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2.24.2010

Polêmica sobre a homeopatia

Produtos homeopáticos e placebos foram comparados em estudos

Parlamentares britânicos dizem que tratamento não faz efeito e ‘engana pacientes’. Especialistas contestam


Rio - Um debate sobre a eficiência da homeopatia na Inglaterra cruzou o Atlântico e chamou a atenção de especialistas brasileiros.

A polêmica foi causada porque, esta semana, a comissão de Ciência e Tecnologia do Parlamento Britânico emitiu um relatório afirmando que remédios homeopáticos não têm eficácia. O órgão recomenda, inclusive, que o governo britânico pare de oferecer esse tipo de remédio na saúde pública.

A comissão compara a eficiência das pílulas homeopáticas ao placebo — cápsulas sem princípio ativo, receitadas por médicos para criar efeito psicológico em pacientes, ou para comparações de eficiência com outros remédios.

O governo britânico gasta apenas R$ 500 mil de seu orçamento de R$ 300 bilhões para a homeopatia, mas autores do relatório chegaram a defender que os pacientes estão “sendo enganados”.

O deputado Phil Willis, presidente da comissão, exagerou: para ele, nenhum estudo jamais comprovou a eficácia da homeopatia.

RECONHECIMENTO DA OMS

A afirmação é contestada por vários especialistas que trabalham com este tipo de tratamento no Brasil. “A homeopatia é uma terapia que está fazendo 214 anos, tem reconhecimento da Organização Mundial de Saúde e de publicações científicas importantes.

Se a homeopatia é placebo, está enganando muita gente e estes órgãos há muito tempo”, observa a farmacêutica homeopata Carla Holandino, professora adjunta da Faculdade de Farmácia da UFRJ, coordenadora do Laboratório Multidisciplinar de Ciências Farmacêuticas.

“Os métodos usados para gerar este relatório não são claros, enquanto há muitos estudos que atestam a eficácia da homeopatia, inclusive comparando pacientes que recebem o medicamento com placebo”, lembra Francisco José de Freitas, chefe do Departamento de Homeopatia e Terapêutica Complementar da Unirio.

POR JOÃO RICARDO GONÇALVES
O Dia

Saiba mais:

Homeopatia não tem comprovação, diz estudo britânico
Relatório da Comissão de Ciência e Tecnologia afirma que os remédios homeopáticos são tão eficazes quanto placebo, substância sem ação.

O Parlamento da Grã-Bretanha anunciou o resultado da análise de eficácia de remédios homeopáticos. O correspondente Marcos Losekann conta a polêmica provocada por esse estudo.

O relatório da Comissão de Ciência e Tecnologia do Parlamento Britânico afirma que os remédios homeopáticos são tão eficazes quanto placebo, substância sem ação, geralmente receitada por alguns médicos apenas para criar efeito psicológico nos pacientes.

A comissão concluiu que as explicações científicas para a homeopatia não são convincentes. E recomenda que o governo britânico pare imediatamente de oferecer esse tipo de remédio no serviço público de saúde.

A homeopatia custa aos cofres públicos do país o equivalente a R$ 500 mil por ano. Essa quantia valor pode ser considerada irrisória dentro de um orçamento de R$ 300 bilhões destinados à saúde, mas os parlamentares afirmam que não é o dinheiro que está em jogo. O que eles querem é evitar que os doentes busquem a cura com medicamentos sem eficácia comprovada.

O deputado Phil Willis, presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, afirma que nenhum estudo comprovou que as pílulas homeopáticas têm poder medicinal. Segundo ele, a homeopatia nem deve mais ser licenciada pelo departamento do governo que regula a fabricação de remédios. O deputado afirma que os remédios homeopáticos não passam de pílulas de açúcar.

A homeopatia, que foi criada por um médico alemão, no século XVIII, é a chamada medicina natural e, segundo os médicos homeopatas, não tem contra-indicação. A homeopatia se propõe a curar com substâncias que normalmente provocam efeitos semelhantes aos das doenças. Por exemplo, o remédio homeopático para insônia contém uma substância extraída do café para ajudar o paciente a dormir.

A doutora Charlote Mendes da Costa, da Associação Britânica de Homeopatia, não entende por que a comissão parlamentar não aceitou como evidência de eficácia dos produtos homeopáticos um estudo científico feito com 6,5 mil pessoas com diversas doenças. Segundo a doutora Charlote, elas se trataram apenas com remédios naturais, e mais de 60% dos pacientes ficaram curados.

A associação afirma que a homeopatia representa economia para o Ministério da Saúde, porque custa menos um décimo do preço de remédios industriais. Mesmo sem o apoio do governo, a associação de homeopatia vai continuar incentivando esse tipo de tratamento.
G1.com

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