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2.27.2010
EPIDEMIA DE DENGUE
Combate ao mosquito: bombeiro instala tampa em caixa d’água | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia “Existe risco”,
Volta do tipo 1 da doença preocupa autoridades, porque crianças e adolescentes não têm imunidade contra ele
Rio - O número de casos de dengue registrados no Brasil este ano subiu 109% em relação ao mesmo período do ano passado. O aumento está relacionado ao forte calor, ao alto volume de chuvas e ao crescimento da circulação do vírus Dengue 1, segundo o Ministério da Saúde. Uma nova epidemia não está descartada.
Combate ao mosquito: bombeiro instala tampa em caixa d’água | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia“Existe risco”, admitiu o coordenador do Programa Nacional de Controle de Dengue, Giovanini Coelho. “Há um contingente muito grande de pessoas que não estão imunizadas contra o sorotipo 1, principalmente crianças e adolescentes”, completou ontem.
O ministério já alertou os estados para ficarem atentos a possibilidade de reintrodução do tipo 1 da doença, que circulou predominantemente na década de 90 no País. Cada pessoa pode ser contaminada uma vez por cada um dos 4 tipos de dengue. Os que nasceram depois da década de 90, portanto, não foram expostos ao vírus e podem ser contaminados agora. Em alguns estados da Região Nordeste, o tipo 4 já causa a maioria dos casos de dengue. O risco da reintrodução do vírus do tipo 1 no Rio preocupa o superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental do estado, Alexandre Chieppe.
“Há muitos anos o tipo 1 não circula com intensidade no Rio. A epidemia de 2002 foi causada pelo tipo 3 da dengue. Em 2008, a reintrodução do tipo 2 causou nova epidemia. Recentemente identificamos alguns casos do tipo 1 na região Norte do estado, em Campos e Casemiro de Abreu”, afirmou Chieppe.
Segundo o ministério, até 13 de fevereiro, foram 108.640 notificações de dengue no País. No mesmo período de 2009 foram 51.873 casos. Cinco estados — Rondônia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Acre e Goiás — concentram 71% dos casos. Apesar do aumento de doentes, houve redução das mortes: esse ano foram 21. No mesmo período de 2009 foram 31 no Brasil.
A maior preocupação hoje, de acordo com Coelho, é com a região Nordeste, que apresenta maior suscetibilidade ao desenvolvimento da epidemia porque, a partir de março, inicia-se o período de chuvas mais intensas na região.
PREVINA-SE
CALHAS
Devem ficar sempre limpas e sem pontos de acumulo de água. Folhas secas precisam ser retiradas para que a água não fique retida.
LAJES E MARQUISES
É importante manter o escoamento desobstruído e sem depressões que possam causar poças.
CAIXAS D’ÁGUA
Devem ficar vedadas. O morador deve providenciar limpezas periódicas. Não se deve cobrir a caixa com plástico ou calha porque esses materiais podem acumular água e servir de criadouros.
PISCINAS
Devem ser tratadas com cloro. As que não estão em uso devem ter o volume de água reduzido e deve-se aplicar cloro toda semana.
Casos de dengue sobem 109% em 2010, para 108,6 mil registros
Chuvas a altas temperaturas explicam aumento, diz Ministério da Saúde.
5 estados concentram 71% dos casos e governo nega 'epidemia' nacional.
A população tem de cuidar sempre dentro de seus ambientes domésticos e evitar o acúmulo de água parada. Também tem de proteger os depósitos de água existentes. São medidas universais"
O Ministério da Saúde informou nesta sexta-feira (26) que o número de casos de dengue registrados no país neste ano, entre 1o. de janeiro e 13 de fevereiro, somaram 108,64 mil registros, o que significa um crescimento de 109% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram detectados 51,87 mil casos no país. A dengue é trasmitida por meio da picada do mosquito Aedes aegypti.
O coordenador-geral do Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde, Giovanini Coelho, negou que haja uma epidemia da doença no país - que se caracteriza pelo aparecimento de casos em todos os municípios do Brasil. Ele não afastou, porém, a possibilidade da eclosão de uma epidemia de dengue neste ano. "Existe o risco", afirmou a jornalistas.
Razões do aumento
Segundo Giovanini Coelho, algumas variáveis podem explicar a elevação no número de casos registrados no país, como o alto volume de chuvas e, também, as altas temperaturas registradas.
Ele admitiu, entretanto, que esse crescimento de casos é um dado que "preocupa" o governo. "Por isso, temos que intensificar as ações de combate à doença e alertar a população e os gestores", disse Coelho.
"A população tem de cuidar sempre dentro de seus ambientes domésticos e evitar o acúmulo de água parada. Também tem de proteger os depósitos de água existentes. São medidas universais", acrescentou o coordenador do Programa de Dengue.
Número de mortes cai
Apesar do forte aumento de mais de 100% no número de casos detectados nas seis primeiras semanas deste ano, o Ministério da Saúde informou que o número de mortes decorrentes da doença caiu em 2010. Na parcial deste ano, até 13 de fevereiro, foram registradas 21 mortes, contra 31 óbitos em igual período de 2009. "O número de óbitos pode sofrer alterações, uma vez que todas as mortes por suspeita de dengue são submetidas a investigação laboratorial", informou o governo.
Retorno do sorotipo DEN-1
De acordo com o Ministério da Saúde, outro fator que tem contribuído para o aumento no número de casos de dengue neste ano é a circulação do sorotipo viral conhecido como "DEN-1", que circulou com maior intensidade na década de 90.
De acordo com o governo, esse sorotipo viral voltou a predominar em alguns estados, e é um fator que pode contribuiu para que se estabeleça uma epidemia da doença no Brasil. De acordo com Coelho, do Ministério da Saúde, todas as epidemias que já existiram se deveram ao aparecimento de um novo sorotipo, ou ao retorno de um sorotipo viral que não circulava há muito tempo.
"Há um contingente muito grande de pessoas que não estão imunizadas contra o sorotipo DEN-1, em especial crianças e adolescentes", disse Giovanini Coelho. O Ministério da Saúde informou que já alertou a todas unidades da federação sobre o retorno desse sorotipo.
Concentração em 5 estados
Dados do governo mostram ainda que cinco estados concentram "alta incidência" de registros da doença, com 77,11 mil notificações registradas, ou seja, 71% das detecções. São eles: Rondônia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Acre.
Segundo o Ministério da Saúde, 34% das notificações concentram-se em cinco municípios: Campo Grande (MS), com 12,7 mil casos detectados; Goiânia (GO), com 12,31 mil registros; Aparecida de Goiânia (GO), com 3,28 mil casos; Rio Branco (AC), com 5,05 mil registros; e Porto Velho (RO), com a detecção de 3,41 mil pessoas infectadas.
Alerta
Diante da situação, o Ministério da Saúde informa que foi encaminhado um alerta aos governadores de todos os estados nordestinos, cujo maior período de transmissão para esta região do país começa em março, e também prefeitos das capitais da região Nordeste, recomendando a intensificação das ações para eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti e a articulação com a limpeza urbana, saneamento e meio ambiente.
G1. com
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