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3.06.2010
Jogo compulsivo
Existem muitas e variadas interpretações a respeito do jogo compulsivo. Um jogador compulsivo é descrito como uma pessoa, cujo o jogo tenha causado contínuos e crescentes problemas em quaisquer aspectos de sua vida.
Trata-se de uma doença, progressiva por natureza, que não pode ser curada, mas pode ser detida.
Antes de chegarem a Jogadores Anônimos, muitos jogadores compulsivos consideravam-se moralmente fracos.
A visão de Jogadores Anônimos é que os jogadores compulsivos são pessoas doentes que podem recuperar-se, se derem o melhor de si para seguir um Programa que já provou ser um sucesso para milhares de homens e mulheres com problema com o jogo.
Lamentavelmente, o indivíduo desconhece que a maior parte do tempo está sendo gasto com o jogo. O jogador é a última pessoa a se dar conta do problema. Familiares e amigos, geralmente são incentivadores na procura de ajuda e recuperação.
Se você tem algum conhecido, com problemas de jogo, encaminhe-o a Jogadores Anônimos.
Contato SP
(11) 3229-1023 jogadoresanonimossaopaulo@gmail.com
Contato RJ
(21) 2516-4672 jogadoresanonimos@yahoo.com.br
Perguntas e respostas sobre o jogador compulsivo
1) Qual é a primeira coisa que um jogador compulsivo deve fazer para parar de jogar?
O jogador compulsivo precisa estar disposto a aceitar o fato de que está sob o domínio de uma doença e ter o desejo de ficar bem. Nossa experiência tem demonstrado que o programa de Jogadores Anônimos sempre funcionará para qualquer pessoa que tenha o desejo de parar de jogar.
2) É importante saber por que jogávamos?
Talvez, entretanto, com relação a parar de jogar, muitos membros de Jogadores Anônimos abstiveram-se do jogo sem o benefício do conhecimento da razão porque jogavam.
3) Quais são algumas das características da pessoa que é jogador compulsivo?
1. INCAPACIDADE E RESISTÊNCIA EM ACEITAR A REALIDADE. Daí a fuga para o mundo de sonhos do jogo.
2. INSEGURANÇA EMOCIONAL. O jogador compulsivo sente-se tranqüilo emocionalmente somente quando está “na ativa”. Não é raro ouvir-se um membro de Jogadores Anônimos dizer: - O único lugar no qual eu realmente me sentia à vontade era quando estava sentado à uma mesa de poker. Lá eu me sentia seguro e confortável. Não eram feitas nenhumas grandes exigências de mim. Eu sabia que estava me destruindo, mas mesmo assim sentia ao mesmo tempo um certo sentimento de segurança.
3. IMATURIDADE. O desejo de ter todas as boas coisas da vida sem qualquer grande esforço de sua parte parece ser uma característica comum na personalidade dos jogadores com problema. Muitos membros de Jogadores Anônimos aceitam o fato de que não desejavam crescer. Inconscientemente sentiam que poderiam evitar uma responsabilidade madura através da aposta, pelo girar de uma roleta ou virada de uma carta, e assim a luta para fugir à responsabilidade finalmente tornou-se uma obsessão inconsciente. Além disso, o jogador compulsivo parece ter um forte desejo interior de ser o “manda chuva” e precisa sentir-se como o todo poderoso. O jogador compulsivo está disposto a fazer qualquer coisa (geralmente de natureza anti-social) para manter a imagem que deseja que os outros vejam.
4) Qual e o maior sonho do jogador compulsivo?
Sonhar alto é outra característica comum dos jogadores compulsivos. Gastam um tempo enorme criando imagens das coisas grandes e maravilhosas que irão fazer logo que ganharem um grande prêmio. Eles sempre se vêem como pessoas bem filantrópicas e charmosas. Podem sonhar em presentear membros da família e amigos. Tristemente, eles sonharão mais sonhos e é claro terão mais sofrimento. Ninguém pode convencê-los de que um dia os sonhos que criaram não se tornarão realidade.
5) O jogo compulsivo não é basicamente um problema financeiro?
Não, o jogo compulsivo é um problema emocional. A pessoa que está dominada por esta doença inventa montanhas de problemas aparentemente insolúveis. É claro que criam problemas financeiros , mas também têm que enfrentar problemas legais, de emprego e matrimoniais. Jogadores compulsivos descobrem que perderam amigos e que são rejeitados por parentes. Dentre as sérias dificuldades que aparecem, os problemas financeiros parecem ser os mais fáceis de resolver.
Quando um jogador compulsivo ingressa em Jogadores Anônimos e para de jogar, a renda normalmente aumenta e não há mais o desperdício financeiro que era causado pelo jogo. Rapidamente as pressões financeiras começam a ser atenuadas. Os membros de Jogadores Anônimos descobriram que o melhor caminho para a recuperação financeira é através do trabalho árduo e do pagamento de nossas dívidas. Pedir emprestado ou emprestar dinheiro (fazer fianças) é prejudicial à nossa recuperação e não deveria ocorrer dentro de Jogadores Anônimos.
O problema mais difícil e demorado que terão que enfrentar é conseguir efetuar uma mudança de caráter neles mesmos. A maioria dos membros de Jogadores Anônimos consideram isso como seu maior desafio e que deveria ser trabalhado imediatamente e continuamente por toda a sua vida.
6) Por que o jogador compulsivo não pode simplesmente usar a força de vontade para parar de jogar?
Acreditamos que a maioria das pessoas, se são honestas, reconhecerá sua falta de poder para solucionar certos problemas. Quando se trata do jogo, conhecemos muitos jogadores problemáticos que eram capazes de ficar em abstinência por longos períodos, mas sucumbiam ao jogo em virtude de um número de circunstâncias especiais.
Começavam a jogar sem pensar nas conseqüências. As defesas com que contavam, somente por intermédio da força de vontade, eram vencidas por qualquer motivo banal para fazer uma aposta.
Descobrimos que a força de vontade e o auto-conhecimento não são de ajuda nos momentos em que nos falta a razão, mas sim o apego aos princípios espirituais que parecem solucionar nossos problemas. A maioria de nós sente que a crença em um Poder superior a nós é necessária para que possamos refrear o desejo de jogar.
7) O que é o Programa de Recuperação?
É um Programa de 12 Passos usado pelos membros de JA para o seu crescimento pessoal. Pelo uso do programa em suas atividades diárias, jogadores compulsivos não apenas diminuiram o desejo de jogar, como também melhoraram outros aspectos de suas vidas.
8) Jogadores Anônimos é uma sociedade religiosa?
Não. Jogadores Anônimos é composto de pessoas de muitas crenças religiosas e também de agnósticos e ateus. Para fazer parte de JA não se requer qualquer crença religiosa como condição, a Irmandade não pode ser descrita como uma sociedade religiosa.
9) Jogadores Anônimos quer abolir o jogo?
Não. Jogadores Anônimos não emite opiniões sobre questões externas. Assim sendo, não se manifesta sobre a extinção do jogo.
DEPOIMENTOS
O Programa de Recuperação de JA
Meu nome é Paula. Sou uma jogadora compulsiva em recuperação.
Cheguei a esta irmandade em 1997, arrasada moral, emocional e financeiramente. Tinha perdido completamente o controle sobre a minha vida.
Minha recuperação não foi fácil, pois tudo estava muito confuso dentro de mim. Já não sabia o que mais me atormentava, se o sofrimento moral ou se as perdas materiais, pois cheguei quando havia acabado com todas as reservas feitas durante uma vida. Cheguei para parar de jogar, mas encontrei um Programa que não era só para parar de jogar! Encontrei um Programa espiritual profundo. Foi difícil parar de jogar, por ter demorado a entender o Programa. Brigava muito com as perdas financeiras.
Só entrei no Programa quando admiti as perdas materiais. E entreguei minha vida a um Poder Superior, que para mim é Deus. Só então entrei em recuperação e consegui parar de jogar e resgatar minha vida e meus antigos valores.
Quando cheguei logo nas primeiras reuniões, depois de desabafar e colocar para fora todo o lixo que estava pesando e me incomodando, quis logo praticar o 12º Passo. Apaixonei-me por ele logo na primeira noite em que li toda a apostila. Ledo engano. Na verdade eu queria pular todos os outros passos, e ir logo praticar o último. Só Deus sabe quantas vezes fui do 1º ao 12º Passo, sem ter de fato feito o 1º Passo. Foi minha filha que nunca freqüentou uma sala de J.A. ou Jog Anon, que me alertou: Sabe por que você recaiu? Porque você foi do 1º ao 12º Passo, mas ainda não aceitou o 1º. Estava certa, mas, continuei insistindo.
Passei por muitas dificuldades emocionais. Aqui descobri como o meu emocional sempre esteve mal, e como isto me levava às recaídas. Mas, com a ajuda de Deus e dos irmãos e irmãs em JA, fui encontrando o equilíbrio.
Sou profundamente agradecida aos irmãos e irmãs em JA: Aos que permaneceram na irmandade e aos que só passaram por ela e não permaneceram; mas, muito contribuíram com seus depoimentos para a minha recuperação. Penso nessas pessoas e Rogo a Deus por elas.
Graças a todos aprendi a conjugar o verbo na 1ª pessoa do plural, pois cada irmão ou irmã que chega a JA faz parte de nós, pois somos uma irmandade. Como uma irmã costuma dizer; os irmãos se desentendem, brigam, mas se algum precisar, os irmãos estão sempre presentes para ajudar.
Desejo a vocês, meus irmãos e irmãs em JA, o mesmo que desejo para mim: vinte e quatro horas de Paz, Serenidade e Abstinência.
Aqui encontrei Deus e com Deus encontrei a Paz, Serenidade e mantenho minha abstinência do jogo
PAULA – São Paulo – Enviado em fevereiro de 2009.
Jogo: Uma compulsão insidiosa
Revisitando meu passado ainda recente, dou-me conta de ainda ficar incrédulo e por vezes cético quanto as causas que me levaram a ruína, tanto espiritual, quanto emocional, moral e financeira.
Vez por outra me pego imaginando que o inferno foram realmente os outros...
ou as circunstâncias... talvez a sorte que de repente tenha-se tornado madrasta... ou quem sabe, urucubaca mesmo. Mas como cético, desconfio desta última hipótese.
Fazendo este prólogo apenas para expor minhas armadilhas mentais, as racionalizações que justificavam o injustificável, por completamente insano.
O jogo na realidade foi uma consequência, assim como já estas racionalizações haviam ditado me comportamento adicto em outras compulsões igualmente autodestrutivas. Foram tão somente campos férteis para a expansão
de meus defeitos de caráter, qual sejam a arrogância e prepotência, subprodutos da vaidade, de meu egocentrismo e individualismo.
O jogo talvez seja a mais egoísta das compulsões, pois para nos darmos bem, desejamos mais é que os outros se lasquem, mesmo.
Talvez por isso me identificasse (ainda me identifico, por vários outros motivos) com as letras de Tim Maia que dizia: "...uns nascem para sofrer, enquanto outros riem..."
Mas uma das principais características do arrogante, entre tantas outras, é de jamais se considerar arrogante. Sem falar das mentiras, da desonestidade, da manipulação, e outras coisitas mais, como sempre minimizar seus defeitos ou empurrar a sujeira para debaixo do tapete.
A arrogância no fundo era (ainda é, em certo grau) uma máscara para a falta de integridade pessoal de valores que foram sufocados ou mesmo tragados pelo jogo compulsivo, hoje, para mim, pessoalmente, a mais insidiosa das compulsões.
J.G - São Paulo - Enviado em outubro de 2008.
Primeiro Passo de Recuperação
Para mim, não foi complicado dar o 1º passo. Antes mesmo de descer aqueles degraus da igreja Sta. Efigênia em direção à minha primeira reunião, já havia admitido e aceito minha total derrota e perda de domínio de minha vida.
Cheguei literalmente de joelhos, pois ao adentrar a igreja procurei pela imagem de S.Judas Tadeu, a quem se atribui ser o santo das causas impossíveis e de casos desesperados como o meu. Talvez não tenha identificado sua imagem, mas creio que mesmo assim o santo diante do qual me ajoelhei e orei deve ter passado o recado.
Quando cheguei a J.A. não havia mais portas em que bater, nem mesmo batentes haviam sobrado, para dar uma dimensão da realidade que me cercava. Precisava de uma janela, uma fresta que fosse, de esperança de resgate de minha sanidade, de minha integridade, diria mesmo do meu EU, de minha personalidade. O jogo havia me transformado em uma “COISA”.
Hoje, decorridos, 02 anos e 02 meses, J.A vem resgatando minha verdadeira essência, sei que os rescaldos de tanta destruição ainda demandarão tempo considerável para serem sanados, muitas pontes que detonei com minha compulsão não poderão ser reconstruídas, resta-me hoje, tentar lidar com sentimentos de culpa, auto-piedade, frustração e ressentimentos que vez ou outra afloram em meus pensamentos e abalam minha estrutura emocional.
Situações altamente constrangedoras e humilhantes também tive que passar nesse período de abstinência, afinal, são as conseqüências. Seria irreal imaginar que poderia me safar delas, de todo esse doloroso processo de recuperação. Mas como jogador que continuo sendo, hoje eu aposto no programa de Jogadores Anônimos, uma programação de VIDA e de ESPERANÇA, acima de tudo!
24 Horas.
JG - São Paulo - Enviado em dezembro de 2008.
A importância do Grupo
Meu nome é Carlos Alberto, sou um jogador compulsivo em recuperação, de Florianópolis - SC.
Minha adição foi pelo jogo do bicho. Comecei a jogar com a idade de 17 anos em 1962, quando fui para o Rio de Janeiro. Solteiro ainda e, distante de minha família, comecei a sair com um grupo de amigos e, entre uma cerveja e outra, fazia uma aposta para passar o tempo. Essas apostas foram tomando proporções maiores e, quando dei por mim, já estava tomado pelo vício. Aí, juntou o jogo, a bebida e o cigarro.
Em 1991, retornei para Florianópolis, minha terra natal, onde continuei com os malditos vícios: Jogo, bebida e cigarro. Juntamente com o jogo do bicho vieram também as máquinas; foi quando conheci o fundo do poço. Estava no fundo do poço, quando assistindo a um canal de televisão, deparei-me com uma reportagem que falava sobre Jogadores Anônimos. Procurei saber o telefone da pessoa responsável e, foi essa a minha salvação.
O grupo estava em seu início e pela força do Poder Superior, a pessoa que me atendeu me deu o endereço e disse que seria a terceira reunião do grupo. Isso aconteceu no dia 26 de janeiro de 2002. O grupo teve a sua primeira reunião no dia 22 de janeiro do mesmo ano. Nesse tempo de grupo eu tive 04 recaídas.
No dia 02 de julho de 2008, o Poder Superior se manifestou outra vez, por meio de um dono de casa de jogo de bicho. Ele chegou até a minha pessoa e disse para eu sair dessa vida que, não dava camisa a ninguém e que eu não ganharia nunca. Aí, no dia 03, eu procurei novamente o grupo, de onde estava afastado há quase dois anos. Portando, com a graça do Poder Superior, no dia 3 de julho de 2009 completarei 07 anos, 05 meses e 07 dias de grupo, e 01 ano de abstinência, desde a minha última recaída.
Quero dizer também que, com a minha boa vontade e com a ajuda do Poder Superior, deixei também de fumar e de beber. Agradeço em primeiro lugar ao Poder Superior e depois à minha esposa que, não deixou, em nenhum momento, de me dar força para eu controlar a minha doença.
Aos meus irmãos de grupo, também agradeço por me escutarem todas as vezes que nas reuniões dou o meu depoimento. Essa força é essencial para a minha recuperação.
Por fim, quero dizer aos irmãos que desejam se afastar de seu grupo, que não o façam, pois o afastamento da sala é uma prévia para a recaída.
Obrigado por terem lido esse meu depoimento e desejo a todos, 24 horas de Paz, Serenidade e Abstinência.
CA - Florianópolis - Enviado em junho de 2009.
Sofrimento e Recuperação
Conheci o bingo no ano de 1999, e foi com o pai da minha filha, me lembro que naquela noite ficamos por volta de uma hora, jogamos nas máquinas e ganhamos, era tanto dinheiro que achei que era o local exato para eu ganhar dinheiro e melhorar de vida. No início ia a cada 20 dias e às vezes, uma vez por mês. Até que no mesmo ano saí de férias e como não tinha nada para fazer resolvi ir até o Bingo Cruzeiro do Sul (Santana) e comecei a jogar até perder todo o dinheiro das férias. Achei um absurdo, pois trabalhei o ano todo e em questão de meia hora já havia perdido tudo, na ânsia de recuperar meu dinheiro, passei a frequentar mais vezes, até o momento em que já não buscava mais o prazer do jogo e sim recuperar o perdido. Perdi a noção do dinheiro, tempo, auto-estima, dignidade, amor próprio, dentre outros que joguei dentro do buraco daquelas máquinas. Já não me alimentava, não trabalhava, cheguei a receber duas cartas de advertência da empresa que trabalho, mas nada do que aconteceu fez com que eu parasse de jogar.
Lembro que deixei minha filha, na época menor de idade, do lado de fora do bingo para jogar, peguei dinheiro com agiotas, empréstimos nos bancos e com pessoas conhecidas, simulei assaltos, menti, manipulei, virei um trapo humano.
Eu achava que meu problema era financeiro e não o jogo, que, aliás, aquelas máquinas me fascinavam pelas luzes, era como se eu estivesse dopada e não percebia o tempo passar, quando jogava eu esquecia, deixava meus problemas fora de questão. Aliás, sempre tinha uma máquina preferida para eu jogar e não gostava quando tinha alguém no meu lugar, ou quando ficavam parados ao meu lado, eu achava que estavam gorando a máquina. Loucura total de uma doente.
Ingressei em Jogadores Anônimos no dia 25/11/02 e desde então nunca mais joguei. Cheguei cheia de dívidas e totalmente derrotada como pessoa, aprendi que tenho que viver um dia de cada vez, foi muito difícil no início ficar sem jogar, mas estou conseguindo aos poucos, hoje são quase 07 anos sem fazer uma aposta. No início da recuperação ia a todas as reuniões de São Paulo, fiz 90 dias/90 reuniões e se não tivesse conhecido Jogadores Anônimos hoje talvez eu estivesse louca, porque o jogo estava me levando à loucura ou quem sabe já estivesse morta ou presa e é exatamente isso que faz a doença da compulsão: Loucura, morte ou prisão.
Hoje levo uma vida totalmente diferente, já não preciso do jogo para resolver meus problemas, vivo com qualidade de vida e o que ganho em dinheiro é oriundo do meu trabalho. Hoje já paguei todas as dívidas relativas ao jogo. Vale à pena ficar sem jogar, conheci pessoas maravilhosas e assisto duas reuniões por semana, vale à pena entrar em recuperação e sempre agradeço ao meu Poder Superior (Deus como eu acredito) por mais 24 horas.
MA - São Paulo - Enviado em junho de 2009.
Enfrentando a compulsividade
Há 10 anos entrei para o J.A.. Fui recebida com muito carinho, embora estivesse muito tensa e sofrida, pois não conseguia me livrar do jogo e achava que, para mim não existia mais solução. O Passo lido foi o 1º de Recuperação. Ao ouvir e entender que, o que eu tinha, era uma doença chamada compulsividade, senti um enorme alívio. Eu só ouvia dos meus familiares que, eu era uma sem-vergonha, mentirosa, viciada e que eu não tinha mais limites para distinguir o que era certo ou errado. Que eu não passava de uma pessoa sem caráter. Isto me fazia muito mal, porque na realidade eu não sabia o que se passava comigo. Eu não queria mais jogar e, no entanto, todo dia eu saia para jogar e voltava de madrugada com enorme peso na consciência. Por que eu fazia aquilo? Por que eu não conseguia parar?
Naquela primeira reunião percebi que eu precisava de ajuda e que eu poderia deter a doença, mas que nunca me livraria da compulsividade, uma vez que, ela fazia parte de mim. E, isto eu percebi com o tempo, que eu tinha que estar sempre alerta para que a compulsividade não migrasse para outras coisas. Depois de uma semana no J.A., entrei nas Lojas Americanas e comprei duas bolsas cheias de mercadorias. E estava feliz da vida, pois tinha gasto o dinheiro em algo útil. Dois dias depois, novamente cheguei com duas bolsas repletas e a minha mãe me olhou e perguntou se eu estava precisando de todas aquelas coisas. Surpresa eu respondi que não, mas que, finalmente, eu estava gastando o dinheiro com coisas e não com o jogo. Ela me olhou seriamente e me alertou que eu tivesse cuidado para não me tornar uma compradora compulsiva e que era melhor que eu colocasse o dinheiro na poupança para equilibrar o meu orçamento. Foi um alerta que me ajudou e me ajuda até hoje. Fico me vigiando constantemente e a qualquer indício de compulsividade eu recuo imediatamente. E, isto, já me aconteceu várias vezes.
Nestes dez anos, aprendi a crer num Poder Superior, entregar-me a Ele e pedir que eu aceite a minha doença, e com a ajuda Dele trabalhe e me livre dos meus defeitos de caráter e, sempre, peço a este Poder Superior que me dê a Serenidade para que eu possa receber bem aquele que ainda esteja sofrendo, pois ele também é parte importante de minha recuperação.
Os Passos de Recuperação, os Passos de Unidade e a prestação de serviço foram e, sempre, serão o caminho para a minha libertação do jogo, que tanto mal me causou.
Eu só posso agradecer ao Poder Superior, a esta Irmandade e a todos os Irmãos, que através de seus depoimentos, me ajudaram nesta caminhada de dez anos, longe do jogo.
Susie - Rio de Janeiro – Enviado em agosto de 2009.
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