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6.03.2010
Internet pode destruir um Relacionamento?
Com a difusão de conexões cada vez mais rápidas para acesso à Internet, os usuários estão ainda mais assíduos e o mundo virtual fica mais atraente a cada dia. Em ambientes de trabalho os funcionários se comunicam por mensagens instantâneas, pessoas de todo o mundo jogam videogame juntas, parentes que não se vêem há anos retomam contato via email, amigos de colégio marcam encontros em grupos de discussão e, claro, casais se formam a partir do contato online – mas outros casais se separam também, por causa das chamadas “traições virtuais”.
A facilidade que um indivíduo tem de encontrar alguém e engatar um relacionamento pode ser bastante prejudicial para um namoro ou um casamento. Das inúmeras possibilidades que a Internet oferece, entre salas de bate-papo, Orkut, MSN, email, uma delas é a chance de você ser quem quiser, falar o que desejar, incorporar um personagem e ter uma vida paralela. Prova disso é o fenômeno Second Life (”segunda vida”, em tradução livre para o Português), no qual é possível criar um boneco e circular por diversos cenários (alguns imitando lugares reais) conhecendo pessoas, conversando com elas e até mesmo gastando dinheiro com casa, mobília, ações e eventos patrocinados. “O anonimato e a interatividade é a grande parceria do mundo digital”, explica Thiago de Almeida, psicólogo especialista em relacionamentos amorosos e pesquisador da Universidade de São Paulo.
No entanto, não é possível chamar a Internet de “destruidora de lares” ou acusá-la de ser o motivo de um relacionamento fracassado. “Muitos pesquisadores concordam que a Internet não pode ser responsabilizada pela separação dos casais. Estas uniões certamente já não caminhavam bem e ela foi apenas um meio que facilitou a rápida comunicação entre as pessoas”, ressalta Almeida. “Estes indivíduos normalmente já estavam procurando experiências em outros locais, com ou sem sucesso.”
Conversas inocentes
Às vezes, a pessoa não procura um novo parceiro, apenas alguém para conversar, um amigo. “Para muitas pessoas, o mundo virtual é a porta de entrada para um mundo de oportunidades e possibilidades, onde há tanto a possibilidade para se fazer amigos, de localizar pessoas, de arranjar um encontro para ir ao cinema, ou até mesmo para encontrar parceiros para sexo casual”, enumera o psicólogo. O perigo está na intimidade que se adquire com a pessoa do outro lado do computador, mesmo sem a presença física dela.
Fabiana*, 25 anos, namora há cinco anos mas a relaçãp quase foi abalada devido a uma amizade pela Internet. “No começo do namoro, eu costumava ficar horas nas salas de bate-papo porque já estava acostumada com essa rotina. Gosto de trocar idéias, mas nunca quis me aventurar no cybersexo ou em um affair”, conta. No entanto, uma dessas amizades começou a ir mais longe e o namorado reclamou.
“Ele achava ruim porque esse amigo começou a fazer parte da minha vida, me mandava presente, me ligava para conversar como se fosse um velho conhecido.
Mas não era um velho conhecido, tínhamos nos conhecido há poucos meses”. No final, Fabiana acabou se afastando da Internet e das amizades virtuais para não prejudicar seu relacionamento com o namorado.
Almeida conta que são muitos os cônjuges preocupados com o adultério virtual. Essa preocupação pode levar a um estado de vigília que pode ser prejudicial mesmo se a traição não for consumada. Foi o que descobriu Camila*, 24 anos, após vasculhar o histórico de conversas do MSN do seu namorado. Como ele usava o mundo virtual para conhecer garotas antes de namorar com ela, Camila acabou lendo diálogos que gostaria de não ter visto, com insinuações sexuais de ambas as partes. “Aprendi que quem procura, acha”, diz. Nessa situação, Thiago de Almeida acredita que “cada caso deve ser analisado com parcimônia para saber se coloca em risco a situação do casamento ou namoro.” No exemplo de Camila, como a conversa havia acontecido há mais de um ano e seu namorado há tempos não demonstrava nenhum sinal de amizades virtuais, eles conversaram e a relação continua bem.
Sorte semelhante não teve Carolina*, 30 anos. Há um ano e meio seu marido conheceu uma mulher na Internet e largou tanto ela quanto os dois filhos do casal.
“Na verdade, a outra mulher tentou convencê-lo a levar as crianças porque tinha mais condições financeiras de cuidar delas, mas eu não deixei”, relembra. Após três meses e 12 quilos mais magra, ela decidiu tentar voltar a uma vida normal com os filhos. “Eles são tudo pra mim, são o que tenho de mais precioso”, desabafa.
E é preciso muito cuidado no tipo de relação que se estabelece na Internet, porque o romance pode ser virtual mas, se for descoberto ou assumido, como no caso do ex-marido de Carolina, os impactos recaem na vida das pessoas de carne e osso – e quem sofre as conseqüências não são somente o traído e o traidor, mas até mesmo filhos e demais familiares.
Perigos e estímulos
Situações como essas não são difíceis de acontecer. O especialista em relacionamentos amorosos explica que as pessoas têm inclinação a evitar contatos que possam causar futuras frustrações e tendem, então, a idealizar o “outro”. Dessa forma, depositam essas expectativas no interlocutor do bate-papo virtual que pode, afinal de contas, ser qualquer um que se desejar. “Partilhar experiências e fantasias sexuais no espaço virtual pode ser mais excitante e provocar uma sensação de intimidade maior do que ter uma relação sexual em casa com os nossos parceiros do cotidiano”, comenta.
É comum também, no Brasil, usuários do site de relacionamentos Orkut cometerem o chamado “orkuticídio”, ou seja, apagarem seus perfis da rede a pedidos do parceiro. É o caso de centenas de internautas, entre eles Tatiana*, 25 anos. A garota mal começou a namorar e logo seus amigos perceberam que o seu perfil não existia mais. “Quando me perguntam a razão de eu ter feito isso, respondo que queria evitar conflitos, apesar de pouco usar o serviço do Orkut”, argumenta. Ela é uma dentre muitas pessoas que acreditam que a Internet acaba com a privacidade do casal, como Regina*, 24 anos. “As pessoas tinham preconceito por eu namorar alguém de raça diferente da minha, e até mesmo meus parentes começaram a deixar recados ofensivos na minha página. Tive que apagar tudo e me desligar da rede”, conta.
Mas ao mesmo tempo em que o mundo digital pode apresentar-se como ameaça a relacionamentos, ele também aproxima as pessoas. Especialmente pessoas tímidas, que conseguem uma via para expressar seus pensamentos e terem conversas agradáveis, já que podem se expor sem de fato se identificar. Maurício*, 21 anos, gostou da experiência de namorar alguém que conheceu pela web. “No começo rolou uma timidez, mas depois relaxamos”, relata. “Foi a primeira vez que namorei alguém que conheci primeiro na net, ficamos seis meses juntos. Valeu a experiência”, alegra-se.
Os nomes foram alterados a pedido dos entrevistados
O Site de Toda Mulher
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