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4.17.2010
Menstruação e Desejo Sexual
As variações do desejo sexual durante o ciclo da menstruação sempre despertou a atenção de vários pesquisadores.
Em 1931, por exemplo, M. C. Stopes, entrevistando mulheres sem a presença dos maridos, concluiu que isso ocorria no meio do ciclo e logo após o término das menstruações. Outros estudos negam a existência do pico de desejo sexual durante esse período. O que mais podemos saber sobre a relação entre menstruação e desejo sexual? E ainda, que fatores interferem nessa relação?
Á primeira vista parece difícil, senão impossível, medir a intensidade do desejo sexual, pois se trata de um dado essencialmente subjetivo. A correta interpretação dos dados publicados a respeito das oscilações do desejo sexual, durante o ciclo menstrual, é prejudicada principalmente pela costumeira confusão entre desejo, freqüência das relações e prazer.
Pesquisas mais recentes demonstraram que a maioria das mulheres experimenta o máximo desejo sexual durante as fases pré e pós-menstruais ou mesmo durante o período menstrual. Como nessas fases os níveis de estrogênio e progesterona são baixos, esse resultado leva à conclusão de que não há paralelismo entre a intensidade do desejo sexual e as taxas desses hormônios.
Já nos antropóides — primatas mais evoluídos —, a correlação entre desempenho sexual e reprodução é muito inconstante. Orangotangos mantidos em cativeiro, por exemplo, podem copular diariamente, esteja ou não a fêmea em seu período fértil.
O comportamento sexual dos chimpanzés é ainda mais próximo do padrão humano: o macho pode se mostrar excitado antes de se aproximar da fêmea. Esta muitas vezes o convida para a cópula, assumindo uma postura receptiva. O casal freqüentemente adota uma intimidade física prolongada, e assim por diante.
Atitudes como essas se tornam mais evidentes na época do cio, em que a fêmea é fértil, porém continuam presentes em outras ocasiões, embora de maneira menos intensa. O padrão de comportamento sexual é mais determinado pelas diferenças individuais (em especial pelas características do parceiro) do que pelo estado reprodutivo da fêmea.
Essa crescente importância (verificada na escala da evolução) de fatores psicológicos e culturais na determinação do comportamento sexual é realçada ao máximo na espécie humana. Sua influência é tão marcante que se torna difícil distinguir fatores psicológicos de outros (de natureza social), que se entrelaçam de maneira muito complexa, para determinar o desempenho sexual da mulher.
No que se refere à variação entre as mulheres ocidentais, do desejo sexual durante a menstruação, o pico do desejo sexual se verifica logo antes ou após a ocorrência da menstruação. Um numero muito menor de mulheres experimenta maior interesse sexual na fase intermediária do ciclo menstrual (esta coincide com a época da ovulação, quando os níveis de estrogênio são máximos).
A explicação para essa aparente contradição baseia-se no seguinte fato: a maioria absoluta das culturas, no mundo atual, costuma proibir qualquer forma de estimulação sexual durante a menstruação. A diferença no comportamento sexual entre os seres humanos e os primatas reflete a menor importância da influência hormonal e a profunda interferência dos fatores sociais na determinação do desempenho sexual humano.
Por Jonatas Dornelles
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