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7.09.2010

APRENDIZADO

Aprendizado
A vida é um contínuo aprendizado. Desenvolve-se através de uma sucessão de escolhas que fazemos o tempo todo. Algumas conscientes e outras inconscientes. Dizem que desde o momento em que nascemos já começamos a fazer as nossas escolhas. Todos os seres vivos aprendem durante a sua vida. O que torna os seres humanos diferentes dos demais seres vivos é o nível de consciência. Damos a nós mesmos o titulo de seres racionais. Em contrapartida, os demais seres vivos são irracionais. Apesar disso, não é incomum encontrarmos seres humanos se comportando como os demais tipos de seres vivos. Por exemplo: o aprendizado não é privilégio dos seres humanos. Animais aprendem muitas vezes a partir de escolhas certas ou erradas que se repetem. Geralmente eliminam as escolhas erradas de sua vida após sofrerem as conseqüências que essas decisões lhes causaram, mesmo sem saber por que aquela coisa ruim aconteceu. Eles simplesmente param de fazer o que produzia aquela conseqüência e passam a tomar a decisão oposta. É como um ratinho de laboratório ou como um animal amestrado que executa determinadas funções para não sofrer as conseqüências de fazer aquilo que o amestrador não quer (ou para ser recompensado). Quem ainda não viu seres humanos agindo assim? As crianças aprendem assim. Entretanto, ao mesmo tempo em que crescem e desenvolvem a compreensão do mundo em que vivem, passam a entender por que as coisas ruins acontecem e então podem decidir adotar somente as melhores escolhas ou a prever conseqüências ruins de cada atitude escolhida. A diferença entre a capacidade de prever o que uma escolha pode provocar e a descoberta somente após sofrer as conseqüências de uma escolha é o nível de consciência. É espantoso como a abertura de consciência nos liberta. Descobri que em muitos momentos da minha vida eu agia como um ser irracional. Repetindo comportamentos “errados” e sofrendo as conseqüências até aprender. Isso acontecia e sei que ainda pode acontecer principalmente em momentos de instabilidade emocional. O meu nível de consciência estava diminuído ou embaçado em muitos momentos recentes da minha vida. No processo que levou a minha separação, no relacionamento com meus filhos e nos relacionamentos no meu trabalho. A vida é cheia de pessoas com nível de consciência elevado, mediano e diminuído. A primeira condição é mais rara. Algumas mentes brilhantes e muito elevadas já estiveram em nosso mundo como Jesus Cristo, Gandhi, Freud, Kardec e muitos outros. Eram seres humanos que enxergavam além das convenções e deixaram mensagens de abertura de consciência para a humanidade. Imaginem a quantidade de pessoas ao seu redor, com diferentes níveis de consciência, com diferentes crenças, diferentes histórias, fazendo suas escolhas em cada relacionamento com você. Imagine você mesmo (ou mesma) fazendo suas escolhas cada vez que se relaciona com essas pessoas. Boa parte dos conflitos no mundo atual é decorrente das diferenças de nível de consciência entre as pessoas. Como cada uma se vê e vê os demais ao seu redor. É isso que determina o seu comportamento, as suas escolhas e as conseqüências que surgem dos relacionamentos. Muitas vezes na minha vida perdi o controle emocional e adotei comportamentos tóxicos em decorrência de não enxergar a situação corretamente, por ter o nível de consciência embaçado; por não entender o ponto de vista do outro e por considerar que um determinado padrão de certo ou errado era imutável. Um desses comportamentos tóxicos é o ressentimento. Que produz o ódio e a amargura. Aprendi, recentemente, que o ressentimento é uma idiotice. Ficar re - sentindo é o mesmo que continuar sofrendo a mesma emoção que brotou em um momento de baixo nível de consciência e que levou às conseqüências indesejadas. É o combustível para o ódio e a amargura. E o antídoto é o perdão. Essa atitude é o primeiro passo para eliminar o ressentimento e permitir que o ódio e a amargura desapareçam. Só que perdoar não é simples. Muitas pessoas falam que perdoaram, mas guardam o ressentimento. Não se esquecem do ódio ou da amargura. São aquelas pessoas que conseguem conviver com o “perdoado”, mas a todo instante se lembram do que ele fez. Para perdoar, verdadeiramente, é preciso superar três coisas: a culpa, o julgamento e o desejo de vingança (essa pode vir travestida de justiça). Muitos de nós tentamos atribuir aos outros a culpa pelos nossos infortúnios. Mas, na maioria das vezes, esses infortúnios são conseqüências de nossos próprios atos. De nossas próprias escolhas. De nossos próprios erros. Quando culpamos alguém, estamos julgando essa pessoa. E o nosso julgamento, raramente leva em consideração o ponto de vista dela. Ou como ela enxergou o mesmo fato que nós enxergamos. Ou ainda, qual é o nível de consciência dela. E após atribuir-lhes a culpa e julgá-los, nós sentimos desejo de vingança. E vamos até buscar a vingança nas ações judiciais que objetivam reparar algo que ocorreu por responsabilidade, muitas vezes, nossas mesmo. Há quem diga que tudo é responsabilidade nossa. A culpa sempre é nossa. Nunca do outro. Que estamos exatamente onde as nossas opções nos trouxe e vivendo as conseqüências de nossas próprias escolhas. Dessa forma, para perdoar, temos que enxergar nossa própria responsabilidade nos conflitos, nos libertar da culpa, eliminar o julgamento e acabar com o desejo de vingança. Por isso, não é fácil perdoar. Nesse momento da minha vida estou muito interessado em aprender a perdoar e por isso eu pretendo isentar de culpa todas as pessoas com as quais tive conflitos ultimamente, buscando entender qual foi a minha própria responsabilidade em cada situação. Vou procurar entender que o meu ponto de vista pode estar embaçado pela falta de abertura da minha consciência e que o mesmo pode estar ocorrendo com o outro. Se assim eu fizer, conseguirei deixar de julgar os outros e não terei mais necessidade de vingança. E preciso, também, aprender a perdoar a mim mesmo, entendendo que o meu nível de consciência ainda tem muito que expandir. Preciso me perdoar porque fiz o melhor que pude, dado o meu nível de consciência e, portanto, meus erros não foram propositais. E quando a minha consciência estiver expandida o suficiente, eu transcenderei a culpa, o julgamento e a necessidade de vingança. Terei, então, aprendido a perdoar. E, é até paradoxal: nesse momento não terei mais necessidade de perdoar. Sim, a vida é, de fato, um eterno aprendizado.
Carlos Alberto Bezerra

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