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5.21.2010

O pênis está sempre certo!



Em um dos livros do psiquiatra Flávio Gikovate, li que nos casos de disfunção erétil “O pênis está sempre certo”. Como urologista, eu já tinha uma noção parcialmente consciente desse fato. Porém, a frase me despertou completamente: o pênis apenas responde aos maus tratos causados por condutas emocionais e orgânicas inadequadas.
Não é raro se deparar com homens que agem como se seu pênis fosse um “sujeito” independente que, quando funciona, é um amigo “do peito” e quando não, passa a ser um inimigo implacável. O problema é que esses mesmos homens se esquecem que tudo faz parte de um conjunto indivisível: corpo, mente e alma. Quaisquer desses compartimentos afetados resultam em alterações nos outros.
Esses homens não lembram o quanto torturaram seus corpos ao longo dos anos fazendo uso de alimentos inadequados, fumo e álcool. Esquecem-se dos longos períodos de inatividade física motivada pela preguiça e do acúmulo de gordura visceral a que submeteram seus corpos. Outros jamais tiveram a noção de que emoções negativas (medo, raiva, frustração, baixa autoestima, autopiedade, etc.) cultivadas por décadas são um potente veneno que anula a ereção. Ou se envolveram como mulheres que nada tinham a ver eles, só para provar (a quem?) que eram “machos” o suficiente.
“Ter que” ou “ser obrigado” a não falhar passou a ser um drama em muitas cabeças masculinas. E um drama que se retroalimenta: mais ansiedade, mais falha; mais falha, mais cobrança, mais ansiedade e mais falha. Aqueles que, por ventura, não tenham essas paranóias, muitas vezes já maltrataram tanto seu corpo físico que o sangue e o impulso nervoso que promovem à ereção não chegam ao pênis. Aí, então, um culpado (ou vários) tem que ser identificado, desde que não esteja ele – o próprio homem – incluído nessa lista. Reconhecer-se como responsável pela negligência com que se tratou e aceitar o fato é primeiro e grande passo positivo para um tratamento eficaz, pois não adianta procurar desculpas: “O pênis está sempre certo”.

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