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8.21.2010

Ervas milenares chinesas invadem a medicina moderna

O ruibarbo turco, ou Rheum palmatum, é uma das ervas chinesas medicinais (RHR)

Usadas há 1.800 anos, podem ajudar a tratar doenças como câncer e diabetes

"A combinação de quimioterapia e ervas representa o casamento das abordagens do Ocidente e do Oriente para tratar o câncer", destaca o cientista Yung-Chi Cheng
Com a ajuda de cientistas chineses, o Ocidente está descobrindo os segredos da cura por meio de ervas milenares. Duas pesquisas mostram que as plantas de origem chinesa podem reduzir os efeitos colaterais da quimioterapia, e até auxiliar no tratamento de câncer e diabetes. Os primeiros testes foram feitos em camundongos. Contudo, os pesquisadores estão confiantes de que os resultados irão ajudar a vida de milhões de pessoas em um futuro próximo.

Diabetes - Um estudo feito na China descobriu que a emodina - um composto natural que pode ser extraído de várias ervas chinesas incluindo Rheum palmatum e Polygonum cuspidatum - pode reduzir o impacto da diabetes tipo 2. Pessoas com esse tipo de doença têm resistência a insulina, hormônio responsável por regular a quantidade de glicose na corrente sanguínea. O tipo 1 da doença ocorre quando o indivíduo não consegue produzir quantidades suficientes da substância. Getty Images
A fallopia japônica é uma das fontes de emodina

A pesquisa chinesa, publicada no periódico British Journal of Pharmacology, mostra que camundongos com obesidade induzida tiveram os níveis de glicose no sangue reduzidos e a resistência a insulina alterada ao receberem doses de emodina. Além disso, o tratamento proporcionou níveis saudáveis de lipídio na corrente sanguínea, diminuiu o peso dos animais e reduziu a quantidade geral de gordura.

Esse combo de efeitos benéficos seria perfeito para pacientes com diabetes do tipo 2. Pela primeira vez, foi revelado que a emodina é um potente inibidor seletivo de uma enzima chamada 11ß-HSD1. Essa enzima é a grande vilã da história - ela libera no sangue um hormônio chamado glicocorticoide, responsável por oferecer resistência a insulina. Por causa disso, os pacientes não conseguem retirar o açúcar do sangue, caracterizando o quadro da doença.

"Nosso trabalho mostrou que a extração natural de ervas chinesas pode apontar um caminho para uma nova forma de ajudar pessoas com diabetes tipo 2", disse Ying Leng, chefe da pesquisa e pesquisador da Academia de Ciências de Xangai (China). Agora, os pesquisadores precisam desenvolver substâncias que têm os mesmos efeitos da emodina e verificar se elas poderiam ser usadas como drogas terapêuticas.

Fórmula milenar - Outro estudo, feito nos EUA e conduzido pelo cientista chinês Wing Lam, da Universidade de Yale, utilizou uma combinação de ervas usadas há mais de 1.800 anos pelos chineses para tratar náuseas, vômitos e diarreia. Lam deu a mistura milenar a camundongos com câncer sob tratamento de quimioterapia. Seu trabalho foi publicado no periódico Science Translational Medicine.

A receita, conhecida na China por Huang Qin Tang e nos Estados Unidos por Scutellaria Decoction, conseguiu minimizar os efeitos gastrointestinais do forte coquetel de drogas quimioterápicas, sem diminuir a quantidade de células cancerígenas atacadas pelos compostos químicos da quimioterapia - façanha inédita no tratamento do câncer.

A quimioterapia causa vários efeitos colaterais tóxicos que são tratados com diversos remédios, cada um para um propósito específico, e a fórmula chinesa tem múltiplos compostos que agem sobre várias das causas desses problemas "de uma vez só", segundo o cientista Yung-Chi Cheng, autor sênior do artigo. Os camundongos que receberam a fórmula chinesa perderam menos peso e tiveram seus tumores mais combatidos em relação aos animais que não receberam as doses.

O preparo de ervas reduziu o nível tóxico da quimioterapia, diminuiu as inflamações e promoveu a criação de novas células do intestino. Esses resultados não são vistos com remédios atuais, que normalmente atacam apenas um mecanismo. "Essa combinação de quimioterapia e ervas representa o casamento das abordagens do Ocidente e do Oriente para tratar o câncer", disse Cheng.
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