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8.24.2010

Técnica melhora tratamento de metástase no fígado

Uma nova técnica promete melhorar o tratamento de pacientes com metástase hepática, tipo agressivo de tumor.

Batizada perfusão hepática percutânea, consiste no isolamento circulatório do fígado para a aplicação de medicamentos em doses maiores do que as usadas na quimioterapia convencional.


Segundo Krishna Kandarpa, que apresentará a técnica nesta semana no simpósio "Embolution", em São Paulo, o tratamento da metástase hepática, hoje, é limitado.

O médico explica que a dose de medicamento necessária para debelar o tumor dificilmente é alcançada na quimioterapia intravenosa devido ao risco de intoxicação.

Por isso, às vezes, opta-se por uma cirurgia que possibilita a aplicação de doses mais altas do remédio diretamente no fígado do paciente.

O problema, diz Kandarpa, é que o procedimento é muito invasivo- dura nove horas e exige até 15 dias de internação. "Se a dose aplicada não for suficiente, não há como submeter o paciente a outra cirurgia", diz.

Já a nova técnica dura três horas e, após três dias, a pessoa deixa o hospital.

O paciente passa por três incisões para a introdução de cateteres. Por um deles, é aplicado o quimioterápico.
Outro cateter, com balões de ar, desvia o sangue do fígado para um filtro externo. Após a filtragem do remédio, o sangue retorna ao paciente.

Kandarpa diz que os testes foram feitos em pacientes que tinham o fígado atingido por melanoma, tumor originário da pele ou dos olhos.

Na última fase, foram analisadas 93 pessoas em dez hospitais. A sobrevida média chegou a 245 dias, contra 49 das submetidas às terapias atuais. Entre os que fizeram a perfusão, 86,4% tiveram melhora total, parcial ou estabilização. No outro grupo, o percentual ficou em 28,5%.

Para Eduardo Côrtes, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Câncer do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, o tratamento é inovador.

Ele ressalta que muitas vezes a quimioterapia comum é prejudicado pela baixa capacidade do fígado doente de metabolizar os remédios. O paciente não suporta a dose.

"O princípio de fazer o remédio ir para o fígado sem passar pelo resto do corpo é muito interessante. Mas é preciso saber qual é a repercussão dessas altas doses sobre o funcionamento do órgão a longo prazo", diz, ressalvando que não teve acesso a detalhes da pesquisa.

A técnica, criado pela empresa americana Delcath, foi submetido à FDA (agência reguladora dos EUA).
Folha

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