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11.17.2009

Distúrbio dos Rins e do Trato Urinário: Procedimentos Diagnósticos



Normalmente, uma pessoa possui dois rins. Cada rim possui um ureter, que drena a urina da área coletora central do rim (pelve renal) para a bexiga. Da bexiga, a urina drena através da uretra e é eliminada do organismo (através do pênis nos homens e da vulva nas mulheres).

A função básica dos rins é filtrar os produtos da degradação metabólica e o excesso de sódio e de água do sangue e auxiliar na sua eliminação do organismo. Os rins também ajudam a regular a pressão arterial e a produção de eritrócitos (glóbulos vermelhos).

Cada rim contém cerca de um milhão de unidades filtradoras (néfrons). O néfron é constituído por uma estrutura redonda e oca (cápsula de Bowman), que contém uma rede de vasos sangüíneos (glomérulo). O conjunto dessas duas estruturas é denominado corpúsculo renal.

O sangue entra no glomérulo com uma alta pressão. Muito da porção líquida do sangue é filtrado por pequenos poros das paredes dos vasos sangüíneos do glomérulo e da camada interna da cápsula de Bowman, deixando para trás células sangüíneas e a maioria das moléculas grandes (p.ex., proteínas). O líquido filtrado e transparente (filtrado) penetra no espaço de Bowman (área localizada entre as camadas interna e externa da cápsula de Bowman) e passa para o interior do tubo que sai da mesma. Na primeira parte do tubo (túbulo contornado proximal), a maior parte do sódio, da água, da glicose e de outras substâncias filtradas é reabsorvida e, em última instância, retorna ao sangue. O rim também consome energia para mobilizar algunas moléculas grandes, incluindo drogas como a penicilina (mas não as proteínas), para o interior do túbulo. Mesmo sendo grandes para passar através dos poros do filtro glomerular, essas moléculas são excretadas na urina. A parte seguinte do néfron é a alça de Henle. À medida que o líquido passa pela alça de Henle, o sódio e vários outros eletrólitos são bombeados para o interior do rim e o restante torna-se cada vez mais diluído. O líquido diluído avança até a próxima parte do néfron (túbulo contornado distal), onde mais sódio é bombeado para fora, sendo trocado por potássio.

O líquido de vários néfrons passa para o interior de um ducto coletor. Nos ductos coletores,o líquido pode continuar através do rim como urina diluída ou a água pode ser absorvida da urina e retornada ao sangue, tornando a urina mais concentrada. Os hormônios que afetam a função renal controlam a concentração da urina de acordo com a sua necessidade de água.

A urina formada nos rins flui através dos ureteres até a bexiga, mas ela não flui passivamente como a água através de um cano. Os ureteres são tubos musculares que empurram cada pequena quantidade de urina através de ondas de contração. Na bexiga, o ureter passa através de um esfíncter, uma estrutura muscular circular que se abre e permite a passagem da urina e, em seguida, fecha hermeticamente, como o diafragma de uma câmera fotográfica.

À medida que a urina chega regularmente de cada ureter, ela vai se acumulando na bexiga. A bexiga, que é expansível, aumenta gradualmente de tamanho para acomodar o volume crescente de urina. Quando a bexiga finalmente enche, estímulos nervosos são enviados ao cérebro, transmitindo a necessidade de urinar.

Durante a micção, ocorre a abertura de um outro esfíncter, localizado entre a bexiga e a uretra (na saída da bexiga), permitindo que a urina flua. Simultaneamente, a parede da bexiga contrai, criando uma pressão que força a urina a fluir através da uretra. A contração dos músculos da parede abdominal aumenta essa pressão. Os esfíncteres, através dos quais os ureteres entram na bexiga, permanecem hermeticamente fechados, evitando o refluxo da urina para o interior dos ureteres.

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Sintomas de Distúrbios dos Rins e Trato Urinário
Os sintomas causados por distúrbios dos rins e do trato urinário variam de acordo com o tipo do distúrbio e com a parte do sistema afetada.

A febre e a sensação de malestar generalizado são sintomas comuns, apesar de uma cistite (infecção da bexiga) geralmente não causar febre. Normalmente, a pielonefrite (infecção bacteriana do rim) causa febre alta. Ocasionalmente, o câncer de rim causa febre.

Quase todas as pessoas urinam cerca de quatro a seis vezes por dia, principalmente durante o dia. A micção freqüente sem aumento da quantidade diária total de urina é um sintoma de infecção da bexiga ou de algo que está causando irritação como, por exemplo, um corpo estranho, um cálculo ou um tumor. Um tumor ou qualquer outra massa que comprima a bexiga também pode causar micção freqüente. A irritação da bexiga pode causar dor à micção (disúria) e uma necessidade premente de urinar (urgência miccional), a qual pode ser sentida como um esforço doloroso e quase constante (tenesmo). Geralmente, a quantidade de urina é pequena, mas o indivíduo pode perder o controle da bexiga se ele não urinar imediatamente.

A micção freqüente durante a noite (noctúria) pode ocorrer nos estágios iniciais de uma nefropatia (doença renal), embora a causa possa ser simplesmente a ingestão de uma grande quantidade de líquido, sobretudo de bebidas alcoólicas, café ou chá, no final da noite. Uma pessoa pode apresentar necessidade de urinar freqüentemente à noite devido aos rins não conseguirem concentrar bem a urina. A micção noturna freqüente também é comum em pessoas com insuficiência cardíaca, insuficiência hepática ou diabetes, apesar delas não apresentarem uma doença do trato urinário. Uma pessoa pode apresentar micção noturna freqüente de quantidades muito pequenas quando a urina reflui para a bexiga devido a uma obstrução da via de saída. O aumento de volume da próstata é a causa mais comum em homens idosos.

A enurese (urinar na cama) é normal durante os dois ou três primeiros anos de vida. Após esse período, a enurese pode indicar a existência de um problema como, por exemplo, um retardo na maturação da musculatura e dos nervos do trato urinário inferior, uma infecção, uma estenose (estreitamento) uretral ou um controle inadequado dos nervos da bexiga (bexiga neurogênica). O problema é freqüentemente genético e, ocasionalmente, ele é de natureza psicológica.

Os sintomas mais freqüentes de uma obstrução da uretra são o início hesitante da micção, a necessidade de esforço para urinar, o jato de urina fraco e irregular e o gotejamento no final da micção. Nos homens, esses sintomas são mais comumente causados por um aumento do volume da próstata e, menos freqüentemente, por uma estenose da uretra. Sintomas semelhantes em um menino podem indicar uma estenose uretral congênita ou uma uretra com um orifício externo anormalmente estreito. Este orifício também pode ser anormalmente estreito em mulheres.

Vários problemas podem causar uma perda incontrolável de urina (incontinência urinária). A urina pode escapar quando uma mulher com cistocele (herniação da bexiga para o interior da vagina) tosse, ri, corre ou levanta peso. A cistocele é geralmente causada pela distensão e pelo enfraquecimento dos músculos pélvicos durante o trabalho de parto ou por alterações decorrentes da diminuição do nível de estrogênio, após a menopausa. A obstrução da saída da urina da bexiga pode causar incontinência sempre que a pressão interna da bexiga exceder a força da obstrução, embora, nessa situação, a bexiga não esvazie completamente.

Geralmente, a eliminação de ar na urina, um sintoma raro, indica uma conexão anormal (fístula) entre o trato urinário e o intestino. A fístula pode ser complicação de uma diverti-culite, de outros tipos de inflamação intestinal, de um abcesso ou de um câncer. Uma fístula entre a bexiga e a vagina também pode causar o escape de gás (ar) para a urina. Raramente, as bactérias presentes na urina podem produzir gás.

Normalmente, os adultos eliminam cerca de 500 ml até aproximadamente 2 l de urina por dia. Muitas formas de nefropatia comprometem a capacidade dos rins de concentrar a urina. Neste caso, a excreção diária de urina pode ser superior a 2,5 l. Normalmente, as quantidades muito grandes de urina são uma resposta à alta concentração de glicose (açúcar) no sangue, a uma diminuição da concentração do hormônio antidiurético produzido pela hipófise (diabetes insipidus), ou à ausência de resposta dos rins ao hormônio antidiurético (diabetes insipidus nefrogênico).

Uma nefropatia ou uma obstrução de um ureter, da bexiga ou da uretra pode reduzir subitamente o débito urinário diário para menos de 480 ml por dia. A persistência de débitos urinários inferiores a aproximadamente 240 ml de urina por dia acarreta o acúmulo de produtos da degradação metabólica no sangue (azotemia). Esse débito urinário baixo pode significar uma insuficiência renal aguda ou a piora de um problema renal crônico.

A urina diluída pode ser quase incolor. A urina concentrada apresenta uma coloração amarelo-escura. Os pigmentos alimentares podem tornar a urina vermelha e medicamentos podem produzir uma variedade de cores: castanho, preto, azul, verde ou vermelho. As cores diferentes do amarelo são anormais, a menos que sejam produzidas por alimentos ou medicamentos. A urina marrom pode conter hemoglobina (a proteína que transporta o oxigênio nos eritrócitos) ou proteínas musculares. A urina pode conter pigmentos vermelhos, causados pela porfiria, pretos, causados por um melanoma. Uma urina turva sugere a presença de pus proveniente de uma infecção do trato urinário ou de cristais de ácido úrico ou de ácido fosfórico. O exame microscópico do sedimento urinário e a análise química da urina geralmente permitem a identificação da causa da coloração anormal.

A presença de sangue na urina (hematúria) pode fazer com que ela apresenta uma cor que varia do vermelho ao castanho, dependendo da quantidade de sangue presente, do tempo de permanência do sangue na urina e do grau de acidez da urina. Uma quantidade de sangue pequena demais para fazer com que a urina torne-se vermelha pode ser detectada através de exames químicos ou do exame microscópico. A presença de sangue na urina sem que a pessoa sinta dor pode ser devida a um câncer de bexiga ou de rim. Comumente, esses cânceres sangram de maneira intermitente. O sangramento pode cessar espontaneamente, apesar da persistência do câncer. Outras causas de sangue na urina incluem a glomerulonefrite, os cálculos renais, a doença de células falciformes e a hidronefrose.

A dor causada por uma nefropatia (doença renal) normalmente é sentida no flanco (região lateral do dorso) ou na região lombar. Ocasionalmente, a dor irradia para o centro do abdômen. A distensão da cápsula renal (revestimento externo do rim), a qual é sensível à dor, é a causa provável da dor e pode ocorrer em qualquer condição que produza edema do tecido renal. Os rins freqüentemente são sensíveis à palpação.

Um cálculo renal produz uma dor intensa ao penetrar em um ureter. Em reação à presença do cálculo, o ureter contrai e produz uma dor intensa tipo cólica na região lombar que, freqüentemente, irradia para a região inguinal (virilha). A dor cessa quando o cálculo migra para a bexiga.

A dor na bexiga é causada mais freqüentemente por uma infecção bacteriana. O desconforto é geralmente sentido acima da pube e na extremidade distal da uretra durante a micção. A obstrução do fluxo urinário produz dor acima da pube. Contudo, uma obstrução que se instala lentamente pode provocar um aumento indolor da bexiga.

Geralmente, o câncer e o aumento da próstata são indolores, mas a prostatite (inflamação da próstata) pode causar um desconforto vago ou uma sensação de plenitude na área entre o ânus e os genitais. Por outro lado, os distúrbios dos testículos geralmente causam uma dor intensa e sentida exatamente no local do problema.

Ocasionalmente, o homem ejacula um sêmen sanguinolento. Habitualmente, a razão não é detectada. O sêmen pode ser sanguinolento após a abstinência sexual prolongada ou após uma atividade sexual freqüente ou interrompida. Os homens com distúrbios da coagulação que causam sangramento excessivo podem apresentar sêmen sanguinolento. Alguns apresentam episódios repetidos, enquanto outros, apenas um. Embora a presença de sangue no sêmen seja inquietante, o distúrbio comumente não é grave. Alguns urologistas recomendam o uso de tetraciclina seguida pela massagem delicada da próstata, mas os efeitos benéficos desses tratamentos ainda não foram determinados.

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Procedimentos Diagnósticos
Quando da suspeita de um distúrbio renal ou do trato urinário, o médico procura avaliar os rins durante o exame físico. Normalmente, os rins não podem ser palpados, mas os rins aumentados de volume ou um tumor renal podem ser palpados. Freqüentemente, uma bexiga aumentada de volume também pode ser palpada. No homem, o médico realiza um toque retal para verificar a existência de um aumento de volume da próstata. Na mulher, o exame ginecológico pode fornecer informações relacionadas à bexiga e à uretra.

Os procedimentos adicionais para o diagnóstico de distúrbios dos rins e do trato urinário podem incluir a análise da urina (urinálise), exames de sangue que refletem a função renal, métodos de diagnóstico por imagem e a coleta de amostras de tecido e de células.


Análise da Urina

O exame de urina de rotina (urinálise) consiste na análise química para a detecção de proteínas, açúcar e cetonas e no exame microscópico para se detectar a presença de eritrócitos e de leucócitos. Alguns exames podem ser realizados de forma simples e barata no laboratório do consultório. São exames que detectam e mensuram a concentração de várias substâncias na urina. Esses testes usam uma tira de plástico fina (fita reagente) impregnada com substâncias químicas que reagem com substâncias presentes na urina e mudam de cor. Os exames com fitas reagentes são utilizados rotineiramente na urinálise.

Normalmente, a presença de proteínas na urina (proteinúria) pode ser rapidamente detecta-da através do exame com fita reagente. No entanto, algumas vezes, técnicas mais sofisticadas são necessárias. As proteínas podem estar presentes de modo constante ou intermitente na urina, dependendo da causa. A proteinúria é geralmente um sinal de doença renal, mas pode ocorrer após um exercício extenuante (p.ex., uma corrida de maratona). Além disso, ela pode ocorrer em uma forma genética incomum e inofensiva denominada proteinúria ortostática, na qual as proteínas desaparecem da urina após a pessoa permanecer deitada como, por exemplo, durante o sono, mas elas aparecem logo após a pessoa permanecer em pé durante algum tempo.

A glicose (açúcar) na urina (glicosúria) pode ser detectada através do exame com fita reagente, o qual é muito acurado. A causa mais comum é o diabetes. Se a glicose persistir na urina após a normalização da concentração de glicose no sangue, a causa provável é uma alteração renal.

A presença de cetonas na urina (cetonúria) podem ser detectados através do exame com fita reagente. As cetonas são formadas quando o organismo metaboliza as gorduras. A inanição, o diabetes não controlado e, ocasionalmente, a intoxicação alcoólica podem acarretar o surgimento de cetonas na urina.

A presença de sangue na urina (hematúria) pode ser detectada através do exame com fita reagente ou do exame microscópico. Algumas vezes, a urina contém uma quantidade de sangue suficiente para tornar a hematúria visível. A urina apresenta uma coloração vermelha ou castanha.

A presença de nitritos na urina (nitritúria) também pode ser detectada através do exame com fita reagente. Como a concentração de nitritos aumenta quando existem bactérias presentes, esse exame é utilizado para o diagnóstico rápido de uma infecção.

A presença de esterase leucocitária (enzima encontrada em certos leucócitos) na urina pode ser detectada através do exame com fita reagente. A esterase leucocitária é um sinal de inflamação, a qual é mais comumente causada por uma infecção bacteriana. O exame pode darum resultado falsonegativo quando a urina encontra-se muito concentrada ou quando ela contém glicose, sais biliares, medicamentos como, por exemplo, a rifampicina (um antibiótico) ou uma grande quantidade de vitamina C.

A acidez urinária é mensurada através do exame com fita reagente. Certos alimentos podem aumentar a acidez urinária.

A concentração da urina (osmolaridade, densidade específica) pode ser importante no diag-nóstico de uma disfunção renal. O médico pode analisar uma amostra aleatória de urina ou pode realizar testes para avaliar a capacidade de concentração da urina pelos rins. Em um desses testes, o indivíduo não ingere água ou qualquer outro líquido durante 12 a 14 horas. Em um outro teste, é administrada uma injeção de vasopressina (um hormônio). Após um determinado tempo, é mensurada a concentração da urina. Normalmente, ambos os testes devem produzir uma urina altamente concentrada. Entretanto, em determinados distúrbios renais, a urina permanece anormalmente diluída.

Normalmente, a urina contém uma pequena quantidade de células e de outros resíduos pro-venientes do interior do trato urinário. O indivíduo com uma doença do trato urinário elimina mais células, as quais formam um sedimento quando a urina é centrifugada ou decantada. O exame microscópico do sedimento pode fornecer informações sobre a doença.

As culturas de urina (urocultura), nas quais as bactérias crescem em laboratório, são realiza-das para se diagnosticar infecções do trato urinário. É necessária a coleta de uma amostra não contaminada de urina da bexiga, a qual pode ser obtida pelo método de coleta do jato intermediário. Outros métodos incluem a passagem de uma sonda através da uretra até o interior da bexiga ou a inserção de uma agulha através da parede abdominal até a bexiga (aspiração suprapúbica com agulha).


Obtenção de uma Amostra de Urina de Jato Intermediário

1. É realizada a limpeza da glande (no homem) e do orifício uretral (na mulher).

2. As primeiras gotas de urina são eliminadas no interior do vaso sanitário, enxaguando a uretra.

3. A micção é reiniciada e é coletada uma amostra do jato urinário num recipiente estéril.

Provas da Função Renal

A função renal pode ser avaliada através da análise de uma amostra de sangue, assim como de uma amostra de urina. A velocidade de filtração renal pode ser estimada através da dosagem da creatinina sérica, um produto de degradação metabólica. A concentração do nitrogênio uréico sangüíneo (BUN, blood urea nitrogen) também pode indicar como os rins estão funcionando, embora muitos outros fatores possam alterar essa concentração. O clearance da creatinina (um exame mais acurado) pode ser estimado através de uma amostra de sangue, utilizando-se uma fórmula que relaciona a concentração sérica da creatinina à idade, ao peso e ao sexo do indivíduo. A sua determinação exata exige a coleta da urina de 24 horas.


Métodos de Diagnóstico por Imagem

A radiografia abdominal pode revelar o tamanho e a posição dos rins, mas, para esse objeti-vo, a ultra-sonografia normalmente é melhor.

A urografia intravenosa é uma técnica radiográfica utilizada para visualização dos rins e do trato urinário inferior. Um contraste (substância radiopaca) que pode ser visualizado nas radiografias é administrado pela via intravenosa. Comumente, ele concentra nos rins em menos de 5 minutos. A seguir, são realizadas radiografias. Esta técnica gera imagens dos rins e da passagem do contraste através dos ureteres para o interior da bexiga. A urografia intravenosa não produz resultados satisfatórios em indivíduos que apresentam uma má função renal e não conseguem concentrar o contraste.

Após a injeção de um contraste para a realização de um procedimento radiológico, a insuficiência renal aguda ocorre como efeito adverso em menos de 1 em cada 200 casos. A causa da insuficiência renal é desconhecida, mas o risco é maior para os indivíduos idosos ou para aqueles com insuficiência renal, diabetes mellitus, desidratação ou mieloma múltiplo. Quando um estudo radiográfico contrastado deve ser realizado em um indivíduo de alto risco, o médico deve certificar-se que ele recebeu líquidos intravenosos previamente. Além disso, o médico utilizará uma dose menor de contraste para reduzir o máximo possível o risco. Algumas vezes, é realizado um exame alternativo como, por exemplo, a tomografia computadorizada (TC).

A cistografia, visualização radiográfica da bexiga, é realizada como parte da urografia intrave-nosa. No entanto, a cistografia retrógrada, realizada com a introdução do contraste através da uretra, freqüentemente fornece mais informações sobre a bexiga e os ureteres. As radiografias são realizadas antes, durante e após a micção.

Na urografia retrógrada, um contraste similar ao utilizado na urografia intravenosa é introduzida diretamente através de um endoscópio (aparelho de visualização) ou de um cateter até o ureter. Esta técnica fornece boas imagens da bexiga, dos ureteres e da porção inferior dos rins quando os resultados da urografia intravenosa são insatisfatórios. A urografia retrógrada também é útil na investigação de uma obstrução ureteral ou na avaliação de um paciente alérgico a contrastes intravenosos. As desvantagens dessa técnica são o risco de infecção e a necessidade de anestesia.

A ultra-sonografia utiliza ondas sonoras para gerar uma imagem das estruturas anatômicas. A técnica é simples, indolor e segura. Ela pode ser usada para estudar os rins, os ureteres e a bexiga, com a vantagem adicional de gerar boas imagens mesmo quando a função renal está diminuída. A ultra-sonografia fornece algumas informações indiretas sobre a função renal. Os médicos utilizam a ultra-sonografia para medir a taxa de produção de urina no feto com mais de 20 semanas através da mensuração das alterações do volume da bexiga. Essa informação ajuda o médico a determinar o grau de adequação da função renal do feto. Para os recém-nascidos, a ultra-sonografia é o melhor método para se investigar massas abdominais, infecções do trato urinário e suspeitas de defeitos congênitos do sistema urinário, pois trata-se de um procedimento simples e cujos resultados são altamente acurados.

O exame de ultra-sonografia é um método excelente para se estimar o tamanho dos rins e se diagnosticar várias alterações renais, inclusive o sangramento renal. A ultra-sonografia é utili-zada para se localizar o melhor local para a realização de uma biópsia. Ela também é o melhor método para os indivíduos com insuficiência renal avançada, cujos rins não concentram con-trastes, ou para aqueles que não conseguem tolerar essas substâncias.

A ultra-sonografia permite uma visualização nítida de uma bexiga cheia de urina. Embora a ultra-sonografia consiga identificar tumores da bexiga, a tomografia computadorizada (TC) é mais confiável.

A tomografia computadorizada (TC) é mais cara que a ultra-sonografia e a urografia intravenosa, mas possui algumas vantagens. Como a tomografia computadorizada pode diferenciar as estruturas sólidas daquelas com conteúdo líquido, ela é uma técnica mais útil para a avaliação do tipo e da extensão dos tumores renais ou de outras massas que deformam o trato urinário normal. Para se obter mais informações, pode ser administrado um contraste pela via intravenosa. A tomografia computadorizada pode ajudar a determinar se um tumor estendeu-se além do rim. Quando, durante uma TC, é injetada uma mistura de ar e de contraste no interior da bexiga, pode-se observar claramente o contorno de um tumor de bexiga.

A angiografia, que implica na injeção de um contraste pela via intra-arterial, é o mais invasivo dos métodos de diagnóstico por imagem de avaliação dos rins, sendo reservado para situações especiais como, por exemplo, quando o médico precisa avaliar o suprimento sangüíneo aos rins. Em muitos hospitais, a angiografia convencional está sendo substituída por técnicas de TC em espiral. Essas técnicas utilizam computadores para melhorar as imagens produzidas quando são utilizadas quantidades muito pequenas de contraste. As complicações da angiografia podem incluir a lesão da artéria puncionada e dos órgãos vizinhos, reações ao contraste e hemorragia.

A venografia é um método de diagnóstico por imagem que utiliza contrastes. As complicações são raras e, comumente, limitam-se ao extravasamento de sangue e de contraste em torno do local da injeção. Podem ocorrer reações alérgicas ao contraste.

A ressonância magnética (RM) pode fornecer informações sobre massas renais que não são fornecidas por outras técnicas. Por exemplo, a forma de um tumor pode ser determinada baseando-se nas imagens tridimensionais produzidas pela RM. Massas renais sólidas parecem diferentes das massas ocas (císticas) e a imagem de um cisto com conteúdo líquido ajuda o médico a diferenciar uma hemorragia de uma infecção. Além disso, a RM produz imagens excelentes dos vasos sangüíneos e das estruturas localizadas em torno dos rins, de modo que o médico pode estabelecer uma grande variedade de diagnósticos. No entanto, os depósitos de cálcio e os cálculos renais não são bem visualizados e, nestes casos, a tomografia computadorizada gera imagens mais claras.


Obtenção de Amostras de Tecidos e Células

Para que o médico estabeleça um diagnóstico e observe a evolução do tratamento, pode ser realizada uma biópsia renal, na qual uma amostra de tecido é coletada para exame mi-croscópico. A biópsia com agulha, na qual uma agulha é inserida através da pele, freqüente-mente faz parte da avaliação da insuficiência renal. Para verificar a presença de sinais de re-jeição, são comumente realizadas biópsias de um rim transplantado. Para uma biópsia de um rim próprio do indivíduo (rim nativo), ele é colocado em decúbito ventral (barriga para baixo) e um anestésico local é injetado na pele e nos músculos das costas, na altura do rim. A agulha de biópsia é inserida e é coletada uma amostra de tecido para exame microscópico. Para realizar a biópsia de um rim transplantado, a agulha é inserida diretamente através da parede abdominal. O médico utiliza a ultra-sonografia como guia para orientar o direcionamento da agulha até a parte afetada.

O exame microscópico de células na urina (citologia urinária) éútil no diagnóstico de cânceres do trato urinário. Para os indivíduos de alto risco (p.ex., tabagistas, trabalhadores da área petroquímica e indivíduos com sangramento indolor), a citologia urinária pode ser utilizada nas detecção do câncer. Para aqueles que foram submetidos à remoção da bexiga ou de um tumor renal, esta técnica pode ser utilizada para as avaliações de acompanhamento. Os resultados podem ser falso-positivos, indicando a presença de câncer quando não existe qualquer tumor presente, devido a um outro problema (p.ex., inflamação). Eles também podem ser falso-negativos, não indicando a presença de um câncer existente, como pode ocorrer no caso de um câncer de baixo grau, no qual as células apresentam um aspecto mais normal.

Fonte: Manual Merk

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