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5.02.2010

O drama de não saber a hora de para de comer


O drama de não saber a hora de parar de comer
‘Comedores compulsivos’ sofrem de transtorno de fundo emocional. Tratamento envolve terapia em grupo e medicamentos

Aos 34 anos, o taxista L. luta contra um vício que para a maioria das pessoas é simplesmente uma atividade de rotina: se alimentar. Desde a infância, L. não sabe a hora de parar de comer. Se está feliz, comemora com um banquete de fazer inveja à família real. Se está triste, afoga as mágoas em grandes porções de sopa — sempre acompanhadas de muitos pãezinhos.


Mas ele não está sozinho. Segundo a médica da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) Cláudia Cozer, 1,5% dos homens são comedores compulsivos. Entre as mulheres, o índice é de 3%.


“É um transtorno alimentar que deve ser tratado com nutricionistas especializados em terapia cognitivo-comportamental e, muitas vezes, com medicamentos para controlar a depressão, a ansiedade e ajudar no controle de peso”, diz.Segundo a médica, é difícil se identificar um “comedor compulsivo” na família, pois, apesar de normalmente ele ter sobrepeso, come escondido.


“Quem tem compulsão alimentar come mais de duas mil calorias em até duas horas no mínimo três vezes na semana”, esclarece a especialista.A pesquisadora Ivone Hénot explica que as causas estão ligadas a transtornos emocionais. Muitas vezes o comedor compulsivo tem outros vícios, como cigarro, álcool e drogas.


“A pessoa tem traumas não resolvidos, necessidades não preenchidas, sentimentos reprimidos. E então desconta na comida. O açúcar, presente não só em doces, mas em carboidratos — como pão e macarrão — aumenta os hormônios de prazer no cérebro e a pessoa se satisfaz”, explica. “Mas o prazer dura só enquanto ela come.


Depois vêm o arrependimento e a culpa”. Segundo as especialistas, conversar com pessoas que sofrem do mesmo problema pode ajudar. O grupo ‘Comedores Compulsivos Anônimos’ segue essa premissa.


Existente há mais de 40 anos, a organização segue as mesmas filosofias dos ‘Alcoólicos Anônimos’. Entre elas, o sábio conselho: “Evite a primeira mordida”. As reuniões são gratuitas.
“Sei que se comer um pão, não vou ter limites para parar de comer. Então não como. Tento me alimentar saudavelmente, com saladas e frutas. É um passo de cada vez, e, só por hoje, vou conseguir”


O Dia

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