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4.29.2010
Labirintite, tontura, vertigem...
Labirintite, tontura, vertigem... tudo gira ao seu redor
Priscila Biancovilli
Um dos sintomas mais comuns em consultórios médicos acomete cerca de 40% da população adulta, em determinado momento de suas vidas. A vertigem é o tipo mais freqüente de tontura, em que a pessoa se sente girando no meio ao redor, ou vice-versa. Quando os sintomas são mais intensos podem vir acompanhados de vômitos, náuseas, suor, palidez e sensação de desmaio.
O labirinto é o ouvido interno, e se constitui pelos sistemas coclear e vestibular. “A cóclea é o órgão responsável pela decodificação dos sons, e o vestibular informa o sistema nervoso central sobre a posição e os movimentos da cabeça”, afirma Shiro Tomita, chefe do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF).
Diversos são os sintomas e sinais da tontura. O senso comum costuma classificar todo tipo de tontura como labirintite, apesar de isso não ser correto. A labirintite, no verdadeiro sentido do termo, é uma inflamação do labirinto. Poucos são os casos de tonturas que têm relação com a doença.
-Aqueles que sofrem de labirintite podem apresentar diversos sintomas. Os mais comuns são desequilíbrio, tontura, vertigem, enjôo e zumbido no ouvido. Os problemas no labirinto podem ser periféricos, ou seja, junto à orelha interna, ou centrais, e se relacionam com as alterações no sistema nervoso -, explica Shiro.
As causas de problemas labirínticos são bastante diversas, e vão desde diabetes, colesterol, distúrbios hormonais, infecções viróticas e bacterianas, a problemas de coluna cervical, e até mesmo tumores. “Outro fator que causa sensação de desequilíbrio é a Doença de Ménière, que promove o aumento do líquido endolina, afetando tanto a audição quanto o labirinto posterior”, afirma o professor.
O tratamento varia de acordo com a causa. “Para detectarmos a causa, o primeiro passo é fazer um exame de otorrino, audição e otoneurológico – estudo do labirinto. Outro exame é a VENG computadorizada (Vectoeletronistagmografia), em que as alterações do labirinto são registradas num gráfico. Às vezes também realizamos estudos por imagem (tomografia computadorizada e ressonância magnética), para detectar a presença de tumores”, enumera Shiro.
Em suma, se um paciente sente tonturas, ouvidos cheios, náuseas e tem a audição diminuída, deve realizar uma bateria de exames, para que o diagnóstico seja completo. A partir daí, inicia-se o tratamento adequado. “A reabilitação vestibular é uma ‘fisioterapia do labirinto’, e inclui movimentos, de coordenação da cabeça e olhos, movimentos do corpo e exercícios para equilíbrio estático e dinâmico. Essa reabilitação serve para todas as causas, e deve ser acompanhada com tratamento específico”,
A vertigem consiste numa falsa sensação de movimento ou de rotação ou na impressão de que os objectos se movem ou giram, e esta situação acompanha-se, habitualmente, de náuseas e de perda do equilíbrio.
Alguns utilizam a palavra tontura para descrever uma dor de cabeça moderada, ou então qualquer sensação vaga e esporádica de desmaio, ou inclusive de falta de forças. No entanto, só a tontura verdadeira, que os médicos denominam de vertigem, provoca uma sensação de movimento ou de rotação. Pode ser momentânea ou durar horas ou inclusive dias. A pessoa com vertigem costuma sentir-se melhor se se deitar e permanecer imóvel: no entanto, a vertigem pode continuar mesmo quando se está totalmente parado.
Causas
O corpo apercebe-se do sentido da posição e controla o equilíbrio através dos órgãos do equilíbrio (situados no ouvido interno). (Ver secção 19, capítulo 209). Estes órgãos têm conexões nervosas com áreas específicas do cérebro. A causa da vertigem pode ser consequência de anomalias no ouvido, na ligação nervosa do ouvido ao cérebro ou no próprio cérebro. Pode também estar associada a problemas visuais ou mudanças repentinas na pressão arterial.
São muitas as perturbações que costumam afectar o ouvido interno e causar vertigem. Pode tratar-se de perturbações produzidas por infecções virais ou bacterianas, tumores, pressão arterial anormal, inflamação dos nervos ou substâncias tóxicas.
A tontura (ou enjoo) desencadeada pelo movimento é uma das causas mais frequentes de vertigem, podendo desenvolver-se em pessoas cujo ouvido interno seja sensível a certos movimentos, como os de vaivém, de paragem e de arranque bruscos. Estas pessoas podem sentir-se especialmente enjoadas ao viajar de carro ou de barco.
A doença de Ménière produz crises de vertigem repentinas e episódicas, associadas a zumbidos nos ouvidos (tinnitus) e surdez progressiva. (Ver secção 19, capítulo 212) É habitual que os episódios tenham uma duração de vários minutos a várias horas e que muitas vezes sejam acompanhados de náuseas e de vómitos intensos. Desconhece-se a causa.
As infecções virais que afectam o ouvido interno (labirintite) podem provocar vertigens que habitualmente se iniciam de repente e pioram no decurso de várias horas. A doença desaparece sem tratamento ao fim de alguns dias.
O ouvido interno está em comunicação com o cérebro por meio de nervos e o controlo do equilíbrio está localizado na parte posterior do cérebro. Quando o fluxo sanguíneo a esta zona do cérebro é inadequado (doença conhecida como insuficiência vertebrobasilar), a pessoa pode manifestar vários sintomas neurológicos, entre eles a vertigem.
Habitualmente, quando há cefaleias, linguagem ininteligível, visão dupla, debilidade numa das extremidades e movimentos descoordenados, estes costumam ser sintomas de que a vertigem pode ser provocada por uma perturbação neurológica do cérebro, mais do que por um problema limitado ao ouvido. Estas perturbações cerebrais podem ser a esclerose múltipla, fracturas do crânio, convulsões, infecções e tumores (especialmente os que crescem na base do cérebro ou próximo deste).
Dado que a capacidade do corpo para manter o equilíbrio está relacionada com a informação visual, pode verificar-se uma perda de equilíbrio por causa de uma visão deficiente, especialmente no caso de visão dupla.
As pessoas idosas ou as que tomam fármacos para controlar uma doença cardíaca ou uma hipertensão podem sentir tonturas ou desmaiar quando se põem de pé bruscamente. Este tipo de tonturas é consequência de uma breve baixa de tensão arterial (hipotensão ortostática)cuja duração é momentânea e por vezes se pode evitar levantando-se lentamente ou usando meias de compressão.
Diagnóstico
Antes de estabelecer o tratamento para a tontura, o médico deverá determinar a sua natureza e a seguir a sua causa. Qual é o problema? Trata-se de uma marcha descoordenada, uma sensação de desmaio ou de vertigem ou deve-se a outra coisa? Está a causa no ouvido interno ou noutra zona? Para determinar a natureza do problema será útil conhecer os pormenores acerca do início da tontura, quanto tempo durou, o que a desencadeou ou o que causou alívio e que outros sintomas a acompanharam (dor de cabeça, surdez, ruídos no ouvido ou falta de forças). Geralmente, os casos de tonturas não são uma vertigem nem constituem um sintoma grave.
A mobilidade ocular do paciente pode fornecer dados importantes ao médico porque os movimentos anormais dos olhos costumam indicar uma possível disfunção do ouvido interno ou das ligações nervosas entre este e o cérebro. O nistagmo é um movimento rápido dos olhos, como se a pessoa estivesse a olhar os ressaltos rápidos de uma bola de pingue-pongue, da esquerda para a direita ou então de cima para baixo. Dado que a direcção destes movimentos pode contribuir para o diagnóstico, o médico tentará estimular o nistagmo mediante um movimento brusco da cabeça do doente ou instilando umas gotas de água fria no canal auditivo. O equilíbrio pode verificar-se solicitando à pessoa que fique imóvel e que, depois, comece a andar sobre uma linha recta, primeiro com os olhos abertos e a seguir fechando-os.
Alguns exames de laboratório podem contribuir para determinar a causa da tontura e da vertigem. Os exames de audição revelam muitas vezes doenças do ouvido que afectam tanto o equilíbrio como a audição. Outros exames complementares podem consistir em estudos radiológicos e numa tomografia axial computadorizada (TAC) ou numa ressonância magnética (RM) da cabeça. Tais exames podem mostrar anomalias ósseas ou tumores nos nervos. No caso de suspeitar de uma infecção, o médico pode extrair uma amostra de líquido do ouvido, de um seio ou então da medula espinhal através de uma punção lombar. Se o médico suspeitar de uma insuficiência na irrigação sanguínea do cérebro, pode solicitar uma angiografia (injecta-se um contraste no sangue e depois efectuam-se radiografias para localizar obstruções nos vasos sanguíneos).
Tratamento
O tratamento depende da causa subjacente à vertigem. Os fármacos que aliviam a vertigem moderada são: a meclizina, dimenidrinato, perfenazina, escopolamina. Esta última é particularmente útil na prevenção do enjoo devido ao movimento e pode aplicar-se sob a forma de emplastro cutâneo, cuja acção neste caso dura vários dias. Todos estes fármacos podem causar sonolência, especialmente nas pessoas de idade avançada. A escopolamina em forma de emplastro é a que tende a produzir menos sonolência.
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