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8.29.2010

Mentira e descrédito

É possível que, sem uma reflexão aprofundada, a maioria dos pais responda que não. Que a mentira não é uma boa medida pedagógica.

No entanto, é muito comum, no trato com os filhos, observarmos pais, mães e outros educadores, lançando mão de pequenas mentiras para convencer os filhos a fazerem o que eles desejam ou o que deve ser feito.

Assim é que, há poucos dias, vimos pelo telejornal, uma mãe convencer o filho a embarcar no avião, num dia em que jogaria o time para o qual ele torcia, mentindo que na aeronave ele poderia assistir ao jogo pela televisão.

Ao ser entrevistada, ela respondeu ao repórter que havia inventado uma "mentirinha" para que o filho embarcasse sem dar trabalho.

Apenas uma mentira sem importância para a mãe, mas de grandes proporções para aquele garotinho ávido por assistir seu time disputar uma partida decisiva.

Muitas vezes, para nos livrar da insistência do filho, prometemos coisas que sabemos, de antemão, que não vamos cumprir.

Se ele quer ir ao zoológico, por exemplo, prometemos que o levaremos noutro dia, e esse dia não chega nunca.

Se não quer ir para a escola, fazemos mil propostas interessantes, mas, tão logo ele consinta em ir, nos esquecemos delas.

Vezes sem conta, percebemos pais que enganam os filhos dizendo que vão dar uma saidinha e logo voltam, e se demoram dias em viagens de lazer, enquanto os pequenos, desiludidos, esperam e esperam...

São mentiras que, aparentemente sem importância, constróem nas almas infantis a descrença, a desconfiança e a insegurança.

São essas pequenas pedras apodrecidas que levantam homens falsos e mentirosos que não têm compromisso com a verdade e, muito menos, com os sentimentos alheios.

Crescem enganados e, se não forem espíritos elevados, incorporam essas vivências de forma natural, e a devolvem à sociedade conforme a receberam.

Depois, essa mesma sociedade reclama quando é iludida com promessas não cumpridas, com plataformas que não passam de simulacro, com mentiras e enganações.

É importante que pensemos, com seriedade, nas palavras destiladas dia a dia, junto aos filhos.

É imprescindível que analisemos muito bem as promessas que fazemos e, uma vez feitas, que sejam cumpridas. Mas, se por um motivo ou outro não as pudermos cumprir, que expliquemos o motivo, sem mentir nem iludir.

No princípio pode parecer difícil, mas a experiência prova que a verdade é eficaz e duradoura e que a mentira, além de ter as "pernas curtas", é ineficiente e prejudicial.

Pense nisso!

A mentira é como ácido corrosivo; dilacera os laços afetivos e os rompe pouco a pouco.

A verdade é a pedra boa que, empregada na construção do afeto, a torna sólida e duradoura, resistente a qualquer tempestade.

Pensemos nisso!
Momentos de Reflexão

Saiba ainda:

Pais devem sempre falar a verdade

Os pais podem afirmar que a honestidade é sempre o melhor ao criar os filhos, mas um novo estudo diz que os educadores têm o costume de frequentemente distorcer a verdade ou mentir aos filhos. "Ficamos surpresos ao ver quão frequentemente os pais mentem", afirma o pesquisador Kang Lee, da Universidade de Toronto, no Canadá. O estudo feito pela equipe de Lee ainda é preliminar, mas traz à tona as implicações das mentiras para crianças em uma fase em que elas tentam descobrir como funcionam as relações sociais. "A pesquisa descobriu que mesmo os pais que promovem a importância da honestidade para os filhos costumam mentir", diz.

Para pegar as mentiras dos pais, os pesquisadores realizaram dois estudos, em que pais e estudantes comentaram sobre nove situações hipotéticas, em que o pai mente para a criança - para deixá-la feliz ou para moldar seu comportamento.

Um exemplo que foi utilizado no estudo foi o de um pai dizendo a uma criança chorando que a polícia virá buscá-la se o choro não parar. Outro exemplo sobre as emoções é o de afirmar à criança que um parente próximo que faleceu se tornou uma estrela para cuidar da criança, por exemplo. (...)

De acordo com a pesquisadora Gail Heyman, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, as mentiras podem impedir as crianças de aprender algumas regras. A afirmação é reiterada pela pesquisadora Victoria Talwar, da Universidade McGill, no Canadá. "Se o educador sempre mente para que a criança faça X, Y ou Z, então a criança nunca realmente aprende a fazer essas coisas", afirma Talwar.

Os especialistas admitem que às vezes é aceitável encobrir um pouco a verdade, como ao dizer que os rabiscos da criança são bonitos, por exemplo. O detalhe é que o estudo revelou que as mentirinhas contadas pelos pais vão além de pequenas coisas, e são contadas para evitar discussões ou conversas longas, por exemplo.

Independente da questão sobre a mentira dos pais ser ou não aceitável, Heyman chama a atenção aos pais para que eles façam uma reflexão antecipada sobre a criação dos filhos, para evitar mentiras contadas no calor do momento. "Muitas mentiras são contadas impulsivamente, e os pais não pensam sobre como o que eles dizem irá afetar os filhos", afirma a pesquisadora. "Acredito que os pais devem discutir antecipadamente sobre suas crenças, para quando o momento chegar, trabalhar com o que realmente acredita e não com o que surgir na sua cabeça no momento", diz Heyman.

(Hypescience)

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