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10.01.2009

Própolis contra queimaduras

A própolis é conhecida por ser um antibiótico natural e ter diversos efeitos terapêuticos. A novidade é que o material coletado pelas abelhas para a defesa da colméia também é eficaz no tratamento de queimaduras. A descoberta foi de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), que desenvolveram um medicamento à base de própolis capaz de auxiliar na cicatrização desses ferimentos.

Coletada por abelhas em plantas e usada na proteção da colméia, a própolis é composta basicamente de ceras e resinas. A substância já é usada em diversos produtos terapêuticos para fins bactericidas, anestésicos, antiinflamatórios e cicatrizantes.

“Após uma revisão da literatura científica, descobrimos que um médico em Cuba aplicava própolis de forma artesanal em queimaduras e ferimentos que surgem em pacientes que ficam muito tempo deitados”, afirma a farmacêutica Andresa Berretta, que desenvolveu o estudo em sua tese de doutorado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, sob orientação da professora Juliana Marchetti. “Mas ainda não havia um medicamento farmacêutico à base de própolis.”

Segundo Berretta, o produto, um líquido frio que se transforma em gel no contato com a pele, tem uma série de vantagens em relação ao tratamento usual de queimaduras nos hospitais, geralmente feito com pomadas à base de sulfadiazina de prata e nitrofurazona. “Além do fato de ser um produto natural, ele é um líquido mantido frio, o que já proporciona sensação de analgesia ao paciente na aplicação”, destaca.

A pesquisadora explica que o líquido se transforma em gel ao entrar em contato com a pele porque ela tem temperatura mais alta. “A composição em gel faz com que o produto permaneça mais tempo no local afetado, o que reduz o número de aplicações necessárias para completar o tratamento, além de tornar fácil a sua remoção”, acrescenta.

Resultados promissores
Em uma primeira etapa, o produto foi aplicado com sucesso em lesões de ratos. Depois, foi testado em pacientes da Unidade de Queimados do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, sob a co-orientação do cirurgião plástico Werther G. Marchesan. “Nosso medicamento apresentou resultado semelhante ao de produtos sintéticos usados no tratamento de queimaduras”, conta Berretta.

A pesquisadora optou por testar o medicamento no local da pele de onde é retirado o enxerto para a queimadura, área chamada de doadora. “Em casos mais graves, quando é necessário fazer enxertos, essa é uma região da pele que simula uma queimadura de segundo grau e também tem que se regenerar”, explica. “Além disso, essa área apresenta a mesma profundidade em toda a sua extensão, o que facilita o acompanhamento dos resultados.”

Berretta conta que foi necessário padronizar a composição química do produto para garantir que fosse usada a mesma quantidade de princípios ativos em todos os testes. “As concentrações das substâncias presentes na própolis mudam de região para região”, justifica.

A próxima etapa da pesquisa será disponibilizar a formulação do medicamento para uso doméstico em pequenas queimaduras. “O nosso extrato de própolis já foi patenteado. Em breve, o veremos no mercado”, prevê.

Fonte: Ciência Hoje On-line

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