externa do filme lacrimal e faz a lágrima evaporar muito mais rápido”, explica o oftalmologista Guilherme Quinto que desenvolveu uma pesquisa junto ao Wilmer Eye Institute (Johns Hopkins University, Baltimore/EUA) sobre os efeitos do líquido amniótico e soro humano como terapia para síndrome do olho seco. A proposta é buscar opções mais expressivas para tratar o problema.
Tratamentos - “Casos avançados da síndrome podem causar cegueira. A maior parte, 80% das vezes, resolvemos com lágrima artificial (colírio lubrificante)”, comenta o oftalmologista. Este tratamento é o convencional, seguido da oclusão dos pontos lacrimais que possibilita que a lágrima fique nos olhos por mais tempo e não escoem para o nariz.
De acordo com Quinto, existem também drogas promissoras, antiinflamatórias. “Sua utilização é crônica e o efeito é sentido em seis semanas”. Outra alternativa é a terapia com soro autólogo, proveniente do sangue do paciente, que é centrifugado, separado e empregado sob forma de colírio.
A pesquisa do oftalmologista iniciou em 2007 e analisou os resultados no tratamento da síndrome com o soro humano e com a nova prática, o uso de líquido amniótico humano. “Percebeu-se que quando eram feitas cirurgias intra-uterinas, mais próximas da data do nascimento, as crianças nasciam sem cicatrizes na pele”, diz. Segundo ele, a membrana amniótica, por apresentar propriedades antiinflamatórias e regenerativas, tem sido aplicada em queimaduras oculares e doenças que causam inflamação nos olhos.
Os problemas são diminuídos e as chances do paciente não perder completamente a visão são grandes. “A partir disso surgiu a ideia de usar de forma tópica”, comenta.
A pesquisa foi testada primeiramente em camundongos e o próximo passo do médico é avançar as pesquisas em humanos, aplicação inédita no Brasil, que será desenvolvida durante seu curso de pós-graduação em nível doutorado na Universidade de São Paulo (Unifesp).
A proposta do pesquisador é buscar novas soluções no tratamento tão comum em vários países do mundo, mas ele ressalta que o mais importante é prevenir, nos casos possíveis, cuidando da higiene dos olhos.
Perfil do oftalmologista Guilherme Quinto - Guilherme Quinto participou, na condição de membro associado, do encontro anual da Association for Research in Vision and Ophthalmology (Arvo), em Fort Lauderdale (Florida/EUA), no período de 02 a 07 de maio do corrente ano, cujo tema principal foi “Reduzindo Disparidades na Doença e Tratamento dos Olhos”. A ARVO (www.arvo.org) é uma comunidade de mais de 12.000 pesquisadores da visão e da oftalmologia do mundo inteiro que tem como propósito ajudar na cura e prevenção da cegueira através da pesquisa, treinamento, publicação e conhecimento compartilhado.
Participou, pelo segundo ano consecutivo através do Wilmer Eye Institute (Johns Hopkins University, Baltimore/EUA), com seis contribuições que abordaram os seguintes temas: Efeitos do líquido amniótico humano e soro humano como terapia para síndrome do olho seco; Substituição da sutura por cola sintética na incisão de cirurgia de catarata; Diferentes configurações de incisões corneanas para cirurgia de catarata; Utilização de riboflavina e raios ultra-violeta A (CxL).
Oftalmologista certificado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), fez sua especialização na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (2004-2007). No período de 2007 a 2008 participou de um Research Fellowship na Johns Hopkins University, Wilmer Eye Institute, Baltimore/EUA, onde desenvolveu diversos trabalhos, inclusive em associação com especialistas da Universidade do Sul da Califórnia (USC), Los Angeles (Califórnia/EUA), e também com profissionais da Universidade da Carolina do Norte (UNC/North Carolina/EUA).
Suas pulicações mais recentes em jornais indexados Medline e LILACS como Current Opinion of Ophthalmology, Cochrane Database of Systematic Reviews, Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, Conf Proc IEEE Eng Med Biol Soc, Revista Brasileira de Oftalmologia, abrangem os temas de síndrome do olho seco após cirurgia refrativa, lise de sutura de córnea com laser diodo vermelho, soro autólogo para doenças de superfície ocular, líquido amniótico para doenças da superfície ocular, mitomicina C para prevenção de haze em ablação de superfície para miopia moderada a alta, indicações de ceratoplastia penetrante, entre outros.
Membro da American Academy of Ophthalmology (AAO, www.aao.org), que contempla mais de 27.000 membros pelo mundo inteiro, sendo o maior congresso de oftalmologia do mundo realizado anualmente. Em 2008, no encontro realizado em Atlanta, a comissão científico lhe conferiu o prêmio de melhor pôster da sessão de catarata com o trabalho entitulado de A New Reabsorbable Sealant for Ocular Use.
Ingressou recentemente na pós-graduação em nível doutorado pela Universidade de São Paulo (Unifesp).
Atualmente é membro do Corpo Clínico do Hospital Mãe de Deus e do Hospital Banco de Olhos de Porto Alegre. Atua no Serviço de Oftalmologia do Mãe de Deus Center.
Áreas de interesse: Doenças de córnea e segmento anterior; cross-linking para doenças da córnea; transplante de córnea; cirurgia de catarata e cirurgia refrativa (miopia e astigmatismo com laser).


O que é olho seco?

A Síndrome do Olho Seco é um dos problemas mais comuns tratados por oftalmologistas.

Olho seco é um termo usado para descrever um grupo de diferentes doenças e condições que resultam da umidade e lubrificação inadequada do olho.

É causada, geralmente, pela má qualidade da película que lubrifica os olhos. Apesar de milhões de pessoas sofrerem de olho seco, normalmente é difícil de ser diagnosticado por ser facilmente confundido com outras condições, como infecções ou alergias oculares.
Qual a função das lágrimas?O filme lacrimal é composto de 3 camadas.

A camada mais externa, ou lipídica previne a evaporação. A camada do meio, chamada de aquosa, é responsável pela nutrição e oxigenação da córnea e a camada de mucina que umidifica o epitélio corneano. Além de lubrificar os olhos, as lágrimas são produzidas também como uma resposta reflexa aos estímulos exteriores (ferimento, emoção, etc.).
O que causa o olho seco?O ambiente. Clima seco, com vento e ensolarado, fumaça de cigarro, a poluição, lugares fechados, calefação, ar condicionado e monitores de computador podem aumentar a evaporação e causar olho seco.Medicamentos. Descongestionantes e antihistamínicos, tranqüilizantes, antidepressivos e pílulas para dormir, diuréticos, pílulas anticoncepcionais, alguns anestésicos, medicamentos para tratamento da hipertensão arterial (betabloqueadores) e para transtornos digestivos (anticolinérgico).Doenças Sistêmicas. Artrite, lúpus, sarcoidose, Síndrome de Sjögren, alergias e doenças da pele e Parkinson.Lentes de Contato. O uso pode agravar ou provocar o olho seco.Idade. Como regra geral, com a idade a produção de lágrimas diminui. Aos 65 anos, por exemplo, se produz 60% menos lágrimas que aos 18 anos. As mulheres freqüentemente têm problemas de olhos secos quando estão na menopausa por causa das mudanças hormonais.

Sintomas:

Coceira-

Queimação-

Irritação

Olhos vermelhos

Visão borrada que melhora com o pisar

Lacrimejamento excessivo

Desconforto após ver televisão, ler ou trabalhar em computador


Como diagnosticar?

Há diversos métodos para diagnosticar olhos secos. O oftalmologista deve medir a produção, a taxa de evaporação e a qualidade das lágrimas, com testes específicos.O teste de Shirmer é o mais utilizado para o diagnóstico de olho seco. O teste consiste na colocação de uma tira de papel de filtro de 35x5mm, com os primeiros 5mm dobrados no fundo de saco conjuntival inferior. Após 5 minutos, mede-se a quantidade deumedecimento da tira de papel. Valores superiores a 15mm são considerados normais.

Tratamento
O tratamento é essencialmente sintomático. São 3 estágios de tratamento para o olho seco: - Substituição da lágrima-
Estimulação da produção da lágrima-
Conservação da lágrimaSubstituição da lágrima: lágrimas artificiais. Existem as viscosas para quadros mais secos e as aquosas.
Conservação da lágrima: a oclusão dos pontos lacrimais pode ser feita com plugs provisórios ou permanentes de silicone dentro dos ductos lacrimais. Os plugs podem ser introduzidos no olho manualmente pelo médico sem que o paciente sinta dores.
Estimulação da produção de lágrimas: alguns estudos estão sendo realizados para avaliar a importância da chamada "dieta no tratamento do olho seco".

A dieta consiste na maior ingestão do ácido graxo essencial Ômega 3. A dieta deve ser rica em vitamina E, vitamina A e suplementos com Ômega 3 (nozes, sementes de linhaça e verduras), e também evitar carboidratos, gorduras e carne de vaca.


Você sofre de olho seco?

Faça este simples e novo TESTE DE OLHO SECO para descobrir.

Você já teve alguns dos sintomas oculares abaixo?• Sensação de queimação• Sensação de ardência•
Coceira ou sensação de corpo estranho e areia nos olhos• Riscamento• Fotofobia• Sensação de mucos nos olhos (purulência)
Se você respondeu SIM para um ou mais dos sintomas acima, você pode ter olho seco. É importante conversar com seu oftalmologista sobre opções para tratamento do olho seco.


Perguntas & Respostas

Paciente com olho seco pode usar lentes de contato?

O paciente pode usar lentes de contato, mas deve evitar as lentes de alta hidratação, ou seja, as que retiram muco. É importante a utilização de lubrificantes próprios para uso de lentes de contato.

Deve-se ter cuidado quanto à limpeza, desproteinização e troca das lentes, além de evitar dormir com as lentes. A visita ao oftalmologista deve ser mais freqüente.

Como trabalhar no computador?
Para não ter sintomas ao utilizar o computador ou dedicar-se à leitura por tempo prolongado é necessário piscar.
Se o paciente acostumar-se a piscar enquanto trabalha, sentir-se-á melhor. Outra alternativa é posicionar o monitor numa posição abaixo do nível dos olhos e ter sempre uma vasilha com água próxima ao computador para umidificar o ambiente.

Paciente com olho seco pode ser submetido à cirurgia refrativa (miopia, astigmatismo, hipermetropia)?As cirurgias refrativas utilizadas atualmente induzem a um olho seco temporário.
A indicação da cirurgia para o paciente com olho seco prévio vai depender da intensidade do quadro, do tratamento que está sendo realizado e principalmente da causa do olho seco.
Se a causa de olho seco é Síndrome de Sjögren, seja primária ou secundária, a cirurgia está contra-indicada.
Caso seja um processo ocular já curado, desde que o quadro esteja controlado com instilação de colírios, a cirurgia poderá ser realizada com cuidados.
Paciente com olho seco pode ser submetido a transplante de córnea?A lágrima é muito importante para a córnea permanecer normal.
Ela é necessária para a córnea assim como a água é necessária para uma planta. Assim, sem água, é inútil plantar. Se o paciente apresenta olho seco severo, sem controle com todas as medidas, o transplante de córnea está contra indicado. Devemos lembrar que a medicina evolui a cada dia.
É melhor ter o olho como "reserva" até se descobrir um tratamento melhor, do que perder com tentativas que já sabemos que são ineficientes.
Fonte: Dr. Queiroz Neto

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