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12.07.2009

Cooperação Brasil-Irã em ciência, tecnologia e inovação




01/12/2009

Ideia é desenvolver colaboração científica, tecnológica e inovativa de alto nível, podendo-se criar grupos de pesquisa conjunta e parcerias entre empresas envolvidas com inovação

O Ministério da C&T do Brasil (MCT) e a Vice-Presidência de C&T do Irã firmaram memorando de entendimento para cooperar em nanotecnologia, pesquisa agrícola e de alimentos, tecnologias da informação e comunicação, biotecnologia, ciências médicas e da saúde, ciências da cognição e neurociências e tecnologia industrial - para fins pacíficos e visando beneficiar empresas de ambos os países.

O acordo foi assinado em 23 de novembro, durante a visita oficial a Brasília do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, pela vice-presidente iraniana de C&T, Nasrin Soltankhah, e pelo ministro brasileiro de C&T, Sergio Rezende. A ideia é desenvolver colaboração científica, tecnológica e inovativa de alto nível, podendo-se criar tanto grupos de pesquisa conjunta como joint ventures tecnológicas e parcerias entre empresas públicas e/ou privadas envolvidas com inovação.

No início de novembro, o MCT enviou missão científica prospectiva ao Irã, integrada pelo diretor do Laboratório Nacional de Luz Sincrotron (LNLS), Antônio José Roque da Silva, e pelo assessor da Diretoria do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Esper Cavalheiro, ex-presidente do CNPq.

Os dois percorreram a Feira de Nanotecnologia de Teerã, visitaram inúmeras instituições científicas e tecnológicas iranianas, bem como empresas de base tecnológica com destacados programas de inovação, avaliando as possibilidades e a oportunidade de cooperação em diversas áreas de pesquisa. Na volta, apresentaram ao ministro Rezende um relatório altamente positivo. Estava aberto o caminho para a conclusão do instrumento de cooperação firmado no último dia 23 de novembro.

Situação da C&T no Irã

A Pérsia, nome antigo do Irã, entrou para a história como o berço da ciência. Seus cientistas em muito contribuíram para o entendimento atual da natureza, da medicina, da matemática e da filosofia. Importante foi o aporte deles na álgebra e na química. Foram eles que inventaram a máquina movida a energia eólica e construíram a primeira destilaria de álcool.

Hoje, a comunidade científica do país trata de reviver a época de ouro da ciência persa, sobretudo através da Academia Iraniana de Ciências Médicas e da Academia de Ciências do Irã.

O número de universitários saltou de 100 mil, em 1979, para dois milhões, em 2006. E o mais curioso: 70% dos estudantes dos cursos de ciência e engenharia são mulheres.

Considerado atualmente um dos principais centros científicos e tecnológicos do Oriente Médio e Ásia, o Irã tem feito consideráveis investimentos, sobretudo nas áreas da Física de Partículas, Nanotecnologia, Biotecnologia e Astronomia.

O Institute for Studies in Theoretical Physics and Mathematics (IPM), sediado em Teerã, é o núcleo das pesquisas em partículas físicas e, desde 2001, tem enviado pesquisadores ao Cern, a organização européia de pesquisa nuclear com fins pacíficos, na Suíça. O principal centro de pesquisas em Biotecnologia, a Tarbiat Modarres University, recebe grande apoio financeiro do Governo. No campo da astronomia, a instituição principal é a Shiraz University, responsável pela criação do Biruni Observatory, o principal telescópio do país.

O Irã começou a investir em nanotecnologia em 2001. Em 2003, criou o Iranian Nanotechnology Initiative Council (INIC), que aprovou o "Plano de Desenvolvimento Nacional em Nanotecnologia", denominado "Estrategia do futuro". Hoje o país está entre os 25 principais centros dessa área. O plano é colocá-lo entre os 15 mais avançados. Em setembro deste ano, o INIC e a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) acordaram em criar o primeiro centro internacional de nanotecnologia com a tarefa de dessalinizar a água.

Sabe-se que as ciências teóricas e da computação são altamente desenvolvidas no Irã. Seus físicos e químicos teóricos publicam regularmente em revistas científicas internacionais indexadas. Pesquisadores experimentais revelam-se muito produtivos em campos como a farmacologia, a química farmacêutica, a química orgânica e de polímeros. Biofísicos, especialmente os da área molecular, gozam de reconhecimento internacional desde o início dos anos 90.

Nos últimos 20 anos, o Irã equipou-se com instalações de ressonância magnética nuclear, microcalorimetria e dicroismo circular (ótica), além de instrumentos para o estudo de proteínas. Pesquisas em engenharia de tecidos e biomateriais, relativamente recentes, já ganham densidade.

Em 2008, o Irã registrou 9.570 invenções nacionais, um aumento de 38% em relação a 2007.

O país tem cerca de quatro mil pesquisadores e 70 empresas privadas, que atuam em áreas de nanotecnologia, onde ocupa o 19º lugar na produção de artigos de base nanotecnológica e o 20º em patentes. Já exporta aparelhos para nanofotografias e nano-prata para conservação de alimentos.

Planos para o futuro imediato

Como desdobramento do referido memorando de entendimento, ficou acertada, no encontro que teve lugar já no dia seguinte, 24 de novembro, no MCT, a visita de nova missão científica ao Irã, na última semana de janeiro próximo, desta vez para discutir os detalhes dos projetos de cooperação a serem implementados nas áreas definidas. Brasileiros e iranianos têm pressa em atingir resultados mutuamente benéficos.

Relações comerciais Brasil-Irã

A cooperação que ora se projeta em CT&I ocorre em meio a um panorama muito positivo de intercâmbios comerciais e técnicos já em pleno andamento. Desde 2003, a Petrobras está autorizada a explorar petróleo no Golfo Pérsico. Em 2007, o Irã foi o primeiro maior comprador do milho brasileiro, o segundo do açúcar e de produtos de confeitaria, o terceiro de nosso óleo de soja, o quarto de carne e derivados e o sexto de outros grãos de soja.

Em 2006 e 2007, o Brasil teve no Irã seu principal mercado no Oriente Médio e sua maior fonte de superávit (U$2 bilhões, em 2007). Somos o oitavo fornecedor do Irã em alimentos, carros e minérios. Notícia oficial de Teerã informou recentemente que o Irã pretende ampliar o fluxo de comércio com o Brasil para US$ 15 bilhões, com novos acordos em áreas de petroquímica, produção de gás, adubos e medicina.

Fonte: Jornal da Ciência -

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