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3.10.2010

INTOXICAÇÕES: TRATAMENTO CLÍNICO E FARMACOLÓGICO

Atendimento primário
A abordagem inicial deve ter como prioridade a seqüência do ABC (Airway, Breathing and Circulation), visando a manutenção das vias aéreas, ventilação e sinais vitais.
Para os pacientes em estado de coma em que não se identifica a causa, preconiza-se a administração de naloxona, tiamina, glicose e oxigênio ("coma cocktail")

Verificar hipóxia, hipo ou hipertensão, convulsão, arritmias, distúrbios hidroeletrolíticos, distúrbio ácido - básico, e hipo ou hipertermia.
Glicose: (colher sangue para glicemia primeiro)
ADULTOS: SG50% 50 a 100ml
CRIANÇAS: SG50% 1ml/kg

Tiamina:
[solução injetável de Vit.B1 - ampolas com 100mg/1ml]
dose: 50 a 100mg IM, ou EV (junto com a glicose)

Naloxona:
[Narcan - ampolas de 0,4mg/1ml] para uso EV, IM, SC ou endotraqueal
para reverter depressão respiratória causada por hipnoanalgésicos (drogas opiáceas como HEROÍNA, metadona, meperidina e não narcóticos como propoxifeno).

ADULTOS: 2mg (5ml) EV em bolo
ADULTOS NARCÓTICO DEPENDENTES (ou naqueles com risco iminente de morte):
0,1mg (0,5ml) EV em bolo, e dobrar a dose a cada 2 minutos até a dose máxima.
CRIANÇAS (maiores de 5 anos ou mais de 20kg):
0,1mg (0,5ml) a 0,8mg (2ml) EV em bolo
nos casos de depressão respiratória severa, usar o mesmo esquema dos adultos narcótico dependentes.
CRIANÇAS (menores de 5 anos e neonatos):
0,1mg (0,5ml)/kg


Avaliação clínica e laboratorial
- tentar obter dados sobre o local de exposição, presença de embalagens junto ao paciente, hábitos e vícios (medicamentos, álcool, drogas ilícitas)
- no exame físico dar atenção aos sinais e sintomas que caracterizam intoxicações por toxinas específicas (síndromes tóxicas)*: - alterações sensoriais (agitação, confusão, letargia, coma)
- comportamento e alucinações
- alterações motoras (tremores, hipo ou hiperreflexia)
- sinais autonômicos
- alterações oculares (midríase, miose, nistagmo)
- outros (hálito, odor, coloração da urina, sinais de picadas)
- pedir: ECG, Rx de tórax, gasometria arterial, eletrólitos (por exemplo, anion gap elevado nas intoxicações por salicilatos e etanol), hemograma, função hepática e renal, urina I.


* síndromes toxicológicas
toxíndromes quadro clínico causas
anticolinérgica boca seca, rubor facial, midríase, íleo paralítico, anti-histamínicos, atropina,escopo-
desorientação, febre, retenção urinária, pele lamina, antidepressivos tricíclicos e
seca. outros.


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colinérgica sialorréia, lacrimejamento, incontinência urinária organofosforados, inseticidas car-
e fecal, vômitos, bradicardia, broncoespasmo, bamatos, fisostigmina, alguns co-
miose, sudorese. gumelos.
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simpaticomimética ansiedade, vômitos, taquicardia, tremores, cocaína, anfetamina, teofilina,
convulsão, midríase, sudorese. pseudo-efedrina.
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extrapiramidal coréia, atetose, hiperreflexia, trismo, opistótono haloperidol, fenotiazinas.
rigidez e tremor.
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narcótica depressão respiratória, coma, pupilas puncti- heroína, codeína, propoxifeno.
formes, bradicardia, hipotermia.
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hipnótico / confusão, estupor, depressão respiratória, benzodiazepínicos, barbitúricos,
sedativos delírio, letargia, disartria, hipotermia. anticonvulsivantes, antipsicóticos,
fentanil, etanol, opiáceos.
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fumos (vapores) dor torácica (tipo pleurítica), tosse, dispnéia, zinco, cobre, cádmio, mercúrio.
metálicos gosto metálico, febre, taquicardia, tremores,
náuseas, mialgia, sede.
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solventes letargia, confusão, vertigem, cansaço, incoor- acetona, hidrocarbonetos,
denação, cefaléia, naftaleno, tolueno.
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Descontaminação
cutânea
- remover as roupas o quanto antes e depositá-las em sacos plásticos (para evitar a contaminação de outros)
- lavar a superfície cutânea copiosamente, por no mínimo 15 minutos, evitando o atrito (que facilita a absorção)
ocular
- geralmente acompanhada de alto grau de irritação e dor.
- álcalis e ácidos têm efeito lesivo rápido (muitas vezes as seqüelas são inevitáveis).
- lavagem por irrigação contínua de solução salina, de modo que o fluxo corra no sentido medial para lateral do olho, por no mínimo 15 minutos.
- usar anestésicos locais se houver muita dor.
gastrointestinal
LAVAGEM GÁSTRICA
- pouca eficácia se realizada após 60 minutos da intoxicação.
- infundir 200 a 300ml de SF 0,9% aquecido em adultos, e 10ml/kg em crianças; usando sonda orogástrica de grosso calibre (36 a 40FG para adultos e 24 a 28FG para crianças) com orifício terminal e lateral.
- nos pacientes em coma deve-se proteger as vias aéreas antes através de intubação endotraqueal.
CARVÃO ATIVADO (principal medida e a mais efetiva)
- efetivo na maioria das intoxicações exceto para substâncias de baixo peso molecular, íons (ferro, lítio, etc.), substâncias cáusticas (ácidos e bases) e álcoóis.
- ADULTOS: 25 a 100g
- CRIANÇAS (de 1 a 12 anos): 25 a 50g
- CRIANÇAS (acima de 1 ano ?): 1g/kg/dose
- administrar, de preferência, até 1 hora após a ingestão do produto tóxico.
- diluir com água na proporção de 1:4 ou 1:8
(1g do carvão para cada 4 ou 8ml de água)
(pode ser misturado com pequena quantidade de chocolate em pó ou suco de fruta)
- efeitos adversos: vômitos, aspiração pulmonar, constipação
- contra-indicações: pacientes com risco de aspiração pulmonar (por isso evitar de usar em crianças menores de 6 meses, idosos e, pacientes com o nível de consciência deprimido), intoxicação por substâncias cáusticas e íleo paralítico.
MÚLTIPLAS DOSES DE CARVÃO ATIVADO
- parece ser efetivo nas intoxicações por: PB, PHT, CBZ, salicilatos, digitais, teofilina e dapsona.
- 1 a 2g/kg na primeira dose + um laxante (sorbitol 70% 1 a 2ml/kg para adultos , e sorbitol 35% 4,3ml/kg para crianças)
- a seguir, 0,5g/kg de 4/4 horas.
antídotos
- em apenas 1% dos casos de envenenamento é que será necessário usar drogas antagonistas
(as medidas de suporte básico de vida e descontaminação são muitas vezes mais eficazes)
Agentes tóxicos comuns e seus antídotos
agente tóxico antídoto
acetaminofeno (paracetamol) n-acetilcisteína
agentes anticolinérgicos fisostigmina
anticoagulante oral Vitamina K
antifólicos
(metotrexato, trimetoprim, pirimetamina) ácido fólico
benzodiazepínicos flumazenil
bloqueadores do canal do cálcio cálcio
digoxina frações FAB de anticorpos antidigoxina
ferro deferoxamina
heparina sulfato de protamina
inseticidas organofosforados e carbamatos atropina
metanol, etileno glicol etanol
opióides naloxona
Postado por Escola de Medicina às 16:35

Farmacologia Medicamento Intoxicações (fonte)
OBS: MATÉRIA DESTINADA AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

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