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6.02.2010

Eike Batista (Tio Patinhas) dá dica de como ganhar primeiro R$ 1 milhão

Além de ser um empresário ousado, visionário e seguro de suas estratégias nos negócios, há uma característica que chama a atenção na personalidade do homem mais rico do Brasil e o oitavo do mundo, cujo patrimônio é avaliado em U$ 27 bilhões, segundo a Forbes. Com senso de humor, Eike Batista não esconde sua opção por ter dedicado o auge da sua juventude aos primeiros passos para o que se tornaria um grande império.

"Decidi não ir para a praia", brincou o empresário, mineiro de Governador Valadares, atualmente residente no Rio de Janeiro, durante palestra realizada na terça-feira, na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), em São Paulo. Ele se referia ao início da sua trajetória empresarial no Brasil no final da década de 1970, quando voltou dos seus estudos na Europa e fez uma visita à Amazônia, onde se produzia muito ouro.

Ao perceber que se tratava de um bom negócio, Eike comprou uma mina da região com empréstimo tomado de dois joalheiros do Rio de Janeiro. Ele comprava o ouro em pó e entregava o produto final aos joalheiros. O resultado disso foram US$ 6 milhões em um ano e meio, aos 23 anos. A partir daí, o empresário passou a criar novas empresas, associar-se a grupos internacionais, investir em outros países, entrar no mercado de capitais, controlar empresas cujas ações se destacam no mercado financeiro e aplicar sua fortuna em empresas de diferentes setores da economia.

Diante de uma plateia de alunos, professores e diretores da faculdade, além de mostrar um vídeo institucional da EBX, grupo controlado pelo empresário, Eike não falou mais do que 20 minutos, destinados principalmente à OGX, empresa de exploração de petróleo do grupo, e do potencial brasileiro neste setor. Mas as respostas às perguntas da plateia suscitaram valiosas discussões.

Perguntado por uma professora sobre o caminho ideal para que os alunos possam conquistar "seu primeiro milhão", Eike começou: "nós, da classe média...". Interrompido por risos dele próprio e da plateia, concluiu: "...Temos que aceitar sair da zona de conforto e ir para a área de fronteira. O brasileiro não tem a cultura do risco e isso precisa mudar", afirmou, destacando a importância do empreendedorismo para a economia do País.

O empresário, conhecido por seu espírito aventureiro nos negócios, o que já lhe rendeu alguns prejuízos, mas de fato multiplicou sua fortuna, afirmou ainda que o Brasil vive um momento econômico favorável para que os empreendedores coloquem suas ideias em prática.

"O País vive uma fase de estabilidade, por isso consegui vendê-lo lá fora. Enxergo pelo menos mais dez anos de crescimento contínuo. Além disso, mostramos para o mundo que sabemos respeitar contratos e que aqui há transparência, principalmente na questão ambiental. Nas áreas em que atuo, não há dúvidas de que o Brasil é o melhor País para se investir, e olha que invisto em muitos países", ressaltou o empresário.

Em comparação com outros países da América do Sul, além do Brasil, ele recomendou investimentos na Colômbia e no Chile e fez sérias restrições à Argentina e à Venezuela. "A Venezuela estatizou todas as empresas e, na Argentina, a corrupção prejudica os empresários, não é possível confiar no governo. No Brasil, temos um Ministério Público independente. Hoje as empresas são realmente fiscalizadas e denunciadas se houver qualquer irregularidade", afirmou.

Questionado por uma estudante sobre possíveis facilidades por ser filho de Eliezer Batista, ex-ministro de Minas e Energia no governo de João Goulart e ex-presidente da então Companhia Vale do Rio Doce, Eike, que sempre manteve um relacionamento próximo com os governos, rebateu: "à época da privatização da Vale, eu poderia tê-la comprado, já tinha capital para isso, e não o fiz. Apesar de ser uma pessoa ótima, não tive muito contato com meu pai. Sou um dos sete filhos, ele não teria me privilegiado".

Eike sofre constantes críticas de especialistas que duvidam de seu êxito em setores competitivos da economia. Ele é ainda alvo de investigações da Polícia Federal por acusações de financiamento ilícito de campanha para supostas facilidades na concessão de licitações - fato que ele mesmo lembrou durante a palestra. "É a prova de que o Brasil tem transparência. Hoje tudo é investigado. Mas eu garanto que não há mais 'Caixa 2' no Brasil e que as licitações são muito transparentes",

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