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10.30.2009

Pronto! Diagnóstico firmado: estou com Diabetes e agora?

Diabetes: controle através de exames periódicos

O melhor caminho é entender a doença para aprender a manejá-la corretamente visando uma boa qualidade de vida e o controle das complicações.

É importante entender que o controle da Diabetes vai depender do bom conhecimento sobre a doença, o que vai permitir um bom controle da glicemia, do uso correto da medicação, da realização e boa interpretação dos exames, da adoção de uma dieta adequada e da realização de atividade física. Aliás, todos nós deveríamos perseguir esses objetivos, apresentando ou não Diabetes, pois este é o caminho na busca da prevenção das doenças e da longevidade com saúde.

As pessoas portadoras de Diabetes necessitam realizar exames periódicos, pois podem se sentir bem mesmo com altas taxas de açúcar no sangue.

É importante entender porque esses exames são feitos e como interpretá-los corretamente para que se possa corrigir a glicemia através dos medicamentos, da dieta e dos exercícios.

São eles:

Glicemia de Jejum
Este exame será solicitado pelo seu médico pelo menos de 3/3 ou 4/4 ou até de 6/6 meses por ocasião das consultas e de como se apresentar o quadro da doença.

Consiste na coleta de uma amostra de sangue após jejum de 8 horas. O diabético não deve fazer jejum maior que 8 horas e, quando for fazer o exame não tome insulina se for insulino-dependente ou a medicação antidiabetogênica, pois como ficará em jejum, e o risco de hipoglicemia é grande. Deixe para tomar a medicação após realizar o exame e puder alimentar-se.

Quando chegar ao local de coleta de exame, avise que é portador de Diabetes para que possa ser atendido com maior rapidez, reduzindo o risco de hipoglicemia.

O objetivo a ser alcançado é uma glicemia abaixo de 180 mg%. Glicemias acima de 180 mg% indicam mau controle do Diabetes e possibilidade de ocorrência de glicosúria (presença de glicose na urina) e de cetonúria (presença de corpos cetônicos na urina).

Hemoglobina Glicosilada:
sabemos que a hemoglobina é uma célula encontrada no sangue; sabemos que a vida média da hemoglobina no sangue é de 3 meses; sabemos também que quanto mais a hemoglobina for exposta a maiores quantidades de glicose, maior quantidade de Hemoglobina Glicosilada será formada. Então, a Hemoglobina Glicosilada mede a média de glicose sanguínea em 3 meses, tornando-se um marcador do controle da glicemia e um preditor das complicações da doença microvascular.

Pessoas sem Diabetes apresentam Hemoglobina Glicosilada abaixo de 6%.

O esquema abaixo faz a correlação do nível de Hemoglobina Glicosilada com o nível de glicose no sangue:

4%=50

5%==80

6%===115

7%=====150

8%=======180

9%=========210

10%==========245

11%============280

12%==============310

13%================345

14%====================360


Assim, para considerarmos um bom controle, os resultados de Hemoglobina Glicosilada devem estar abaixo de 7%, o que corresponde a uma média de Glicemia de Jejum de 150 mg% em 3 meses. Portanto, se a pessoa apresenta Hemoglobina Glicosilada em 10%, sua média de Glicemia de Jejum durante 3 meses será de 245 mg% e ela estará correndo maior risco de desenvolver complicações.

Não há porque realizar o teste de Hemoglobina Glicosilada com maior freqüência que 3 meses, pois não haverá modificação nos resultado.

Teste de Glicemia Capilar:
É o teste feito com uma gota de sangue colhida no dedo. Ele serve para a monitorização dos níveis de açúcar no sangue e controle da dose de insulina.

Pacientes bem controlados podem medir sua glicemia duas a três vezes por semana, antes das refeições em alguns dias e pós-refeições em outros dias. Pacientes diabéticos instáveis, grávidas, ou com infecção ou stress grave, deverão medir com maior freqüência, como antes e duas horas após as refeições, antes de deitar e, às vezes, de madrugada.

Por exemplo, se a pessoa faz uso de insulina NPH 30 unidades às 7 horas da manhã e 10 unidades às 22 horas da noite e quer saber se o controle está sendo bem realizado, deverá fazer uma glicemia capilar às 15 horas em um dia da semana, pois esta vai medir como está a glicemia 8 horas após a 1ª dose de insulina e vai dizer se esta dose foi suficiente ou se a ingestão de carboidratos foi muito adequada. A mesma coisa deverá ser feita em outro dia para checar a dose noturna de insulina. Se ela foi feita ás 22 horas, uma medida às 6 horas da manhã (8 horas depois) do dia seguinte vai conferir a dose de insulina, a quantidade de carboidratos ingeridos no jantar e a intensidade dos exercícios realizados durante o dia.

É importante ter uma memória dessas medições, assim, um caderno com as anotações do horário e da dose de insulina, do que foi ingerido na refeição anterior e do exercício realizado se faz necessário para que se possa analisar, manter o que está certo e corrigir eventuais erros e, também para que se possa discutir com o médico as dúvidas que surgirem.

Os valores normais de glicemia são:
Em jejum — até 110mg%.
Duas horas após as refeições — até 160mg%, idealmente até 140mg%.
Como já foi dito, Glicemias acima de 180 mg% indicam mau controle da Diabetes.
Outros exames importantes são:

Glicosúria:
Mede o teor de glicose urinária. Como já foi dito, a presença de glicose na urina significa que a glicose no sangue está em pelo menos 180 mg% (se não estiver maior), o que indica mau controle da glicemia e risco de desenvolvimento de complicações. Este exame será feito através de diferentes tipos de fitas que em contato com a urina vão indicar se o exame é positivo (glicose presente na urina) ou negativo.

Cetonúria:
Mede a quantidade de corpos cetônicos na urina.

Cetonas podem aparecer na urina, quando se tem aumento importante da glicose sangüínea (geralmente maior que 250mg% ou glicosúria maior que três cruzes), jejum prolongado ou hipoglicemia. Quando isso acontece, o corpo começa a utilizar as gorduras como fonte de energia, pois não consegue utilizar a glicose. Quando a gordura é quebrada os corpos cetônicos são produzidos, caem na corrente sanguínea e de lá vão para os rins, aparecendo na urina.

Quando houver HIPERGLICEMIA COM CETOSE (diabetes descompensado) temos glicosúria positiva e cetonúria positiva, além dos sinais de descontrole do diabetes.

Na HIPOGLICEMIA, a glicosúria é negativa e a cetonúria pode ser negativa ou positiva, estando presentes também, os sintomas de queda de açúcar.

Portanto quando você tiver:

Glicosúria positiva + Cetonúria positiva = falta insulina.
Glicosúria negativa + Cetonúria positiva = falta alimentação.

A cetona na urina (cetonúria) demora mais para desaparecer que a glicosúria, mesmo quando se faz o tratamento correto.

É muito importante checar se corpos cetônicos estão sendo produzidos, quando a glicemia estiver acima de 300 em duas medidas seguidas ou quando a pessoa apresentar algum mal estar.

Se isso acontecer hidrate-se (beba bastante líquido sem açúcar) e procure seu médico imediatamente!

Bibliografia:

Consenso Brasileiro de Diabetes, Ministério da Saúde;
Diabetes Care Manual, McNeely Pediatrics Diabetes Center;
Diabetes, o que fazer em situações especiais, Dr Walter José Minicucci.

Diabetes: orientações para quem usa insulina
A insulina é um hormônio fabricado naturalmente por algumas células localizadas no pâncreas. Pessoas portadoras de Diabetes que necessitam utilizar insulina, o fazem porque seu organismo não a produz ou produz em quantidade insuficiente, necessitando de complementação diária.

A insulina é um MEDICAMENTO!!!

Surgiu para salvar vidas. Antes de sua descoberta, as pessoas afetadas pela diabetes morriam à mingua, sem que se pudesse fazer nada por elas.

Como todo medicamento, a insulina só deve ser utilizada quando prescrita por um médico.

O uso da insulina não cura o Diabetes, pois essa é uma doença crônica, onde a cura ainda não foi descoberta. Assim, ela deve ser administrada todos os dias, às vezes, mais de uma vez ao dia. Sua ação é de redução dos níveis de glicose do sangue, protegendo a pessoa das complicações da doença.

Existem vários tipos de insulina. As mais usadas atualmente são as insulinas humanas tipo NPH, de ação mais lenta e a regular de ação rápida, utilizada para correção da glicemia elevada.

A concentração das insulinas no Brasil vem em U-100, isto é, para cada 1ml correspondem 100 unidades de insulina. Elas se apresentam em frascos de 10 ml, logo, contendo 1000 unidades para utilização em seringas.

Os frascos fechados de insulina devem ser armazenados em geladeira entre 2º a 8ºC, fora da embalagem térmica ou de isopor, longe do congelador, de preferência na gaveta ou próximo a ela, longe da porta também, pois lá não temos como manter uma temperatura adequada.

Uma vez congelada, a insulina perde suas propriedades de tratamento, podendo ser desprezada.

Se a insulina não puder ser guardada em geladeira, procure um lugar fresco, limpo e que não pegue sol diretamente para armazená-la. Ela pode ser mantida em temperatura ambiente, entre 15º e 30ºC.

Uma vez aberto o frasco de insulina, ele deverá ser utilizado no período de 30 dias, por isso, para seu controle, marque a data de abertura no frasco.

Evite transportar o frasco de insulina quando a temperatura ambiente estiver acima de 40ºC e use sempre uma caixa de isopor ou bolsa térmica. Se o transporte for de longa distância, além da embalagem térmica, utilize gelo reciclável separado do frasco de insulina por isolante para evitar seu congelamento. Nunca utiliza gelo seco.

Para a aplicação da insulina:
Inicialmente, lave suas mãos cuidadosamente;
Retire o frasco de insulina da geladeira de 10 a 20 minutos antes, pois a insulina gelada causa dor e irritação após a aplicação;
Separe todo o material que irá utilizar: seringa, agulhas, algodão e álcool 70%;
Gire o frasco de insulina leitosa (NPH) com movimentos suaves das mãos, sem agitar, pois o excesso de agitação também torna a substância inútil. Ela não deve espumar;
A insulina transparente (Regular) não necessita de homogeneização prévia;
Promova a desinfecção da tampa emborrachada do frasco de insulina com algodão embebido em álcool 70%;
Pegue a seringa de insulina e puxe o êmbolo até a graduação correspondente à dose prescrita, tomando o cuidado de não tocar na parte interna do êmbolo;
Retire o protetor da agulha e injete o ar dentro do frasco até o final. A introdução de ar no frasco facilita a aspiração e ajuda na retirada correta da dose de insulina;
Sem retirar a seringa vire o frasco de cabeça para baixo e puxe o êmbolo até a dose prescrita. Se bolhas de ar aparecerem, dê pequenos golpes na seringa com as pontas dos dedos. Quando as bolhas saírem confira se a quantidade de insulina aspirada é a prescrita e, se necessário, corrija;
Retire a seringa com a agulha do frasco e proteja-as, preparando-se para a aplicação.
Locais de aplicação de insulina:
Regiões lateral direita e esquerda do abdome, de 4 a 6 cm distante da cicatriz umbilical, face anterior e lateral externa da coxa, face posterior do braço e quadrante superior lateral externo das nádegas, como na figura:


Fonte: Diabetes Care Manual, from MacNeely Pediatric Diabetes Center


É muito importante fazer o rodízio do local de aplicação visando a melhor absorção da insulina e a prevenção de complicações como a lipodistrofia.

Deve-se organizar as aplicações por região escolhida, explorando uma determinada área até que se esgote as possibilidades de aplicação, respeitando-se o intervalo de 2 cm entre aplicações em um mesmo local.

A aplicação feita no abdome é a de maior velocidade de absorção, seguida dos braços, coxas e nádegas.

Não é aconselhável realizar a aplicação de insulina logo após a prática esportiva, pois o fluxo sanguíneo está aumentado, o que aumenta a velocidade de absorção.

Técnica de aplicação de insulina:
Com as mãos limpas e a insulina já preparada, limpe o local escolhido para aplicação com algodão;
Faça uma prega cutânea na pele do local escolhido e introduza a agulha em ângulo de 90 graus soltando a prega logo após;
Injete a insulina delicadamente e retire a agulha da pele.
O descarte da seringa e agulha não deve ser feito no lixo normal, pois pode machucar quem recolhe e manipula o lixo.

Arrume uma garrafa plástica usada (a melhor é a de água sanitária) e vá descartando ali suas agulhas e seringas. Quando a garrafa estiver cheia, tampe-a e leve ao posto de saúde mais próximo de sua casa para que eles possam descartar no local apropriado.

Seringas e agulhas descartáveis de insulina podem ser reutilizadas em nível doméstico, desde que guardados alguns cuidados como a higiene das mãos e a proteção da agulha com sua capa própria.

Cuidado para não se machucar na hora de re-encapar a agulha. Se você estiver fazendo a insulina em alguém, peça para a própria pessoa re-encapar a agulha.

O Ministério da Saúde considera possível a reutilização das seringas pela mesma pessoa até oito aplicações em ambiente doméstico. Em caso de hospitais, unidades e postos de saúde exija sempre uso único de seringas e agulhas.

Em casa, as seringas e agulhas podem ser guardadas em local limpo á temperatura ambiente ou junto com a insulina na geladeira.

Na reutilização da agulha, não é necessária a limpeza com álcool, pois este retira a camada de silicone da agulha, o que torna a aplicação mais dolorosa.

Para quem usa canetas para aplicar insulina:
Prepare a insulina e os materiais como já descrito acima;
Retirar a tampa da caneta;
Separe a caneta em duas partes (corpo e parte mecânica);
Gire o parafuso interno até ficar completamente dentro da parte mecânica;
Acomode o refil de insulina no corpo da caneta;
Recoloque a parte mecânica ao corpo da caneta;
Conecte a agulha na caneta;
Selecione 2 unidades e pressione completamente o botão injetor. Repita a operação até o aparecimento de uma gota de insulina na ponta da agulha;
Selecione o número de unidades de insulina necessárias;
Introduza a agulha no subcutâneo;
Pressione o botão injetor;
Após a administração, aguarde 5 segundos antes de retirar a agulha;
Retire a agulha e pressione o local por mais 5 segundos;
Retire e descarte a agulha utilizada;
Recoloque a tampa da caneta;
Guarde a caneta em uso em temperatura ambiente (nunca poderá ser guardada no refrigerador)
Abaixo você assiste a um filme de aproximadamente 14 minutos sobre a aplicação de insulina, apresentado pelo Dr. Walter Minicucci.


http://www.youtube.com/watch?v=YBS_B9I8W54

Bibliografia:

Grossi SAA. Tratamento insulinoterápico da pessoa com diabetes mellitus. In: Duarte YAO, Diogo MJD. Atendimento domiciliar: um enfoque gerontológico. São Paulo, Atheneu, 2000. cap.24.2, p.336-47.

Diabetes sem mistério: conforto e segurança na aplicação de insulina. Centro BD de Educação em Diabetes, s./d.

American Diabetes Association. Insulin administration. Diabetes Care, 2004, 27: s106-107,. Supplement 1.

UK Prospective Diabetes Study (UKPDS) Group: Intensive blood-glucose control with sulphonylureas or insulin compared with convencional treatment and risk of complications in patients with type 2 diabetes (UKPDS 33). Lancet, v. 351, p.837-853, 1998.
Ferreira, SRG. Análise crítica do uso de canetas injetoras de insulina ,Aventis Pharma, 2001.

13. OLIVEIRA, MC. Escolha a seringa e a agulha BD Ultra-Fine adequadas ao seu tratamento com insulina. BD Bom Dia, São Paulo, n.76, p.8-9, Dez.2006.

Fonte: "orientaçõesmedicas"

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