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12.29.2009
GORDURA TRANS
É um tipo gordura que é formada por um processo de hidrogenação natural ou industrial, sendo que os óleos líquidos são convertidos em gorduras sólidas.
É encontrada, principalmente nos alimentos industrializados: sorvetes, batatas fritas, salgadinhos de pacote, bolos, biscoitos, pastelaria, gorduras hidrogenadas e margarinas. Os alimentos de origem animal como a carne e o leite também possuem pequenas quantidades dessas gorduras.
O consumo excessivo de alimentos ricos em gordura trans pode causar:
• aumento do LDL (colesterol ruim) e colesterol total
• diminuição do HDL (colesterol bom, aumentando os riscos de doenças do coração.
Não deve consumir mais que 2g de gordura trans por dia. Por isso, é importante ler os rótulos para escolhas mais saudáveis!
Criada pela indústria para deixar a comida mais saborosa, crocante e atraente, ela se tornou um dos maiores vilões da alimentação moderna. O mundo quer se livrar de seus efeitos nocivos. Saiba por que você deve tirá-la de sua vida.
O abuso no consumo de gordura trans pode determinar um quadro muito distante de um ser humano saudável
Um movimento ruidoso mobiliza países do mundo inteiro em torno de um objetivo comum: eliminar da alimentação a gordura trans, um dos mais poderosos inimigos da saúde já identificados. Conhecida também como gordura vegetal hidrogenada, ela foi criada pela indústria para aumentar o prazo de validade dos alimentos e deixá-los mais saborosos, crocantes e macios.
Nos anos 80, quando o seu uso virou febre em biscoitos recheados, bolos, sorvetes, chocolates e fast-food, imaginava-se que ela seria uma alternativa saudável às gorduras animais. Hoje, está provado rigorosamente o contrário. A trans é infinitamente mais danosa do que as temidas gorduras vindas do bacon, da pele de frango, dos queijos amarelos ou dos suculentos cortes de picanha e de carne de porco.
O que há de novo nessa batalha é a determinação de simplesmente banir a gordura trans da rotina das pessoas. Por ordem e empenho pessoal do prefeito de Nova York, o empresário Michael Bloomberg, nenhum restaurante da cidade poderá trazer sequer vestígios de trans em seus cardápios a partir de julho deste ano. “A medida se impõe porque as doenças cardiovasculares são as principais causadoras de morte no mundo”, justifica o secretário de Saúde nova-iorquino, Thomas Frieden. Na Austrália, um dos países pioneiros nessa frente de combate, campanhas e leis para desestimular o consumo não são menos brandas. A Dinamarca não só proibiu o uso como julgou a trans uma substância ilegal no país.
Os produtos que ainda a contêm são identificados com uma constrangedora tarja negra no rótulo. A mensagem é clara: quem quer comer que assuma o risco. Na Inglaterra, pressionado por autoridades e especialistas, um consórcio de indústrias de alimentos anunciou dias atrás que irá reduzir drasticamente as porções de gordura trans em seus produtos até o final deste ano. Também recentemente o Canadá anunciou que está discutindo uma legislação nada amena a respeito do problema.
O Brasil precisa voltar com mais rigor a esse front. A única legislação sobre o assunto até agora determina que as empresas informem a quantidade de todos os componentes, inclusive a gordura trans, nos rótulos dos produtos. O prazo para esta adequação esgotou-se em julho do ano passado, mas até hoje é possível encontrar mercadorias nas gôndolas dos supermercados sem essas descrições. “A fiscalização começará agora. As empresas que não estiverem de acordo com a lei serão multadas”, afirma Antônia Aquino, da Anvisa. “O cidadão deve ficar atento e denunciar as empresas irregulares aos órgãos de defesa”, avisa Murilo Diversi, do Instituto de Defesa do Consumidor. Associada ao desconhecimento, uma artimanha usada por muitos produtores induz os consumidores ao erro.
Muitas embalagens trazem mensagens gritantes do tipo “livre de gordura trans”. Mas, quando o consumidor consulta a lista de ingredientes, verifica que há na composição uma certa quantidade de gordura vegetal hidrogenada. É a mesma coisa. “E, infelizmente, a legislação dá brecha para isso”, explica a nutricionista Eliana Gimenez, do Hospital Beneficência Portuguesa, de São Paulo.
Fórmula perversa – Mas afinal de contas: o que faz da gordura trans esse vilão dos tempos modernos? O grande problema está em sua composição, uma reação química na qual se utiliza o hidrogênio para transformar óleos vegetais saudáveis, como os de soja, girassol, milho e canola, em um tipo de gordura sólida. Este composto artificial, induzido, não é reconhecido nem metabolizado pelo organismo. Por isso, circula praticamente incólume em toda a corrente sangüínea, entupindo veias e artérias com eficiência e rapidez bem maiores do que as saturadas e vegetais clássicas.
A trans, a exemplo das outras duas gorduras, também mexe com o colesterol – mas, novamente, de forma bem mais nociva. “Embora as gorduras animais, ou saturadas, aumentem a fração ruim do colesterol, o LDL, elas não interferem na parte boa, o HDL, que circula pelo corpo varrendo os restos de gordura”, explica o cardiologista Elias Knobel, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. “A trans não só aumenta o colesterol ruim como diminui de maneira importante o bom colesterol”, completa ele.
Saber ler nos rótulos o teor de gordura trans de cada produto é o primeiro passo para amenizar o problema
Há mais motivos para que ela seja vista como uma adversária da vida saudável. A trans aumenta também a dose de triglicérides, uma outra fração de gordura que circula no sangue e está associada ao desenvolvimento da diabete. Pesquisas recentes em mulheres obesas mostram também que ela aumenta a quantidade de substâncias com efeito inflamatório em vasos e artérias, o que facilita o surgimento da aterosclerose. Essa doença inflamatória crônica evolui para o surgimento de placas de gordura e cálcio no interior das artérias e contribui para o endurecimento dos vasos sangüíneos.
Ameaças – Há um consenso entre os especialistas dedicados ao assunto: consumir habitualmente esse tipo de gordura em quantidades maiores do que o tolerável aumenta drasticamente os riscos de se ter colesterol alto, hipertensão, diabetes e obesidade, além da aterosclerose. Esses males roubam a qualidade de vida das pessoas e aumentam as estatísticas de morte por problemas cardiovasculares. A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que o consumo total diário de trans não pode passar de dois gramas, o equivalente a 1% do total de uma dieta de duas mil calorias. Na verdade, uma criança ou adolescente que abre um pacote de biscoito recheado e come três deles já estourou a cota (leia quadro com o teor de trans dos alimentos abaixo).
E qual o melhor caminho para fugir deste inimigo aparentemente onipresente? Rigor e informação. A professora de artes Sandra Arouca, de São Paulo, excluiu da lista de compras os produtos ricos em gordura trans e os que não fazem menção à presença do ingrediente em sua composição. As necessárias substituições têm de ser administradas em negociações com os filhos Luiza, dez anos, Júlio, três, e Léa, um. “Eles querem salgadinhos, biscoitos e cereais prontos. Compro um dos produtos que pedem e explico com toda paciência por que não levarei os outros”, conta. A empresária carioca Cris Abdalla Pelaio não levava o assunto a sério até se casar com o personal trainer Marcelo Pelaio. “Mudei a rotina. Passei a ter critério na escolha e a fazer compras com maior atenção”, explica ela.
Os empresários também começam a procurar caminhos. Os donos da rede de restaurantes Wraps, Marcelo Ferraz e Caio Mesquita, negociam há quatro anos com seus fornecedores produzir pães e sobremesas sem gordura trans. “Trabalhei muito tempo em uma grande empresa do setor de alimentação e tive acesso a estudos que mostravam os malefícios da trans. Aprendi muito”, revela Ferraz.
Alternativas – O desafio da ciência e das indústrias alimentícias é encontrar um ingrediente que substitua a trans sem alterar o sabor e a consistência dos produtos. “A substituição é possível. Muitos já utilizam tecnologias para fabricar seus produtos livres de trans”, explica Renato Grimaldi, do departamento de óleos e gorduras da Unicamp. Um dos candidatos mais cotados é o óleo de palma, o popular azeite de dendê das moquecas baianas. Há processos capazes de transformá-lo numa gordura sólida menos nociva. Ele já é usado em alguns sorvetes, margarinas, biscoitos e também em receitas de redes de fast-food como a árabe Habib’s. Recentemente, a McDonald’s anunciou uma redução generosa de gordura trans de suas batatas fritas. São exemplos que precisam ser copiados.
Fonte: REVISTA: MEDICINA & BEM-ESTAR
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