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8.03.2010

Prática de exercícios físicos moderados pode reduzir azia

Para quem tem azia crônica, minimizar os exercícios pode parecer óbvio. Muita corrida ou saltos podem induzir o refluxo ácido.

Porém, o tipo certo de exercícios, com algumas precauções, na verdade pode melhorar essa condição. Estudos descobriram que sessões curtas de exercícios moderados pelo menos algumas vezes por semana podem reduzir o risco de doença do refluxo gastroesofágico, em parte porque reduz o índice de massa corpórea, um fator de risco essencial.

Um estudo, publicado em 2004 e que incluiu mais de 3.000 pessoas que relataram ter refluxo, descobriu que uma sessão de exercícios de meia hora no mínimo uma vez por semana (associada ao consumo de alimentos com alto teor de fibra) ajuda a reduzir pela metade o risco de apresentar essa condição.

Duas medidas podem ajudar: evitar alimentos duas horas antes de praticar exercícios e ficar longe de bebidas isotônicas com muito carboidrato.

Porém, o exercício específico é crucial.

Cientistas descobriram que exercícios aeróbicos com maior "agitação do corpo", como corrida vigorosa, consistentemente induziu o refluxo ácido, até em pessoas que não tinham azia crônica. Exercícios menos agitados como pedalar numa bicicleta ergométrica, por exemplo causaram menos problemas.

Outro fator é a posição do corpo. Levantamento de peso com o braço, musculação na perna e qualquer outro exercício que envolve ficar deitado aumentam acentuadamente o risco de refluxo ácido. Um estudo de 2009 mostrou que surfistas apresentem risco muito maior de apresentar doença do refluxo gastroesofágico do que outros atletas.

"Remar de bruços sobre a superfície da prancha de surfe leva a um aumento da pressão intra-abdominal", escreveram os autores do estudo.

Conclusão: exercícios moderados, com as precauções certas, podem reduzir o refluxo.

ANAHAD O'CONNOR DO "THE NEW YORK TIMES"

Saiba mais:
Azia e dores no tórax podem ser sintomas de problema no esôfago

O esôfago é uma espécie de tubo que liga o estômago à boca. Qualquer pessoa pode ter problemas no esôfago, independentemente da idade, do sexo ou da raça.

A doença mais comum entre as que atingem o esôfago é o refluxo gastroesofágico. Ele ocorre quando o suco gástrico do estômago, a substância que é responsável pela digestão do bolo alimentar, entra em contato excessivo com a parede do esôfago, causando espécies de feridas (que são chamadas pelos médicos de esofagite do refluxo).

É comum ter refluxo. O líquido do estômago costuma voltar para o esôfago, mas por curto período de tempo. Isso ocorre principalmente quando comemos demais, por exemplo. O problema está quando o suco gástrico volta com frequência ao esôfago. "Por causa do suco gástrico, a parede do esôfago começa a queimar", diz Lígia Maria Guimarães, gastroenterologista do Hospital Professor Edmundo Vasconcelos (zona sul de SP).

Segundo ela, normalmente o refluxo gastroesofágico ocorre por causa da incapacidade do esfíncter inferior do esôfago, uma espécie de músculo, em reter o suco gástrico no estômago. Isso ocorre geralmente por má formação do esfíncter. "Em algumas pessoas, o esfíncter não consegue segurar o suco do estômago", diz a gastroenterologista. O refluxo pode ocorrer também em decorrência da hérnia de hiato, que é quando existe um deslizamento do estômago em direção ao esôfago. "A hérnia de hiato tem maior incidência em pessoas que ganharam muito peso rapidamente", comenta Lígia.

Os principais sintomas do refluxo são a azia, dores no tórax e a regurgitação.

Na maioria dos casos, o tratamento com medicamentos especiais pode resolver o problema. Mas, se os remédios não apresentarem o resultado esperado, é preciso passar por intervenção cirúrgica.

No caso das crianças, no entanto, a cirurgia é necessária. "O esfíncter deve estar formado na criança a partir dos cinco anos. Se ela tem refluxo gastroesofágico com essa idade, deve passar por operação", afirma a médica.

A cirurgia é feita por laparoscopia, um tipo de intervenção cirúrgica com pequenas incisões e que é realizada por meio de um instrumento de fibra ótica chamado laparoscópio.

Após a cirurgia, o paciente deve manter, por aproximadamente um mês, uma dieta à base de alimentos pastosos e líquidos.


MARIANA PINTO do Agora

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