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11.30.2009

Morfina pode acelerar alastramento do câncer,



Cientistas dizem que a droga faz surgir novos vasos sanguíneos que levam oxigênio e nutrientes aos tumores


LONDRES - Testes com ratos em laboratório sugerem que a morfina teria o efeito de encorajar o alastramento do câncer, doença cujo tratamento com frequência envolve o uso de morfina para diminuir a dor resultante de cirurgias e tumores. Cientistas americanos dizem que opiáceos como a morfina promovem o crescimento de novos vasos sanguíneos que levam oxigênio e nutrientes aos tumores.

Em uma conferência da American Association for Cancer Research, em Boston, os pesquisadores também disseram ter identificado uma droga que teria a propriedade de anular esse efeito.

Comentando o anúncio pelos especialistas americanos, a entidade britânica de fomento a pesquisas sobre o câncer Cancer Research UK disse que são necessários mais testes antes de que sejam feitas mudanças nos tratamentos.


Estudo

O pesquisador Patrick Singleton, da University of Chicago, disse que testes mostraram que a morfina não apenas fortaleceu a circulação sanguínea como também pareceu facilitar a invasão de outros tecidos e o alastramento de câncer. Singleton disse, no entanto, que o efeito negativo da morfina poderia ser bloqueado com uma droga chamada metilnaltrexona, desenvolvida na década de 80 para combater a prisão de ventre associada ao uso da morfina.

Segundo o especialista, a metilnaltrexona, cujo uso só foi aprovado recentemente nos Estados Unidos, parece funcionar sem interferir com as propriedades analgésicas da morfina.

Nos testes em ratos com câncer de pulmão, a metilnaltrexona inibiu em 90% o alastramento do câncer supostamente encorajado pelo opiáceo - dizem os especialistas. "Se confirmado clinicamente, isto poderia mudar a maneira como fazemos anestesias cirúrgicas nos nossos pacientes com câncer", disse Singleton.

"(O estudo) também indica novas aplicações em potencial para essa nova classe de drogas", acrescentou, em referência à metilnaltrexona.


Os testes foram iniciados após um colega de Singleton ter notado que vários pacientes sendo tratados com a nova droga sobreviveram mais tempo após a cirurgia do que o esperado. Mas uma médica da entidade Cancer Research UK, Laura Bell, disse que a morfina apresenta um longo histórico de oferecer alívio efetivo para a dor.


Ela observou que as pesquisas sobre o assunto estão em fase inicial e, portanto, é muito cedo para que se possa afirmar que os analgésicos baseados em opiáceos possuem de fato um efeito sobre o crescimento do câncer. "Muitas pesquisas seriam necessárias para justificar mudanças na forma como os opiáceos são usados para tratar pessoas com câncer".

O Globo

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