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7.18.2010

A paixão é cega.

A paixão é cega
O amor, porém, nem tanto. Estudo diz que cérebro de apaixonado repele pessoas bonitas. Mas passada a empolgação, trair é possível
Luiz Carlos passa os dias pensando em Deborah: nos lugares em que quer ir com ela, nas músicas que ela gosta, no que ele vai dizer quando os dois se encontrarem. Basta olhar para Luiz e ver que é um homem apaixonado e fiel. Cientistas da Universidade da Flórida (EUA) acabaram de descobrir porque é impossível Luiz trair Deborah: a paixão torna o cérebro incapaz de prestar atenção em outros rostos bonitos, inviabilizando a traição. “A pessoa apaixonada está bioquimicamente focada no objeto de sua paixão. O apaixonado não só não olha para outra pessoa, como não percebe se tem alguém olhando para ele”, explica a psicóloga Mônica Portela, professora do Centro de Psicologia Aplicada e Formação do Rio (CPAF). A falta de atenção ao mundo, o ar aéreo, o encantamento e a insônia provocados pela paixão têm explicação: o cérebro dos apaixonados têm altas concentrações de dopamina, que produz a sensação de felicidade, e norepinefrina, que é semelhante à adrenalina, responsável pela aceleração do coração e pela excitação. Já os que amam não são, necessariamente, tão fiéis. “Com o fim da paixão, a pessoa percebe que o que ela imaginava não era real. E acaba olhando para o lado. Essa busca acaba a levando a encontrar alguém que pode não ser o suficiente para fazer com que ela deixe o namorado, mas que também tem características que interessam. Então, se cumpre a promessa de ‘até que a morte os separe’, mas com uma história paralela” diz a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade do Instituto de Psiquiatria da USP.Durante a pesquisa americana, 113 mulheres e homens foram expostos a fotografias de pessoas bonitas e outras normais. Voluntários apaixonados escreveram, antes de ver as imagens, um texto sobre suas paixões. A outra metade fez uma redação sobre felicidade. Em seguida, as fotos foram exibidas e os olhos dos voluntários, monitorados por um computador. Os apaixonados não fixaram os olhos nos rostos bonitos. Com as imagens de pessoas comuns, não havia diferença na reação. “A paixão deixa a pessoa tão obcecada quanto uma droga. Ela fica num estado de torpor, de encantamento. Por isso não consegue ver nada à sua volta. E nem pensa em traição porque, para ela, aquela pessoa basta”,.

Reservado para poucos.
E muitas vezes eu não reconheço as pessoas que amei nos rostos que hoje avisto, falta algo além da aparência, além da distância, além das imagens e também além do ego. Fica difícil captar as essências e restam somente algumas palavras soltas, uns assuntos decorados e umas falas, por deveras, rápidas demais. Começa a desaparecer o antigo entusiasmo e as memórias ficam cada vez mais entre os paradoxos. Começa-se então a inventar desculpas, o tempo fica cada vez mais ocupado e os espaços que antes eram sempre encaixados começam a padecer.
Não é o fim de tudo, é só o começo de um novo princípio, são só as leis que pararam de julgar aqueles lugares, e tudo o que antes existia se torna pouco diante do novo existente. E não é pecado observar e comprovar isso, não é errado permitir outras visitas, que o meu mundo seja um universo paralelo cercado de diversas possibilidades a ser somente um rascunho do medo, um calmante, um desvio, um tédio. Por mais estranha que possa ser essa passagem é melhor essa percepção do que sempre perguntar o que há de errado. Não há nada errado, não tem nenhum problema, nem tudo permanece intacto, para o mundo rodar algumas coisas tem que parar de serem iguais.
Algumas rotas têm que sair de eixo e algumas escolhas têm que ser substituídas. Há sim sentimento eterno e momentos duradouros, mas há também outros horizontes e não é porque outras situações entraram em cena que tudo que se foi não significa nada, significa sim só não é mais tão abrangente como antes, não tem a mesma cor, mas mantém a lembrança do antigo brilho.
E por fim,quando falta essa reciprocidade no olhar, essa falta do que dizer, eu me recordo o porquê de tanto amor, o porquê de tanta saudade, o porquê de tanta história, e daí, apesar de não se ter o que falar, respondo por entre olhares, digo por entre o silencio da minha recordação e recupero o ar. As coisas mudam sim, os sorrisos não se correspondem mais, mas as recordações estão para ambos os lados em evidência. Foi um bom passado - eu penso, e passado de certa forma não passa, ele vive aquecido nos sentimentos, vive afagando a memória com suas doses de conforto e experiência. É por isso que quando falta esse reconhecimento atual eu fico feliz por já ter me encontrado nesses rostos e risos um dia. O tempo passa sim, mas o que foi bom não tem motivo para ser esquecido.
por Larissa Alves

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