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6.06.2010

A mulher é mais vulnerável nas doenças

Dossiê saúde da mulher

O sexo feminino sofre mais com distúrbios como depressão, ansiedade, síndrome do pânico e osteoporose. Até nas doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, reumatismo e dor na coluna, as mulheres são as maiores vítimas. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, esses problemas afetam 33,9% das mulheres e 25,7 % dos homens.

Se há três décadas as doenças cardiovasculares atacavam muito mais os homens, hoje elas já estão empatando o jogo. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em 1970, as doenças coronárias eram responsáveis por dez óbitos em homens contra um em mulher. Já em 2002, a proporção diminuiu para 2,5 casos masculinos para um feminino.

Estudos apontam para os hormônios femininos, ou a falta deles, como os principais responsáveis pela maior exposição delas às doenças. Além disso, estresse, dupla jornada no trabalho, fumo, dieta desbalanceada e sedentarismo também contribuíram para fragilizar a saúde feminina. Conheça os principais distúrbios femininos nas diferentes faixas etárias e como se prevenir.

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INFÂNCIA
O distúrbio mais comum na menina a partir dos oito anos é o surgimento da puberdade e da menarca (primeira menstruação) precoces. Se os primeiros sinais - como o desenvolvimento de mamas e pêlos púbicos - ocorrerem aos oito anos, significa que a menarca acontecerá entre nove e dez anos, o que é normal. Porém, se aparecerem com menos de oito anos, aí sim, pode-se falar em puberdade precoce. Entre as causas estão as anomalias genéticas, distúrbios hormonais diversos e até tumores. Uma das conseqüências da menarca precoce é a diminuição do crescimento em altura da criança. "Na presença desse quadro, a menina deverá passar por uma avaliação clínica. O tratamento vai depender da doença que causou a precocidade", explica Nilson Becker, hebiatra (médico especialista em adolescentes) de São Paulo.

ADOLESCÊNCIA
Menstruação irregular: no início, os fluxos são irregulares, tanto no número de dias quanto no intervalo entre eles. Porém, a situação se normaliza após dois anos, em média, da menarca. Se a variação se mantiver depois desse período, o ideal é consultar um ginecologista.

Distúrbios hormonais: tanto a menina quanto o menino produzem hormônios masculinos e femininos. Mas, em geral, as queixas femininas se referem ao aparecimento de sintomas aparentemente produzidos pelo hormônio masculino, como barba ou excesso de pêlos - mas nem sempre a causa é o excesso de testosterona nas meninas. Os distúrbios hormonais podem ocorrer por alguma alteração em locais que produzem hormônios (cérebro, supra-renal, ovários) e até mesmo por outras doenças que provoquem um desequilíbrio no metabolismo hormonal. Outros sinais como atraso ou excesso de crescimento, perda ou ganho excessivo de peso e até sintomas inespecíficos como cansaço e alterações digestivas também podem servir de alerta.

Síndrome dos ovários policísticos: tratase de um conjunto de sinais e sintomas como obesidade, distúrbios na menstruação, aumento de pêlos e alterações nos ovários que, isoladamente, não significam obrigatoriamente a presença da doença. Embora ainda não se conheça a causa específica, existe tratamento para que haja uma melhora significativa dos sintomas e também para que, mais tarde, a adolescente possa ter uma vida sexual e reprodutiva normais.

Acne: ela tem sua importância na adolescência, principalmente pelo lado emocional. Uma das causas apontadas é a presença de maior quantidade de hormônios sexuais na corrente sangüínea, que poderia levar a um aumento de oleosidade na pele. "Existem muitos tratamentos disponíveis. Mas a medicação, inclusive a tópica (cremes e pomadas), deve ser usada com a supervisão de um profissional especializado", avisa Nilson Becker.

IDADE ADULTA
TPM: "cerca de 90% das mulheres já tiveram pelo menos um sintoma pré-menstrual. Em 30% dos casos, os sintomas são moderados. Só de 3% a 8% têm certa gravidade", diz a ginecologista e sexóloga Ana Paula Santiago, do Hospital São Camilo (SP). O distúrbio apresenta sintomas durante a fase pré-menstrual que regridem com o início da menstruação. Entre eles, estão ansiedade, nervosismo, angústia, baixa auto-estima, dor de cabeça, inchaço, cólicas, fadiga, compulsão por alimentos, aumento no consumo de álcool e alteração da libido. Relaxamento, meditação, atividade física, dieta rica em fibras e pobre em sal e gordura, além de se evitar bebidas alcoólicas, refrigerantes, café, chá mate e preto são algumas das medidas para evitar a TPM. Vitamina B6, diuréticos, ansiolíticos e antidepressivos e ácido gamalinoléico ajudam nos casos mais graves.

Displasia mamária: é uma alteração do tecido glandular das mamas que provoca dor, principalmente no período pré-menstrual. "Cerca de 30% de mulheres avaliadas pelos mastologistas (especialistas em mamas) reclamam de dor na região. Em 67% dos casos, tem início no quinto dia antes da menstruação e termina após o fluxo menstrual", diz a médica Ana Paula. As principais causas são alterações hormonais com alto nível de prolactina e alteração na relação estrogênio/progesterona, uso abusivo de cafeína, estresse e predisposição genética. O tratamentoé feito de ingestão de vitamina E, ácido gamalinoléico, dieta balanceada e, em alguns casos mais específicos, administração de analgésico e antiinflamatório.

Mioma uterino: é uma formação nodular benigna, que atinge mulheres no período reprodutivo. Pode ser assintomático e percebido apenas em exames. Mas também pode apresentar sintomas como sangramento genital aumentado, com presença de coágulos, dor pélvica e cólicas antes e durante a menstruação, peso no baixo ventre, constipação por compressão do intestino, dor no ato sexual. O tratamento, dependendo do caso, pode ser cirúrgico.

AS DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS DEVEM SER PREVENIDAS COM O USO DE PRESERVATIVO EM TODAS AS RELAÇÕES SEXUAIS

Menopausa precoce: a menopausa dá seus sinais normalmente entre os 45 e 55 anos. Quando ocorre antes desta faixa é considerada precoce. Entre as causas está a falência ovariana, que é o esgotamento total dos folículos onde se encontram os óvulos, com a parada da produção hormonal. Nesse caso, não há mais possibilidade de gravidez. Algumas doenças podem ocorrer junto com a menopausa precoce, como hipotireoidismo, diabetes, hipertensão arterial e osteoporose. O tratamento depende de cada caso: se for falência ovariana, é feito com terapia de reposição hormonal.

Endometriose: a doença acomete mulheres em idade reprodutiva - apenas 2%, entre 40 a 42 anos - e consiste na presença de endométrio (camada interna do útero, renovada mensalmente pela menstruação) em locais fora do órgão. Os sintomas são dor menstrual intensa e progressiva, dor profunda durante a relação sexual e história de infertilidade em 30% a 50% dos casos.

Existem várias teorias para explicar a endometriose. A principal delas é que, durante a menstruação, as células do endométrio caem dentro da cavidade abdominal. Outras dizem que é uma doença genética ou do sistema de defesa.

Infertilidade: não conseguir engravidar deve ser encarado como um problema do casal. "Entre 10% a 15% dos casais que não conseguem ter filhos por meio de uma relação sexual convencional, 30% dos fatores são da mulher; outros 30% são do homem", diz a ginecologista Denise Coimbra, especialista em Reprodução Humana. E ainda existem as causas desconhecidas. Na mulher, entre as razões, estão a ausência de óvulos, menopausa precoce e inexistência de útero. A médica também diz que, apesar dos avanços, a única dificuldade que a medicina ainda não conseguiu driblar é a idade da mulher. "O homem, a cada 80 dias, renova o seu estoque de espermatozóides. A mulher já nasce com todos os óvulos que vai ter durante a sua vida fértil. Todo mês, em torno de mil óvulos se preparam, a cada ciclo, mas apenas um se desenvolve para ser fertilizado. Daí, seu estoque se esgota durante sua vida fértil, sem ser reposto".

Aborto espontâneo: ocorre, em sua maioria, durante as 12 primeiras semanas de gestação e geralmente está ligado a anomalias fetais, mas também pode ocorrer por conta de problemas maternos. E ainda há uma parcela deles que tem causa desconhecida. Os sintomas são sangramento, cólica e secreção vaginal, que se tornam mais intensos conforme o aborto progride, até ocorrer a expulsão de parte ou de todo o conteúdo uterino. Deve-se procurar socorro médico e, depois, a mulher deve fazer repouso total.

TERCEIRA IDADE
Climatério: período de transição entre a vida reprodutiva e a não reprodutiva, quando a mulher pára de menstruar. Acontece alguns anos antes da menopausa. O principal sintoma - cerca de 70% a 80% das mulheres nesta fase sofrem com ele - são os fogachos (ondas de calor).
Outros sinais comuns podem ser tristeza, cansaço, depressão, ansiedade, irritabilidade, insônia, diminuição de atenção, de concentração, de memória e da libido. Porém, a característica mais marcante é a menstruação irregular. O período de fluxo vai diminuindo e os intervalos entre cada menstruação se tornam cada vez maiores, até cessar por completo. Depois de um ano sem menstruação, os médicos dizem que a mulher entrou em sua nova etapa de vida.

Menopausa: ocorre por volta dos 50 anos, quando a mulher deixa totalmente de menstruar. A atenção precisa ser redobrada, afinal, a ausência de hormônios sexuais femininos pode levar a doenças cardiovasculares, por alterar os vasos sangüíneos e os níveis de colesterol. Surge também a osteoporose, tornando os ossos fracos. E mais: a vulva e a vagina perdem os hormônios que a nutriam, deixando a pele ressecada e fácil de romper, devido à falta de lubrificação.

Por isso, a penetração durante o ato sexual, torna-se dolorosa. "Com menos hormônio, os tecidos da bacia também ficam frouxos, favorecendo a caída da bexiga e útero e levando à incontinência urinária", diz Alexandre Megale, ginecologista do Hospital São Camilo (SP). A principal forma de tratamento é a reposição dos hormônios sexuais. Porém, só deve ser feita com rigorosa supervisão médica. Outro recurso é a administração de fitohormônios, como as isoflavonas da soja. Mas um estilo de vida saudável desde o climatério melhora os sintomas da menopausa. A atividade física constante, de aproximadamente 50 minutos diários, como caminhadas, também entra na receita de bem-estar.

O CÂNCER E A MULHER
Em geral, é a segunda causa de morte para as mulheres no Brasil. Porém, entre os tumores, os que atingem em especial o sexo feminino são:

MAMA: "os fatores de risco mais conhecidos são menarca precoce, menopausa e primeira gravidez tardias, e o uso indiscriminado de terapia de reposição hormonal", diz o oncologista Elias Abdo Filho, do Hospital São Camilo (SP). Os fatores de proteção são atividade física, gestação e amamentação e o diagnóstico precoce com autoexame e auxílio da mamografia anual.

COLO-UTERINO: representa 10% de todos os tumores malignos nas mulheres. As causas mais freqüentes são início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros e infecção pelo vírus HPV (papiloma vírus humano). A prevenção pode ser feita com o auxílio da vacina contra o HPV (que é preventiva, ou seja, confere imunidade a pessoas que ainda não foram infectadas com o vírus), o exame colpocitológico (Papanicolau) ou, ainda, o exame de captura híbrida, cujo método de coleta é igual ao Papanicolau e serve para identificar o DNA do vírus e quantificar sua carga viral, um indicador da gravidade da doença. Diferentemente do Papanicolau, este exame consegue detectar o vírus em sua fase inicial.

OVÁRIO: também é responsável por cerca de 10% dos casos de tumores malignos das mulheres. Os fatores de risco conhecidos são hereditariedade, história pessoal de câncer de cólon, endométrio ou de mama, infertilidade ou uso de drogas para fertilização.
Fonte: Viva Saúde

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