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8.06.2010

Crianças com dificuldades para dormir

Os pesadelos são comuns na infância e têm seu pico durante o período entre três e cinco anos. Eles podem ser tornar tão intensos que são incluídos no DSM como um transtorno do sono, chamados de terror noturno.

Pode ser caracterizado um episódio de terror noturno a criança que acorda gritando, gesticulando e chorando.

Ela se agita pedindo ajuda aos pais na tentativa de se livrar das fantasias que o atacam.

A característica essencial do Transtorno de Terror Noturno é a ocorrência repetida de terror durante o sono, representada por um despertar repentino, geralmente começando com um grito de pânico. Geralmente o terror noturno inicia durante a primeira terça parte do principal episódio de sono e dura cerca de 1 a 10 minutos. Os episódios são acompanhados por excitação e manifestações comportamentais de intenso medo. Durante um episódio, é difícil despertar ou confortar o indivíduo, mas se a pessoa é despertada após o episódio de terror noturno, nenhum sonho é recordado, ou então existem apenas imagens fragmentadas e isoladas.

Em crianças expostas a situações violentas, perdas de pessoas significativas, abuso sexual, acidentes, pode ocorrer uma intensificação destes pesadelos como um sinal ou sintoma que algo dessa experiência foi traumático e precisa ser melhor processado, são uma forma de lidar com as situações angustiantes, com as mudanças e transformações na vida.

O terror noturno não é necessariamente um sinal de patologia e pode ocorrer por diversos motivos, como uma forma de reagir a: uma mudança de escola, a separação dos pais, à perda de um bicho de estimação, a conflitos com irmãos, as dores do crescimento, entre outros fatores.

Os sonhos e os pesadelos apesar de trazer sofrimento e angústia, trazem informações preciosas daquilo que está perturbando a criança, às vezes o terror que permanece depois de uma noite de pesadelo pode acentuar na criança sentimentos de insegurança e perda da autoconfiança durante vários dias seguidos. Elas podem adquirir insônia, agravar o medo do escuro, de dormir e sonhar.

Há varias formas de ajudar a criança a restaurar sua capacidade de dormir e perder sua fobia de sonhar resgatando e aproveitando o potencial terapêutico que os sonhos carregam dissolvendo o feitiço deixado pelo sonho. O sonho traz através da simbologia uma luz que aponta para aquilo que no dia a dia está afligindo a criança e ela não pode expressar. Não é necessário que a criança viva sozinha o peso da lembrança deixada por um fantasma sem forma ou o pânico de ser engolida pelo lobo com caninos afiados.

Se os pais estão dispostos a ouvir estes relatos sem apavorar-se ou sem desvalorizá-los, estarão escutando o inconsciente da criança que traz algum apelo de ajuda. Para ajudar a criança a lidar com estes pesadelos, os pais podem utilizar recursos como a representação de papeis, como se fossem os personagens de uma história. A criança pode ser o monstro, os pais outra figura, e podem inventar um novo desenlace para a trama. Devolver a criança seus poderes mágicos para lutar contra estes bichos assustadores e ajudá-la a encontrar meios criativos para vencê-los. A tarefa dos pais é a de reassegurar a criança e estimulá-la a explorar seus próprios recursos criativos para enfrentar os dilemas, desta forma reforçarão sua habilidade para brincar com as imagens.

Em alguns casos, quando as tentativas dos pais de reassegurar a criança não dão certo, a participação de um psicólogo é interessante, pois pode impedir que a criança se sinta ameaçada e fragilizada pelos conflitos desta fase. Os sonhos e pesadelos também podem apontar para dificuldades na dinâmica familiar.


Os estudos demonstram que quando as crianças crescem, os pesadelos perdem sua intensidade e sua freqüência na medida em que elas passam a dominar seus medos. Em momentos de estresse ou de crise familiar os pesadelos podem se tornar mais freqüentes como meio de avisar que sua ansiedade está transbordando e que se sentem pouco seguros. Não é necessário que os pais interpretem os sonhos, ouví-los, demonstrar empatia, ficar juntos e abraçá-los já são passos terapêuticos fundamentais.

Maria Cristina Capobianco

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