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4.26.2010

Amigo de faz de conta



Cerca de 40% das crianças de 3 a 6 anos têm colegas imaginários. Fenômeno costuma ser normal, mas há casos que merecem mais atenção dos pais e orientação psicológica


Rio - Se seu filho anda pela casa tagarelando com um pedaço de pano, um bicho de pelúcia, um travesseiro ou um boneco, não se assuste. Esse tipo de fantasia, chamada por especialistas de ‘amigo imaginário’, é comum entre 3 e 6 anos de idade. Segundo o chefe de Neuropsiquiatria Infanto-Juvenil da Santa Casa de Misericórdia, Fábio Barbirato, 4 em cada 10 crianças têm um companheiro que só elas podem ver e ouvir.

O psiquiatra explica que a criação faz parte do chamado ‘pensamento mágico’ infantil, e divide espaço na imaginação dos pequenos com princesas, super-heróis, anjos e outros personagens. O amigo faz companhia e ajuda a criança a compensar faltas — como ausência do pai e da mãe — ou lidar com situações novas, como morte, iniciação escolar ou chegada de um irmãozinho.

“A criança sabe que aquilo é uma brincadeira de ‘faz de conta’, que o amigo não existe. Por isso os pais não devem interferir. No entanto, é importante que eles fiquem atentos se aquele amigo está presente o tempo todo ou se é só quando ele está longe de outras crianças”, diz.

Integrante da Academia de Ciência de Nova Iorque, a psicóloga Maria Valésia Vilela ressalta que o amigo imaginário é uma forma de a criança se adaptar à realidade, uma vez que é com esse companheiro que divide frustrações, alegrias e dúvidas. A profissional explica que o amigo perde espaço na vida da criança conforme ela cresce e cria amizades reais.

“A criança deve viver no mundo real e usar a fantasia como suporte. Se ela prefere a companhia do amigo imaginário à de outras crianças, ou se os diálogos não são condizentes com a faixa etária, os pais precisam ficar muito atentos”, diz Valésia.

A psicóloga ressalta que quanto menos ocupação a criança tem, maior a probabilidade de ter amigos imaginários. E os pais devem respeitar a fantasia, mas não reforçá-la.

“Se o pai identifica que a criança está brincando com o amigo imaginário, pode convidar para um programa mais interessante, como praia. Se a criança preferir não ir para ficar com o ‘amigo’, algo está errado. Também não é comum que crianças com mais de 7 anos tenham amigo imaginário”, diz.

CASOS DELICADOS

Segundo Valésia, os diálogos da criança com o amigo imaginário são referentes a vivências e, portanto, é importante saber a origem das conversas. “Se for palavrão, ou algo erotizado que a criança viu ou experimentou de alguma forma, os pais devem acompanhar e procurar ajuda profissional”, orienta.

Barbirato ressalta que se a criança relata que o amigo imaginário está ‘mandando’ ela agir de forma cruel ou imprópria, os pais também devem procurar um psicólogo ou psiquiatra. “Quando esse ‘amigo’ deixa de ser algo isolado e se torna alguém que manda na criança, pode ser não um amigo imaginário, mas sim um pensamento obsessivo, que cria um série de prejuízos para a criança. Por isso é importante observar”,
POR CLARISSA MELLO
O Dia

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