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2.05.2010

AVC é a primeira causa de morte no Brasil


Os acidentes vasculares cerebrais (AVCs) estão entre as causas de morte mais importantes em todo o mundo e que, ao mesmo tempo, podem ser evitados.
Basta para isso um pequeno investimento de esforço e de tempo…E vale a pena, pois os AVCs ocorrem de forma súbita e aproximadamente 60% dos doentes que sofrem um AVC, ficam com algum tipo de incapacidade ou morrem…

O que é um AVC?

Basicamente, é a interrupção da irrigação sanguínea a uma parte do cérebro, que fica privado de nutrientes e oxigénio, provocando lesões que podem ser mais ou menos graves mais ou menos reversíveis, dependendo da zona afectada e da duração da mesma.

Quais os principais fatores de risco?
O sedentarismo, uma alimentação inadequada, o excesso de peso, o tabaco, o colesterol elevado, a hipertensão e a diabetes. Existem outros factores associados ao aumento do risco de sofrer um AVC, tais como, o stress, alguns medicamentos e alteração do ritmo cardíaco.

Como prevenir?
A atitude mais sensata é, sem dúvida, a alteração do estilo de vida, tanto a nível alimentar como a nível comportamental…
Recomenda-se o aumento do consumo de frutas e vegetais, a diminuição do consumo de carne vermelha, o consumo substancial de cereais, pão, leite, peixe e carne magra, o aumento da actividade física diária, bem como, o controle do peso…

Evite os fatores e risco para não se tornar uma vítima!

“É como transportar para o cérebro o infarto do coração. A diferença
é que um infarto no cérebro pode lesar definitivamente células que têm
funções específicas”.

Em um AVC isquêmico, o suprimento de sangue a uma parte do cérebro é
interrompido, geralmente por uma aterosclerose ou um coágulo que obstrui
um vaso sangüíneo.
Os ateromas agridem as paredes das artérias formando placas que se rompem e formam um trombo. Para compensar e melhorar o fluxo sangüíneo da região, a pressão do cérebro sobe, o trombo se rompe e provoca o evento vascular. “Por causa disso, a área atingida pára de funcionar e morre”, mais de 70% dos casos de AVC do tipo isquêmico estão relacionados a causas aterotrombóticas.

A aterosclerose se manifesta com mais freqüência em pacientes com hipertensão arterial sistêmica, diabetes e dislipidemia, e lembra que as apresentações antigas de contraceptivos orais, com maior concentração de hormônios, também representavam fatores de risco para AVC isquêmico em mulheres, principalmente as tabagistas e com enxaqueca.
“Mas isso mudou muito. Em alguns casos mais raros, o AVC pode ocorrer em pessoas que fazem uso da pílula de baixa dosagem e apresentam alguma deficiência de fatores da coagulação, fumam e bebem. De qualquer maneira, quanto maior a associação dos fatores de risco maior a predisposição a ter um AVC”.

As causas cardioembólicas, devido a alterações cardíacas como arritmia, fibrilação
atrial, valvopatias e miocardiopatias.
Desses fatores, obesidade, sedentarismo, alimentação inadequada, tabagismo e álcool contribuem para o problema. “Claro que uma pessoa com colesterol
alto por herança familiar tem de ficar mais atenta. Mas há indivíduos
normais que abusam da sorte e desenvolvem doenças que, quando se manifestam, podem até estacionar, mas nunca reverter as seqüelas”.

O grande índice de mortalidade nos casos de AVC hemorrágico, de cerca de 40%. O quadro hemorrágico pode ser provocado devido à ruptura
de um aneurisma cerebral, que impede o fluxo sangüíneo normal e
permite a extravasão do sangue para uma área do cérebro que se destrói.
O neurocirurgião explica que a ruptura da parede arterial também pode
ocorrer devido a uma arteriopatia, que está associada à pressão alta. Diante
de uma crise aguda de hipertensão, a artéria doente não agüenta a pressão,
se rompe e causa sangramento na parênquima cerebral.
“A grande dificuldade de prevenir o AVC é que muitas pessoas nem sabem que têm pressão alta e as que sabem não tratam.

A hipertensão é uma doença silenciosa e traiçoeira e pode causar uma
hemorragia intracerebral, por isso deve ser controlada”.

DIAGNÓSTICO

Sinais neurológicos como paralisia facial, dificuldade na expressão
da fala, perda da coordenação motora, sensação de desequilíbrio e tontura,
que ocorrem por segundos e depois voltam ao normal, podem ser indícios
de um AVC transitório. Se o AVC não for transitório e for isquêmico, há um prazo de até três horas para o paciente ser atendido e as complicações não serem maiores. Isso é possível devido ao uso de um medicamento
chamado trombolítico (ativador de plasminogênio tecidual recombinante – rt-PA), aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
que ajuda a dissolver algum coágulo que esteja obstruindo a artéria. “O AVC
é uma doença muito perigosa que pode flutuar e piorar rapidamente nesta fase”.

Outra razão para o uso da droga é que, quando ocorre um AVC, algumas
partes morrem e outras só deixam de funcionar. “Ao redor da região lesada
há a zona de penumbra que contém suplência de vasos colaterais que,
embora não estejam funcionando, ainda estão vivos. Esta área deve ser tratada
nas primeiras três horas do início da crise, para que volte a funcionar”,

Mas nem todos os pacientes são candidatos a receber o trombolítico, já que
cada AVC pode ter um causa específica.
Por isso, os especialistas enfatizam a importância de haver o suporte de
uma equipe multidisciplinar nos serviços de emergência dos hospitais para
atendimento de vítimas de AVC, com coordenação de um neurologista.
Para determinar diretrizes e padrões para o tratamento de AVC, neurologistas
de todo o Brasil se reuniram em julho em encontro que discutiu o
protocolo Opinião Nacional. “O objetivo de ter um consenso nacional
parte da necessidade de tratar corretamente a doença em todo o País, disponibilizando
o tratamento ao maior número de hospitais e pessoas”.

Outro desafio é formar uma rede com centros de referência em AVC. “

O diagnóstico do AVC deve ser considerado sempre que um paciente
apresenta um déficit neurológico de instalação súbita, e a apresentação
clínica do déficit depende do tamanho e da área cerebral acometida.
O paciente pode apresentar perda da força em um dos lados do corpo, dependendo
do hemisfério cerebral lesado, dificuldade para andar e, ainda,
caso tenha uma lesão na região tronco- cerebral, alteração da motricidade
ocular e outras alterações de nervos cranianos. “O AVC é a primeira causa
de incapacidade física porque, dependendo da extensão e da localização da lesão, estas seqüelas podem ser definitivas”.
Dependendo do grau da incapacidade, o indivíduo
pode ficar restrito ao leito e apresentar trombose venosa profunda que, se não for tratada, aumenta o risco de morte por embolia pulmonar.
Além disso, devido à dificuldade de deglutição, o paciente não
consegue engolir, tossir, eliminar secreções da parte respiratória e pode ter infecções pulmonares.
Também é muito comum o AVC provocar lesões como a dificuldade de fala.
“Neste caso, as pessoas podem perder os símbolos da linguagem, seja para se expressar ou compreender. Muitos acidentes repetitivos também
podem levar à demência, que acaba se tornando um quadro crônico”,
A incapacidade funcional preocupa os neurologistas, pois, dependendo
da seqüela, o paciente tem dificuldade de retornar à sociedade e
realizar suas atividades, inclusive as mais simples da vida diária, como manter
hábitos de higiene e alimentação.

Por:
Ayrton Massaro
Cesar Raffin
Gisela Tinone

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